Atualização em Terapêutica Veterinária

Transcrição

1 Atualização em Terapêutica Veterinária Distribuído por Farmácia Veterinária de Manipulação Coprofagia 1 Alternativas disponíveis na farmácia de manipulação para auxiliar o tratamento da coprofagia em cães. A coprofagia, ato de comer as fezes, é uma reclamação comum em clínicas veterinárias. Cães de todas as idades podem apresentar este comportamento coprofágico, particularmente comum em cães jovens de 4 a 9 meses de idade. Além de ingerir suas próprias fezes, estes cães podem ingerir fezes de outros animais, especialmente gatos e dejetos de cavalos.

2 Introdução Muitos cães coprofágicos são atraídos por fezes consistentes, e raramente comem fezes moles ou mal formadas. Este comportamento é considerado normal entre filhotes e representa um pequeno risco a saúde do animal quando este come suas próprias fezes. Ao comer as fezes de outros cães pode causar infecção parasitária ou aumentar o risco de contato com patogenias virais presentes nas fezes. 2 As causas que envolvem esse comportamento são inúmeras, entre elas estão:,2: Deficiência Metabólica 1,2 Deficiência alimentar: qualquer situação de insuficiência no fornecimento de nutrientes poderia determinar este comportamento. Estudos indicam que, de maneira geral, fezes podem ser fontes de enzimas digestivas, proteínas, gorduras e vitaminas do complexo B;,2: Razões Comportamentais 1,2 As cadelas que recém ganharam os filhotes consomem as fezes dos mesmos, para manter o ninho limpo; Ansiedade e estresse ambiental podem contribuir com vários comportamentos incluindo a coprofagia; Distúrbios digestivos: cães com verminoses e deficiência de enzimas pancreáticas, pancreatite crônica e síndrome de má absorção podem apresentar este comportamento; Deficiência de tiamina, nos casos de deficiência severa, pode provocar coprofagia; Condicionamento do cão em ingerir fezes para receber atenção do proprietário; Punições excessivas relacionada às defecações em locais errados podem estimular a coprofagia para evitar a punição de seus donos; A sobrecarga do sistema digestivo com alimentação desbalanceada, excesso de nutrientes, dietas ricas em carboidratos e fibras proporciona fezes com alto grau de produtos alimentares não digeridos. Com isso, outros cães podem ser atraídos pelo olfato, vindo a consumir estas fezes. Distribuição errada do espaço de dormir, alimentar, defecar e urinar. Espaços insuficientes aos cães os forçam a defecar em seu espaço de dormir e acabam por ingerir suas fezes para manter o local limpo; Ansiedade de separação: cães que ficam em casa sem companhia por um longo período de tempo acabam por exibir este comportamento; Vícios por razões comportamentais: cães confinados ou presos estão mais aptos a desenvolverem coprofagia do que os ficam sempre em companhia humana; Hereditárias: manifesta-se aproximadamente aos 6-8 meses; em tais casos o comportamento é considerado normal.

3 Estudos & Atualidades ATIVO DOSES USUAIS 4,5,6 INFORMAÇÕES 3 Saccharomyces cerevisiae 2x10 11 UFC/g Um dos elementos de destaque, por atuar favoravelmente sobre a microbiota intestinal, é a levedura Saccharomyces cerevisiae, que por ser rica em vitaminas e aminoácidos vem tendo grande relevância para manutenção da microbiota intestinal. A utilização de leveduras, como os probióticos, favorece o equilíbrio intestinal, mantendo o trato digestivo mais saudável, auxiliando na digestão e absorção adequada às necessidades individuais de nutrientes. Portanto, essa ingestão de microorganismos probióticos leva o organismo animal a uma eubiose, sendo fundamental e eficaz em 90% dos casos de coprofagia. 3 Vitamina A UI/kg Exerce inúmeras funções no organismo. Dentre estas funções, destacam-se por sua relevância, a visão, o crescimento, o desenvolvimento e a manutenção do tecido epitelial, função imunológica e da reprodução. Vitamina B1 (Tiamina) Vitamina B2 (Riboflavina) 0,022mg/kg 0,11mg/kg A deficiência de vitamina B1 pode provocar coprofagia, Atua na forma de carboxilase e no metabolismo dos carboidratos. Assim, quando as dietas forem ricas nos mesmos, a presença de tiamina se faz necessária a níveis mais altos, quando comparada à energia proveniente dos lipídios. É necessária para a formação de hemácias, produção de anticorpos, respiração celular e crescimento. Ajuda no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. Vitamina B6 (Piridoxina) 0,022mg/kg Favorece a respiração celular e ajuda no metabolismo proteico. Na realidade a vitamina B6 é representada por três substâncias com estruturas diferentes: a piridoxina, um álcool primário, o seu correspondente aldeído, o piridoxal e a piridoxamina, do grupo aminoetil. No organismo dos animais, para serem aproveitados, todos os três devem ser convertidos no fígado à forma ativa da vitamina, o fosfato de piridoxal. O fosfato de piridoxal atua como cofator, no caso uma coenzima essencial para a ação de enzimas envolvidas no metabolismo dos aminoácidos, como as transaminases, as sintetases e as hidroxilases; a vitamina tem importância especial no metabolismo da glicina, da serina, do triptofano, do glutamato e dos aminoácidos sulfurados. Vitamina B8 (Biotina) Vitamina B9 (Ácido fólico) 0,0022mg/kg 0,0044mg/kg Ajuda no crescimento celular, produção de ácidos graxos, metabolismo de carboidratos, lipídeos, proteínas e utilização das vitaminas do complexo B. Quantidades suficientes são necessárias para a saúde dos pêlos, pele e cascos (tecidos queratinizados). Ácido fólico é a forma sintética do folato, encontrada em suplementos vitamínicos e alimentos fortificados. O folato age como coenzima em várias reações celulares fundamentais, é necessário na divisão celular devido ao seu papel na biossíntese de purinas e pirimidinas, e na transferência de carbonos no metabolismo de ácidos nucleicos e aminoácidos. Metionina 0,2 a 1g (dependente do tamanho do animal) É um aminoácido que contem enxofre. É necessário para garantir o funcionamento da glândula pituitária. É considerada um dos mais importantes constituintes das proteínas naturais, pela sua intervenção no metabolismo intermediário e como agente plástico, o que a torna indispensável para o desenvolvimento dos tecidos e para a manutenção da vida. Glutamina mg Exerce funções muito importantes para o corpo, que são: manutenção do sistema imunológico; equilíbrio do balanço ácido/básico durante estado de acidose; possível reguladora da síntese e da degradação de proteínas; controle do volume celular; desintoxicação corporal do nitrogênio e da amônia; controle entre o catabolismo e anabolismo; precursor de nitrogênio para a síntese de nucleotídeos.

4 Estudos & Atualidades Revisão apresenta a administração de multivitaminas e leveduras para auxiliar no tratamento da coprofagia em cães 3. MANUTENÇÃO NUTRICIONAL PARA CÃES O desequilíbrio nutricional, a sobrecarga do sistema digestivo, a alimentação irregular com excesso de guloseimas e prêmios, e o excesso de nutrientes nas dietas ricas em carboidratos, resultam em fezes com alto grau de produtos alimentares não digeridos. Estes fatores associados a distúrbios digestivos e endócrinos podem levar o animal a ser atraído, principalmente pelo olfato, a consumir estas fezes. 4 As vitaminas podem melhorar a qualidade de vida e saúde do animal de estimação, ajudando a regular os processos do corpo, protegendo-o de toxinas ambientais, e metabolizando os nutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras). Assim, leveduras e vitaminas representam a combinação ideal para a manutenção da saúde intestinal, importantes para a perfeita digestão e absorção dos nutrientes, podendo ser utilizadas como auxiliares no tratamento da coprofagia 3,4. Estudo avalia a eficácia do tratamento com spray de citronela para prevenção de coprofagia em cães 7. Neste estudo, 28 cães domésticos com problemas comportamentais de coprofagia foram randomizados em dois grupos e submetidos aos seguintes tratamentos: Grupo 1: Terapia sonora Grupo 2: Spray de citronela borrifado na coleira O tratamento teve duração de três semanas. Avaliou-se a eficácia dos tratamentos através da taxa de severidade relacionada à coprofagia na semana anterior ao estudo, durante as três semanas de tratamento e na quarta semana, durante a qual não foram tratadas. Resultados: Os proprietários dos cães relataram diminuição significativa da incidência do problema comportamental (coprofagia) durante a primeira semana em ambos os tratamentos; O spray de citronela, aplicado na coleira, apresentou maior redução dos sintomas da coprofagia, demonstrando tendência de diminuição destes durante o período de tratamento. O spray de citronela aplicado na coleira é eficaz na redução da incidência de coprofagia em cães 7.

5 Estudos & Atualidades Propostas Terapêuticas 5 Spray de Citronela Óleo de citronela...1% 7,8 Tween % Álcool de cereais qsp...100ml Borrifar sobre as fezes e local onde o animal defeca, duas a três vezes ao dia para repelir coprofagia. Pode-se borrifar a formulação sobre a coleira do animal também. Biscoito Nutricional para cães 4,5,6 : Vitamina A UI/kg Vitamina B1...22µg/kg Vitamina B µg/kg Vitamina B6...22µg/kg Vitamina B8...2,2µg/kg Ácido fólico...4,4µg/kg Metionina...0,2-1g Glutamina...500mg Biscoito canino qsp...1 un Administrar um biscoito ao dia. Cápsulas contendo Saccharomices cerevisiae Saccharomices cerevisiae...2 x UFC 3 Excipiente para Probióticos qsp*...1un Administrar uma dose ao dia. A formulação é estável por até seis meses a temperatura entre 10-20ºC. *Contém hidroximetilcelulose e alginato de cálcio, utilizados para aumentar a estabilidade da formulação e viabilidade das colônias bacterianas.

6 Propriedades O tratamento da coprofagia depende da causa, podendo citar: Tratamento das patologias quando confirmadas; Corrigir deficiências dietéticas ou oferecer o alimento de 2 a 3 vezes ao dia evitando assim a prática de ingerir as fezes por fome; 6 Oferecer uma recompensa alimentar ao cão assim que este defecar, condicionando-o de que isto não é errado; Colocar substâncias amargas pode ajudar a criar uma repugnância do cão com as fezes entre outras. Tratamentos alternativos para coprofagia: Procurar impedir o acesso do animal às suas fezes; Deve-se manter limpo o local em que o animal defeca, sendo que a remoção das fezes não pode ser feita à vista do animal; Durante o passeio, o cão deve ser mantido na guia e toda vez que se aproximar para cheirar ou ingerir fezes, deve receber uma correção verbal severa, além de um tranco brusco e rápido da guia; Não confinar o cão na área onde são realizadas as defecações; Proporcionar exercícios regulares ao animal; Fornecer ao veterinário a dieta alimentar atual do cão para que este possa identificar e corrigir as possíveis deficiências. Literatura Consultada 1. Erik Hofmeister; Melinda Cumming, DVM PhD; Cheryl Dhein, DVM, MS, DACVIM. Owner Documentation of Coprophagia in the Canine. Internacional archive waybackmachine, abr Mauro Lantzman. Comportamento Animal Aplicado Organnact Nutracêuticos. Informativo Técnico Manutenção Nutricional dos cães. Pet & Pet Palitos , acesso no site: < 4. Foster & Smith, Water Soluble Vitamins Vitamin C & Vitamin B complex in dogs. Acesso em: < 5. Plumb, D. C., Veterinary Drug Handbook Third Edition, CD-Rom, Paws & Claws Animal Hospital. Pet Diarrhea Using Natural Therapies. Acesso no site: < 7. Wells DL. Comparison of two treatments for preventing dogs eating their own faeces. Vet Rec Jul 12;153(2):