NOVO CÓDIGO DEVERÁ REDUZIR RISCO JURÍDICO PARA EMPRESAS
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- Igor Bicalho Fonseca
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1 Ano I Edição Nº 49 13/09/2011 NOVO CÓDIGO DEVERÁ REDUZIR RISCO JURÍDICO PARA EMPRESAS Por Juliano Basile - de Brasília O novo Código de Processo Civil vai reduzir expressivamente o risco jurídico brasileiro e diminuir as chances de que o passado seja, como é hoje, uma fonte de surpresas desagradáveis para as empresas em suas relações com o Fisco. Segundo o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), duas mudanças vão afetar diretamente a vida das empresas. A primeira é que as companhias que têm os mesmos pedidos na Justiça tenham a mesma decisão. A segunda é que as mudanças de entendimento do Judiciário, que trazem inesperados custos adicionais de impostos e de produção às empresas, só podem valer a partir de posição definitiva dos tribunais superiores. Essas duas mudanças estão previstas na reforma do Código de Processo Civil (CPC) e podem transformar-se em realidade a partir de O texto já foi aprovado no Senado e, se passar na Câmara, vai impedir que empresas que contam com decisões judiciais para não pagar determinados tributos tenham de fazê-lo, caso o Judiciário mude de posição, arcando inclusive com custos por anos anteriores à nova orientação. "Os empresários precisam de previsibilidade", disse Fux. "Todos precisam saber o dia de amanhã e o CPC vai prever isso", afirmou o ministro, em entrevista ao Valor. QUATRO ESTADOS VOLTAM A DAR INCENTIVOS FISCAIS SEM APOIO DO CONFAZ Por Marta Watanabe - de São Paulo Dos seis Estados que tiveram incentivos fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) julgados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho, dois - Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul - já restabeleceram ao menos parte dos benefícios derrubados. Outros dois - Espírito Santo e Pará - voltaram a editar novos benefícios sem aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Levantamento do escritório Machado Associados mostra que o Mato Grosso do Sul foi rápido no restabelecimento do benefício derrubado pelo Supremo. O julgamento do STF foi em 1 de junho. Menos de um mês depois, em 30 de junho, o governo sul-mato-grossense publicou lei instituindo o programa MS Forte- Indústria. Dentre diversos benefícios, a nova lei estabeleceu redução de até 67% do ICMS devido. O incentivo é dirigido especialmente aos empreendimentos industriais, pelo prazo de 15 anos. 1
2 BENEFÍCIO NO ES É MAIOR PARA REGIÃO CARENTE Mesmo depois do julgamento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou incentivos fiscais de ICMS em 14 ações diretas de inconstitucionalidade, os Estados não pararam de conceder benefícios do imposto sem autorização do Confaz. Em agosto, o Espírito Santo publicou decreto que amplia o Invest ES, programa pelo qual o governo capixaba concede benefícios fiscais de ICMS à instalação ou ampliação de capacidade produtiva a indústrias do Estado. Uma das inovações do novo decreto é estabelecer a possibilidade de diferenciar o benefício do imposto conforme o município capixaba no qual a indústria se instalar. Segundo o Decreto nº R, podem ser concedidos incentivos diferenciados para investimentos em municípios com baixos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou com baixo valor de transferência do Índice de Participação dos Municípios (IPM). Esse índice indica a fatia que cada prefeitura tem no valor de arrecadação de ICMS que os Estados dividem com os municípios. SUPREMO JULGA ICMS NA IMPORTAÇÃO Por Bárbara Pombo - de São Paulo O Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar um caso milionário de cobrança do Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) na importação por conta e ordem de terceiros. A expectativa de advogados é que a Corte defina para qual Estado o tributo deve ser recolhido nesse tipo de operação. "O Supremo deverá decidir quem é o estabelecimento importador, ou seja, se esse conceito deve se estender ao destinatário real da mercadoria", diz o tributarista Rodrigo Rigo Pinheiro, do escritório Braga e Moreno Consultores Jurídicos e Advogados. Segundo os advogados, ainda há controvérsia sobre a aplicação do artigo 155 da Constituição Federal. O dispositivo estabelece que o recolhimento deve ser feito ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço. CORTE ADMINISTRATIVA TAMBÉM AVALIARÁ TEMA Por Zínia Baeta - de São Paulo O Pleno do Tribunal de Impostos e Taxas (TIT) do Estado de São Paulo deve analisar também, em breve, o tema. A discussão interessa os inúmeros importadores que realizam operações por Santa Catarina no sistema conhecido "por conta e ordem de terceiros". Muitos contribuintes realizam essas aquisições pelo Estado catarinense para aproveitar os benefícios fiscais concedidos. A controvérsia enfrentada pelo importador ocorre porque o Estado de São Paulo entende que, se a mercadoria foi encomendada por conta e ordem de um contribuinte paulista, o ICMS deve ser recolhido para o Estado e não para Santa Catarina. Como muitos pagam o imposto ao Estado por onde a mercadoria chega, acabam sendo autuados. 2
3 A questão, velha conhecida do TIT - instância administrativa que avalia recursos de contribuintes contra autuações fiscais -, traz como novidade o fato de ter sido vencida pelo contribuinte na 14ª Câmara do tribunal e, ao caso, ser aplicado um precedente do Supremo Tribunal Federal (STF). A Fazenda recorreu e o processo subiu para o Pleno da Corte e já conta com um voto favorável à empresa. A análise do caso, porém, foi suspensa em julho por um pedido de vista. A expectativa é de que o julgamento ocorra ainda este ano. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO DE SETE PRODUTOS FICA MAIOR PARA GARANTIR COMPETITIVIDADE NACIONAL Brasília Sete produtos foram incluídos hoje (6) na lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC), pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Entre os produtos incluídos, estão aparelhos de ar-condicionado do modelo split, com capacidade inferior a btus, bicicletas comuns e pneus de bicicleta. A inclusão na lista de exceção pode ser feita para reduzir ou aumentar o Imposto de Importação do produto que vem de fora. Desta vez, os impostos de todos os produtos incluídos na lista foram elevados, conforme destacou o secretário executivo da Camex, Emílio Garófalo. Com a valorização cambial e a crise econômica, houve aumento de importações. Isso traz a necessidade de fazer essa elevação temporária das alíquotas. Isso não é garantia que as alíquotas ficarão a esse nível, disse. A revisão da lista de exceção ocorre a cada seis meses. Fonte: Agência Brasil Data: 8/09 IMPOSTO DE RENDA ENTRA NO CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PAGA SOBRE ROYALTIES Por Laura Ignacio - de São Paulo O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) que incide sobre os valores remetidos ao exterior para pagamento de royalties entra na base de cálculo da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) - tributo que deve ser recolhido sempre que for feita uma remessa de recursos. Esse é o entendimento da Solução de Divergência nº 17, de 2011, da Coordenação-Geral do Sistema de Tributação (Cosit) da Receita Federal. A orientação vale para fiscais de todo o país, que deverão autuar as empresas que descontarem do cálculo da contribuição o Imposto de Renda pago antecipadamente. Essa remessa de valores a título de royalties é normalmente feita por multinacionais, principalmente pela cessão de uso de marca ou patente ou licença de uso de software. O valor a ser remetido seria menor, se não fosse o Imposto de Renda. Porém, há chances de reversão da autuação no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), responsável por julgar os recursos dos contribuintes contra autos de infração da Receita. 3
4 CONSELHO AFASTA MULTA DE 100% SOBRE CONTRIBUIÇÃO Por Laura Ignacio - de São Paulo A multa de R$ 20 para cada grupo de dez omissões ou erros na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de Informações à Previdência Social (GFIP) deve ser aplicada mesmo quando a empresa foi autuada antes da entrada em vigor da Medida Provisória nº 449. Em dezembro de 2008, a MP instituiu essa pena mais branda. Anteriormente, a multa era de 100% sobre o valor das contribuições previdenciárias não declaradas. Isso resultava no pagamento da contribuição em dobro. O entendimento é da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) - responsável por pacificar as decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que julga recursos contra autos de infração da Receita Federal. A Lei nº 8.212, de 1991, determinava a aplicação da multa de 100% da contribuição não declarada no caso de apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos concretos. Em 2008, a MP 449 estabeleceu a pena de R$ 20 para cada grupo de dez omissões ou erros, limitada à 20% do que devia ter sido declarado. Em 2009, a MP foi convertida na Lei nº , com o mesmo conteúdo. Data: 6/09 LIMINAR GARANTE VOLTA DE EMPRESA AO REFIS DA CRISE Por Bárbara Pombo - de São Paulo Um supermercado que discute judicialmente a penhora de parte de seu faturamento obteve liminar na 2ª Vara Federal de São Carlos, no interior de São Paulo, para voltar ao Refis da Crise. O contribuinte, que acumula uma dívida de R$ 6 milhões de Cofins, havia sido excluído do programa de parcelamento federal. No entendimento da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a confirmação da adesão não poderia ser feita porque a empresa não cumpria a determinação judicial de depositar os 5% dos rendimentos mensais para a quitação do débito. Ao analisar o caso, o juiz federal João Roberto Otávio Junior entendeu, no entanto, que a discussão sobre a penhora de faturamento não impede a adesão e não é causa para a exclusão do programa. A Lei do Refis - nº , de não estabelece a apresentação de garantias ou arrolamento de bens como condição para a adesão, exceto quando a execução fiscal já tiver sido ajuizada. "A necessidade de manutenção da garantia já formalizada não se confunde com as hipóteses de manutenção regular do parcelamento", diz o juiz. Data: 6/09 CONTRIBUINTES TÊM NOVO PRAZO PRA ENTREGAR ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL Os contribuintes alagoanos ganharam mais um prazo para enviar os arquivos da Escrituração Fiscal Digital (EFD) relativos a julho e agosto. Com a nova regulamentação, publicada em instrução normativa no Diário Oficial desta segunda-feira (5), os documentos poderão ser transmitidos à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) sem ônus até o próximo dia 30 de setembro. Segundo o responsável pelo projeto, Kleberson Lima, a 4
5 prorrogação foi concedida devido a problemas no cadastramento automático de algumas empresas na base da Receita Federal e à dificuldade de adequação apresentada por parte dos novos obrigados que passaram a usar a sistemática a partir de julho. Fonte: Primeira Edição Data: 8/09 PORTO ALEGRE ADERE À TRANSMISSÃO DIGITAL DE DADOS FISCAIS Depois da experiência do Rio Grande do Sul, em 2006, a Capital gaúcha também vai informatizar o seu sistema de arrecadação com a Nota Fiscal Eletrônica. A era do papel está com seus dias contados, pois o documento fiscal digital vai substituir a papelada. O Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) será totalmente automatizado. A nota será gerada e armazenada eletronicamente através de solução disponibilizada pela prefeitura. (...) De acordo com o diretor administrativo financeiro da entidade, Francisco Antônio Azeredo, Porto Alegre vem deixando de arrecadar cerca de R$ 90 milhões ao ano em razão da inexistência de um controle mais eficaz. Fonte: Jornal do Comercio Data: 8/09 ARRECADAÇÃO TOTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO TEM ELEVAÇÃO DE 4% ATÉ AGOSTO Por Marta Watanabe SÃO PAULO O Estado de São Paulo arrecadou de janeiro a agosto o total de R$ 77,3 bilhões, o que representa crescimento de 4% em relação aos primeiros oito meses do ano passado, levando em conta a atualização pelo IPCA. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) chegou a R$ 64,5 bilhões no mesmo período, o que representa elevação de 3,8% na comparação com o acumulado até agosto de O valor da receita tributária leva em consideração o total arrecadado com ICMS e com IPVA e não somente a cota do Estado. Parte desses dois impostos é dividida com os municípios. Andrea Calabi, secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, considera que a arrecadação se comporta dentro do esperado e deve terminar o ano com ritmo de crescimento semelhante ao que apresentou até agora. Ele acredita que a nova crise financeira não afetará a receita estimada para este ano e nem para
6 ESTADO DE SP É ADMITIDO EM AÇÃO QUE DISCUTE TRIBUTAÇÃO EM OPERAÇÕES PELA INTERNET O Estado de São Paulo foi admitido com amigo da Corte (amicus curiae) na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4628, processo que discute a tributação por ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nas operações interestaduais em que o consumidor final adquire a mercadoria por internet, telemarketing ou showroom. O pedido foi aceito pelo relator do processo, ministro Luiz Fux. A ação foi ajuizada na Corte pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) contra o protocolo ICMS 21/2011, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que prevê a exigência de pagamento do imposto de acordo com a alíquota interestadual à unidade federada de destino da operação, mesmo nas hipóteses em que o consumidor não seja contribuinte do tributo. Para a CNC, o dispositivo questionado viola o artigo 155, parágrafo 2º da Constituição Federal, ao ensejar a perspectiva de bitributação diante do recolhimento do imposto também no estado de origem. Fonte: STF ICMS PARA MPES É MANTIDO A proposta que atualiza os limites do Simples Nacional e aperfeiçoa outros pontos da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa foi aprovada na quarta-feira pela Câmara dos Deputados sem alterações na cobrança do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços ( ICMS) via substituição tributária. O assunto será ainda discutido no Senado, mas dificilmente o segmento ficará livre dessa tributação. O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) se opõe ao texto elaborado pelos deputados da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa, que excluía as empresas dessa obrigação. "Foi construído um consenso em torno do projeto do governo, que contempla os itens principais do aperfeiçoamento do Simples Nacional, como a atualização das tabelas", disse o deputado Guilherme Campos (DEM-SP). Ele ressaltou não ser contra a substituição tributária. "Mas é preciso encontrar uma saída para que não prejudique as micro e pequenas empresas", ressaltou. Fonte: Diario do Comercio Data: 8/09 FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA NÃO É CASO DE POLÍCIA Cobrança sob medida. Por Raul Haidar Quando o artigo 198 do Código Tributário Nacional assegura que é proibida a divulgação de informações relacionadas com a situação financeira ou econômica dos contribuintes, isso implica em cercar de sigilo qualquer assunto de natureza tributária, aos quais só podem ter acesso os fiscais, profissionais de formação universitária que, submetidos a rigorosos concursos públicos e a treinamentos técnicos específicos, podem fazer os trabalhos de fiscalização com a exatidão que se exige nesses casos. Policiais, quer sejam investigadores, ocupantes de cargos para cujo provimento consta que é exigido apenas o segundo grau de escolaridade, quer sejam delegados de Polícia, portando diploma de bacharel em Direito, não 6
7 possuem conhecimento técnico que lhes permita exercer a difícil tarefa da fiscalização tributária. E mesmo que eventualmente alguém deles possuir o conhecimento, não possui a atribuição legal que para tanto se exige. Fonte: Conjur A CRISE DA FEDERAÇÃO Guerra fiscal ganhou proporções com a CF de 88. Por Everardo Maciel Não há como subestimar a importância das forças regionais na política brasileira. (...) A possibilidade de aprovação, no Congresso Nacional, de projetos que pretendem aumentar os recursos destinados à saúde e fixar um piso nacional para as polícias estaduais implicarão dispêndios incompatíveis com a já elevada carga tributária brasileira. Aqui não se faz um juízo de valor sobre esses projetos, mas uma simples constatação de incompatibilidade com os recursos disponíveis. (...) Sempre afirmei que a guerra fiscal do ICMS decorria de flagrante descumprimento de lei. Instaurou-se uma anomia generalizada, às vezes hipocritamente censurada pelos próprios praticantes da ilegalidade. Ainda que não se possa comprovar a existência de nexo causal, a guerra fiscal ganhou proporções espetaculares a partir da exagerada autonomia concedida aos estados, pela Constituição de 1988, na formulação da política do ICMS combinada com o completo alheamento do governo federal em relação a essa mesma política, simbolizado pela extinção, no início dos anos 1990, da Secretaria de Economia e Finanças (SEF), no Ministério da Fazenda, e da Secretaria de Articulação com os Estados e Municípios (Sarem), no Ministério do Planejamento. Fonte: Conjur REFORMA OU MONOPÓLIO DA TRIBUTAÇÃO Por Guilherme Dias A análise das propostas de reforma tributária faz lembrar a máxima da "distância entre a intenção e gesto", registrada no "Fado Tropical" de Chico Buarque. A intenção anunciada é sempre a redução da carga tributária, acompanhada de simplificação do sistema. Se a intenção é nobre, por que é difícil avançar? Afinal, alguém se recorda do Congresso Nacional votar contra redução de impostos? A resposta: raramente as propostas de reforma tributária resultariam em redução de impostos. No máximo, reduziriam para alguns segmentos à custa de outros. Para haver redução efetiva da carga tributária global é necessária simultânea redução dos gastos permanentes, política bem mais complexa de implementar e que infelizmente está fora da agenda oficial. Na ausência de uma política fiscal consistente no médio e longo prazo, o debate da reforma tributária torna-se uma disputa entre União, Estados e municípios em torno da receita. É o caso da recente proposta de "reforma tributária fatiada". Apesar de a União responder por mais de dois terços da carga tributária, a primeira "fatia" a 7
8 ser reformada é justamente o ICMS, arrecadado pelos Estados. Eis o primeiro paradoxo: se a União detém a maior fatia da arrecadação porque quer iniciar a "reforma" pela receita dos Estados? "BASE TRIBUTÁVEL NÃO É O BEM, MAS AS PARTES" Por Alessandro Cristo Vocês, que pensam que os brasileiros ficam na Amazônia atrás de pescado, entendem agora por que o futuro está nas mãos deles? Foi com esta a frase e uma salva de palmas que o cearense Iure Pontes Vieira arrancou um título de mestre na Universidade Pantheón-Assas, a Paris II, depois de desembarcar na cidade das luzes, em 2003, sem falar uma palavra em francês. Sete anos depois, o tímido advogado fortalezense alcançaria degrau ainda mais alto. Sua tese O Valor em Direito Tributário e Aduaneiro lhe garantiu, em junho do ano passado, nota máxima no doutorado da mais conceituada universidade da França, e o primeiro prêmio dado a um brasileiro pelo órgão executivo da União Europeia responsável por assuntos tributários e aduaneiros, a European Commission Directorate General Taxation and Customs Union, e pela Associação Europeia dos Professores de Direito Tributário. A intrincada tese vira do avesso os conceitos tributários mais elementares. Para o advogado, todas as alíquotas tributárias estão baseadas em um princípio distorcido: o de que os contribuintes de um determinado setor têm as mesmas vantagens ao venderem produtos ou serviços. Isso justificaria que, independentemente do preço, dos detalhes da negociação e das condições das partes, todos recolhessem o tributo incidente ao caso sob uma mesma alíquota. Fonte: Conjur Data: 11/09 8
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