CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL Comissão de Legislação Participativa Número: 1527/11 28/09/2011

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1 CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL Texto para registro histórico Não passível de alteração COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA EVENTO: Seminário N : 1527/11 DATA: 28/09/2011 INÍCIO: 13h47min TÉRMINO: 18h31min DURAÇÃO: 04h44min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 04h44min PÁGINAS: 86 QUARTOS: 57 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO ENFERMEIRA REJANE Deputada Estadual pelo Rio de Janeiro. HELGA BRESCIANI - Vice-Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem. SOLANGE CAETANO - Presidenta da Confederação Nacional dos Enfermeiros. JOÃO RODRIGUES FILHO - Vice-Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde. ANTÔNIO MARCOS FREIRE GOMES - Representante do Conselho Federal de Enfermagem COFEN. FÁTIMA SAMPAIO - Presidente do COREN do Estado do Piauí. LÚCIA ROTENBERG - Pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ. ROSANNE GRIPPI - Pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ. DENISE PIRES DE PIRES - Presidente do COREN do Estado de Santa Catarina. MÁRIO JORGE DOS SANTOS FILHO - representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde CNTS. SUMÁRIO: Seminário sobre a Regulamentação da Jornada de Trabalho da Enfermagem. Houve exibição de imagens. OBSERVAÇÕES

2 O SR. APRESENTADOR - Senhoras e senhores, tenham a bondade de tomar seus lugares. Em dois minutos, iniciaremos este ato. (Pausa.) Inicia-se, neste momento, o Seminário sobre a Regulamentação da Jornada de Trabalho da Enfermagem no Brasil, sob a coordenação da Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde CNTS, o Conselho Federal de Enfermagem COFEN, e as instituições ABEN e FNE, que agradecem a presença de todos. A Mesa está composta pelo Exmo. Sr. Presidente da Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, Deputado Federal Vitor Paulo; Exmo. Sr. Deputado Federal Rogério Carvalho; Exma. Sra. Deputada Federal Carmen Zanotto; Exma. Sra. Deputada Federal Rosane Ferreira; Exma. Sra. Deputada Estadual, pelo Rio de Janeiro, Rejane Almeida; Ilmo. Sr. João Rodrigues Filho, Vice-Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde, neste ato representando o Sr. Presidente José Leão de Almeida; Ilma. Sra. Dra. Solange Caetano, Presidente da Federação Nacional dos Enfermeiros; Ilma. Sra. Dra. Helga Bresciani, Vice- Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem; Ilmo. Sr. Dr. Antônio Marcos Freire, representando, neste ato, o Conselho Federal de Enfermagem. Para que faça a sua saudação e dê abertura oficial a este evento, com a palavra o Deputado Vitor Paulo, Deputado Federal Presidente da Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados. O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito boa tarde, senhoras e senhores presentes. Quero saudar a todos que participarão deste seminário, que vai tratar de um tema extremamente importante para a categoria e para o povo brasileiro, a regulamentação da jornada de trabalho da enfermagem. Não posso deixar de saudar todos os presentes. Primeiramente, quero saudar o Deputado Rogério Carvalho, de Sergipe, que compõe a Mesa conosco. Cumprimento a enfermeira Rejane, Deputada Estadual pelo meu Estado do Rio de Janeiro; a Deputada Federal Carmen Zanotto, de Santa Catarina; a Deputada Federal Rosane Ferreira, do Paraná; a Dra. Helga Bresciani, da Associação Brasileira de Enfermagem; o Sr. João Rodrigues Filho, Vice-Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde CNTS; a Dra. Solange Caetano, Presidente da Federação Nacional dos Enfermeiros FNE; os nobres 1

3 Deputados que participam deste seminário; os Líderes dos partidos que aqui estão; as senhoras e os senhores da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde que vieram de todo o Brasil participar deste seminário. Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores presentes e todos que nos assistem pela TV Câmara, quero saudar e dizer do compromisso que a CLP tem com as causas sociais e nobres como esta que nos chegou: uma sugestão de pauta pedindo a esta Presidência para que fosse concedido e aprovado este seminário que tratará de um tema tão importante. Portanto, senhoras e senhores, na tarde de hoje, estamos realizando importante evento em nossa Comissão com a grande mobilização em prol da regulamentação da jornada de trabalho da enfermagem, que resultou neste seminário que se inicia. Por meio da sugestão encaminhada à CLP da Câmara dos Deputados, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde ressaltou a urgência de se adotar a jornada de trabalho de, no máximo, 6 horas ou 30 horas por semana para os profissionais de enfermagem. Quero pedir à assessoria da CLP, por favor, se eu deixar de mencionar algum dos companheiros ou companheiras que estão na Mesa, por ter havido uma alteração no nome dos representantes, que me perdoem. Se eu deixei de mencionar algumas das pessoas que estão presentes, farei a correção assim que houver essa solicitação. Esta proposta está substanciada no Projeto de Lei nº 2.295, de 2000, no Senado Federal. Essa iniciativa, já analisada e aprovada por todas as Comissões de mérito, tem sido, desde 2009, objeto de incontáveis pedidos de inclusão na Ordem do Dia e de requerimento de urgência, apresentado por diversos Parlamentares eu também fiz isso. No entanto, a despeito de todos os esforços para apreciação da matéria, até hoje, 11 anos depois, o projeto ainda não chegou ao plenário da Câmara dos Deputados. É evidente que precisamos reunir esforços para conseguir que essa matéria de tamanha importância possa finalmente ser analisada pelo Plenário da Câmara dos Deputados. Precisamos também sensibilizar nossos pares e a sociedade no sentido da extrema relevância de permitir que a jornada de trabalho desses profissionais, a exemplo de outros da área de saúde, seja também reduzida. 2

4 Senhoras e senhores, este seminário será um marco, certamente será um divisor de águas deste movimento. Eu tenho a esperança, eu tenho a confiança de que não foi e não será em vão a vinda dos senhores e das senhoras em Brasília a este seminário. Aqui estão os representantes legítimos do povo brasileiro, eleitos pelo voto direto, representantes do Paraná, de Santa Catarina, do Rio de Janeiro, de Sergipe, do movimento social que os senhores integram, Líderes de partidos importantes, Deputados que têm responsabilidade com o povo brasileiro. Quero até, por favor, o nome dos Deputados aqui presentes, a fim de que eu possa registrar a presença deles, para fazer jus àquilo que eles certamente têm interesse em defender: a redução da jornada de trabalho desses profissionais. Não é necessário relembrar a história de sacrifícios e de lutas que trava diuturnamente essa categoria. O exercício de atividades desgastantes para o corpo e para a alma faz com que os trabalhadores da enfermagem, tanto parteiras, como enfermeiros, técnicos e auxiliares, necessitem de amparo legal para restaurar adequadamente seu equilíbrio. Senhoras e senhores, obviamente em relação à qualidade do cuidado que se presta aos doentes e proporcional equilíbrio do cuidador, não se pode esperar que pessoas com jornadas extenuantes, submetidas a estresse contínuo, estejam em sua melhor forma tanto psíquica quanto física. Os pacientes merecem ser cuidados por profissionais serenos, tranquilos, prontos e atentos. A humanização é uma bandeira defendida pelo Sistema Único de Saúde. É por esse objetivo que estamos reunidos no dia de hoje. Pretendemos aprofundar os debates e fornecer subsídios para que o Plenário possa deliberar com mais segurança a respeito da jornada de 30 horas. Contamos em nossas Mesas de debates com conferencistas do mais alto grau de conhecimento e experiência, com Parlamentares e representantes de organizações como a Associação Brasileira de Enfermagem, o Conselho Federal de Enfermagem, a Confederação Nacional do Trabalhadores na Saúde e a Federação Nacional dos Enfermeiros. No transcorrer deste seminário poderemos refletir com profundidade sobre as implicações éticas e jurídicas da redução da jornada de trabalho, seus impactos 3

5 financeiros, qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, desafios e perspectivas do processo de cuidar, como também avaliar o movimento organizado em âmbito nacional e estadual. Assim, saúdo todos e todas, esperando que a Comissão de Legislação Participativa possa contribuir efetivamente para a célere aprovação do Projeto de Lei nº 2.295, de Senhoras e senhores, declaro aberto este seminário. Estarei aqui o tempo necessário para que os conferencistas tenham liberdade de discutir em relação a isso. Quero registrar a presença do nobre Líder do PPS, Deputado Rubens Bueno, que não só hoje, neste seminário, mas sempre demonstrou sensibilidade com esta causa. Inclusive, o PPS foi um dos partidos e certamente S.Exa. vai mencionar isso que pediram a inclusão na pauta desse projeto. Daqui a pouco S.Exa. terá a oportunidade de falar sobre isso. Quero mencionar também a presença do Deputado Mauro Nazif, do PSD de Rondônia, e do Deputado Stédile, que também participa deste seminário. A Deputada Estadual Ana Lima não pôde comparecer e mandou uma representação. Então, senhoras e senhores, declaro aberto este seminário, dando as boas-vindas a todos. Não posso deixar de mencionar que, na condição de Líder do meu partido na Câmara, no mês de maio deste ano, entregamos ao Presidente Marco Maia uma lista de projetos de lei que para o PRB são prioritários na pauta da Câmara Federal este ano. Ontem, na reunião de Líderes, mais uma vez, o Presidente Marco Maia delineou uma lista de projetos que serão prioritários na pauta de debates. Está em minhas mãos e está registrado nos Anais da Câmara dos Deputados, Deputada Enfermeira Rejane, Deputada Rosane Ferreira, Deputada Carmem Zanotto, Deputado Rogério Carvalho, Deputada Dra. Solange Caetano, Deputado João, documento afirmando que o nosso partido, o Partido Republicano Brasileiro, tem como prioridade na sua lista de projetos de lei, entregue ao Presidente Marco Maia, o Projeto de Lei nº 2.295, de 2000, que fixa a jornada de trabalho dos enfermeiros. Essa é uma das prioridades do Partido Republicano Brasileiro. E 4

6 quando recebi a representação na, há 3 meses, eu disse que o PRB seria um porta-voz da categoria. Então, contem conosco, contem com o Deputado Vítor Paulo, contem com a Comissão de Legislação Participativa, porque estaremos juntos na defesa dessa causa tão justa e tão nobre. Sejam bem-vindos e um bom trabalho a todos. Declaro aberto o seminário. Muito obrigado. (Palmas.) Vou franquear a palavra ao Deputado Rogério Carvalho, em seguida à Deputada Estadual do Rio de Janeiro Enfermeira Rejane, para depois abrirmos a primeira Mesa de debates, que será coordenada pela Deputada Estadual Enfermeira Rejane. Com a palavra o Deputado Rogério Carvalho. O SR. DEPUTADO ROGÉRIO CARVALHO - Quero cumprimentar a Mesa, na pessoa do Deputado Vítor Paulo e da Deputada Rosane Ferreira, e todos os Deputados presentes. Eu tenho outro compromisso às 14 horas, mas antes faço questão de dizer que o nosso compromisso com a luta da enfermagem brasileira é certo. Sou Relator de um projeto de lei que trata da jornada dos técnicos e auxiliares de enfermagem e estou esperando uma reunião com o Conselho Federal de Enfermagem, para podermos definir o parecer final. Vamos construir conjuntamente esse parecer, em função de termos o entendimento de que não dá para tratar a profissão de forma isolada. (Palmas.) É preciso dar um tratamento global à questão da jornada e da remuneração. Queria ratificar o meu compromisso e parabenizar todos pela iniciativa, além de colocar-me à disposição dos representantes da categoria para que eu possa finalizar o relatório do projeto de lei a que me referi. Um abraço a todos. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE(Deputado Vitor Paulo) - Muito obrigado, nobre Deputado Rogério Carvalho. Deputada Enfermeira Rejane, V.Exa. vai presidir os trabalhos, então eu vou antes conceder a palavra a Deputados Federais que têm compromissos em outras 5

7 Comissões, para que façam suas saudações. Em seguida passo a V.Exa. a abertura dos trabalhos. Com a palavra a Deputada Rosane Ferreira. A SRA. DEPUTADA ROSANE FERREIRA - Cumprimentando o Deputado Vítor Paulo, cumprimento toda a Mesa já nominada e aproveito para parabenizar o Dr. João Rodrigues Filho, Vice-Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, pelo requerimento de realização deste seminário, e o Deputado Vítor Paulo, Presidente da Comissão, pelo acolhimento da propositura e realização do evento. Muitos dos senhores já me ouviram falar e sabem de antemão que sou enfermeira. Neste momento, eu estou Deputada. Mas por profissão e, ouso dizer, por dom, eu sou enfermeira. Durante mais de 20 anos, quase 25 anos, eu exerci essa profissão. Em 1983, fui aprovada numa universidade, mas para poder custear o estudo, ingressei como estagiária nos serviços de saúde pública numa cidade do Paraná. Logo depois eu tranquei a matrícula da faculdade o motivo pelo qual eu quero falar isso os senhores logo vão ver e fui ser atendente de enfermagem por algum tempo, com muito orgulho, até voltar a fazer a faculdade e concluir o curso. Um dia, por indignação, filiei-me a um partido político e coloquei meu nome à disposição da política partidária. Saí de um posto de saúde para a Assembleia Legislativa do Panamá, na legislatura passada, e, na sequência, elegi-me Deputada Federal. Dizer que a luta de vocês é a minha luta seria redundância. Desde que aqui cheguei, várias ações nós tivemos. Vou registrá-las rapidamente. A primeira delas: protocolei requerimento solicitando a inclusão do PL na Ordem do Dia da Câmara dos Deputados. Cabe registrar que já são mais de 86 pedidos semelhantes ao que eu fiz, por diversos Parlamentares desta Casa. Conquistamos o apoio da bancada feminina, num pleito junto com a Deputada Carmen, e a bancada passou a considerar prioritária a votação da jornada de 30 horas, em especial junto ao Colégio de Líderes, como fez o PRB, o que já foi mencionado pelo Deputado Vítor Paulo. A bancada feminina também tem como prioridade a colocação em votação do nosso PL. 6

8 Requeri, junto com a Deputada Carmen Zanotto, a realização de uma sessão solene para comemorar a Semana da Enfermagem, ocasião em que as instituições e os Deputados colocaram-se a favor da aprovação da jornada de 30 horas. Muitos Deputados e Deputadas que estiveram na sessão solene o Dr. João deve se lembrar se comprometeram com a nossa causa. Participei do seminário realizado pela, outro momento importante desta Casa; participei do XIV Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem, que se deu em Curitiba, quando foi lançado o Fórum Nacional 30 Horas Já: enfermagem unida por um único objetivo muitos dos senhores sabem disso. Em audiência com a Presidenta Dilma, há mais ou menos 30 dias, pedi apoio para a regulamentação da nossa jornada. E eu quero pedir um destaque para isso. A bancada do Partido Verde nesta Casa solicitou um momento com a Presidenta, e nós fomos orientados a ter apenas três demandas senão os Deputados e Deputadas ocupariam a tarde inteira da Presidenta, porque as demandas que nós trazemos para esta Casa são muito grandes, e a minha prioridade foi a solicitação do atendimento do compromisso de campanha de regulamentação da jornada de 30 horas para a enfermagem isso foi com a própria Presidenta. Quero reconhecer o trabalho de união entre a FNE, a CNTS, o COFEN e a ABEN e colocar o meu mandato, de uma forma definitiva, à disposição, porque, como eu disse no início do meu pronunciamento, essa é a nossa causa. Em relação à reportagem do Fantástico muitos dos senhores também sabem do que estou falando, eu me pronunciei em plenário, trazendo mais uma vez a atenção desta Casa para a necessidade não só do cuidado com as instituições de ensino, mas também com a jornada de 30 horas e com o piso salarial justo. (Palmas.) Está registrado nos Anais desta Casa. Todas essas questões são colocadas no Portal da Câmara e podem ser conferidas. Para finalizar, quero dizer que acho que a última ação que nós fizemos nesta Casa, e foi uma ação que exigiu muito, mas muito empenho de nossa parte, sempre lembrando que temos no mandato da Deputada Carmen a parceria ideal para esse trabalho, foi a que nos permitiu aprovar a regulamentação da Emenda 29. Porque temos o entendimento de levar mais recursos para a saúde. E é esta a nossa 7

9 próxima briga: fazer parte de uma Comissão Especial que vai dizer de onde virão esses recursos porque nós temos de definir isso, a fim de trazermos mais recursos para a saúde, como um instrumento facilitador da redução da carga horária da enfermagem. É sempre esse o foco. Vamos em frente! Deputado Vitor, tire a enfermagem do Sistema Único de Saúde e não existe Sistema Único de Saúde. (Palmas.) Somos 1 milhão e 500 mil profissionais, carregamos isso nas costas há quase 30 anos, desde o SUDS, a SAS, e a consolidação do SUS. Não temos nenhuma dúvida em dizer que somos fundamentais, da concepção à morte, porque estamos presentes na hora em que a criança nasce e estamos ao lado no preparo da pessoa no seu leito de morte. É impossível que isso não seja visto, e é impossível que não entendam a redução da carga horária da enfermagem como um investimento na qualidade dos serviços prestados. Era o que eu tinha a dizer. (Palmas.) Agradeço a oportunidade. Vou ouvir a Mesa. Terei que estar em outra Comissão, mas tentarei voltar ainda no dia de hoje para participar dos trabalhos. Muito obrigada. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito obrigado à nobre Deputada Rosane Ferreira. Quero registrar que, como Líder do partido na Câmara, sou testemunha da luta e da defesa de V.Exa. com a enfermagem. Em todos os seus pronunciamentos V.Exa. tem defendido veementemente a categoria pela função que exerce. A senhora está Deputada, como disse, mas a senhora é enfermeira, e isso ninguém pode tirar. O mandato é transitório, mas a sua formação, a sua profissão, a sua sensibilidade certamente não são. Dando prosseguimento, quero pedir a V.Exas. que usem apenas 3 minutos, para que todos possam se pronunciar e possamos aproveitar melhor ainda este seminário. Quero registrar a presença do Deputado Arnaldo Faria de Sá aqui conosco. Passo a palavra à Deputada Carmen Zanotto, que dispõe de 3 minutos. Depois, concederei a palavra ao Líder do PPS, Deputado Rubens Bueno. Em seguida, falarão o Deputado Mauro Nazif e o Deputado Arnaldo Faria de Sá. 8

10 A SRA. DEPUTADA CARMEN ZANOTTO - Eu quero iniciar minha saudação pelo Presidente da Comissão, o Deputado Vitor Paulo, e, por seu intermédio, quero saudar todos os colegas que compõem a Mesa. Quero cumprimentar os colegas Parlamentares, em nome do meu Líder, Deputado Rubens Bueno, que lidera a bancada do PPS, e cumprimentar cada uma e cada um dos colegas enfermeiros, técnicos e auxiliares que estão aqui conosco. Faço uma saudação inicial, uma vez que retornarei na tarde de hoje aos trabalhos da Comissão. Aproveito para me justificar, porque terei que me ausentar em dois momentos: um, às 15 horas, porque tenho uma audiência com os demitidos do período Collor; outro, às 14h30min, porque na Comissão dos Desastres, haverá um relato sobre a situação do Estado de Santa Catarina, e eu não posso deixar de estar presente, na condição de Parlamentar daquele Estado. Quero dizer que este é mais um momento dessa luta que nós não é, Helga e Jânio? já tivemos oportunidade de travar em nome de vocês todos colegas de Santa Catarina, de maneira que em nosso Estado, no serviço público do catarinense, já estão regularizadas as 30 horas de jornada de trabalho. Eu atuava à frente da Secretaria de Estado de Saúde, na condição de Secretária Adjunta, naquele momento, quando, junto com o sindicato e com a aprovação da Assembleia, nós conseguimos essa conquista. Temos agora uma grande luta, que não pertence mais às Comissões, porque esse PL já passou por todas as Comissões da Casa, com parecer favorável. Nós temos uma grande luta, na minha opinião e eu vou falar um pouquinho mais, no período da tarde, sobre isso, junto ao Ministério da Saúde e junto à Casa Civil. Eu tenho pouco mais de 6 meses de Casa e sei que, para votação de um projeto, não basta a vontade de um Parlamentar e, muito menos, dos Líderes, porque o PPS, assim como a Deputada Rosane Ferreira, Relatora do PV, já pautou como prioridade para votação em plenário o PL Nós precisamos de um sinal, de uma posição do Governo, para que o nosso Presidente, Deputado Marco Maia, coloque o projeto em votação. Indo para o plenário, nós não temos dúvidas quanto à aprovação, porque nós acompanhamos os pronunciamentos dos colegas Parlamentares, quando se referem 9

11 ao tema e se posicionam. Pudemos ver isso quando se comemorou a Semana da Enfermagem, em vários momentos, quando se fala do setor de saúde, no plenário, na Comissão de Seguridade Social e Família, na Frente Parlamentar da Saúde. Existe amplo apoio da parte dos Parlamentares da Casa. O mais difícil é colocarmos em votação no plenário. Aprovar no plenário não será difícil, mas colocar o PL em votação é a nossa grande tarefa. E, para desempenhar essa tarefa de aprovar esse PL, precisamos da mobilização junto ao Governo, efetivamente junto à Casa Civil e junto ao Ministério da Saúde, porque eles precisam indicar os recursos financeiros para a manutenção das equipes do PSF, que terão que ter jornada estendida ou dois vínculos de 30, em função até da... Não é para chamar de flexibilização, mas, para mim, é flexibilização da jornada dos profissionais médicos do PSF, conforme saiu em portaria recentemente. Isso, para mim, é um caminho para podermos ter duas turmas de 30 horas trabalhando na atenção primária de saúde, em especial nas equipes do Saúde da Família, bem como os recursos financeiros para garantir a manutenção e o acesso à rede hospitalar filantrópica conveniada ao Sistema Único de Saúde. Eu conversava com a Deputada Enfermeira Rejane, com a Helga e com a nossa coordenadora de defesa da jornada de 30 horas, para que acompanhemos a Comissão e, naquilo que for possível, como Parlamentar, apoiemos a Comissão junto ao Ministério da Saúde e junto à Casa Civil, para que, em um grande esforço, consigamos colocar esse PL em votação ainda este ano. Então o meu até breve. Eu darei essa saída rápida, em função das atribuições e da importância desses dois temas para a população brasileira e para o Estado de Santa Catarina, uma vez que a situação do nosso Estado é muito grave novamente, como foi em 2008, mas estarei aqui na tarde de hoje. Esta é uma luta da enfermagem para os profissionais de enfermagem. Esse PL trata dos enfermeiros, dos técnicos e dos auxiliares de enfermagem. Quando se fala de jornada de 30 horas, nós não estamos falando no PL 2.295, de 2000, de 30 horas para os enfermeiros, nós estamos falando de 30 horas para os profissionais da enfermagem. Muito obrigada. (Palmas.) 10

12 O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito obrigado, nobre Deputada Carmen Zanotto. Eu quero registrar a presença da Dra. Helga Bresciani, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem, que compõe a Mesa conosco. V.Sa. nos abrilhanta com sua presença. Passo a palavra ao nobre Líder do PPS, Deputado Rubens Bueno. O SR. DEPUTADO RUBENS BUENO - Sr. Presidente, Deputado Vitor Paulo, Mesa constituída, cujas pessoas já foram nominadas, em especial a Deputada Rosane Ferreira, do PV do Paraná, e a Deputada Carmen Zanotto, de Santa Catarina, Deputados e convidados para este evento, a questão de priorizar um projeto na Casa não é algo assim tão simples, não depende da vontade de um ou de dois. O Deputado Vitor Paulo é Líder de bancada e, assim como o Deputado Arnaldo e todos nós, conhece bem as tarefas na Casa. E, como o Governo aqui tem 400 dos 513 Deputados estou arredondando os números... O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Tem até mais. O SR. DEPUTADO RUBENS BUENO - É, tem até mais. Pautar um projeto aqui depende da vontade do Governo. Quando há um disputa e não há tanto loteamento de governo como acontece hoje no Brasil e aí está o toma lá, dá cá, e os escândalos são consequência disso tudo, o Estado volta no tempo e se torna um Estado patrimonialista. É isso que está acontecendo hoje no Brasil. Nós apresentamos, na reunião de Líderes, uma relação de prioridades. Entre elas, na semana anterior, votamos a regulamentação da Emenda 29, que estava parada aqui desde quando apresentada, já há 11 anos. E parada desde 2008, quando foi aprovada em primeiro turno. Agora temos a questão do voto secreto, dada a repercussão da votação em plenário da cassação do mandato da Deputada Jaqueline Roriz. Esse projeto do voto secreto já foi aprovado por unanimidade em primeira votação, há 10 anos, então E a terceira prioridade que estamos apresentando, e que é agora a nossa prioridade, entre as já apresentadas e elencadas pelo Presidente da Casa, é a que dispõe sobre a jornada de trabalho dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Já tramitou aqui por todas as Comissões. Foram apresentados

13 requerimentos para inclusão do PL na Ordem do Dia e seis requerimentos de urgência urgentíssima. Ou seja, se não votamos foi porque a base do Governo, representada aqui pelo seu Líder, não deseja que isso aconteça. Então, nós temos que dizer. E não é achar culpado cá ou lá. E por que não votamos, então, se sabemos que o Sistema Único de Saúde, se sabemos que dois terços de todo o trabalho profissional nessa área, no Brasil inteiro, dependem desses profissionais? Não reconhecê-los é não reconhecer a qualidade do tratamento de assistência à saúde no Brasil, é desqualificar e desrespeitar os profissionais dessa área. Então, nós temos que trabalhar de forma adequada para podermos dizer que chegou a hora de todos nós, Liderança do Governo e todos nós, imbuídos no mesmo propósito, colocarmos em votação essa proposta, que vem lá do Senador Lucio Alcântara, que, depois, já foi Governador e não voltou mais, e a matéria continua tramitando na Casa. Portanto eu acho que isso não é urgente urgentíssimo, é para ontem que se tem de votar essa proposta. Nós estamos com a Deputada Carmen Zanotto, que pertence a nossa bancada e que faz um trabalho diuturno sobre isso. Com certeza absoluta estaremos sempre bem representados por ela. E louvo também a Deputada Rosane, porque fazemos parte do mesmo Bloco Parlamentar e atuamos sempre com o mesmo objetivo aqui na Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito obrigado, nobre Deputado. Passo a palavra, por 3 minutos, ao Deputado Mauro Nazif e, depois, ao Deputado Arnaldo Faria de Sá. Por favor, Deputado. O SR. DEPUTADO MAURO NAZIF - Sr. Presidente Vitor Paulo, quero cumprimentar toda a Mesa, a Deputada Rosane, a Deputada Carmen, a Deputada Estadual Rejane. Para mim, essa Mesa tem um ponto muito especial, principalmente para nós que vivenciamos essa matéria há um bom tempo. E ela é especial porque, quando nós começamos a discutir a redução da jornada de trabalho, as entidades de enfermagem não se sentavam à mesma mesa: o COFEN (está aqui o Antônio), a 12

14 CNTS (está aqui o João), a FNE (está aqui a Solange) e a Associação (está aqui a Helga). Lembro-me de que nós fizemos um encontro, no dia 25 de março de 2008, e que foi o maior evento que esta Casa viu nos últimos 25 anos, Deputado Vitor Paulo, quando mais de 3 mil profissionais de branco, que eram os profissionais da enfermagem, estiveram presentes, para tratarmos da matéria da redução da jornada de trabalho para 30 horas. O Relator na Comissão de Seguridade era o Deputado Arnaldo. Isso em A partir daquele encontro, lá no Nereu Ramos, Deputada Rejane, quando houve essa mobilização, essa matéria foi aprovada, inicialmente, na Comissão de Seguridade, onde sabíamos que a pressão contra a aprovação desse projeto era enorme; foi aprovada lá. Em seguida, foi aprovada na Comissão de Finanças, que é a Comissão mais difícil, Deputado Chico, desta Casa, mais difícil do que o plenário. E culminou com a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça. A Casa, nas Comissões, fez a sua parte. E esse projeto esteve na pauta desde o final de 2009, início de 2010, para ir ao plenário. Ele esteve na porta de entrada. O então Deputado Michel Temer, hoje Vice-Presidente da República, tinha assegurado que ele entraria no primeiro semestre de 2010 e o colocou na pauta. O que fez o Governo? Encaminhou um sem-número de medidas provisórias para cá. E, quando se tem medida provisória trancando a pauta, projeto dessa origem não pode ser pautado. E todos nós ficamos de mãos atadas, desde aquela época até hoje, quando nós temos medidas provisórias. E esse projeto está parado, simplesmente, entendo eu e quero pensar assim, por causa de medidas provisórias. Nós temos que trabalhar em cima disso. Eu não vou entrar aqui na discussão do porquê das 30 horas, porque todos nós sabemos. Eu trabalho até hoje dentro de unidade hospitalar, sou médico intensivista, e cada um sabe a importância de cada segmento da saúde. Mas nós temos algo muito importante a fixar nesta Casa: a importância da saúde, da melhoria da condição de atendimento ao paciente. Eu não falo apenas dos profissionais, quando trabalhamos as 30 horas, não. Nós estamos olhando quem está do outro lado, quem está lá fora, aqueles que precisam de atendimento. Tudo isso passa por essa redução da jornada para 30 horas. 13

15 A mobilização tem que existir cada vez mais forte. Entendo que, em cada Estado e quero pensar que a grande maioria dos Estados do nosso País esteja presente, o Conselho Federal, Antônio, a Federação, a CNTS e a Associação têm que trabalhar juntos. É preciso reunir os Parlamentares, os Deputados Federais nos Estados. É preciso convidá-los para um café da manhã, para uma reunião, Estado por Estado o Deputado Arnaldo em São Paulo, o Deputado Chico no Ceará, o Deputado Vitor no seu Estado, a Deputada Rosane no Paraná. As associações, as entidades, o CNTS, todos devem convidar os Parlamentares para que se tenha esse compromisso. O Congresso Nacional, para mim, Mauro, é igual a panela de pressão: só funciona sob pressão. Se não houver pressão, nada anda. O Parlamento tem que ser estimulado. Quando é estimulado, o Congresso dá resposta positivamente. Estamos engajados há muito tempo nessa luta por entender que é uma causa justa, principalmente nós que vivenciamos a saúde, assim como é justa a questão do piso salarial e também a questão da aposentadoria especial. A aposentadoria especial está assegurada na Constituição Federal desde Estamos trabalhando pela sua regulamentação. Eu apresentei uma PEC, e o Deputado Arnaldo apresentou um projeto de lei. Nós estamos trabalhando nessa questão. São estes os três pontos que defendemos para a saúde: jornada de trabalho de 30 horas, piso salarial digno e aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho, quando em locais insalubres ou em risco de vida. Vou ter que me retirar também. Por isso pedi para dar esta palavra antes. Estamos juntos nesta luta e não podemos abrir mão dela, se queremos uma saúde melhor para todo o nosso País. Obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito obrigado, nobre Deputado Mauro Nazif. Registro a presença dos Deputados Glauber Braga e Chico Lopes, do PCdoB do Ceará. Com a palavra o nobre Deputado Arnaldo Faria de Sá. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, quero cumprimentar todos os que compõem a Mesa, na pessoa de V.Exa. 14

16 Tenho certeza de que esta movimentação, como lembra o Deputado Mauro, é extremamente importante. Se não pressionarmos o Congresso, não vai sair nada, porque sabemos que contra o interesse da jornada de 30 horas estão os patrões; e os patrões têm peso nesta Casa. Então nós temos que mostrar o contrapeso que o pessoal da enfermagem pode representar. Está na hora de brigarmos pelas 30 horas. Fui Relator, na Comissão de mérito, na Comissão de Seguridade Social desta Casa, e sei a pressão que sofri, quando apresentei este parecer, para que ele não fosse apresentado com o fim de garantir as 30 horas. Lembrou bem o Deputado Mauro que, na Comissão de Finanças, havia um risco muito grande, porque o projeto podia morrer ali. Houve um trabalho importante para que ele fosse aprovado lá. E foi aprovado na CCJ também. Na verdade, agora estamos apenas dependendo de boa vontade, ou da má vontade de não sei quem, para colocá-lo em votação. Nós temos que pressionar muito, porque vivemos dizendo por aí que há problema na saúde, que falta médico, falta ambulância, falta tudo, mas não falta a enfermagem. Então, é a enfermagem é que está segurando a saúde deste País. (Palmas.) Há até aquela famosa história desculpe-me, meu amigo Deputado Mauro, que é médico de que visita de médico é entrar e sair. Quem fica do lado do paciente é a enfermagem. É a enfermagem que aguenta o paciente. (Palmas.) Já que aprovamos a regulamentação da Emenda 29 na semana passada, vamos aprovar as 30 horas agora. Está demorando demais! Tchau! (Palmas. Manifestação da plateia.) Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Quero registrar a presença do Deputado Edivaldo Holanda Junior, do PTC do Maranhão. Já estamos no caminho: de 29 para 30 só falta um. Certamente será com a força da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, com o apoio de toda esta Mesa e de todos os envolvidos que chegaremos à vitória. Antes de passar a palavra ao Deputado Chico Lopes, quero registrar que está entre nós a nobre Deputada Luiza Erundina, que nos abrilhanta com sua presença. Deputado Chico Lopes, V.Exa. tem 3 minutos. (Palmas.) 15

17 O SR. DEPUTADO CHICO LOPES - Sr. Presidente, participantes da Mesa, primeiro quero dar um boa-tarde a todas as mulheres presentes: boa tarde! (Manifestação da plateia.) E a todos os homens: boa tarde! (Manifestação da plateia.) Os homens e as mulheres deste País é que vão nos fazer chegar à vitória e avançar cada vez mais. Quero chamar a atenção dos colegas Deputados, porque recebemos uma lista com seis PECs e onze PLs que poderão ser votados a qualquer momento. O PL das 30 horas não está aqui, mas estamos tentando incluí-lo. Como disseram os que me antecederam não vou esticar mais a conversa, é preciso fazer pressão nos locais de trabalho, nos Estados, pois isso ajuda muito. No Ceará, há 22 Deputados e 3 Senadores. Não é uma das maiores bancadas, mas é significativa. Isso deve ser feito em todas as regiões deste País. Segundo, deve-se escrever em jornais e nas redes sociais, porque, se não houver pressão, como já foi dito aqui, as medidas provisórias têm um peso muito grande. Inclusive nós que apresentamos PLs, etc., vemos que às vezes ficam 7, 8 anos aqui e não vão para canto nenhum. Principalmente quem trabalha em emergência sabe o que representa uma carga de trabalho pesada. Portanto as 30 horas são uma necessidade profissional até para melhorar o atendimento aos pacientes. Boa tarde. Vamos à luta! Nós estamos firmes nesta questão. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito obrigado, nobre Deputado Chico Lopes. Quero dizer a V.Exa. e aos nobres colegas Deputados que chegaram que consta da lista de prioridades do Partido Republicano Brasileiro no tocante a projetos de lei e PECs, certamente, o Projeto de Lei nº 2.295, de Ele está entre as nossas prioridades entregues ao Presidente Marco Maia. Passei também às mãos da Deputada Enfermeira Rejane, do Rio de Janeiro, como já disse aos senhores e às senhoras. Encerradas as exposições dos nobres Deputados inscritos, pergunto à nobre Deputada Luiza Erundina se quer fazer uso da palavra. 16

18 A SRA. DEPUTADA LUIZA ERUNDINA - Sr. Presidente, quero apenas saudar a categoria da enfermagem e dizer que ela veio ao lugar certo. Esta Comissão é a Casa do povo, mais do que a própria Câmara. Vou ficar aqui um tempo e deixar para intervir sobre o tema depois que eu ouvir mais pessoas. Muito obrigada. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito obrigado, nobre Deputada Luiza Erundina. Passo agora à Mesa, para ouvir, por 3 minutos, a Deputada Enfermeira Rejane. Depois, passarei a palavra nesta ordem: Dra. Helga, Dra. Solange, João e Antônio. Mais uma vez, as mulheres são maioria aqui, mas não há problema, não. Por isso, nós vamos votar as 30 horas. Com esta maioria, nós vamos chegar lá. V.Exa. tem 3 minutos, por favor. A SRA. ENFERMEIRA REJANE - Boa tarde a todos. Companheiras e companheiros presentes, eu quero saudar a Mesa, na pessoa do Deputado Vitor Paulo, que também é do meu Estado. Tive o prazer de conhecê-lo e já o admiro por esta luta em favor da enfermagem, assim como os Deputados do seu partido, no Rio de Janeiro, pelos quais tenho muito carinho. Mais uma vez, a enfermagem está aqui em Brasília, lutando e discutindo a sua jornada de trabalho. Quero lembrar aos mais novos e a alguns Parlamentares que aqui estão que não se trata apenas desse PL A jornada de trabalho da categoria de enfermagem, para quem quiser fazer pesquisa no site da Câmara Federal, é uma luta que data de 1957, quando foi apreciada a nossa primeira lei de exercício profissional, a Lei nº 775 agora, é a Lei nº 7.498, de 1986, a lei do nosso exercício profissional. Então essa luta é muito antiga, inclusive aqui dentro desta Casa. Quem esteve hoje no café da manhã sabe que lembramos que a lei da jornada de trabalho da enfermagem já foi vetada pelo Presidente Sarney, e passou pelas Comissões desta Casa. Foi vetada também posteriormente pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi vetada na época do Sarney e, depois, no Governo Fernando Henrique Cardoso. 17

19 Quem é mais novo talvez não tenha conhecimento de que já fizemos várias caravanas a Brasília para tentar a aprovação da matéria nesta Casa. Deputado Vitor Paulo, a lei foi aprovada por acordo. Os Líderes fizeram uma composição e aprovaram no Colégio de Líderes o PL da enfermagem, que foi vetado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Várias vezes tentamos aqui em Brasília derrubar o veto do Fernando Henrique. Várias vezes estivemos aqui em Brasília. É bom buscar essa história, que enriquece a luta da enfermagem. Não me refiro apenas a esses 11 anos do PL Estamos lutando há mais de 55 anos pela regulamentação da jornada de trabalho. Em nossa categoria, como todos disseram aqui, somos muitos, mas não temos força política. Infelizmente, neste País, precisamos ter força política para conseguir nossas vitórias. O que mudou nesse nosso processo de luta é que hoje nós temos duas Deputadas Federais e algumas Deputadas Estaduais, o que está fazendo a diferença. O que mudou foi que nós conseguimos que as nossas entidades de classe se organizassem e fizessem uma ampla composição para lutar pela categoria da enfermagem. Até 2 anos atrás, nós não tínhamos os conselhos de enfermagem lutando por jornada de trabalho, porque era uma questão sindical. Conseguimos avançar porque os companheiros dessas entidades de classe perceberam que essa luta não é corporativa. Muito pelo contrário, essa luta atinge em cheio a sociedade, a população, que precisa de melhor atendimento, que exige do profissional um trabalho mais qualificado. Portanto, eu acho que nós estamos no caminho certo, sim. Vários Deputados que nos antecederam falaram que sem pressão não adianta. Sem pressão não adianta, porque o projeto já esteve nas mãos de Presidentes, e eles o vetaram. Então, eu acho que cada um aqui tem que fazer o seu dever de casa. Nós levantamos toda a tramitação desse projeto desde o ano de 2000 e levantamos também a lista dos Parlamentares que apresentaram requerimentos para que esse projeto de lei fosse incluído na pauta de votação. Infelizmente, companheiros, nós não estamos fazendo o nosso dever de casa. Se não temos condição de vir para cá toda semana nem todo mês, que trabalhemos em nossos Estados, como disse aqui o Deputado Federal Mauro Nazif. 18

20 Se observarmos, em vários Estados os Deputados Federais não foram procurados para apresentação de requerimento. Nós não sabemos, por exemplo, se no Acre alguém procurou a Deputada Federal Antônia Lúcia, do PSC, se alguém procurou o Deputado Márcio Bittar, do PSDB, para que essa organização se dê por Estado, a fim de que tenhamos, em âmbito nacional, a informação de como estão atuando não só os Deputados, mas a bancada desses Deputados. Então, trazemos como proposta ao Fórum Nacional organizarmos esse trabalho em cada Estado, para que as nossas entidades de classe procurem as autoridades, promovam café da manhã, almoços, conversem com o Deputado, para que tenhamos isto com clareza: quem foi procurado e quem não foi procurado, quem está apoiando e quem não está apoiando. Isso para que o nosso trabalho, Deputado Vitor, seja feito de forma mais organizada e, principalmente, para pressionarmos o Governo, porque nós temos um documento da Presidente da República, assim como temos um documento assinado pelo Ministro da Saúde, ambos se comprometendo, se eleitos fossem, a colocar em votação o projeto de lei das 30 horas para a Enfermagem. Nós temos, então, que pressionar, sim, este Governo, temos que pressionar, sim, em nossos Estados, temos que solicitar a cada Deputado a adesão e o apoio, mas temos que fazer isso, a maior categoria da área da saúde, em conjunto, principalmente para mostrar que nós temos muita força. Dois mil e doze vem aí, e o projeto político-parlamentar da enfermagem está na boca. Nós temos que eleger os nossos pares; nós precisamos ter representação no Parlamento; nós precisamos ter força política, porque só assim veremos aprovado não só o Projeto de Lei 2.295, de 2000, mas também o nosso piso salarial, veremos diminuir o assédio à categoria, que é majoritariamente feminina, veremos ser respeitado o nosso direito de acumulação de cargos e, como disse o Deputado Mauro Nazif, ser aprovado nas Casas de Leis o nosso direito à aposentadoria aos 25 anos. (Palmas.) Era isso que eu queria dizer. Vamos à luta! Muito obrigada. (Palmas.) 19

21 O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Agradeço à nobre Deputada Estadual Enfermeira Rejane, do Rio de Janeiro. Nós vamos dar prosseguimento aos trabalhos. Peço só aos senhores membros da Mesa que sejam breves. Naturalmente, sei da relevância, da importância do que os senhores têm a dizer, mas precisamos encerrar esse ciclo de apresentações, desfazer esta Mesa e partirmos para a primeira Mesa do painel, que será presidida pela nobre Deputada Rejane, do Rio de Janeiro. Antes de passar a palavra à Dra. Helga Bresciani, eu quero registrar a presença da nobre Deputada Manuela d'ávila, do Rio Grande do Sul, que nos brinda com sua participação. Com a palavra a Dra. Helga Bresciani, por 3 minutos. A SRA. HELGA BRESCIANI - Boa tarde a todos. Quero cumprimentar o Deputado Vitor Paulo, por meio de quem cumprimento a Mesa, e a Deputada Enfermeira Rejane, na pessoa de quem cumprimento todos os profissionais da Enfermagem aqui presentes. A Associação Brasileira de Enfermagem, junto com todas as organizações da categoria, está trabalhando pela aprovação desse projeto de lei. Todas as falas já frisaram a importância de sua votação. Faz muito tempo que conversamos, debatemos, e a bola bate na trave. Uma coisa eu aprendi desde cedo: palavra é para ser cumprida. Já ouvimos muitas palavras que não foram cumpridas. Então, como categoria, nós temos de cobrar, sim, todas as palavras. Quando eu era estudante já saía à rua em defesa das 30 horas. Faltam 2 anos para eu me aposentar, e ainda estou na rua lutando pelas 30 horas. (Palmas.) E não me refiro à aposentadoria especial, porque ainda não temos esse direito. Eu estou chegando aos 30 anos, mas continuo trabalhando. Como a Deputada Rejane falou, temos de mobilizar. Temos de mobilizar toda a Enfermagem brasileira, sair para as ruas. Fomos para as ruas e conseguimos defender o Sistema Único de Saúde. Eu não tenho dúvida de que, por mais que as outras categorias da saúde nos cutuquem, é a Enfermagem que mantém e que dá qualidade ao Sistema Único de Saúde. Então, nós precisamos, sim, ser ouvidos e de que seja aprovado o PL. Muito obrigada. (Palmas.) 20

22 O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito obrigado, Dra. Helga Bresciani. Com a palavra a Dra. Solange Caetano, Presidenta da Confederação Nacional dos Enfermeiros. A SRA. SOLANGE CAETANO - Boa tarde a todas e todos. Quero cumprimentar o caro Deputado Vitor Paulo, Presidente da Comissão de Legislação Participativa, na pessoa de quem cumprimento os demais membros da Mesa. Quero dizer que estou muito feliz porque este é o primeiro evento realizado pelo Fórum Nacional 30 Horas Já. Isso significa que as entidades nacionais estão, de fato, unidas para aprovar o projeto de lei que regulamenta a jornada de trabalho da Enfermagem. (Palmas.) Tenho certeza de que esse vai ser só o primeiro, porque nós temos muitos outros. Prestem bastante atenção, participem das Mesas porque, ao final do evento, nós, com a ajuda não só as entidades, mas também dos senhores, vamos construir os próximos passos do Fórum Nacional e também dos Fóruns Estaduais, a fim de mobilizar a Enfermagem e, se Deus quiser, no dia 30 de outubro, demonstrar não só para o Congresso, mas para o Ministro da Saúde e para a sociedade brasileira do que a Enfermagem é capaz quando quer se mobilizar. (Palmas.) Estão-me corrigindo aqui: o dia é 30 de novembro. Quero pedir a V.Exa., Deputado, que como tantos outros tem sido nosso parceiro e que no momento está presidindo esta reunião, o seguinte favor: repasse a informação para os demais. Primeiro foi dito para a nossa categoria que não poderíamos ter uma jornada de 30 horas porque esse era um projeto corporativo e que não ficava bem defender projetos específicos de uma única categoria. Aí nós vimos a jornada de 30 horas serem aprovadas para os assistentes sociais, e a Enfermagem continuou sem a jornada de 30 horas. Depois veio o discurso dos Deputados, de alguns Líderes e do próprio Governo de que não podiam aprovar a jornada de 30 horas para a enfermagem porque existia um vínculo com a Estratégia da Saúde da Família e que, portanto, a partir do momento em que regulamentássemos a jornada, nós quebraríamos o 21

23 vínculo com a sociedade. E agora nós temos a Portaria nº 574, que flexibiliza a jornada de trabalho do médico, do odontólogo e do enfermeiro. Aí veio o discurso de que não era possível, porque na previsão orçamentária não cabia a aprovação das 30 horas, que o impacto financeiro no Orçamento dos Estados e Municípios quebraria a União por conta do repasse e que era preciso aprovar a emenda constitucional para aprovar o projeto de lei das 30 horas. Acabou, não é? A emenda constitucional foi aprovada. Esse discurso também acabou. Por último, escutamos dizer, ainda hoje, que é algo impossível as 30 horas semanais para a Enfermagem porque somos 1,5 milhão, que isso é muita gente e muita gente quebra o País, principalmente o setor privado e filantrópico do País. Não me interessa o setor privado. Eu estudei para ser enfermeira do serviço público e prezo por uma saúde pública, por um SUS de todos, (palmas) para o povo brasileiro, construído com qualidade. (Palmas.) Quando disseram que nós éramos muitos, esqueceram-se dos agentes comunitários de saúde e aprovaram uma emenda constitucional dando a eles o direito a um piso. Quantos agentes comunitários em uma equipe de Estratégia da Saúde da Família existem para um enfermeiro, para um auxiliar de enfermagem? Qual é o número maior: o deles ou o nosso? Mas o piso para os agentes comunitários não significa impacto. Não que eu ache que eles não têm direito. Acho, sim, que eles têm direito ao piso salarial, a uma jornada digna, assim como nós. Mas se eles conseguem ter um piso salarial que vai causar impacto e são muito mais do que nós, porque não conceder a jornada de trabalho de 30 horas semanais para a Enfermagem. (Palmas.) Somos nós que construímos a saúde neste País. (Palmas.) Somos nós que estamos nos hospitais, nos pronto-socorros, como foi o caso lá do Rio, em que um único auxiliar de enfermagem, como foi mostrado pelo programa Fantástico, cuidava de 40 pacientes, quando deveria cuidar de 10. É essa qualidade de assistência que nós, da Federação Nacional dos Enfermeiros, do Conselho Federal de Enfermagem, da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Saúde e da ABEN Nacional, além de todas as outras entidades que representam a Enfermagem, queremos discutir. E todos os que quiserem fazer parte deste Fórum para valorizar a Enfermagem serão bem-vindos. É a saúde do povo brasileiro com qualidade e com a valorização da Enfermagem. 22

24 Meu muito obrigada. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Vitor Paulo) - Muito bem. Parabéns à nobre Dra. Solange Caetano. Deputada Luiza Erundina, que foi Prefeita da maior cidade deste Brasil, Deputado Edivaldo Holanda Junior, que representa um dos Estados mais pobres deste País, o Maranhão, com um menores IDHs do Brasil, sempre vejo em várias reportagens, em várias matérias, em postos de saúde e também ouço dizerem que faltam médicos, mas enfermeiros não faltam. Por mais carga de trabalho que ele tenha, por mais baixo que seja o salário que receba, o enfermeiro não abandona o seu posto, não abandona o paciente, não abandona o povo brasileiro. Não estou dizendo que os médicos fazem isso, mas o enfermeiro não falta. Falta médico, mas o enfermeiro ele está sempre ali cobrindo a ausência, muitas das vezes, de médicos. Então, quero aqui fazer este registro. Registro também a presença do nobre Deputado Assis Melo, do PCdoB do Rio Grande do Sul. Passo a palavra agora ao Dr. João Rodrigues Filho, Vice-Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde. O SR. JOÃO RODRIGUES FILHO - Boa tarde a todos e a todas. Cumprimento o Deputado Vitor Paulo e toda a Mesa. A CNTS, como as demais parceiras e irmãs na luta pela jornada pelas 30 horas, agradece o acolhimento da nossa sugestão para a realização deste evento. Quase tudo foi dito sobre a jornada das 30 horas. E nós, 1,5 milhão de brasileiros, estamos clamando por condições de trabalho dignas na saúde, para podermos proporcionar saúde à população brasileira, carente não só de assistência efetiva durante as 24 horas que passamos ao lado do paciente, mas também de instalações adequadas, como vemos aí. Muita gente tem conhecimento, a não ser aqueles que ficam de olhos fechados quando abrem os jornais ou passam por algum estabelecimento de saúde e veem as condições a que estão submetidas a Nação brasileira. Há momentos em estabelecimentos de saúde em que os pacientes ficam em corredores, em macas, até em bojos sanitários, nas instalações sanitárias dos hospitais para ministrarmos a medicação. 23