Financiamento, Investimento e Competitividade
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- Mirela Pais Quintão
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1 Financiamento, Investimento e Competitividade João Leão Departamento de Economia ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa Conferência Fundação Gulbenkian "Afirmar o Futuro Políticas Públicas para Portugal Lisboa, 6 e 7 de Outubro de 2014
2 A entrada no euro e os desequilíbrios externos Na segunda metade da década de 90 o défice externo aumentou de forma bastante rápida O acumular de défices externos muito elevados conduziu a uma dívida externa muito alta Causasprincipais: Entrada no euro e o crescimentoda procura internae das importações. Estagnação das exportações Balança Corrente e de Capital, % PIB 5 3 Balança Externa e Posição de Investimento Internacional (PII) (% PIB) Balança Externa (BC&K) PII 2, ,3 0 40,7 39,9 39,6 40,2-10,1-17,7 39,0 40,1 39, ,3Importações -24,9 Balança Externa 37,2 37, , ,9 35,9 36,4 37,1 39,6-2,2 35,4 38,7-39,5-3,4-46,3-4,6 34,4 34, ,7-5 -5,1-55, ,1-5,8-6,7-6,8-67,4-58,2 32,2 32,4-78, , ,9 31,3-88,9-9,0-96,1-10,1-9, ,2-8,9-9,4-107,2-104,8 27,2 PII 27,8 28,9 27,9 28, ,1 27,6 27,6 28,0 27,7 28,0 25 Exportações -9,9-116,1-118,7-11,1-110, Fontes: BdP Posição de Investimento Internacional, % PIB Exportações e Importações de Bens e Serviços (% PIB) Fonte:INE -Contas Nacionais Anuais (base 2006) Exportações Importações 42,5
3 Investimento e IDE Défice externo mede o excesso de investimento sobre poupança Portugal investiu muito desde 1996, mas deveu-se essencialmente ao investimento em construção Na última década Portugal revelou incapacidade de atrair IDE para o sector transaccionável 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 23,1 14,8 23,6 14,9 25,8 20,2 20,1 20,0 20,4 16,1 27,0 27,3 27,7 21,0 21,4 20,9 16,5 16,6 16,8 16,8 16,3 12,2 11,8 11,5 11,5 11,6 11,7 11,6 11,5 11,6 11,8 12,1 27,0 25,6 20,2 15,0 23,6 23,2 23,0 20,1 20,2 20,6 14,7 14,5 22,3 22,2 22,5 21,4 21,9 21,5 13,9 13,5 13,4 12,6 12,8 12,5 20,5 19,4 12,6 11,6 19,6 19,0 12,0 18,0 11,0 10,9 10,8 19,0 18,4 17, Fonte: Eurostat Investimento Total e na Construção (% PIB) ZE (18) l Construção Zona euro Zona Euro Construção Portugal Portugal l Construção Portugal Construção 16,0 9,5 10,4 8,2 14,9 10,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,7 IDE na indústria transformadora (líquido em % do PIB) 1,0 1,0 Espanha Polónia Rep. Checa Eslováquia Portugal Fonte: Eurostat Espanha ; Polónia e 2010; Rep. Checa ; Eslováquia ; Portugal ,6 0,1
4 Crescimento e factores estruturais Reduzida convergência real desde 2000 (e de outros países do sul da Europa) Baixas qualificações e perfil de especialização produtiva
5 Crescimento e factores estruturais Elevada % de trabalhadores com contractos a termo e reduzido investimento em I&D associado a baixa produtividade Melhoria significativa nos principais indicadores de ambiente de negócios (BM) e do mercado do produto (OCDE) 25 Trabalhadores contratodos a prazo (%TCO) Portugal UE15 Despesa em I&D (%PIB) Total: PT Total: UE27 Empresarial: PT Empresarial: UE27 1 Posição de Portugal na UE nos ranking de ambiente de negócios (BM) e mercado do produto (OCDE) 20 2,0 Total UE 6 1,5 15 1,0 Total PT Empresarial UE º (28) 9.º (28) º 16.º 0,5 Empresarial PT Fonte: Eurostat , Doing Business (BM) PMR (OCDE)
6 Rápido ajustamento externo entre 2010 e 2013 Saldo externo melhora de -9,5% para +2,6% do PIB Forte crescimento das exportações Queda acentuada das procura interna e das importações Ajustamento Externo na Perifiria da Zona Euro 1 0,0 5, V a r. E x p o rta ç õ e s (% PIB 82) 30% l Exportações l Importações 0,0-5,0 V a r. P ro c u ra I n te rn a (% PIB 82) 25% 20% 15% 10% 5% 0% -5% -10% -15% -20% 24,5% -2,9% Fonte: Eurostat -Contas nacionais trimestrais Nota: Portugal, S/Energéticos: X : +20.7%; M: -8.0% 12,3% Portugal Irlanda Grécia 8,1% 7,3% -17,4% -1 0,0-1 5,0 1 0,0 5,0 0,0-5,0-1 0,0-1 5,0-2 0, F o n te : IN E e S é rie s lo n g a s d o B d P B a la n ç a E x te rn a (% PIB) V a r. E x p o rta ç õ e s (% PIB 2010) B a la n ç a E x te rn a (% PIB) V a r. P ro c u ra I n te rn a (% PIB 2010)
7 Falta de ajustamento da estrutura da capacidade produtiva Evolução das exportações não foi acompanhada por alteração da estrutura da capacidade produtiva Redução acentuada do investimento e emprego em todos os sectores, incluindo o sector transaccionável e da indústria transformadora 120 Evolução do Investimento desde 2008 (2008=100) Agr., Silv. e Pesca Indústria Transformadora Energia, água e Saneamento Construção e Ativ. Imob. Restantes Serviços Total Previsão 120 0,0-5,0 Evolução do Emprego por Sectores ,7-10,0-2, , ,0 90 (%) 80-20,0-31,8 70 Total 70-25,0 60 Indústria 60-30, Fonte: INE, CNT (VH nominal) e Inquérito ao Investimento (Julho 2014) - investimento empresarial ,0 Total Indústrias Transformadoras Construção Serviços
8 Portugal precisa de nova vaga de investimentos no sector exportador Fundamental para tornar sustentável o crescimento das exportações Atrair IDE de raiz para o sector transaccionável Fomentar polos e clusters industriais (I &D, formação, promoção ext.) Diversificar exportações aproveitando mercados de alto crescimento Exportações de serviços e de centros de competências Turismo, turismo residencial e exportação de saúde Recursos naturais e mar Plataforma logística, portos e indústrias associadas Medidas transversais Melhorar condições de financiamento das empresas Crédito fiscal ao investimento e emprego no sector transaccionável Criar condições para o crescimento de novas empresas altamente produtivas e inovadoras
9 Contracção excessiva do mercado interno Procura interna diminuiu 13,7% entre 2010 e 2013 Resultante da austeridade, mas agravada por fortes restrições ao financiamento e redução da confiança Conduziu a queda acentuada da economia e do emprego e dificultou a consolidação orçamental Evolução da Procura Interna e PIB desde 2010 (2010 = 100 ) PIB Consumo Excedente das Famílias Capacidade de financiamento (% do PIB) Portugal 6,4 6, Procura interna Investimento ,3 4,5 4,6 2,8 2,8 Zona Euro 3, Fonte: GEE, a partir de dados de base: PAEF revisão 1 - European Commission, The Economic Adjustement Programme for Portugal, First review Summer 2011, Occasional Papers 83 Verificado -INE, ContasNacionais Anuais ( ) (base 2006) em volume 1 0 Fonte: Eurostat
10 Fragmentação Financeira da Zona Euro Taxas de juro do crédito às empresas aumentaram de forma muito acentuada desde 2011 Factor adicional de contracção do investimento e mercado interno 7,5 Taxa de juro do novo crédito às empresas 2 Portugal Espanha Itália Irlanda França Grécia Alemanha 7,5 120 Stock Empréstimos Empresas Crédito Bancário (Index 2010=100) Novos Empréstimos Particulares 120 7,0 6,5 7, , ,0 6, ,5 5,0 Portugal 5,5 5, ,5 4,0 Espanha 4,5 4, ,5 3,0 3,5 3, ,5 2,0 1,5 J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Fonte: BCE Nota: Maturidade original - até 1 ano 1 Instituições Financeiras Monetárias 2 Sociedades Não Financeiras Alemanha 2,5 2,0 1, Fonte: BP
11 Risco de deflação ou estagnação de preços Taxa inflação reduziu-se de forma muito acentuada de 2,8% em 2012 para 0,4% em Taxa negativa em Salários do sector privado estagnaram desde 2011 Ciclo vicioso de estagnação de preços e salários 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0-0,5 1,6 1,4 1,0 Taxa de inflação (IHPC) Portugal e Zona Euro 3,6 Zona Euro 2,7 2,2 Portugal IHPC - CT 2,8 2,5 0, º S 2014 Fonte: GEE, a partir de dados de basedo Eurostat, IHPC e IHPC com Impostos constantes Portugal 1,3 0,4 0,4 0,6-0,2-0,3 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 2,9 Remuneração por Trabalhador Sector Privado 1,0 0, T2014 Fonte: Eurostat (Contas Nacionais Anuais por ramo de actividade). Total dos empregados excepto excepto Admistração Pública, Defsa, Educação, Saude e Serviços Socias. 0,9 0,6
12 Mercado interno e Secular Stagnation Factores decisivos sugerem risco de estagnação do investimento e da procura interna: Forte declínio demográfico Alto endividamento dos sectores público e privado Situação do Sector Financeiro Dívida Bruta ( %PIB) Dívida do Total da Economia 1 Fonte: Bano de Portuga. Contas Nacionais Financeiras (Patrimónios financeiros anuais consolidados das Sociedades financeiras - Total Activos Financeiros) 2 Fonte: INE, Demografia e Contas Nacionais Anuais (SEC 1995) Dívida Privada Dívida Pública ,2 População anos Evolução da População Portuguesa 8,2 107,7 6, = 100 6,0 Investimento de habitação ( % do PIB) 106,8 106,6 106,4 99,9 4,0 96,1 3,5 População anos Projeções 92,3 3,1 105,0 103,9 88,0 2,5 84,9 99,3 97,2 2,0 68,3 95,8 91,7 91,7 85,2 78,1 71,71,3 71,4 69,4 65,0 62,7 58, ,
13 Conclusão Nos próximos 4 a 5 anos será fundamental evitar a deflação e a estagnação do mercado interno Apenas assim será possível compatibilizar crescimento da economia e do emprego e consolidação orçamental (exigida pelo tratado orçamental até 2019) É fundamental melhorar as condições de financiamento e a confiança das empresas e das famílias Política consolidação orçamental que minimize incerteza sobre rendimento das famílias e impacto no mercado interno Na próxima década Portugal precisa de uma nova vaga de investimentos no sector transaccionável Tornar sustentável a tendência de aumento das exportações Assegurar o crescimento sustentável do PIB e do emprego Agenda de reformas para promover a competitividade e investimento
14 Trade-offs signficativos nos objectivos macroeconómicos : 1. Crescimento da Economia e do Emprego 2. Consolidação Orçamental (tratado orçamental) 3. Melhoria rápida da balança externa No curto/médio prazo será ambicioso atingir 2 destes objectivos A) Alternativa de deflação 1. Melhoria do excedente externo: contracção do mercado interno e deflação 2. Consolidação orçamental implica forte austeridade 3. Não permite recuperação da economia e do emprego B) Alternativa de crescimento e consolidação orçamental Implica associar ao crescimento das exportações, a recuperação do mercado interno e o combate à deflação Estabilização ou aumento gradual do excedente externo
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