O PROGRAMA DE PROTEÇÃO AS VÍTIMAS, TESTEMUNHAS E RÉUS COLABORADORES NO BRASIL
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- Eduarda Gameiro Bento
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1 1 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO AS VÍTIMAS, TESTEMUNHAS E RÉUS COLABORADORES NO BRASIL CAVALHEIRO, M.C Resumo: A lei de proteção a vítimas, testemunhas e réus colaboradores foi instituída no ano de 1999, com intuito de proteger a integridade física de quem colabora com a justiça com o seu testemunho. A testemunha tem grande relevância para o processo penal na produção da prova, muitas vezes sendo a única forma de conseguir desvendar um crime. A maior dificuldade do programa é financeira, fazendo com que as pessoas que deixam sua vida de lado passem por situações degradantes. Palavras-chave: Testemunha. Proteção. Direitos Humanos. Abstract: The law for the protection of victims, witnesses and defendants employees was established in 1999, aiming to protect the physical integrity of those who collaborate with justice with his testimony. The witness has great significance for the prosecution in the production of evidence, often the only way to get solve a crime. The major difficulty of the program is financial, causing people to leave their life on hold to undergo degrading situations. Keywords: Witness. Protection. Human Rights. INTRODUÇÃO A lei de proteção as vítimas, testemunhas e réus colaboradores, visa principalmente preservar a integridade física e psicológica daquele que resolve colaborar com a justiça com seu testemunho, a fim de ajudar no deslinde do crime. No processo penal a prova testemunhal é elemento essencial à convicção do juiz, buscando a configuração real dos fatos através do testemunho colhido tanto na fase de inquérito policial, quando na fase processual.
2 2 A testemunha muitas das vezes, são os únicos olhos e ouvidos do fato criminoso, e suas declarações ajudaram na convicção do juiz. O juiz é como receptor dos fatos narrados na exordial acusatória, e ouvindo a testemunha reduz a termos as declarações, formando um elo entre o fato e o poder de punir do Estado, pois irá formar seu convencimento para enfim dar sua decisão no procedimento. O programa de proteção tem seu início em discussão realizada no ano de 1996, através do Programa de Proteção dos Direitos Humanos, para implantação de programa de proteção as testemunhas colaboradoras com a justiça, expostas a perigo e grave ameaça. A Lei Federal 9.807/1999 traz os principais delineamentos a respeito do programa de proteção, mas cada estado possui sua própria legislação com dispositivos acerca do funcionamento e execução, com ajuda financeira conjunta entre governo federal e estadual. REFERENCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Pautado no método de abordagem dedutivo, de pesquisa bibliográfica, bem como a documental, através da legislação, artigos publicados em revistas e na internet, das jurisprudências, doutrina e de recentes estudos acerca do tema, partindo-se do geral com objetivo de se chegar ao particular. A Lei nº 9.807/99 sobre a Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, surge a partir de uma experiência consolidada de proteção a vítimas e testemunhas que foi capaz de mostrar a viabilidade do Programa desenvolvido entre sociedade civil e Estado. O fato das primeiras experiências brasileiras de proteção a vítimas e testemunhas terem se originado como uma resposta da sociedade civil organizada a uma latente demanda presente no sistema de segurança pública e justiça, sendo apenas posteriormente recepcionadas pelo Estado e dotadas de disciplina normativa, implicou, em seu início, na inexistência de parâmetros de funcionamento a priori estabelecidos, os quais foram sendo construídos na prática cotidiana das pessoas e
3 3 organizações que pioneiramente se dedicaram à edificação de um projeto tão valioso e desafiador. 1 No que se refere à prova testemunhal, ela é importante porque o silêncio das testemunhas é o termômetro mais evidente a compelir a angustiante procura de mecanismos efetivos e visíveis, que atuem como instrumentos alternativos na tentativa por buscar formas de solução dos conflitos sociais" 2 A prova testemunhal é um meio destinado a convencer o juiz sobre um fato ou uma situação. Provar um fato é possibilitar o instrumental de que se vale o sistema processual para obtenção da certeza judiciária, ainda que se dê a esta certeza o caráter de relatividade" 3 Ela é de fundamental importância para a realização da justiça penal, tendo em vista que a dificuldade ou a impossibilidade da produção da prova tem levado a um acentuado aumento da impunidade, mesmo reconhecendo-se que a prova testemunhal tem suas falhas. Na busca por compreender a problemática que envolve a proteção de vítimas e testemunhas no Brasil, observamos a importância não somente em resgatar o processo histórico da implantação do programa, mas se fazem também relevantes o conhecimento do valor da prova testemunhal no Processo Penal e a situação atual do Provita no Brasil. que: Pincherli resgatando a importância das testemunhas para o processo, diz Que os sentidos enganam a razão, com as aparências falsas (...) de modo que aqueles olhos e aqueles ouvidos das testemunhas, com os quais, segundo a imagem de Bentham, o juiz contempla os crimes e ouve a voz dos réus, são muitas vezes, olhos que não vêem e ouvidos que não escutam, prerrogativa que o profeta referia ao povo de Jerusalém, mas que Giuriati declarou extensiva a todo o mundo. 1 PANNUNZIO, Eduardo. Os requisitos legais de ingresso nos programas de proteção a vítimas e testemunhas. Recife: Bagaço, p PENTEADO, Jaques de Camargo (coord). Justiça Penal, 7: Críticas e Sugestões: Justiça Criminal Moderna. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 438). 3 ALVES, Roque de Brito. Programa de direito penal parte geral. Recife: FASA, p. 20.
4 4 O programa é um importante instrumento de combate à impunidade no Brasil, dado o grande peso da prova testemunhal em processos criminais. Sobre a atividade do programa, diz o Tribunal de Contas da União foi garantida a integridade física de mais de pessoas desde o início do programa em 1998, o que contribuiu para a elucidação de mais de 400 crimes de alto poder ofensivo e repercussão oficial. Ao mesmo tempo, não há registro de nenhuma morte de beneficiários por atentado, tendo ocorrido dois casos de suicídio de um de morte natural. A testemunha que ingressa no programa tem que estar disposta a mudanças drásticas em sua vida. Sofre uma espécie de penalização, pela ineficácia do programa por causa da falta de verbas e de pessoal que o impedem de garantir condições dignas de sobrevivência a quem enfrenta ameaças de morte para contribuir com a Polícia e com a Justiça. Diante do exposto, objetivando uma maior compreensão da problemática que envolve a impunidade no Brasil, se faz necessário discutir quais os mecanismos necessários para a efetiva proteção de testemunhas no país, além de buscar elementos que contribuam, de forma direta ou indireta, para o debate acerca da corrupção atualmente tão acentuada na segurança pública. CONCLUSÃO Com as considerações realizadas neste trabalho acerca da proteção de vítimas, testemunhas e réus colaboradores, espera-se que o estado tenha maior atenção ao programa, pois à implantação e a execução do programa esbarra nas dificuldades financeiras. O PROVITA tem participação direta e efetiva da sociedade civil com doações e ajudas em dinheiro, que beneficiam a manutenção do programa em todos os estados, em razão da baixa receita repassada, é de suma importância a colaboração de todos. As maiores dificuldades do programa são: a implantação da testemunha ao programa e suas medidas extremas para que seja efetivamente protegida; as dificuldades financeiras, principalmente aliadas ao alto custo das transferências de cidade e a reinserção social.
5 5 A reinserção social é efeito subjetivo advindos da implantação, e sem condições econômicas para isso se torna dificultosa, e a única vítima dessa situação é a testemunha, que se vê abandonada. O programa de proteção já nasce de uma falha do Estado no combate a criminalidade e a violência, e ainda colocando a testemunha sob sua proteção, é seu dever dará assistência não só material mas também todo alicerce para que a pessoa possa ter também suas necessidades psicológicas supridas. REFERÊNCIAS AQUINO, José Carlos G. Xavier de. A prova testemunhal do Processo Penal Brasileiro. São Paulo: Saraiva, CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, GOMES, Suzana Camargo. O Juiz e a Psicologia do Testemunho. Revista Consulex, Brasília, p. 39. Jul/1997. JESUS, Damásio E. de. Código de Processo Penal Anotado. 23ª ed. São Paulo: Saraiva, PANNUNZIO, Eduardo. Os requisitos legais de ingresso nos programas de proteção a vítimas e testemunhas. Recife: Bagaço, PENTEADO, Jaques de Camargo (coord). Justiça Penal, 7: Críticas e Sugestões: Justiça Criminal Moderna. São Paulo: Revista dos Tribunais, ALVES, Roque de Brito. Programa de direito penal parte geral. Recife: FASA, 1995.
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