ORAÇÃO DIA-A-DIA. Programa anual de oração

Transcrição

1 ORAÇÃO DIA-A-DIA Programa anual de oração I ENCONTRO 13.X Breve apresentação 2. Objectivos do módulo II: Programa anual de oração, com conteúdo e condução, dando suporte à oração diária. Fidelidade à oração, quer na quantidade, quer na qualidade. Acompanhar e aprofundar S. Paulo. 3. Funcionamento do módulo: Reunião mensal: Introdução a uma carta de S. Paulo, apresentação dos tópicos de meditação para o mês de oração e breve momento de oração. Oração diária: minutos diários para rezar os tópicos indicados para cada semana. Ao sábado e domingo meditam-se as leituras da missa, segundo o mesmo método (pode haver variação para casais). Este tempo diário de oração será de acordo com o método de meditação a seguir indicado. Leitura bíblica: leitura da carta de S. Paulo introduzida. Esta leitura é feita individualmente, até à reunião seguinte. A preocupação não é de meditar mas antes de estudar. Retiro de 3 dias em silêncio, a seguir à Páscoa. 4. Calendário das próximas reuniões 9 Novembro; 7 de Dezembro; 4 de Janeiro 5. Método para a meditação diária Lugar: escolher o espaço que melhores condições reúne para a oração. Vai ser o templo da oração.

2 Paragem: romper com outras actividades em curso; voltar-se para o interior e sair do exterior. Corpo em oração: dispor o corpo numa posição que facilite o recolhimento e a atenção. Ele precisa de estar confortável e desperto. Silêncio e presença de Deus: buscar o sossego exterior e interior. O silêncio exterior é um indutor do silêncio interior. Fazer um breve momento de descanso, procurando esvaziar o interior. Tomar consciência da presença de Deus que me envolve. O Deus Trinitário. Invocação do Espírito Santo: pedir a luz, o discernimento, a sabedoria e a força do Espírito Santo. É Ele que reza em nós e que nos permite a comunhão de pensamentos e sentimentos com Jesus. Confiar a oração ao Espírito Santo. Pedir a docilidade à acção do Espírito Santo. Ler/reler o texto: em cada dia ler o texto bíblico que serve de base à meditação das semanas. O texto deve ser relido todos os dias, porque é ele que está aser desenvolvido na meditação diária. É a Palavra de Deus que nos interessa rezar acima de tudo. A insistência na leitura do texto produzirá um efeito de interiorização. Ler o tópico da semana: ler ou trazer à memória o tópico de meditação sugerido para a semana em curso. É uma orientação que dá sequência à oração. Pode ser útil retomar o tópico ou oração da semana anterior. Em cada semana fica-se no tópico proposto, ainda que gere alguma repetição. Aprofundar, saborear e discernir, confrontar: esta é fase da oração em que entramos em debate com a palavra que nos é indicada e somos conduzidos por ela. Ver as suas várias dimensões. Procurar as suas razões. Confrontar a verdade a minha vida com o que a palavra me mostra. Aceitar pôr-me em jogo. Desfrutar as consolações da oração e aprofundar e questionar as desolações ou acusações que apareçam. Tentar perceber os caminhos, atitudes e decisões que Deus me apresenta. Súplica, louvor e acção de graças: a meditação da palavra há-de levar a estes movimentos da alma: pedir a intervenção de Deus, reconhecer a sua beleza e grandeza e agradecer as suas ofertas generosas. Resumir: retirar os elementos principais da oração de forma a que se retenham mais facilmente na oração.

3 Registar: pode haver vantagem de pôr em escrito uma espécie de diário de oração. Poderá ajudar, no futuro, a ver as grandes linhas de oração individual. 6. Apresentação das Cartas aos Tessalonicenses a. Comunidade de Tessalónica Paulo chegou a Tessalónica no ano 50. Começou o anúncio na sinagoga judaica mas rapidamente começou a pregar aos pagãos.os judeus desagradados, perseguem os evangelizadores, e eles, têm de fugir subitamente, pelo que não ficaram ali muito tempo. A comunidade é principalmente de gente proveniente do paganismo. A cidade é florescente, movimentada, muito comercial e cheia de influências de todo o lado. Porto marítimo aberto ao Mediterrâneo e por ali passava a via romana de ligação ao Oriente. Esta comunidade sofrerá sempre as perseguições dos judeus e, por isso, se entende as referências à perseverança. b. Motivações e orientações das cartas Paulo escreve a 1ª (e possivelmente a 2ª) estando em Corinto, onde recebeu notícias muito positivas da comunidade de Tessalónica trazidas por Timóteo. É o primeiro escrito do NT, provavelmente escrita entre Esta é uma carta muito afectiva, pastoral, dirigida a toda a comunidade e para ser lida em comunidade. É uma carta para dar ânimo e ajudar a prosseguir o caminho cristão. Responde a 2 preocupações: o descrédito em que os perseguidores judeus queriam fazer cair os evangelizadores e a perseguição judia aos cristãos; a inquietação dos tessalonicenses sobre a sorte dos defuntos. A 2ª carta é mais difícil de datar (ou pouco tempo depois para esclarecer a 1ª, ou depois do ano 70, por ocasião da destruição de Jerusalém). Esta carta tem na sua base a preocupação de alguns cristãos quanto ao Dia do Senhor, a parusia. Tornou-se um assunto sério na comunidade, a ponto de alguns deixarem de trabalhar para esperar esse dia. Paulo escreve para corrigir essa excessiva preocupação e os convidar a viver responsavelmente a sua vida quotidiana. c. Conteúdos principais O Evangelho é apresentado como anúncio do acontecimento de Jesus Cristo morto e ressuscitado. Acreditar no evangelho é aderir a

4 este acontecimento e caminhar com firmeza ao encontro da glória de Cristo que consumará tudo. O anúncio do Evangelho exige as 3 atitudes fundamentais: Fé ( dom de Deus, acreditar no Deus vivo e no Cristo pascal, identifica-se com a vocação à santidade); caridade (a força da fé manifesta-se no amor); esperança (o cristão vive da certeza do seu futuro, que é a vida com Cristo para sempre). A comunidade crente é o destinatário da carta e o sujeito cristão em Tessalónica. São eleitos, escolhidos e destinados. O texto aparece sempre no plural porque Paulo quer destacar a comunidade, como sucessora do Povo de Israel. Em Jesus Cristo os membros são irmãos. Mas Paulo, neste sentido eclesial, destaca a autenticidade dos evangelizadores. Aparecem já referências à organização da comunidade e ao ministério de quem chefia ( a quem se deve obediência). As referências trinitárias são importantes: Cristo é o protagonista da acção salvadora, mas é n Ele e no Pai que tudo se faz. Mas Paulo destaca a acção do Espírito Santo: é Ele que age para que seja possível a adesão ao Evangelho e a santificação. Paulo desenvolve o tema da parusia. Nestas 2 cartas, o tema está desenvolvido em 2 direcções: os que morreram em Cristo ressuscitarão com Ele, mesmo que tenham morrido antes da parusia; a parusia acontecerá em tempo indeterminado, mas será precedida de alguns sinais, e, portanto, exige a vigilância permanente. O anúncio da parusia, da última e definitiva vinda de Jesus, onde Ele consumará a sua salvação e findará a história humana, é a pregação básica do Evangelho. Os cristãos sabiam que viviam entre estes 2 tempos. Mas Paulo não quer entrar em discursos alarmistas, nem sequer pôr-se a fazer conjecturas cronológicas sobre o facto. Quer antes pôr a comunidade diante do combate que existe entre as 2 vindas, da atenção às oposições ao Evangelho e à fé e estimular à perseverança e vigilância. Paulo não embarca nas opiniões de alguns que achavam eminente a parusia e com isso, deixaram de trabalhar e andavam agitados. Era preciso voltar à vida normal (sossegar-se e não andar a atormentar os outros), com a exigência de ser vigilante por causa da santificação. 7. Tópicos para a meditação a. 1Paulo, Silvano e Timóteo à igreja de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. A vós, graça e paz. 2Damos

5 continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações; 3a vosso respeito, guardamos na memória a actividade da fé, o esforço da caridade e a constância da esperança, que vêm de Nosso Senhor Jesus Cristo, diante de Deus e nosso Pai, 4conhecendo bem, irmãos amados de Deus, a vossa eleição, 5pois o nosso Evangelho não se apresentou a vós apenas como uma simples palavra, mas também com poder e com muito êxito pela acção do Espírito Santo; vós sabeis como estivemos entre vós para vosso bem. 6Vós fizestes-vos imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra em plena tribulação, com a alegria do Espírito Santo, 7tendo-vos, assim, tornado um modelo para todos os crentes na Macedónia e na Acaia. 8Na verdade, partindo de vós, a palavra do Senhor não só ecoou na Macedónia e na Acaia, mas por toda a parte se propagou a fama da vossa fé em Deus, de tal modo que não temos necessidade de falar disso. 9De facto, são eles próprios que contam o acolhimento que vós nos fizestes e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro 10e para aguardardes do Céu o seu Filho, que Ele ressuscitou de entre os mortos, Jesus, que nos livra da ira que está para vir. 1Tim 1, Que o próprio Deus, nosso Pai, e Nosso Senhor Jesus nos encaminhem até vós. 12O Senhor vos faça crescer e superabundar de caridade uns para com os outros e para com todos, tal como nós para convosco; 13que Ele confirme os vossos corações irrepreensíveis na santidade diante de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus com todos os seus santos. 1Tim 3, Portanto, irmãos, estai firmes e conservai as tradições nas quais fostes instruídos por nós, por palavra ou por carta. 16O próprio Senhor Nosso Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, uma consolação eterna e uma boa esperança, 17consolem os vossos corações e os confirmem em toda a obra e palavra boa. 1Quanto ao resto, irmãos, orai por nós para que a palavra do Senhor avance e seja glorificada como o é entre vós, 2e para que sejamos libertados dos homens perversos e malvados, pois nem todos têm fé. 3Mas fiel é o Senhor que vos confirmará e vos protegerá do mal. 4A respeito de vós, temos confiança no Senhor em que já fazeis e continuareis a fazer o que vos ordenamos. 5O Senhor dirija os vossos corações para o amor de Deus e para a constância de Cristo. 2Tim 2, 15 3,5 b. Rezar a situação humana actual com as suas contradições

6 Na 1ª semana interessa fazer um ponto de situação da nossa vida actual. Paulo dirige-se a uma comunidade concreta, de quem ele conhece o realismo da vida nas suas contradições. Não escreve para uma comunidade ideal, nem escreve teoricamente: escreve para intervir num momento concreto da caminhada. Porque esta carta de Deus se dirige concretamente a mim, membro da Igreja, e porque este caminho de oração anual é feito por Deus comigo, devo começar por tomar consciência do meu estado e da situação actual da minha vida. Importa reconhecer ao longo desta semana as grandes linhas de organização da minha vida, preocupações mais habituais, decisões que estão em stand-by. Interessa deixar vir ao de cima os sentimentos e desejos que mais me povoam. De certa forma forma, se eu tivesse de explicar a Deus qual é o panorama actual da minha vida, o que lhe diria? Ao longo desta semana não interessa dar grandes explicações e encontrar soluções, mas antes trazer à consciência e à luz da minha inteligência e do meu coração, o que se passa comigo e dentro de mim. É natural que se ergam as defesas/fugas que, ou não querem ver nada porque é tudo igual, ou encontram logo desculpas e explicações. É muito importante olhar com realismo para a minha vida e pôr o jogo em cima da mesa. c. Rezar a nossa história de fé e o nosso estado actual de fé Paulo recorda a qualidade espiritual dos tessalonicenses, a forma como eles aderiram ao Evangelho e a generosidade com que eles anunciaram Jesus Cristo. Percebe-se da carta a alegria de Paulo pela vida espiritual desta comunidade e pela forma como ela se enraizou em Cristo. Nota-se a memória feliz da história desta comunidade e da forma como essa história mostra a acção eficaz do Espírito Santo. Deus tem na sua memória a nossa história de fé. Ele sabe bem como tem desenhado ao longo dos anos a germinação da sua palavra e da sua acção em nós. Ele conhece bem como tem trabalhado nos silêncios discretos e escondidos e nos grandes acontecimentos espirituais. Ele sabe o percurso e a orientação que tem dado a todo este itinerário até chegar hoje aqui.

7 É motivo de alegria para Deus, dispôrmo-nos a um percurso de oração tão longo e exigente. Deus quer e empenha-se neste percurso porque sabe os frutos que a fidelidade silenciosa faz brotar. Deus sabe bem das motivações que aqui nos trouxeram. Sabe que elas correspondem a um desejo de ir mais longe, mas especialmente a um desejo de ir mais fundo na relação com Ele. Nesta semana interessa fazer o ponto de situação do nosso estado de fé actual: vida de oração e sacramentos; alegria e confiança em Deus; dúvidas e inquietações sobre o rosto de Deus e a sua vontade; medos de Deus. Interessa nesta semana refazer a memória do nosso percurso de fé. d. Somos chamados à santificação: culto a Deus e amor fraterno Paulo diz que os cristãos são chamados e eleitos para a santificação, para a vida de santidade. E essa resume-se no culto vivo ao Deus vivo e no amor fraterno. Santidade: meta e caminho. Culto a Deus é a relação viva e não só teatral, psicológica, moralista ou introspectiva. Amor fraterno: amor aos cristãos e aos não cristãos. É caridade, ou seja, o amor de Jesus Cristo, que faz vencer e enfrentar todos os obstáculos. Rezar o meu caminho de santificação: ou é isso ou não é caminho. Sou chamado a uma medida alta. Não sou chamado a ser mediano ou medíocre. e. Cristo glorioso é a última meta da nossa vida Paulo anuncia a 2ª vinda de Jesus. Esperança. Perseverança. Vigilância Destino último e mais importante que tudo. Viver com os olhos pregados no Céu.