Publicado on line em animal.unb.br em 22/09/2010. Cavalo Campeiro. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.
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1 INCT: Informação Genético-Sanitária da Pecuária Brasileira SÉRIE TÉCNICA: GENÉTICA Publicado on line em animal.unb.br em 22/09/2010 Cavalo Campeiro Concepta McManus 1,2, Rui Falcão 3, Helder Louvandini 4, Herbert Goulart 3, Luiza Seixas 1 1 CNPq / INCT / Informação Genético Sanitária da Pecuária Brasileira, Universidade de Brasília (UnB) / Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG. 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS. 3 Universidade de Brasília, Brasília, DF. 4 Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP), Piracicaba, SP. 1
2 Espécie: Eqüina Nome científico: Eqqus cabbalus Origem: Espanhola e Portuguesa, tendo chegado ao Brasil por volta de Habitat: Planalto Catarinense-Brasil Outros Nomes: Cavalo Selvagem do Planalto Catarinense Importância econômica: Cavalo para trabalhos de campo em região de suave ondulação e tiro leve. Características morfológicas: São aceitas todas as pelagens, Baia, Castanha, Tordilha e suas variações, exceto a pampa e albina. Altura mínima dos machos: 1.42, ideal 1,48 e máxima Altura mínima das fêmeas: 1.40, ideal 1.46 e máxima Porte médio, bem proporcionado, leve em sua aparência geral e de musculatura forte e definida mediolínio eumétrico. Ativo e dócil. Região frontal sub-convexo a retilíneo, chanfro de retilíneo e ligeiramente côncavo. Garupa harmoniosamente inserida à região lombar, suavemente inclinada, ampla, musculosa, tornando as nádegas bem definidas, formando uma só região. Apresenta andamento do tipo marcha, em todas as suas modalidades, exceto o trote e andadura. O Eqüino Campeiro é um valioso material genético, dos marchadores nacionais é o mais cômodo e versátil, o qual pode ser utilizado em diversos tipos de provas. Histórico do Cavalo Campeiro Os primeiros cavalos trazidos ao Brasil tiveram sua origem com as primeiras viagens de exploração e colonização do Continente, devido ao uso destes 2
3 animais como principal meio de transporte à época. As primeiras levas de cavalos foram direcionadas a três locais ao longo da costa Brasileira: Pernambuco, em 1535, São Vicente, em 1543 e Bahia, em 1549 por Duarte Coelho, Martim Afonso e Tomé de Souza, respectivamente, (Torres e Jardim, 1981). O cavalo Campeiro foi provavelmente originado por animais trazidos durante as expedições Espanholas de Alvar Nuñes Cabeza de Vaca em março de 1541, que seguiu por terra, a partir do litoral de Santa Catarina até Assunção, Paraguai, transportando soldados, sementes além de 46 cavalos e alguns bovinos (Araújo, 1990, ABRACCC). Cabaza de Vaca ancorou em Cananéia, partindo para Santa Catarina onde perdeu dois navios e 20 cavalos, prosseguindo para terras do Paraguai. Nesta expedição, alguns dos cavalos foram perdidos no Estado do Mato Grosso, onde a espécie proliferou e povoou a região. Também é citado o possível extravio de animais por outras expedições espanholas com mesma rota, 3
4 visto que a Ilha de Santa Catarina era o primeiro posto avançado da Espanha na América do Sul. A primeira notícia oficial da presença de cavalo vivendo livremente em Santa Catarina se deu no ano de 1728 por Francisco de Souza e Farias, quando da abertura do Caminho dos Conventos, onde partindo de Araranguá/SC transpôs as matas da Serra Geral e no Planalto deparou com um grande número de cavalgaduras e vacas. Cristóvão Pereira de Abreu também registrou a presença de animais em mesmo local, utilizando-se de alguns para agregar a sua tropa, registrando a domesticação inicial desses animais. É interessante observar a origem similar das duas raças de cavalo, Campeiro e Pantaneiro, ambas originadas nos extravios de animais das expedições de Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, na primeira metade do século XVI. A existência de cavalos selvagens se estendia além do planalto catarinense, ocupando também o planalto do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná, região chamada pinheirais do Brasil, o que leva ao cavalo campeiro a denominação de Marchador das Araucárias. Esses animais sofreram seleção natural durante quase cinco séculos, aclimatando-se e multiplicando-se, formando uma população adaptada às condições bioclimáticas locais, com apenas registros isolados de ação antrópica sobre esses animais nesse período, levando a população de forma geral, ao cruzamento aleatório com possibilidade da ação da seleção natural sobre a raça. Uma atuação representativa da ação do homem sobre a raça, se deve ao belga conhecido por Dr. Vicent, que em 1912 selecionou alguns animais, cruzando-os com garanhões PSI (Puro sangue inglês) e Árabes, vindos da França. (Mariante, 2000) Devido à não caracterização racial dos animais trazidos à época da colonização pelos espanhóis, não se sabe a origem racial exata do cavalo Campeiro atual. Em 1976 foi criada a Associação Brasileira dos criadores de Cavalo Campeiro (ABRACCC), e o Herd Book foi aberto em Esses cavalos são adaptados a longas caminhadas e são freqüentemente usados em rodeio. Até o momento, não há trabalhos científicos publicados sobre a criação desses cavalos e pouca informação sobre sua caracterização e uso, sendo 4
5 que sua área de ocorrência se restringe atualmente a pequenas tropas no planalto catarinense, nas cidades de Lages e Curitibanos. Cores de Pelagem 5
6 Tamanho dos Animais Machos Fêmeas Altura Cernelha 1,451 1,440 Garupa 1,465 1,457 Dorso 1,399 1,385 Costado 0,597 0,619 Comprimento Cabeça 0,546 0,543 Pescoço 0,637 0,666 Dorso 0,642 0,663 Garupa 0,485 0,485 Espádua 0,548 0,547 Corpo 1,451 1,472 Largura Cabeça 0,243 0,248 Peito 0,345 0,336 Anca 0,462 0,464 Perímetro Tórax 1,674 1,741 Canela 0,188 0,184 6
7 J F M A M J J A S O N D Mês Distribuição de nascimentos durante o ano para cavalo Campeiro. Índices obtidos no registro dos Cavalos Campeiros. Característica N Média Std Mínimo Máximo Cv Vazio subesternal RCG IP IDT Peso IC IT ICF ICG ICG ICO ICO RCG = Relação altura de cernelha/alt. garupa, IP = Índice peitoral, IDT = Índice dáctilo torácico, P = Peso, IC = Índice corporal, IT = Índice torácico, ICF = Índice de conformação, ICG1 = Índice de carga 1, ICG2 = Índice de carga 2, ICO1 = Índice de compacidade 1, ICO2 = Índice de compacidade 2. 7
8 Endereços para contato: Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campeiro. Curitibanos- Santa Catarina- Brasil (49) Referências Bibliográficas: ABARCC Campeiro, O marchador das araucárias. ABRACC Regulamento do registro genealógico do cavalo Campeiro. ARAÚJO, R.V. Os Jesuítas dos sete povos. Canoas: La Salle, p. MARIANTE, A.S., CAVALCANTE, N. Animais do Descobrimento. Raças domésticas da história do Brasil. MCMANUS, Concepta et al. Caracterização morfológica de eqüinos da raça Campeiro. R. Bras. Zootec. [online]. 2005, vol.34, n.5 [cited ], pp Available from: < ISSN doi: /S TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. Criação do cavalo e de outros eqüinos. 3.ed. São Paulo: Nobel, p. 8
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