PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA

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1 APTE APTE ADV/PROC APTE ADV/PROC APDO EMBTE ORIGEM RELATOR : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL : CLAUDIANO VITORIANO MONTEIRO DE MORAES E OUTROS : ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CEF - ADVOCEF : JULIANA DE ABREU TEIXEIRA E OUTROS : OS MESMOS : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO : 5ª VARA FEDERAL DO CEARá : DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA E M E N T A EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DÚPLICES. APELAÇÕES. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ADMINISTRATIVO. ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUTOR HIPOSSUFICIENTE BENEFICIADO PELA JUSTIÇA GRATUITA. REFORMA DA SENTENÇA. DIREITO POTESTATIVO DO DEVEDOR. LEGALIDADE. APELAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO DESPROVIDA. APELAÇÕES DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CEF - ADVOCEF PROVIDAS. EFEITOS NA COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO TRIBUNAL. LEI N.º 9.494/97. ERRO MATERIAL SUSCITADOS POR AMBOS ACLARATÓRIOS. PRESENÇA. ACOLHIMENTO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO PELA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. REJEIÇÃO NESTE PONTO. EMBARGOS DA ADVOCEF PROVIDOS INTEGRALMENTE. EMBARGOS DA DPU PROVIDOS EM PARTE. 1. Os embargos de declaração da ADVOCEF e da DPU suscitaram um erro material no oto lançado, qual seja, o de declarar a legalidade da cobrança dos honorários adocatícios pela ADVOCEF para os beneficiários da justiça gratuita fazendo referência apenas às lides a ersar quanto ao FIES, quando, em erdade, a amplitude da celeuma alcança todas as matérias de direito, tais como financiamento de imóel, FGTS, etc. Neste ponto, acolhimento integral de ambos. 2. Em relação, todaia, aos aclaratórios da Defensoria Pública da União o proimento é tão somente parcial, pois se almeja a reforma integral do Acórdão, decretando-se a ilegalidade da referida cobrança e a deolução dos alores já pagos, sem a presença efetia de qualquer ício de omissão, obscuridade e contrariedade. Assim, eles possuem o intuito de mero prequestionamento para fins de admissibilidade de recurso especial e/ou extraordinário. Embargos de declaração da ADVOCEF proidos. Embargos de declaração da DPU parcialmente proidos. 1

2 A C Ó R D Ã O Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Primeira Turma do egrégio Tribunal Regional Federal da 5.ª Região, por unanimidade, dar proimento aos embargos de declaração da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e dar parcial proimento aos aclaratórios da DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, nos termos do relatório e oto constantes dos autos que integram o presente julgado. Recife, 26 de feereiro de 2015 (data do julgamento). JOSÉ MARIA LUCENA, Relator. 2

3 R E L A T Ó R I O O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator): A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - ADVOCEF, fls. 484/489, e a DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, fls. 491/495, opõem EMBARGOS DE DECLARAÇÃO em face do seguinte julgamento: APELAÇÕES. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. FIES. FINANCIAMENTO ESTUDANTIL. ACORDO JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL. CONDIÇÃO. ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUTOR HIPOSSUFICIENTE BENEFICIADO PELA JUSTIÇA GRATUITA. REFORMA DA SENTENÇA. DIREITO POTESTATIVO DO DEVEDOR. LEGALIDADE. APELAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO DESPROVIDA. APELAÇÕES DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CEF - ADVOCEF PROVIDAS. EFEITOS NA COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO TRIBUNAL. LEI N.º 9.494/ A Defensoria Pública da União ajuizou ação ciil pública com o intuito de er declarada como ilegal uma condição imposta pela Caixa Econômica Federal, em faor da ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CEF - ADVOCEF, para a celebração de acordos judiciais ou extrajudiciais, enolendo díida contraída perante o FIES - Financiamento Estudantil, a saber, a cobrança antecipada dos honorários adocatícios para aqueles que litigam sob o pálio da justiça gratuita. Além disso, a Defensoria almeja er restituídos todos os alores já pagos a esse título mediante a anulação dos acordos celebrados, independentemente da propositura de ações rescisórias. 2. A sentença julgou parcialmente procedente a ação, reconhecendo a ilegalidade da cláusula, mas rejeitando a deolução de qualquer quantia auferida pelas partes adersas. 3. Rejeita-se a preliminar entilada no sentido de ser incabíel a ação ciil pública no caso concreto, por se tratar de defesa de direitos homogêneos: os estudantes hipossuficientes estão inculados a um contrato de adesão de financiamento para os estudos, FIES, e estão submetidos à exigência de adiantar os 3

4 honorários adocatícios para ser firmada uma renegociação da díida perante a credora, a Caixa Econômica Federal. 4. A Defensoria Pública detém legitimidade atia para ajuizar a ACP, nos termos do art. 5.º da Lei n.º 7.347/85, considerando-se a releância social da lide e a própria caracterização de interesses homogêneos. 5. Em relação à legitimidade passia, a Caixa Econômica Federal é a pessoa jurídica credora do financiamento a quem cabe ofertar um acordo extrajudicial ou judicial para receber parte da díida, especificando o seu noo alor. Já a Associação Nacional dos Adogados da CEF - ADVOCEF é a beneficiária direta pelo pagamento da erba honorífica posta sob controérsia. Logo, ambas têm amplos poderes negociais e interesse direto no deslinde da celeuma. 6. Quanto à alegação da Caixa Econômica e da ADVOCEF de prescrição e decadência por força de coisa julgada da Justiça Trabalhista - essas duas entidades tieram homologado um acordo a obrigar o pagamento de honorários adocatícios nas transações judiciais e extrajudiciais do banco junto ao estudante deedor - não há de prosperar. Atente-se que a relação jurídica firmada entre elas é totalmente distinta quanto ao liame estabelecido entre o FIES e cada um dos alunos. Nesse prisma, o acordo trabalhista não pode ser apontado como ato concreto para fins de contagem do prazo prescricional ou decadencial, podendo a questão constituir o objeto de ações diersas. 7. mérito. 8. Está-se confundindo o direito ao benefício da justiça regido pela Lei n.º 1.060/50 como mecanismo para se garantir a todo cidadão em situação financeira desfaoráel amplo e efetio acesso à tutela jurisdicional e a esfera do direito potestatio de renegociar a díida em termos nos quais não se islumbra como abusia a exigência em tela. 9. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça considera que o hipossuficiente não detém direito absoluto à isenção automática do ônus sucumbencial, mas à suspensão de sua exigibilidade por cinco anos, nos termos de seu artigo 12: "A parte beneficiada pelo isenção do pagamento das custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família, se dentro de cinco anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita". 10. Se o estudante firma uma transação judicial ou extrajudicial assumindo que poderá arcar com o adiantamento dos honorários 4

5 adocatícios da ação em que litigaa contra a Caixa Econômica Federal, ele está deixando eidente dois fatos: a) goza de saúde financeira suficiente para suportar as prestações mensais renegociadas, além do adiantamento dos honorários, desabando, portanto, a necessidade do benefício assistencial e a condicional quinquenal no exato momento da transação; b) considera que a redução do débito em sua totalidade é satisfatória e aceitáel em contraposição à duração do processo e ao próprio deslinde de mérito que poderia lhe ser eentualmente desfaoráel. Releante destacar que a díida alfim sofreria grande aumento com a aplicação da correção monetária e dos juros de mora, enquanto a ação impugnatória do financiamento original tramitasse. 11. Ademais, a exclusão da cláusula de adiantamento dos honorários adocatícios descortinaria a seguinte possibilidade indesejáel: o oferecimento de acordo pela Caixa Econômica Federal menos faoráel ao estudante deedor para o banco ter um crédito adicional e pagar a erba honorária à ADVOCEF em razão da decisão trânsita em julgado na Justiça Trabalhista nesse sentido. 12. Não há incompatibilidade lógico-jurídica entre a concessão do benefício da justiça gratuita para aquele que busca o Poder Judiciário e não tem condições de suportar os encargos da ação e o cidadão que se ê diante da possibilidade de reduzir o total do débito do FIES na seara meramente administratia e tem renda para aderir ao acordo nos moldes em que é apresentado pela credora. Apelação da DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO desproida. Apelações da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e da ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CEF - ADVOCEF proidas para julgar improcedente a ação ciil pública. Decisório colegiado com efeito erga omnes apenas na competência territorial do e. TRF da 5.ª Região, conforme a Lei n.º 9.494/97. RELATEI. 5

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7 V O T O O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator): Ambos embargos de declaração suscitaram um erro material no oto lançado, qual seja, o de declarar a legalidade da cobrança dos honorários adocatícios pela ADVOCEF para os beneficiários da justiça gratuita fazendo referência apenas às lides a ersar quanto ao FIES, quando, em erdade, a amplitude da celeuma alcança todas as matérias de direito, tais como financiamento de imóel, FGTS, etc. Neste ponto, realmente, eles hão de ser acolhidos. Em relação, todaia, aos aclaratórios da Defensoria Pública da União o proimento é tão somente parcial, pois se almeja a reforma integral do Acórdão, decretando-se a ilegalidade da referida cobrança e a deolução dos alores já pagos, sem a presença efetia de qualquer ício de omissão, obscuridade e contrariedade. Assim, eles possuem o intuito de mero prequestionamento para fins de admissibilidade de recurso especial e/ou extraordinário. Posto isso, dou proimento integral aos embargos declaratórios da ADVOCEF e parcial proimento aos da Defensoria Pública da União para reconhecer a legalidade da cobrança de honorários pela ADVOCEF em relação aos beneficiários da justiça gratuita em todas as matérias em que atuam. ASSIM VOTO. 7