Natureza da angustia. De Fragmentação. realidade. De Perda do Objeto. Ego X Id X Realidade
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- Osvaldo de Mendonça Chaplin
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1 Tipos de personalidade = Freud + Jean Bergeret + Hegenberg Prof. Dr. Mauro Hegenberg - Instituto Sedes Sapientiae Normal segundo Bergeret (Psicologia Patológica, p. 146) A pessoa saudável, assim definida, não seria de forma alguma um doente que desconhece a sua condição, mas um individuo portador de fixações conflituais suficientes para estar tão doente como muitas outras pessoas. Essa não teria deparado no seu percurso com dificuldades internas e externas superiores: ao seu equipamento afetivo hereditário e adquirido, às suas capacidades pessoais defensivas e adaptativas - que permitiria um jogo bastante flexível das suas necessidades pulsionais, dos seus processos primários e secundários, tanto no plano pessoal como social, com uma percepção adequada da realidade. Tipos de personalidade = Freud + Jean Bergeret + Hegenberg Tipos Personalidade Instancia dominante Natureza do conflito Tipo N Superego Superego X Id Tipo P ID Id X Tipo EL Ideal de Ego realidade Ideal de Ego X Id X Realidade Natureza da angustia Defesas principais Relação de objeto De Castração Recalcamento Genital De Fragmentação De Perda do Objeto Clivagem do Ego; Projeção Clivagem do Objeto Fusional Anaclítica TIPOS LIBIDINAIS Freud, em 1931,descreve três tipos libidinais: os tipos obsessivos, narcísico e, erótico, correspondentes, com ressalvas, aos tipos: N, P, e EL, respectivamente. Alerta, com razão, que os tipos puros são teóricos e que os tipos mistos: EL/N; EL/P; P/N, por exemplo, são os clinicamente observáveis, a partir da experiência. TIPOS MISTOS: teriam características de mais do que um dos tipos EL e do tipo P, compondo um tipo psicológico com características próprias, singularizadas pela biografia de cada um. Para Freud, esses tipos psicológicos não coincidem com quadros clínicos, mas ajudam a unir o abismo entre o normal e o patológico. OBSESSIVO O tipo obsessivo distingue-se pela predominância do superego. São pessoas dominadas pelo temor de sua consciência em vez do medo de perder o amor. São pessoas com alto grau de auto-confiança. 1
2 Em O mal estar na civilização, Freud (1931) considera o tipo obsessivo como homem de ação, que nunca abandonará o mundo externo, onde pode testar sua força. TIPO N São pessoas distinguidas pela ambição e pela competitividade, com bom controle dos impulsos, superego severo com defesas obsessivas, relações de objeto triangulares, exibicionismo sexualizado ou mais ligados à ordem e parcimônia, obstinadas, insatisfeitas, individualistas, austeras, racionais e lógicas, teimosas, submetidas a um superego punitivo. Os aspectos neuróticos levam a pessoa à ação, à conquista, à busca pelo poder, à disputa. A pessoa pode ser falante, às vezes agressiva, incisiva, acusadora, pode parecer autoritária. Seu modo de se colocar no mundo sugere alguém empreendedor, agressivo nos negócios, aparentemente interessado em poder, dinheiro. Ao lidar com a castração, o neurótico deseja o triunfo fálico e a disputa torna-se imperativa. Competir passa a ser mais interessante que escutar ou compartilhar, embora a culpa pela conquista possa atrapalhar. Pessoas que levam o terapeuta a querer competir na relação transferencial, ou a se sentir questionado, incompetente, castrado. A focalização, nestes casos, passará pelas questões ligadas à castração. Os casos graves deste tipo são a histeria e o transtorno obsessivo-compulsivo O tipo N tem no Superego sua instância dominante, sua angústia é de castração, o conflito é entre o Superego e o Id, a defesa é de recalcamento e a relação de objeto é genital, ou edípica. É o neurótico, é a pessoa total a que se refere (Winnicott,1954/55). ESTRUTURA NEURÓTICA BERGERET O segundo estado anal e o estado fálico estão ultrapassados, enquanto o Édipo começa a preorganizar a futura estrutura sob o primado da economia genital. O superego só está constituído na estrutura neurótica. O conflito é no ego, entre as pulsões e o superego. O ego está completo e jamais cindido. Pode ser perturbado por fixações pregenitais. Ameaça é de castração. Mecanismo típico de defesa é o recalcamento. A fantasmatização e os sonhos correspondem às satisfações pulsionais interditas pelo superego e têm traços do conflito e das defesas. A relação com os pais é triangular. A linguagem do neurótico é simbólica, á a expressão simbólica do desejo. Há coesão entre conteúdo e continente. Figuras Bergeret 1 5 2
3 ESTRUTURA OBSESSIVA Economia genital. Recalcamento a desejos e dificuldades sexuais da infância. Recalcamento ajudado pelo deslocamento e depois formações reativas. Regressão à evolução do ego, levando do agir para a manifestações mentalizadas Formação reativa levando aos sintomas: limpeza, ordem e parcimônia OU rituais (sinal de gravidade) Superego tem papel capital Angústia é de castração, caso sejam descobertos os pensamentos eróticos e agressivos. Fixações anais importantes, no segundo estágio anal. Não é capaz de produções perversas. Vida fantasmática é pobre. Universo onírico rigidificado, pelo medo da descoberta de pensamentos e desejos eróticos e agressivos. A mãe superinveste cuidados anais e intestinais. Não reconhece laços afetivos com o outro = isolamento. O pensamento se substitui aos atos, desaparecendo a espontaneidade. Os dois pais valorizam o controle e a inibição e interditam as duas pulsões: sexual e agressiva = interdição do ódio ao pai e amor à mãe. O obsessivo se faz de morto no plano genital e faz fixações anais, pois não pode satisfazer aos desejos ocultos da mãe pq o pai vigia. PERSONALIDADE OBSESSIVA - GABBARD Obstinação, parcimônia, ordem. Regressão da ansiedade de castração da fase edípica para o período anal. Conduzido pelo superego punitivo, emprega operações defensivas egóicas como isolamento do afeto, intelectualização, deslocamento, formação reativa. Lutas pelo poder com a mãe nos hábitos de toalete levam a dificuldades com agressão. São teimosos. Inseguros pela impressão de que não foram suficientemente amados na infância. Raiva e dependência inaceitáveis pelo superego levam ao controle e individualismo austero. Insatisfeitos (não fazem o bastante) devido ao superego severo; daí, exigem a perfeição. Pode levar à depressão. Racionais e lógicos. Rígidos e dogmáticos. Prendem-se a detalhes e perdem o objetivo principal. Isolamento afetivo não se dão conta da ligação com o terapeuta, principalmente raiva e dependência. Para não perder o controle, desqualificam os insights da terapia ( já sabia, nada de novo ). O terapeuta adormece de tédio. Podem se tornar o paciente perfeito. Bom prognóstico na análise, ao contrário do TOC. Recriam na transferência sua luta pelo poder com a mãe. ESTRUTURA HISTÉRICA - BERGERET 3
4 Mais elaborado em relação à maturidade. Tem caráter altamente sexual. Tem importantes fixações na fase fálica. O componente erótico domina a vida. Recalcamento predomina. Os dois pais operam uma excitação e uma interdição sexuais. Não há regressão do ego. ESTRUTURA HISTÉRICA DE CONVERSÃO Mais raro hoje em dia. Representação separada do afeto resultando em conversão somática simbolizada. A conversão somática histérica é caracterizada pela focalização simbolizada de um investimento libidinal retirado de representações amorosas concernentes à imago do pai do sexo oposto, com receio da castração pelo pai do mesmo sexo. Esta focalização somática corresponde a um deslocamento sobre uma parte do corpo, que tem valor simbólico e está erogenamente investida. A belle indifférence corresponde ao sucesso do recalcamento e ao sucesso do sintoma. Ocorrem benefícios secundários. Primado do genital, com fixações orais e fálicas. Angústia de castração ligada à ação se o ato se realiza, ou seja, perigo de passar ao ato. Excitação pelo pai do sexo oposto e interdição do pai do mesmo sexo. A criança não descola do Édipo. A troca de objeto sexual se faz de modo incompleto, insatisfatório. A erotização do superego é intensa, os fantasmas de realização sempre inquietos e incompletos. Linguagem: informação veiculada é pobre. Utiliza a primeira pessoa e advérbios. Discurso subjetivo, tenta seduzir o objeto. Relação de objeto é próxima, para facilitar o controle. ESTRUTURA HISTÉRICA DE ANGÚSTIA Fixações orais e anais precoces. Angústia de castração se o pensamento se realiza (na hy é na ação). Quadro fóbico para conservar e evitar. Excitação e interdição pelos dois pais. PERSONALIDADE HISTÉRICA GABBARD Emocionalidade lábil e superficial, busca de atenção, funcionamento sexual perturbado, dependência e desamparo e autodramatização. Ambição e competitividade. Exibicionismo sexualizado e necessidade de ser amado. Bom controle dos impulsos. Sedução e apelo sutil. Superego severo e algumas defesas obsessivas. Relações objetais triangulares maduras. Desejos transferenciais sexualizados. 4
5 Razoável sucesso no trabalho. Apaixona-se por homens não disponíveis. Os homens interpretam erroneamente suas atitudes como investidas sexuais. Estilo cognitivo é impressionista, global, difuso, sm detalhes. Nâo se lembra da infância. Padrão estereotipado típico de vítima-agressor, temas de salvação ou estupro. Hiperfeminidade, o falo corporal = enfeita o corpo, torna-se intrusiva e é agressiva na sua infantilidade e ingenuidade. UPS Neurose de angústia não tem status estrutural neurótico, embora exista clinicamente. Fobia não existe sob o plano estrutural. Fobia neurótica é por medo da pulsão sexual e fobia do EL (medo de grandes espaços, p.ex.) é por medo da perda do objeto. No depressivo EL o objeto é anaclítico. No depressivo neurótico o objeto é sexual. No depressivo melancólico o objeto é narcísico. NEUROSES? N. fóbica ocorre nas estruturas N, P e nos EL. N. de angústia (neurose atual) ocorre no seio de uma organização predepressiva. N. traumática é resultado durável da N. de angústia. N. de abandono ocorre nos EL. N. de fracasso não é estrutura. Hipocondria neurótica tem economia depressiva. Depressão neurótica é organização anaclítica que deprimiu frente à angústia de perda do objeto. N. de caráter é arranjo estável das org. anaclíticas. 5
6 NARCÍSICO - FREUD O tipo denominado narcísico é independente e não se abre à intimidação. Não existe tensão entre o ego e o superego e o principal interesse do indivíduo se dirige para a auto-preservação. Seu ego possui uma grande quantidade de agressividade à sua disposição, a qual se manifesta na presteza à atividade. O amar é preferido ao ser amado. Podem assumir o papel de líderes, não se incomodam em danificar o estado de coisas estabelecido (FREUD, 1931). Tende a ser auto-suficiente, buscará suas satisfações principais em seus processos mentais internos (FREUD, 1929). TIPO P O tipo P tem no Id sua instância dominante, sua angústia é de fragmentação, a relação de objeto é fusional, o conflito é entre o Id e a realidade, e as defesas principais são a recusa da realidade, a projeção e a clivagem do ego. É o psicótico. São pessoas permeadas pela questão da organização/desorganização, são profundas, mais próximas do Id, centradas nelas mesmas, estabelecendo delicada relação com o ambiente potencialmente desestruturador. Alguns são confusos, às vezes são desconfiados, outros são obsessivamente rígidos para evitar a desorganização. Em geral têm um mundo interno rico, são criativos, com idéias próprias, em função de a instância dominante ser o Id. Para se defenderem de uma opinião potencialmente invasiva e desorganizadora, podem parecer teimosos. Como a relação de objeto é fusional, defendem-se da proximidade exagerada, que pode ser fator de desorganização interna. O terapeuta, diante destes pacientes, tende a organizá-los. A focalização está centrada na angústia de fragmentação. Os casos graves deste tipo são a esquizofrenia e a paranóia. Figura 6 ESTRUTURA PSICÓTICA - BERGERET Relação de objeto verdadeira não se vislumbra, é fusional. Superego não organiza. O ego não é completo, é fragmentado. Os fragmentos podem estar colados. Angústia de fragmentação. Conflito com a realidade, o que conduz a recusa desta. Mec. de defesa = projeção, clivagem do ego, recusa da realidade, levando à despersonalização, desdobramento da personalidade e desrealização. Um fantasma originário do pai como inimigo sexual não se dá; a atividade autoerótica, encorajada pela mãe não é perturbada pelo pai. LINGUAGEM DO PSICÓTICO O continente é mais importante do que o conteúdo. 6
7 As palavras são consideradas como estrangeiras, estranhas. A linguagem se situa no enquadre da ação. O esquizo não fala e não pensa, ele age com as palavras e com as coisas, onde o sujeito não está separado do objeto. A linguagem é hermética, privada, não se presta à comunicação com o objeto, embora comuniquem algo. A palavra é mágica,lúdica, entrando em uma atividade regressiva, oral. PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA - DSM-IV Um padrão invasivo de déficits sociais e interpessoais, marcado por desconforto agudo e reduzida capacidade para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico que começa no início da vida adulta, em 5 destes: 1. idéias de referência (excluindo delírios) 2. crenças bizarras ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas da subcultura do indivíduo (superstições, crenças, telepatia, sexto sentido, p.ex.) 3. experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões somáticas. 4. pensamento e discurso bizarros (p.ex. vago, circunstancial, metafórico, superelaborado ou estereotipado) 5. desconfiança ou ideação paranóide. 6. afeto inadequado ou constrito. 7. aparência ou comportamento esquisito, peculiar ou excêntrico. 8. não tem amigos íntimos ou confidentes, exceto parentes de primeiro grau. 9. ansiedade social excessiva que não diminui com a familiaridade e tende a estar associada a temores paranóides, em vez de julgamentos negativos acerca de si. ESTRUTURA ESQUIZOFRÊNICA É a mais regredida, tanto do ponto de vista da evolução libidinal quanto do desenvolvimento do ego. Freud chamou de neurose narcísica. Mec. De defesa = deslocamento, condensação (o delírio funciona como um sonho) e simbolização, que vão distorcer a realidade. Recusa primária da realidade, a realidade nunca foi reconhecida. Economia psicótica do ego fixada à economia oral. Mãe frustrante e tóxica, afetivamente fria e querendo dependência do filho. Autoritária e superprotetora, ansiosa e culpada. Simbiótica. O pai não existe. A linguagem está a serviço da pulsão regressiva. Regressão do pensamento e falas infantis. No autismo o objeto é totalmente autoinvestido. Angústia de fragmentação por falta de unidade. Relação de objeto autista (esforço de recuperação narcísica primária) PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE - DSM-IV Um padrão invasivo de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional em contextos interpessoais, que começa no início da vida adulta e está presente em 4 destes: 7
8 1. não deseja nem gosta de relacionamentos íntimos, incluindo fazer parte de uma família. 2. quase sempre opta por atividades solitárias. 3. manifesta pouco, se algum, interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa. 4. tem prazer em poucas atividades, se alguma 5. não tem amigos íntimos ou confidentes, outros que não parentes em primeiro grau. 6. parece indiferente a elogios ou críticas de outros. 7. demonstra frieza emocional, distanciamento ou afetividade embotada. ESTRUTURA PARANÓICA Primazia do primeiro estado anal. Defende-se da penetração anal. Equação freudiana: inconsc.: eu o amo, eu o odeio -> ele me odeia. (daí, negação do afeto e retorno da pulsão) Consc.: já que ele me odeia, eu o odeio. Mec de defesa: projeção. Representações e pulsões projetadas sobre o objeto, que se torna persecutório (diferente da projeção dentro do objeto, como na identificação projetiva). Sintomas: perseguição e megalomania persecutória. O acaso, a surpresa inexistem, tudo é lógico. O paranóico precisa da adesão de seu objeto a seu sistema. Diante da pobreza fantasmática precisa do outro para fantasiar em seu lugar. Tem uma idéia de cada vez. Para o paranóico o pai existe. Para alguns autores, o pai não está lá como representante masculino, mas como tela de projeção da mãe. Para outros parece que há imagem paterna, numa relação temperada pela relação maior com um irmão mais velho. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANÓIDE - DSM-IV Um padrão de desconfiança e suspeitas invasivas em relação aos outros, de modo que seus motivos são interpretados como malévolos, que começa no início da vida adulta e se apresenta em uma variedade de contextos, como indicado por pelo menos 4: 1. suspeita, sem fundamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado pelos outro. 2. preocupa-se com dúvidas infundadas acerca da lealdade ou confiabilidade de amigos ou colegas. 3. reluta em confiar nos outros por medo infundado de que estas informações possam ser maldosamente usadas contra si. 4. interpreta significados ocultos, de caráter humilhante ou ameaçador, em observações ou acontecimentos benignos. 5. guarda rancores persistentes, ou seja, é implacável com insultos, injúrias ou deslizes. 6. percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são visíveis pelos outros e reage rapidamente com raiva ou contrataque. 7. tem suspeitas recorrentes, sem justificativa, quanto à fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual. ESTRUTURA PARANÓICA 8
9 O paranóico se defende de seus desejos passivos dirigidos à mãe e secundariamente ao pai. Sua agressividade será utilizada contra o amor primário à mãe. No casal parece que é o pai que domina, mas é a mãe que tem a autoridade. É o polo materno, como na esquizo. O pai auxilia na erotização anal. Face a tal poder feminino, problemas sérios de identidade sexual ocorrem. A homossexualidade passiva é bastante descrita na estrutura paranóica. O ego é incompleto, mas se distingue do não-ego e mantém dependência agressiva do objeto. Ideal do ego não adaptado, persegue o irreal. Angústia de fragmentação por medo da penetração sádica do objeto. Relação objetal de controle e perseguição. Mãe fálica narcísica ocultada por uma imagem paterna que a aprotege. Simplificar, pra quê? Pré-psicose = estrutura psicótica não-descompensada. Para-psicose (Racamier)= formas clínicas crípticas e focalizadas correspondentes a estrutura psicótica claramente constituída. Pós-psicose = boa recuperação de surto em estrutura psicótica. Psicose pseudo-neurótica = defesas neuróticas, principalmente obsessivas, em estrutura psicótica. Neurose pseudo-psicótica = sintomas psicóticos em estrutura neurótica. ESTRUTURA MELANCÓLICA Há regressão do ego e da libido. Na esquizo e paranóia, há fixação. Falha do ego e falência do ideal do ego. Libido: fálico era organizador e regride ao oral e anal. Oral antropofágico e anal sádico. Regride após ferida narcísica arcaica (das primeiras idades) fundamental. Ego é mais maduro do que o paranóico. Angústia retornou à fragmentação, mas conserva marcas de sua ansiedade fóbica e anaclítica precedentes. A relação precedente, ambivalente, de ódio e amor passa a ser de ódio. Mec de defesa: introjeção e recusa secundário pq a realidade foi reconhecida anteriormente. Os fantasmas são ligados ao luto do objeto, luto impossível de se realizar, devido ao afetos agressivos que acompanham a introjeção. Hostilidade em relação ao objeto perdido se volta para o próprio sujeito. A pessoa perdida se incorpora ao sujeito. Mãe com imagem ambivalente, sem unificação entre seus aspectos bons e maus. Não se deve falar de culpa e superego. É o medo de perder o amor por não ter feito suficientemente bem feito (ideal do ego) e não de ser punido por ter feito mal feito (superego) Objeto incorporado é clivado. Parte boa fica no superego e parte má é integrada no ego. A ambivalência se dá e as tendências hostis e suaves mantêm luta indecisa onde nenhuma das duas consegue dominar. 9
10 ERÓTICO - FREUD O tipo erótico está voltado para o amor. Amar, mas acima de tudo ser amado. São pessoas dominadas pelo temor da perda do amor e acham-se, portanto, especialmente dependentes de outros que podem retirar seu amor deles. Algumas variantes ocorrem segundo se ache mesclado com outro tipo, e proporcionalmente à quantidade de agressividade nele presente (FREUD, 1931). TIPO EL O tipo EL tem como instância dominante o Ideal do Ego, a angústia é de perda do objeto, a relação de objeto é de apoio ou anaclítica, a defesa principal é a clivagem dos objetos em bom e mau, o conflito é entre o Ideal do Ego e o Id e a realidade. Há conquista superegóica e edípica, mas eles não são os organizadores da personalidade. Édipo É o estado-limite. Na relação transferencial o terapeuta tende a confortar, a apoiar. A focalização está centrada na angústia de perda do objeto. Os casos graves são o borderline, a personalidade anti-social e as perversões. O tipos EL e P não têm o Édipo como instância organizadora, o que não quer dizer que não sejam influenciados por ele. A questão da castração é universal e todos os seres humanos lidam com ela, em maior ou menor grau. A diferença é que no tipo N, o Édipo é central e a castração é a angústia básica de sua personalidade, enquanto no estado-limite e no psicótico, normais ou não, o Édipo influencia, mas a angústia é de perda do objeto e de fragmentação, respectivamente. ESTADO-LIMITE Doença do narcisismo. Conflito entre ideal de ego com id e superego. Superego não está constituído. O ideal do ego pueril e gigantesco predomina. Relação de objeto anaclítica. Relação a dois, não triangular. Defende-se da depressão: angústia de perda do objeto. Existe conquista superegóica e edípica, mas não são os organizadores, como na neurose. Angústia depressiva aparece quando o objeto anaclítico ameaça escapar. Não é depressão melancólica, mas depressão neurótica. EL EGO ANACLÍTICO Ego não sólido, com defesas frágeis. Para lutar contra a depressão, estão sempre em atividade. Necessidade de afeto, são sedutores. 10
11 Não há clivagem do ego. Clivagem do objeto em bom e mau. Dependente da realidade exterior. Dificuldade de se engajar os tornam disponíveis e adaptáveis, já que não podem se adaptar duravelmente. Apóia-se no parceiro. Às vezes pode se tornar agressivo e manipulador. Relação de dependência: os dois pais são grandes, não sexuados, com imagem fálico-narcísica assexuada, em modo de relação pré-genital. Pode ter relação de objeto contra-fóbica. Não fica muito próximo, mas não pode ficar só. Gosta de grupos. Fracasso Modéstia nos normais. Culpa nos neuróticos Depressão e vergonha nos estados-limite. Depressão e desorganização nos psicóticos. Linhas Linha fusional (psicose): fusão com a mãe, fase oral, id, angústia de fragmentação, alienação/magia, autismo, conflitos com a realidade, recusa, clivagem do ego, processo primário. Linha genital (neurose): Édipo (triângulo), pênis, superego, conflitos sexuais, recalcamento, culpa (punição pela castração), angústia de castração. Linha narcísica (estado-limite): narcisismo, falo, ideal do ego, clivagem do objeto, ferida narcísica, vergonha, relação anaclítica de objeto, angústia de perda do objeto, depressão. EVOLUÇÃO DO EL (arranjo é sempre instável) Aguda: vias neurótica, psicótica ou psicossomática. Estável: arranjos caracterial e perverso EVOLUÇÕES AGUDAS DO EL Causas de descompensação: microtraumatismos e agudas: pós-parto, casamento, luto, doenças, perturbações sociais, acidentes afetivos ou corporais, etc. Algumas pessoas descompensam apenas na senescência. Acordam, pela sua vivência interior, uma situação narcísica pré-depressiva, cuidadosamente evitada até então. As defesas se tornam ineficazes e 3 vias psicopatológicas se abrem ao EL descompensado: as vias neurótica, psicótica e psicossomática. VIAS 11
12 Neurótica, caso o superego se mostre suficientemente consistente. Psicótica, caso as forças pulsionais varram a parte do ego que estava adaptada graças a antigas defesas. Psicossomática, caso ocorra uma regressão somática e psíquica mal diferenciada. EVOLUÇÕES ESTÁVEIS DOS EL Além dos acidente agudos, a evolução comum dos EL se faz sem incidentes para dois arranjos: arranjo caracterial: a angústia de perda do objeto se faz pela rejeição para o exterior, mantidas por formações reativas bem adaptadas. Arranjo perverso: a angústia de perda do objeto se faz pela recusa do real, de perceber o sexo da mulher. ARRANJO CARACTERIAL Neurose de caráter Psicose de caráter Perversão de caráter (batizados por Racamier, não são estruturas) NEUROSE DE CARÁTER Não confundir com caráter neurótico, que possui estrutura neurótica subjacente não descompensada, permanecendo na normalidade. Na neurose de caráter se dá um arranjo mais estável do EL em direção a comportamentos neuróticos em que a pessoa representa a neurose. Nesse caso, os esforços antidepressivos são bem sucedidos, mas continua sendo doença da relação com o objeto e não um conflito id-superego. Frequentemente permanecem sem sintomas neuróticos clássicos. Às vezes ocorrem sintomas depressivos. São frequentemente hiperativos, vida fantasmática frágil, julgamentos morais defensivos rígidos, nunca estão doentes, mas acusam disto os outros. Procuram preencher a incompletude narcísica pela formação reativa, utilizando sutilmente o anaclitismo subjugando e imitando mais do que se identificando. Os outros se queixam dele. Exemplo: Caráter neurótico oral : gordos, comilões, generoso, seguro e feliz. Neurose de caráter oral : oralidade insatisfeita, ávido, invejoso, pessimista, magros, querendo que se ocupem dele. 12
13 PSICOSE DE CARÁTER Caráter psicótico tem dificuldade de contato com a realidade. Tem estrutura psicótica subjacente, normal. A psicose de caráter tem dificuldade de avaliação da realidade. O sujeito não se destaca da realidade, mas comete erros de avaliação em relação aos elementos desagradáveis para o narcisismo. Exemplo: hiperativo, desconcertante, procura ser eminente pela necessidade de ser amado, brutalizando os não-seguidores. Homens de ação de todas as épocas, considerados gênios por uns e loucos por outros. PERVERSÃO DE CARÁTER Agride continuamente para se fazer respeitado ( pequeno paranóico ). Não há maldade nestas agressões, mesmo insuportáveis, mas necessidade narcísica de restauração fálica. Não há aqui, como no perverso, culpa nem sofrimento. A recusa não é do direito da mulher em ter um sexo autêntico, mas no direito dos outros em ter um narcisismo próprio. ARRANJO PERVERSO Angústia depressiva (de perda do objeto) será evitada pelo êxito da recusa de uma parte focalizada da realidade: o sexo da mulher, ao mesmo tempo que o objeto parcial fálico é superinvestido, sobre um modo narcísico. Aproxima-se do psicótico (mas não gozará de seus benefícios, pois permanece arranjo), pelo delírio limitado ao sexo da mulher, em função do narcisismo primário mal integrado. Dá-se um ideal do ego narcísico, materno, femininofálico. O superego não se forma. Obtém satisfações incompletas com objetos parciais e zonas erógenas parciais (fetichismo, voyeurismo, exibicionismo, sado-masoquismo, transvestismo) ou outros objetos (pedofilia, bestalidade), que proporcionam, por si sós, prazer sexual. O perverso nunca está completo, seu pênis não pode ser investido, refere-se ao falo materno. A relação de objeto é dual, com a mãe fálica. Figura EL Bergeret 7 11 TODOS Embora estes conceitos visem facilitar a aproximação clínica com o paciente, deve-se evitar qualquer visão simplificadora. Todas as pessoas são criativas em maior ou menor grau, todos se defendem de invasões, todos lidam com a castração, todos têm que lidar com a angústia de perda do objeto e de fragmentação, todos têm as características apontadas em cada um dos três tipos; é perceptível, porém, que algumas destas características predominam em uma ou outra pessoa. 13
14 Referências BERGERET, J. (1974) La personnalité normale et pathologique. Paris: Dunod, BERGERET, J. (1998) Psicologia patológica. Lisboa: Climepsi. GABBARD, G.O. (1994) Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre, Artmed, HEGENBERG, M. (2004) Psicoterapia breve. São Paulo: Casa do Psicólogo. HEGENBERG, M. (2008) Psicoterapia breve psicanalítica, in Revista Percurso. São Paulo, p , junho S. FREUD (1931), Tipos libidinais, in E.S.B., vol. XXI e S. Freud (1929/30), Mal estar na civilização (1929), in E.S.B., vol XXI, p D. WINNICOTT (1954/55), apresenta uma conceituação próxima aos tipos aqui descritos em seu artigo Aspectos clínicos e metapsicológicos da regressão dentro do setting psicanalítico, in Da pediatria à psicanálise, Rio de Janeiro, Francisco Alves,
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