PRINCÍPIO DE CAUSALIDADE, EXISTÊNCIA DE DEUS E EXISTÊNCIA DE COISAS EXTERNAS

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "PRINCÍPIO DE CAUSALIDADE, EXISTÊNCIA DE DEUS E EXISTÊNCIA DE COISAS EXTERNAS"

Transcrição

1 CDD: 122 PRINCÍPIO DE CAUSALIDADE, EXISTÊNCIA DE DEUS E EXISTÊNCIA DE COISAS EXTERNAS ETHEL MENEZES ROCHA Departamento de Filosofia Universidade Federal do Rio de Janeiro Largo São Francisco de Paula, 1, 3 o. andar RIO DE JANEIRO, RJ ethelmrocha@aol.com Resumo: Meu objetivo nesse artigo é o de reconstruir a primeira prova da existência de Deus e a prova do mundo externo como estas são apresentadas por Descartes nas Meditações Metafísicas tendo como fim examinar o modelo de causalidade nelas envolvido. Pretendo mostrar que embora Descartes, nas duas provas, ao recorrer ao princípio de causalidade, expressamente mencione um único e mesmo modelo de causalidade, a saber, o modelo segundo o qual a causa transmite sua essência ou parte dela a seu efeito, para se evitar um embaraço para a prova da existência do mundo externo, devemos admitir que de fato são dois modelos distintos de causalidade (sendo um derivado e dependente do outro) que estão envolvidos nas duas provas. Abstract: My purpose in this article is to reconstruct the first proof of God's existence and the proof of the existence of the external world as they are presented by Descartes in the Meditations on First Philosophy aiming to examine the model of causality that is involved by them. I intend to show that although on the two proves, as he appeals to the causality principle, Descartes manifestly mentions the same model according to which the cause transfers its essence or part of it to its effect, in order to avoid an obstacle for the proof of the existence of the material world we must admit that there are two different models of causality involved in the two different proves. Palavras chave: princípio de causalidade; prova do mundo externo; prova da existência de Deus; qualidades sensíveis; coisas materiais; causalidade formal. Dois dos argumentos centrais no sistema filosófico de Descartes, a prova por efeito da existência de Deus e a prova do mundo externo, envolvem de modo essencial a aplicação do princípio de causalidade. Nas Meditações

2 8 Ethel Menezes Rocha Metafísicas 1 Descartes parece sustentar que em ambas as provas, o modelo de causalidade recorrido é o mesmo. O objetivo desse texto é problematizar o que seria esse mesmo modelo de causalidade instaurado pelo recurso ao princípio de causalidade quando da prova da existência de Deus e da prova do mundo externo como estas são apresentadas por Descartes nas Meditações Metafísicas. Pretendo mostrar que embora Descartes nessas duas provas mencione explicitamente um mesmo modelo de causalidade quando recorre ao princípio de causalidade, de fato trata-se de dois modelos distintos sendo um modelo derivado e dependente do outro. Mostraremos que o modelo de causalidade utilizado por Descartes ao aplicar o princípio de causalidade à realidade objetiva das idéias na prova da existência de Deus é distinto do que é utilizado na prova do mundo externo e, mais ainda, mostraremos que essa diferença nos modelos de causalidade utilizados implica que a versão do princípio de causalidade utilizada na prova do mundo externo é uma versão mais fraca sendo a versão mais forte, a que é utilizada na prova da existência de Deus, uma versão derivada desta. O interesse desse exame reside no fato dele permitir que se aponte o que talvez seja um embaraço para o sistema cartesiano, a saber, a tese de que uma noção derivada é, entretanto, primitiva. A versão do princípio de causalidade que sustentamos ser derivada e mais forte é aquela segundo a qual toda causa contem ao menos tanta realidade formal que seu efeito. E esta versão seria derivada da versão mais fraca segundo a qual tudo que é tem uma causa. A razão essencial para mostrar que uma não é meramente uma reapresentação, mas sim dependente da outra é que ao tentarmos aplicar a versão mais forte a uma das duas provas mencionadas acima, a conclusão teria que ser diferente da extraída por Descartes. 1 Sempre que possível, as citações de textos de Descartes seguem a tradução de Bento Prado Junior, Descartes Obra Escolhida, São Paulo, Difusão Européia do Livro, As citações serão acompanhadas de suas referências nesta edição e na edição standard feita por Charles Adam e Paul Tannery (Oeuvres de Descartes, Paris, Léopold Cerf, 1897 a 1913, 11 volumes), abreviada como AT, seguida do número do volume em romanos e do número da página).

3 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 9 Segundo a versão mais forte e derivada do princípio de causalidade, não só tudo que é tem uma origem, mas essa origem é de tal modo que comunica sua realidade, ou parte dela, àquilo de que é origem. A intervenção dessa versão do princípio de causalidade, de um modo geral, tem como objetivo, a passagem da noção de um mero princípio (ou de uma causa eficiente), isto é, aquilo de que algo se segue, para a noção de causa (ou causa formal), isto é, aquilo do que algo se segue de um modo específico. O modelo de causalidade aqui envolvido é, portanto, o de causalidade formal. Que a versão do princípio de causalidade que envolve a noção de causa formal é a que Descartes expressamente pretende estar recorrendo sempre que aplica o princípio de causalidade à nossas idéias parece claro se considerarmos o que ele afirma nos Princípios, I, 18: é extremamente bem conhecido pela luz natural que não só pelo nada nada se faz, nem se produz o que é mais perfeito por aquilo que é menos perfeito (enquanto causa eficiente e total), mas também que em nós não pode haver idéia, ou imagem, de qualquer coisa, da qual não exista algures, seja em nós mesmos, seja fora de nós, algum Arquétipo que contenha em sua própria realidade todas as perfeições dela (AT VIIIA, 12) 2. As idéias, portanto, exigiriam como causa algo que contenha tanto ou mais grau de realidade formal que a sua realidade objetiva. Mais ainda, que, segundo Descartes, essa versão é apenas uma reformulação, que nada acrescenta, à noção primitiva de que tudo que é tem uma causa também parece ser sustentado por Descartes na medida em que afirma, por exemplo, na sua resposta às Segundas Objeções: que nada exista em um efeito, que não tenha existido de forma semelhante ou mais excelente na causa é uma primeira noção,... e... [a noção] de nada nada se faz a compreende em si (AT VII, 135; grifo nosso). Aparentemente, portanto, segundo Descartes, sempre que ele utiliza o princípio de causalidade, o que está em jogo é um mesmo modelo de causalidade, a saber, aquele segundo o qual não só a causa dá origem a seu efeito, mas, além disso, transfere para este sua essência ou parte dela. Se é assim, esse modelo seria eficaz tanto para prova da existência de Deus quanto para a prova do mundo externo. Entretanto, como 2 Principia Philosophiae. Para a tradução para o português ver em Revista Analytica, tradução coordenada pelo prof. Guido Antônio de Almeida, vol. 2, nº 1, 1997 e vol. 3, nº 2, 1998.

4 10 Ethel Menezes Rocha veremos, embora esse modelo de causalidade seja apropriado para a conclusão tirada por Descartes na prova da existência de Deus, traz um embaraço para a conclusão extraída por ele na prova do mundo externo. Descartes, ao aplicar o princípio de causalidade à realidade objetiva da idéia de Deus, na Terceira Meditação, tira como conseqüência a existência necessária de Deus como causa dessa idéia e ao aplicá-lo à realidade objetiva das idéias sensíveis na VI Meditação, tira como conseqüência a existência das coisas corpóreas. Em ambos os casos tanto o conceito de causalidade quanto o de a realidade objetiva das idéias são essenciais. Para o caso da prova da existência de Deus, Descartes sustenta que dada a realidade objetiva da idéia de um ser perfeito com infinitas propriedades infinitas, é necessário que haja uma causa cuja realidade formal, isto é, cuja essência, envolva essa infinidade de propriedades infinitas. Nenhuma substância finita, dada a sua finitude, pode ter uma infinidade de propriedades infinitas e, conseqüentemente, a substância finita pensante tampouco pode ser a causa da realidade objetiva dessa idéia de infinito. Se é assim, a realidade formal que causa e, por isso mesmo comunica sua realidade à realidade objetiva da idéia do ser infinito contém infinitas propriedades e essas infinitas propriedades são infinitamente ampliadas o que torna essa realidade formal essencialmente infinita. Se é uma causa cuja realidade formal é essencialmente infinita, então trata-se da própria substância infinita que, por ser infinita, contem todas as propriedades infinitas que contem a realidade objetiva de sua idéia. Como vimos, portanto, no caso dessa prova da existência de Deus, o recurso ao princípio de causalidade traz consigo o modelo de causalidade formal segundo o qual a causa transfere suas propriedades a seu efeito. No caso da prova da existência das coisas corpóreas, visto suas diversas etapas e o que Descartes nela conclui, esse modelo de transferência de propriedades da causa para o efeito torna-se problemático. Para que a prova tenha sucesso Descartes necessita ou bem de outro modelo de causalidade ou bem de uma noção de realidade objetiva distinta da empregada na prova da existência de Deus de tal modo que possa afirmar que certas idéias sensíveis

5 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 11 não têm realidade objetiva e, por isso mesmo, a elas não se aplica o princípio de causalidade. Se, como afirma Descartes 3, a realidade objetiva de qualquer idéia contém a possibilidade de existência do que é exibido no intelecto no momento do ato de representar e se o que é exibido no intelecto no ato de representar são basicamente propriedades atribuídas a coisas então, ao tentarmos aplicar a mesma versão do princípio de causalidade, cujo modelo é a transferência de realidade da causa para o efeito, à prova da existência das coisas corporais, nos deparamos com um embaraço. Nessa prova, Descartes através do recurso a essa versão forte do princípio de causalidade parece eliminar como candidatos a causa das idéias sensíveis algo que seja menos nobre que seu efeito (que simplesmente dê origem a um movimento que seja, portanto, apenas uma causa eficiente) e através do recurso a uma inclinação natural e à veracidade divina elimina como candidatos à causa das idéias sensíveis qualquer coisa mais nobre que o próprio corpo (elimina também, portanto, a possibilidade de que a causa seja uma causa eminente). A causa das idéias sensíveis que temos dos corpos singulares seria consistiria, nesse sentido, nas próprias coisas singulares e seria, portanto, uma causa formal. Apesar disso, Descartes sistematicamente defende a tese de que as idéias sensíveis dos corpos e, portanto, as idéias que temos dos objetos particulares, envolvem a exibição ao espírito de propriedades que, entretanto, não pertencem aos objetos singulares que causam essas idéias. Isto é, embora a versão forte do princípio de causalidade utilizada conjugada à rejeição de uma causa eminente tenha como conseqüência que a causa das idéias sensíveis tenha o mesmo grau de realidade formal que sua realidade objetiva, isso não é possível dada a conclusão cartesiana. E se é assim, a menos que Descartes possa sustentar que as idéias sensíveis não têm realidade objetiva, não se trata do mesmo conceito de causalidade utilizado nas duas provas. 3 Ver respostas às Segundas Objeções, Axioma X onde Descartes afirma: Na idéia ou no conceito de cada coisa, a existência está contida porque nada podemos conceber sem que seja sob a forma de uma coisa existente (AT VII, 166).

6 12 Ethel Menezes Rocha O que é fundamental na primeira prova por efeito da existência de Deus é o apelo à versão forte do princípio de causalidade segundo a qual a realidade da substância finita não é suficiente para ser a causa da realidade objetiva da idéia de Deus porque se trata de uma substância com menos grau de realidade formal do que o grau de realidade objetiva dessa idéia de tal forma que não pode comunicar uma realidade infinita à realidade objetiva da idéia de Deus. Dois pontos caracterizam essa substância pensante como contendo menos grau de realidade formal do que a realidade objetiva da idéia de Deus: 1) a realidade objetiva da idéia de infinito exibe propriedades infinitas enquanto que a realidade formal da substância finita consiste no conjunto de propriedades finitas; e 2) a realidade objetiva da idéia de substância infinita exibe propriedades que não estão presentes na substância finita e, portanto, exibe não só propriedades infinitas, mas, mais que isso, exibe uma infinidade de propriedades. Se, como diz Descartes, o conhecimento do infinito é anterior e, portanto, logicamente independente, do conhecimento do finito, então embora concebamos certas perfeições de Deus pela ampliação das instâncias finitas em nós dessas perfeições, é possível que outras perfeições divinas (aquelas que não estão em nós ainda que de modo finito) sejam por nós conhecidas, mas de outra maneira. Como afirma Descartes: E não devo imaginar que não concebo o infinito por uma verdadeira idéia, mas somente pela negação do finito... pois, ao contrário, vejo manifestamente que há mais realidade na substância infinita do que na substância finita e, portanto, que, de alguma maneira, tenho em mim a noção de infinito anteriormente à do finito... (AT VII, 46). Admitindo ainda como Descartes, a distinção entre conhecer (inteligir) e compreender, parece que podemos afirmar que a substância finita conhece que Deus tem infinitas propriedades infinitas embora não necessariamente as compreenda. Isso parece ser o que Descartes quer dizer quando afirma: Digo que sei... e não que o concebo ou o compreendo, pois se pode saber que Deus é infinito e onipotente ainda que nossa alma, sendo finita, não o possa compreender nem conceber... pois compreender é abraçar com o pensamento, mas, para saber uma coisa,

7 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 13 basta tocá-la com o pensamento (A Mersenne, 27 de maio de 1630; AT I, 152). Numa outra passagem, ao elucidar a distinção entre conceber e inteligir Descartes torna claro que posso ter uma idéia pura do entendimento da substância infinita (posso inteligir a idéia do infinito) embora não possa conceber o infinito como tal (ou melhor, só possa conceber o infinito como indefinido). Segundo essas distinções, então, compreender significa, através do entendimento, abarcar a totalidade das propriedades de um objeto, conceber significa através da imaginação ter a idéia de algo por extrapolação de uma idéia já conhecida e inteligir significa entender algo apenas pelo entendimento sem, no entanto, conhecer todos os seus aspectos. Sendo assim, a substância finita pode pelo entendimento conhecer (inteligir) a infinitude de Deus (o entendimento atinge o infinito, mas não conhece a totalidade de seus aspectos), por ampliação indefinida de suas propriedades finitas a substância finita pode conceber o infinito, entretanto não pode compreender o infinito visto que não pode abarcar pelo pensamento uma infinidade de coisas, dada a sua finitude. Isso é o que Descartes parece querer dizer quando afirma na Terceira Meditação:... ainda que eu não possa compreender o infinito, ou mesmo que se encontre em Deus uma infinidade de coisas que eu não possa compreender... pois é da natureza do infinito que minha natureza, que é finita e limitada, não possa compreendê-lo, basta que eu conceba bem isto (AT VII, 46). Sendo assim, podemos afirmar que para Descartes, conhecemos (inteligimos) a infinitude de Deus porque tocamos nessa infinitude com o pensamento puro, (mesmo no caso de propriedades que não concebemos 4 ), concebemos algumas 4 Para propriedades divinas que não concebemos, mas inteligimos pelo entendimento puro, veja-se as respostas de Descartes as Segundas Objeções onde ele afirma que através do entendimento temos uma idéia pura da imensidade, simplicidade, ou unidade absoluta em Deus... da qual não encontramos em nós ou alhures, nenhum exemplo: Mas, além disso, nosso entendimento nos diz que há em Deus uma imensidade, simplicidade e unidade absoluta que abrange e contém todos os seus outros atributos, e da qual não encontramos em nós, ou alhures, nenhum exemplo;... Por essa razão reconhecemos que nenhuma das coisas que, por fraqueza de nosso entendimento, atribuímos a Deus como

8 14 Ethel Menezes Rocha de suas propriedades (por extrapolação a partir de instâncias limitadas dessas propriedades em nós) mas não compreendemos a infinitude divina. O recurso a essas passagens do texto cartesiano teve como objetivo mostrar que ao menos duas coisas determinam o grau de perfeição de uma realidade: a categoria de ser a que pertence a realidade (que distingue substâncias de modos e de acidentes) e as propriedades que contém (que distinguem as substâncias entre elas). Pelas passagens acima citadas fica claro que a distinção de grau de perfeição entre a realidade formal da substância pensante e a realidade objetiva da substância infinita se deve não ao fato de a substância pensante pertencer a uma outra categoria de ser, mas sim à distinção em suas propriedades. E essa distinção nas propriedades dessas realidades consiste não apenas na finitude e infinitude de certas propriedades, mas também na infinitude da totalidade das propriedades atribuídas a uma e não a outra. Isto é, Descartes não parece afirmar que o fato de certas propriedades serem ilimitadas em Deus é suficiente para torná-lo perfeição absoluta é necessário ainda que esse ser finito tenha positivamente a infinitude de todas as perfeições e não apenas a infinitude das perfeições existentes na substância finita. Isso ao menos parece ser o que Descartes quer dizer quando afirma nos Princípios, I, 27: E estas [as outras coisas] chamaremos indefinidas de preferência a infinitas, de um lado, para reservarmos o termo infinito somente para Deus, pois é só nele que, sob todos os aspectos, não apenas não reconhecemos limite algum, mas também entendemos positivamente que não há nenhum; de outro lado também, porque não entendemos do mesmo modo positivamente, que outras coisas carecem de limites sob algum aspecto, mas apenas negativamente admitimos que os limites dessas coisas, se é que elas têm alguns, não podem ser descobertos por nós (AT VIIIA, 15; grifo nosso). Isto é, no caso da perfeição absoluta não se tratam apenas de propriedades indefinidamente mais amplas que as propriedades finitas; mas também de outras propriedades, propriedades distintas das presentes nas substâncias finitas se por partes e como se fossem distintas, correspondendo ao modo como as percebemos em nós, convém a Deus e a nós da mesma forma... (AT VII, 139).

9 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 15 visto que entendemos positivamente não haver na substância perfeita limites em todo e qualquer respeito. Concluímos esse ponto afirmando que a substância finita, considerada como o pensamento, possui nela mesma um grau de realidade ou perfeições suficientes para ser a causa de todas as suas idéias (de substâncias, de seus modos e acidentes), exceto uma, a idéia de substância infinita. Isso se deve ao fato de que embora a substância finita pertença a mesma categoria de ser que a substância infinita, ainda lhe faltam propriedades ou perfeições 5. Se faltam perfeições, só a substância perfeita, com todas as perfeições, pode ter o mesmo grau de realidade formal que a realidade objetiva da idéia de perfeição que exibe um conjunto infinito de propriedades infinitas atribuídas a um ser perfeito e, por isso mesmo, só a substância perfeita pode ser pode ser causa dessa realidade objetiva. Como vimos, decidir o que pode ser considerado como causa da realidade objetiva de uma determinada idéia envolve um certo cálculo que diz respeito à quantidade ou grau de realidade objetiva que a idéia possui bem como a quantidade ou grau de realidade formal (ou eminente) dos candidatos a causa e uma comparação dessas quantidades ou graus de realidade. Deixando de lado a discussão sobre o nível de complexidade dessas operações e que tipo de conhecimento ela envolve, 6 se dada a prova da existência de Deus podemos afirmar que a idéia de Deus é a idéia cuja realidade objetiva tem o maior grau de realidade em virtude do fato de conter um número infinito de propriedades elas mesma infinitas atribuídas, portanto, a um ser infinito, então, parece que 5 A substância pensante tem algumas das propriedades da substância divina porém de modo imperfeito (por exemplo, seu entendimento finito); além disso tem ao menos uma de suas propriedades infinita como a substância infinita que é que lhes torna semelhantes (a vontade) e, mais ainda, a substância finita não tem certa propriedades que tem a substância infinita (por exemplo, a unidade e simplicidade). 6 Alguns autores tais como Stanley Tweyman em Deus ex Cartesio argumentam em favor da tese de que Descartes, no momento da prova por efeito da existência de Deus não teria a matemática legitimada ainda como verdadeira e, por isso mesmo, não poderia ainda realizar tais cálculos que segundo ele seriam como ou mais difícil que contar os lados de um quadrado ou somar três e dois.

10 16 Ethel Menezes Rocha podemos afirmar que o grau de realidade (seja uma realidade formal ou objetiva) de algo depende de do conjunto de suas propriedades. Sabemos que nossas idéias representam ou bem substâncias, ou bem atributos ou, ainda, modos. Pensar em algo como substância significa pensar que há um certo conjunto de propriedades perceptíveis que qualificam essa substância e não uma outra. Sendo assim, sempre que temos uma idéia, ou bem pensamos diretamente em uma substância como o sujeito imediato de certas propriedades (e para isso exibimos ao espírito essas propriedades que individualizam a substância), ou bem pensamos diretamente nas propriedades que qualificam uma determinada substância e, portanto, exibimos essas propriedades, atribuídas a uma determinada substância, ao espírito. A realidade objetiva de uma idéia, portanto, ou bem exibe ao espírito diretamente uma substância ou bem exibe diretamente ao espírito propriedades atribuídas a uma substância. Entretanto, dado que exibir ao espírito uma substância e não outra envolve a exibição do conjunto de propriedades que funcionam como o princípio de individuação de uma substância, mesmo exibir diretamente uma substância envolve exibir suas propriedades. Como vimos, no caso da idéia de Deus, a realidade objetiva é, assim, determinada como infinita na medida em que exibe a infinitude de suas propriedades infinitas atribuindo-as a uma substância infinita (embora a substância finita não abrace o conjunto destas, mas apenas o toque com o entendimento). A prova da existência do mundo externo que é apresentada por Descartes na VI Meditação tem como um dos pontos essenciais a origem das nossas idéias sensíveis dos corpos singulares. A prova se inicia com a premissa de que tenho uma faculdade passiva de sentir ou de receber as idéias das coisas sensíveis, seguida de outra que afirma que uma faculdade passiva seria inútil a menos que houvesse uma outra faculdade, uma faculdade ativa no sujeito ou em outra coisa, que produzisse essas idéias. A princípio, então, pode-se afirmar que o ponto de partida da prova do mundo externo são as idéias de coisas em sua individualidade e, portanto de idéias que envolvem tanto propriedades chamadas primárias quanto as chamadas secundárias. Isso se confirma quando

11 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 17 Descartes, no início da prova do mundo externo afirma, na VI Meditação: acostumei-me a imaginar muitas outras coisas além desta natureza corpórea que é o objeto da Geometria, a saber, as cores, os sons, os sabores, a dor e outras coisas semelhantes, embora menos distintamente. E na medida em que percebo muito melhor tais coisas pelos sentidos,... creio que, para examiná-las mais comodamente, vem a propósito examinar ao mesmo tempo o que é sentir, e ver se, das idéias que recebo em meu espírito por este modo de pensar que chamo sentir, posso tirar alguma prova certa da existência das coisas corpóreas. (AT VII, 74; grifo nosso) Em seguida, Descartes introduz uma terceira premissa que diz respeito à involuntariabilidade dessas idéias. Visto que minhas idéias sensíveis independem de minha vontade, então essa faculdade ativa pertence a uma substância distinta de mim. No passo seguinte, Descartes recorre então explicitamente à versão forte do princípio de causalidade que afirma que necessariamente existe uma quantidade de realidade formal na causa que é ao menos igual à quantidade de realidade objetiva da idéia, e conclui que esta coisa fora de mim que produz minhas idéias sensíveis deve ser Deus ou algo mais nobre que o corpo, ou as próprias coisas. A presença de uma inclinação natural ou instintiva a crer que essa causa das minhas idéias sensíveis são as coisas é legitimada pela existência do Deus veraz que não teria me criado de tal forma que por natureza eu erre. Se é assim, então, como conclusão final da prova, afirma Descartes, as coisas corpóreas existem. Como se pode depreender da estrutura da prova, o recurso a versão forte do princípio de causalidade tem como objetivo circunscrever os diversos candidatos ao papel de causa das idéias sensíveis. Até o momento desse recurso, a prova nos permite afirmar apenas que a causa dessas idéias deve ser algo diferente de mim. Com a versão do princípio de causalidade que segue o modelo de transferência de essência segundo o qual a causa é formal ou eminente, Descartes limita a três os possíveis candidatos: Deus, os corpos ou algo que, na hierarquia dos seres, seria mais nobre que os corpos e menos nobre que Deus. Com a veracidade divina fica eliminada a possibilidade de causa eminente: a causa das idéias corpóreas são as coisas corpóreas cujo grau

12 18 Ethel Menezes Rocha de realidade formal seria, portanto, o mesmo que o da realidade objetiva dessas idéias. Uma das leituras possíveis da prova do mundo externo indica que para Descartes os corpos causam os conteúdos sensíveis em nós enviando-os para nossas mentes e fazem isso na medida em que contém em sua realidade formal exatamente as mesmas qualidades contidas na realidade objetiva das idéias dos corpos singulares. Segundo essa leitura a versão do princípio de causalidade utilizada na prova do mundo externo poderia ser a mesma utilizada na prova por efeito da existência de Deus, a saber, a que tem como modelo a transmissão da essência da causa a seu efeito. Os objetos particulares seriam de tal forma que causariam as idéias sensíveis das qualidades secundárias e impeliriam às idéias claras e distintas das qualidades primárias da matéria. Disso poderíamos concluir a existência de objetos externos (a partir da idéia clara e distinta de uma certa matéria extensa em comprimento, largura e profundidade) que teriam certas particularidades as quais dariam origem às minhas idéias sensíveis das qualidades secundárias. Entretanto, certas passagens relevantes das Meditações, dos Princípios e dos Comentários sobre um Programa, nos mostram a inviabilidade dessa leitura. Ao contrário, o que é fortemente indicado nestes textos é que Descartes não conclui que as qualidades específicas e determinadas representadas pelas idéias sensíveis estejam instanciadas nos objetos particulares específicos que causam essas idéias, mas sim que são as idéias sensíveis da matéria em geral que têm como causa uma realidade formal fora da mente. Nesse sentido, as coisas externas seriam origem das nossas idéias sensíveis na medida em que transmitiriam à nossa mente, através dos sentidos, algo que daria ocasião para a formação de idéias sensíveis. O conteúdo representativo das idéias sensíveis, portanto, não seria como uma imagem da coisa existente, mas apenas um sinal de sua existência, um sinal que nada ou pouco e, por acaso, nos diria sobre a natureza particular da coisa representada. Por exemplo, nos Princípios, I, 3, Descartes afirma: Será bastante suficiente se notarmos que as percepções dos sentidos não estão relacionadas senão com essa união do corpo humano com a

13 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 19 mente e que elas, de certo, nos exibem ordinariamente em que os corpos externos podem lhe ser favoráveis ou nocivos, mas não nos ensinam, a não ser às vezes e por acidente, com que qualidades existem em si mesmos (AT VIIIA, 5). Se as idéias sensíveis apenas por acidente podem nos ensinar algo a respeito da particularidade de seus objetos então a prova do mundo externo, assegura apenas em parte a validade objetiva das idéias dos sentidos, a saber, ela garante a existência, a presença de objetos extensos, mas, ao negar validade objetiva às idéias sensíveis das propriedades secundárias dos objetos, não se compromete com a existência de objetos singulares determinados em sua singularidade. De fato, Descartes sistematicamente nega que as idéias que temos dos objetos em sua singularidade, isto é, as idéias das qualidades sensíveis dos objetos, sejam semelhantes a quaisquer qualidades que possam existir ou que existam no mundo físico. Mas se é a variação das sensações com suas combinações particulares que em cada percepção sensível indica a diversidade dos corpos existentes, isto é, se o princípio de individuação das diversas idéias das coisas singulares é o conjunto das propriedades secundárias e primárias que são exibidas no intelecto, e se a prova do mundo externo não se compromete com uma prova da natureza particular das coisas singulares, então nem todo conteúdo exibido nas idéias dos objetos singulares pode ter objetividade. Entretanto, essa tese de que a validade objetiva das idéias sensíveis se limita à presença ou existência em geral de objetos extensos não parece ser condizente com o ponto de partida da prova as idéias sensíveis dos corpos particulares conjugado à versão expressamente utilizada do princípio de causalidade e à tese do deus veraz. Dado o ponto de partida da prova as idéias sensíveis e, portanto, as idéias de objetos em sua singularidade e dada a versão forte do princípio de causalidade conjugada a garantia divina de uma inclinação natural, deveríamos admitir que a prova do mundo externo legitima a objetividade de todas as nossas representações sensíveis e não apenas daquelas representações gerais e abstratas, percebidas clara e distintamente pelo entendimento, cuja razão de

14 20 Ethel Menezes Rocha duvidar foi o recurso a um Deus enganador. Isto é, dada a versão forte do princípio de causalidade e a garantia de um Deus veraz a uma inclinação natural, a diversidade das sensações, a princípio, deveria corresponder à diversidade dos corpos particulares e, conseqüentemente a conclusão da prova deveria dizer respeito não apenas à existência do mundo externo em geral mas à existência dos objetos tais como são percebidos em sua singularidade. Sendo assim, se a prova do mundo externo conclui a respeito da existência em geral de substância extensa, mas decorre da aplicação da versão forte do princípio de causalidade às nossas idéias sensíveis, então essa prova envolve o seguinte embaraço: por alguma razão, as idéias das qualidades sensíveis que nos apresentam a individualidade de cada objeto e, portanto, o particularizam, embora façam parte das idéias que são ponto de partida para a prova não são objeto da aplicação do princípio de causalidade. Isto é, se Descartes nega que as qualidades que percebemos existam nas coisas, então tem que negar que algo semelhante a essas idéias cause essas idéias. Mas dada as restrições impostas pela versão forte do princípio de causalidade e pelo Deus veraz diante de uma inclinação, a causa das idéias sensíveis tem o mesmo grau de realidade formal que sua realidade objetiva. Ora, na idéia sensível de um objeto estão envolvidas as propriedades primárias e as secundárias. Portanto, a princípio, a realidade objetiva das idéias sensíveis é constituída por propriedades secundárias e primárias. Mas por alguma razão, ao aplicar o princípio de causalidade Descartes o faz apenas às idéias das propriedades primárias. Uma alternativa plausível para a solução desse embaraço é recorrer a uma distinção entre o que seria um conteúdo representativo exibido por uma idéia e sua realidade objetiva. Admitindo-se essa distinção, poder-se-ia dizer que a idéia sensível exibe em seu conteúdo propriedades primárias e secundárias atribuindo-as a um possível objeto, mas que sua realidade objetiva é constituída apenas das qualidades primárias exibidas. Isto é, as idéias sensíveis das qualidades secundárias, que individualizam os objetos, seriam representativas no sentido em que apresentariam um conteúdo de tal forma confuso e obscuro que não constituiriam uma realidade objetiva na medida em que não exibiriam

15 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 21 algo de real (isto é, possível de existir). Essa alternativa, portanto, supõe que se possa identificar a opacidade e confusão das idéias sensíveis à ausência de realidade objetiva nelas o que, no entanto, não parece ser o caso no sistema cartesiano. Se as idéias das qualidades sensíveis constituem o princípio de individualização das idéias dos objetos particulares, então a confusão e opacidade dessas idéias não diz respeito a não exibição de propriedades ou à exibição de propriedades confusas e obscuras. Isto é, se o conteúdo das idéias das qualidades secundárias dos objetos é confuso não pode ser em virtude de não exibir propriedades ou de exibir propriedades não determinadas. Quando represento um determinado objeto, o represento como sendo, por exemplo, de uma determinada cor, com um determinado sabor, temperatura, etc... e é por que exibo no conteúdo da minha idéia desse objeto essas propriedades que posso representar esse objeto como tendo essas propriedades e, portanto, como sendo esse objeto e não outro. Isto é, se sempre que representamos alguma propriedade essa vem atrelada a uma substância, se nossas representações sensíveis mesmo quando confusas e obscuras ainda assim permitem a distinção de propriedades e atribuição a um objeto determinado, então, por um lado, parece, não podemos identificar opacidade e confusão à ausência de realidade objetiva. Por outro lado, Descartes, na III Meditação admite que as idéias sensíveis das qualidades secundárias constituem fortes candidatos à falsidade material visto que atribuem propriedades a objetos que talvez não possam possuir essas propriedades. Nessa passagem Descartes afirma, por exemplo:...ignoro se as idéias que eu concebo dessas qualidade [luz, cores, sons, odores, sabores, calor, frio e as outras qualidades que caem sob o tato] são, com efeito, as idéias de algumas coisas reais ou se não me representam apenas seres... que não podem existir (AT VII, 43). Um pouco adiante Descartes define a falsidade material das idéias da seguinte maneira:... pode ocorrer que se encontre nas idéias uma certa falsidade material, a saber, quando elas representam o que nada é como se fosse alguma coisa. Sendo assim, parece

16 22 Ethel Menezes Rocha que podemos afirmar que as idéias sensíveis dos objetos em sua singularidade seriam candidatas à falsidade material na medida em que exibiriam propriedades como sendo de objetos extensos quando não se pode determinar clara e distintamente na própria idéia se são modos possíveis dos objetos extensos. Resta examinarmos se o fato das idéias sensíveis serem fortes candidatos á falsidade material determina que não tenham realidade objetiva. Sabemos que somente as idéias confusas e obscuras podem ser idéias materialmente falsas. Como afirma Descartes nas suas respostas às Quartas Objeções: a falsidade material tem origem apenas na obscuridade das idéias. Entretanto, sabemos ainda que nem toda idéia confusa e obscura é materialmente falsa visto que algumas idéias confusas e obscuras oferecem pouca oportunidade para um juízo errado. Por exemplo, as idéias voluntariamente forjadas pela imaginação, mesmo quando confusas e obscuras, porque são reconhecidamente produtos da imaginação, dificilmente seria material para um juízo falso 7. Sendo assim, parece que podemos afirmar que duas coisas determinam a falsidade material de uma idéia: 1) o grau de clareza e distinção das idéias e 2) o não reconhecimento de que são obscuras e confusas. Aparentemente, as idéias reconhecidamente claras e distintas 8 seriam aquelas que constituiriam material verdadeiro para juízos verdadeiros (dada a prova da existência de Deus) e as idéias confusas e obscuras que não dependem do meu arbítrio, seriam materiais falsos para a constituição de juízos verdadeiros e, portanto seriam aquelas materialmente falsas. Pode-se afirmar, portanto, que uma idéia materialmente falsa é tal que fornece material para erro em dois sentidos: 1) qualquer juízo que a afirma como uma verdadeira representação de algo necessariamente será um juízo falso. Além disso, 2) uma idéia materialmente falsa leva ao erro na medida em 7 Ver respostas de Descartes às Quartas Objeções, AT VII, Deixo de lado aqui a questão de se Descartes de fato nos dá critérios lógicos (em oposição a psicológicos) para o reconhecimento das idéias legitimamente claras e distintas. Esse tema foi tratado em outro artigo sob o título de Prudência da vontade e erro em Descartes em Verdade, Conhecimento e Ação Ensaios em homenagem a Guido Antônio de Almeida e Raul F. Landim Filho.)

17 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 23 que nada na idéia, ela mesma, permite que determinemos que se trata de um material que leva ao juízo falso. Nesse sentido, podemos afirmar com segurança que não é possível reconhecer a falsidade material de uma idéia se simplesmente examinamos a idéia. As idéias materialmente falsas seriam aquelas que por não apresentarem nenhum sinal próprio de falso material (do contrário não poderiam levar ao erro), seriam tomadas como idéias de algo real que, na verdade, não o é. Sendo assim, até aqui podemos afirmar que: 1) a falsidade material de uma idéia consiste no fato de inadvertidamente exibir em seu conteúdo uma substância com propriedades que não lhe pertencem; 2) uma idéia sensível exibe propriedades como cores, sabores, etc., e, como em toda idéia, essas propriedades aparecem como atreladas a substâncias; 3) o erro das idéias sensíveis quando são materialmente falsas consiste em exibir em seu conteúdo algo (uma qualidade sensível) como se fosse uma qualidade real (possível) da matéria quando de fato é uma qualidade da mente; 4) nada na idéia ela mesma me fornece meios para detectar esse erro. Tanto as idéias sensíveis confusas e obscuras que são materialmente falsas, quanto as idéias claras e distintas, quanto as idéias confusas e obscuras que não fornecem material para um juízo falso (as idéias fictícias, por exemplo) exibem um conteúdo (atributos ou modos de substâncias) que, tomado nele mesmo, nos aparece como possível. Todas essas idéias, tomadas independentemente da existência atual de seus objetos e, por isso mesmo, tomadas nelas mesmas, representam coisas possíveis com determinadas características. Isto é, até aqui podemos afirmar que tanto as idéias claras e distintas, quanto as fictícias e as materialmente falsas exibem um conteúdo. Sabemos que o conteúdo exibido por uma idéia são as propriedades exibidas e essas atribuídas a uma determinada categoria de substância. Sabemos ainda que as idéias sensíveis que são materialmente falsas contêm o erro categorial de inadvertidamente atribuir as propriedades que exibe a uma categoria de ser que não tem essas propriedades. Como vimos, para sustentarmos que o princípio de causalidade não se aplica às idéias sensíveis dos objetos em sua singularidade devemos sustentar

18 24 Ethel Menezes Rocha que as idéias sensíveis das qualidades secundárias não exibem uma realidade objetiva em seu conteúdo representativo. Até aqui temos que a falsidade material das idéias sensíveis dos objetos em sua singularidade envolve a exibição de propriedades atribuídas a substâncias que não têm essas propriedades. Se é assim, a princípio parece que poderíamos identificar a falsidade material de uma idéia à ausência de realidade objetiva exibida em seu conteúdo: uma idéia não teria realidade objetiva quando ela exibe algo que não pode existir no mundo atual e as idéias sensíveis que são materialmente falsa seria um exemplo dessas na medida em que exibiriam objetos que não existem (objetos com propriedades secundárias). A noção de realidade objetiva no sistema cartesiano está intrinsecamente relacionada a sua teoria da modalidade: quanto maior grau de realidade objetiva tem uma idéia, maior a possibilidade de sua existência. Mas se é assim, em que sentido ainda pode-se afirmar que as idéias sensíveis dos objetos singulares em sua particularidade não têm realidade objetiva? Para que as idéias sensíveis que podem ser materialmente falsas possam ser identificadas àquelas que não têm realidade objetiva seria preciso sustentar que seu conteúdo não exibe algo real (isto é, possível de existir). Mas no que consistiria essa impossibilidade relativa ao conteúdo das idéias sensíveis dos corpos em sua particularidade? Afirmar que o conteúdo das idéias sensíveis das qualidades secundárias não tem realidade objetiva parece problemático por duas razões: 1) trata-se de um conteúdo que me aparece como logicamente possível e, não só isso, mas 2) trata-se de um conteúdo que não parece ser intrinsecamente falso na medida em que ao menos indica a presença e variação de coisas externas. Isto é, não parece plausível afirmar que aquilo que essas idéias exibem em seu conteúdo implica uma impossibilidade lógica visto que posso pensar esse conteúdo como possível. Não nos aparece como logicamente impossível que as qualidades secundárias que percebo sejam qualidades de coisas materiais do contrário não haveria possibilidade de julgarmos verdadeiro esse conteúdo e, conseqüentemente, não haveria possibilidade de erro. Assim, se posso julgá-la corretamente como sendo uma idéia (materialmente) falsa ou julgá-la

19 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 25 erradamente como uma idéia verdadeira então é porque a idéia sensível das qualidades secundárias é logicamente possível. Se posso pensar esse conteúdo como possível, então posso tomar o conteúdo exibido ao meu espírito pela idéia sensível como sua realidade objetiva. Posso me enganar quanto a realidade objetiva de minhas idéias sensíveis porque posso pensar (e de fato penso) que o que é exibido no conteúdo das minhas idéias sensíveis é possível de existir no mundo quando, segundo a ciência cartesiana, não é. Mas isso não é o mesmo que afirmar que essas idéias não têm realidade objetiva. Se posso pensar erroneamente que esse conteúdo é possível é porque ele é logicamente possível e só não é possível segundo as leis da ciência cartesiana do mundo físico. As idéias sensíveis, portanto, envolvem a possibilidade de um erro (quando as julgo verdadeiras) mas posso não errar quanto a elas (se as julgo falsas). Mas se é assim, aquilo que elas exibem é verdadeiro ou falso, o que implica na sua possibilidade lógica. Não podemos afirmar que Descartes admite que é a impossibilidade de existência no mundo atual daquilo que é exibido pelo conteúdo das idéias que determina a ausência de realidade objetiva das idéias se não quisermos atribuir a Descartes a tese embaraçosa de que só as idéias com validade objetiva nesse mundo têm realidade objetiva. Essa tese seria absurda visto que, por exemplo, as idéias fictícias necessariamente não têm validade objetiva já que são impossíveis segundo as leis naturais e, no entanto, têm realidade objetiva. Sendo assim, temos que admitir que as idéias sensíveis exibem um conteúdo possível. Além disso, as idéias sensíveis não são intrinsecamente falsas na medida em que indicam uma variação nas coisas que de algum modo é relevante para a união corpo e alma mover-se em direção ao prazer e/ou em direção oposta a dor. Embora Descartes, por um lado, insistentemente afirme que não há nas coisas materiais nada semelhante às qualidades secundárias que percebemos nelas, por outro lado, também afirma que as variações nas nossas percepções sensíveis indicam variações dos objetos singulares percebidos. Como expressão da união corpo e alma as idéias sensíveis (as sensações) exibem ao meu intelecto informações sobre os estados do meu corpo e, através

20 26 Ethel Menezes Rocha dessas variações, exibem informações sobre a existência de coisas externas variadas na medida em que são relevantes para a minha subsistência ou destruição. Se é assim, temos mais uma razão para admitir que, ainda que confusas e obscuras, essas idéias preservam uma realidade objetiva. Que as sensações contem realidade objetiva e, por isso mesmo, exigem uma causa parece claro quando atentamos para o que Descartes afirma na Terceira Meditação: a idéia de calor, ou a idéia da pedra, não pode estar em mim se não tiver sido aí colocada por alguma causa que contenha em si ao menos tanta realidade quanto aquela que concebo no calor ou na pedra (AT VII, 43). Parece, portanto, que podemos afirmar que há uma diferença precisa entre o que seria um conteúdo representativo impossível do ponto de vista da ciência cartesiana, um conteúdo logicamente impossível e um conteúdo representativo confuso e obscuro. Um conteúdo impossível do ponto de vista da ciência cartesiana pode ser confuso e obscuro, mas não é necessariamente logicamente impossível. E um conteúdo logicamente impossível nem é confuso e obscuro, mas sim inconcebível. O fato de ser um conteúdo confuso e obscuro não determina que não haja realidade objetiva. Só um conteúdo inconcebível não tem realidade objetiva. Um conteúdo logicamente impossível nem mesmo se configura como um conteúdo representativo propriamente dito. Trata-se do que seria uma idéia contraditória e, portanto impensável. Um conteúdo confuso e obscuro, por sua vez, se constitui como conteúdo representativo. Assim, por um lado, as idéias sensíveis exibem algo e, portanto, representam algo sobre cuja natureza podemos facilmente nos enganar: podemos julgar que são propriedades de coisas materiais quando são modos da mente. E o que seriam idéias contraditórias, por outro lado, são tais que nada é exibido ao espírito visto que seu objeto é inconcebível. Na verdade, o objeto dessa idéia nem pode ser representado nem pode existir. Por exemplo, não é inconcebível que haja algo semelhante à minha sensação de quente no fogo, embora seja uma concepção errada do ponto de vista da ciência cartesiana, mas é logicamente inconcebível uma montanha sem um vale ou um quadrado redondo, etc.

21 Princípio de Causalidade, Existência de Deus e Existência de Coisas Externas 27 As idéias sensíveis que podem ser materialmente falsas, portanto, embora confusas e obscuras, possuem realidade objetiva ainda que tenham menos realidade objetiva do que as idéias claras e distintas. Entretanto, embora haja uma variação no grau de realidade objetiva das idéias, esta variação depende não de um erro exibido na idéia, mas sim da categoria de ser da coisa representada. As idéias de substância têm maior grau de realidade objetiva que as de atributo ou as de modos visto que na hierarquia da ontologia cartesiana os modos têm menos realidade formal que os atributos e esses menos que as substâncias. Ao menos isso é o que parece ser o que Descartes quer dizer quando, nas respostas as Segundas Objeções, Axioma VI, afirma: Há diversos graus de realidade...: a substância tem mais realidade do que o acidente ou o modo, e a substância infinita mais do que a finita. Eis por que também há mais realidade objetiva na idéia de substância do que na de acidente, e mais na idéia de substância infinita do que na de substância finita (AT VII, ). Ora, as idéias sensíveis exibem em seu conteúdo o que seriam modos de uma substância, visto que quando concebemos modos ou atributos imediatamente os atrelamos a uma substância, já que, segundo Descartes nas suas respostas às Quartas Objeções não temos um conhecimento imediato de substâncias... nós as conhecemos através da percepção de certas formas ou atributos que devem ser inerentes em algo, se existem. E é isso a que são inerentes que chamamos substâncias (AT VII, 222). Entretanto, no caso das idéias sensíveis, mesmo quando atrelamos as propriedades secundárias aos corpos materiais e, portanto à substância extensa, ao mesmo tempo as atrelamos à substância pensante na medida em que essas idéias nos aparecem como nossas sensações (portanto, modos da mente) de algo no mundo (portanto, modos do corpo). Se é assim, o conteúdo das idéias sensíveis exibe uma substância indeterminada já que, por assim dizer, incompleta na medida em que aquilo a que as propriedades são atribuídas envolve duas substâncias que se complementam. A completude e determinação dos atributos são características das substâncias, como diz Descartes nesse mesmo trecho das respostas às Quartas Objeções: por uma coisa completa eu simplesmente quero dizer uma substância dotada das formas ou atributos que me permitem reconhecê-la como substância. Sendo assim, se

22 28 Ethel Menezes Rocha a substância exibida pelas idéias sensíveis que podem ser materialmente falsas é indeterminada então, essas idéias são tais que o conteúdo por elas exibido ao espírito consiste no que seria menos nobre na ontologia cartesiana já que nesse conteúdo seriam exibidos modos de uma substância incompleta. Ora, se na ontologia cartesiana o que tem mais grau de realidade é a substância e se esta se caracteriza por sua completude e independência com relação às outras, então aquilo que seriam modos de uma substância incompleta só pode ser aquilo que tem menos grau de realidade. E se o grau de realidade objetiva de uma idéia depende da categoria do ser representado, então as idéias sensíveis que exibem uma substância incompleta têm o menor grau de realidade objetiva. E é isso o que torna o grau de realidade objetiva dessas idéias menor e não o fato de inadvertidamente exibirem um erro categorial (atribuindo propriedades a categoria errada de ser). Visto, portanto, que a realidade objetiva de uma idéia está intrinsecamente relacionada com a possibilidade lógica de seu conteúdo corresponder a algo que independa da mente (em oposição à possibilidade segundo uma certa ciência), então temos que admitir que se uma idéia tem conteúdo representativo tem uma realidade objetiva. Além disso, visto que o grau de realidade objetiva das idéias depende da categoria do ser que seu conteúdo exibe, então as sensações são as que têm menor grau de realidade objetiva na medida em que exibem modos do que seria a substância menos nobre visto que indeterminada. E visto que quanto mais realidade objetiva mais clara e distinta uma idéia é, então a confusão e opacidade das sensações que, como vimos, não depende de uma contradição lógica se deve ao fato de exibir modos de substância menos nobre o que, entretanto, não as exime de ter uma causa. É exatamente porque as sensações têm uma causa, mas exibem obscura e confusamente uma substância menos nobre que, na III Meditação, Descartes admite a possibilidade de que o próprio eu possa ser sua causa. Isso parece ser o que ele quer dizer quando afirma nessa meditação: [as idéias do calor e do frio] já que me revelam tão pouca realidade... não vejo razão pela qual não possam ser produzidas por mim mesmo e eu não possa ser o seu autor (AT VII, 44). Isto é, visto que sou substância, embora finita, a princípio posso ser a

I OS GRANDES SISTEMAS METAFÍSICOS

I OS GRANDES SISTEMAS METAFÍSICOS I OS GRANDES SISTEMAS METAFÍSICOS A principal preocupação de Descartes, diante de uma tradição escolástica em que as espécies eram concebidas como entidades semimateriais, semi-espirituais, é separar com

Leia mais

DUALISMO, SUBSTÂNCIA E ATRIBUTO ESSENCIAL NO SISTEMA CARTESIANO

DUALISMO, SUBSTÂNCIA E ATRIBUTO ESSENCIAL NO SISTEMA CARTESIANO DUALISMO, SUBSTÂNCIA E ATRIBUTO ESSENCIAL NO SISTEMA CARTESIANO Ethel Menezes Rocha UFRJ/CNPq 1 Na Sexta Meditação, Descartes conclui seu argumento iniciado na Segunda Meditação em favor da distinção real

Leia mais

KANT E AS GEOMETRIAS NÃO-EUCLIDIANAS

KANT E AS GEOMETRIAS NÃO-EUCLIDIANAS KANT E AS GEOMETRIAS NÃO-EUCLIDIANAS Gustavo Leal - Toledo 1 RESUMO Pretende-se mostrar, neste trabalho, que a Exposição Metafísica não depende da Exposição Transcendental nem da geometria euclidiana.

Leia mais

A TEORIA DO CONHECIMENTO DE DESCARTES E SUA RELAÇÃO COM A GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA

A TEORIA DO CONHECIMENTO DE DESCARTES E SUA RELAÇÃO COM A GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA A TEORIA DO CONHECIMENTO DE DESCARTES E SUA RELAÇÃO COM A GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA Danilo Pereira Munhoz Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho danilomunhoz@gmail.com Fabrícia Lélis Universidade

Leia mais

A TEORIA DA PROPOSIÇÃO APRESENTADA NO PERIÉRMENEIAS: AS DIVISÃO DAS PRO- POSIÇÕES DO JUÍZO.

A TEORIA DA PROPOSIÇÃO APRESENTADA NO PERIÉRMENEIAS: AS DIVISÃO DAS PRO- POSIÇÕES DO JUÍZO. A TEORIA DA PROPOSIÇÃO APRESENTADA NO PERIÉRMENEIAS: AS DIVISÃO DAS PRO- POSIÇÕES DO JUÍZO. Ac. Denise Carla de Deus (PIBIC/CNPq/UFSJ 2000-2002) Orientadora: Prof. Dra. Marilúze Ferreira Andrade e Silva

Leia mais

MÓDULO 5 O SENSO COMUM

MÓDULO 5 O SENSO COMUM MÓDULO 5 O SENSO COMUM Uma das principais metas de alguém que quer escrever boas redações é fugir do senso comum. Basicamente, o senso comum é um julgamento feito com base em ideias simples, ingênuas e,

Leia mais

Exercícios Teóricos Resolvidos

Exercícios Teóricos Resolvidos Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Exatas Departamento de Matemática Exercícios Teóricos Resolvidos O propósito deste texto é tentar mostrar aos alunos várias maneiras de raciocinar

Leia mais

RÉPLICA A JORGE J. E. GRACIA 1

RÉPLICA A JORGE J. E. GRACIA 1 TRADUÇÃO DOI: 10.5216/PHI.V17I2.18751 RÉPLICA A JORGE J. E. GRACIA 1 Autor: Peter F. Strawson Tradutor: Itamar Luís Gelain(Centro Universitário Católica de Santa Catarina) 2,3 itamarluis@gmail.com Em seu

Leia mais

O MUNDO É A CASA DO HOMEM

O MUNDO É A CASA DO HOMEM O MUNDO É A CASA DO HOMEM Nichan Dichtchekenian Há dois motivos principais que me levam a fazer esta apresentação: O primeiro é fazer um esclarecimento e uma defesa da Fenomenologia, buscando, este esclarecimento,

Leia mais

TEXTO 7: DELINEAMENTOS PRÉ-EXPERIMENTAIS 1

TEXTO 7: DELINEAMENTOS PRÉ-EXPERIMENTAIS 1 1 Laboratório de Psicologia Experimental Departamento de Psicologia UFSJ Disciplina: Método de Pesquisa Quantitativa Professora: Marina Bandeira TEXTO 7: DELINEAMENTOS PRÉ-EXPERIMENTAIS 1 Autores: Selltiz

Leia mais

2 O tempo e o espaço na filosofia moderna e a origem do argumento kantiano

2 O tempo e o espaço na filosofia moderna e a origem do argumento kantiano 2 O tempo e o espaço na filosofia moderna e a origem do argumento kantiano Spinoza nos Pensamentos Metafísicos estabelece a distinção entre duração e tempo, isto é, do ente em ente cuja essência envolve

Leia mais

Parece claro que há uma, e uma só, conclusão a tirar destas proposições. Esa conclusão é:

Parece claro que há uma, e uma só, conclusão a tirar destas proposições. Esa conclusão é: Argumentos Dedutivos e Indutivos Paulo Andrade Ruas Introdução Em geral, quando se quer explicar que géneros de argumentos existem, começa-se por distinguir os argumentos dedutivos dos não dedutivos. A

Leia mais

O Planejamento Participativo

O Planejamento Participativo O Planejamento Participativo Textos de um livro em preparação, a ser publicado em breve pela Ed. Vozes e que, provavelmente, se chamará Soluções de Planejamento para uma Visão Estratégica. Autor: Danilo

Leia mais

material dado com autoridade. Com isso, coloca-se, sobretudo, a questão, como essas valorações podem ser fundamentadas racionalmente.

material dado com autoridade. Com isso, coloca-se, sobretudo, a questão, como essas valorações podem ser fundamentadas racionalmente. Laudatio Robert Alexy nasceu em Oldenburg em 1945. Nesta cidade também realizou os seus estudos até o ensino secundário. No semestre de verão de 1968 ele iniciou o estudo da ciência do direito e da filosofia.

Leia mais

4Distribuição de. freqüência

4Distribuição de. freqüência 4Distribuição de freqüência O objetivo desta Unidade é partir dos dados brutos, isto é, desorganizados, para uma apresentação formal. Nesse percurso, seção 1, destacaremos a diferença entre tabela primitiva

Leia mais

Eventos independentes

Eventos independentes Eventos independentes Adaptado do artigo de Flávio Wagner Rodrigues Neste artigo são discutidos alguns aspectos ligados à noção de independência de dois eventos na Teoria das Probabilidades. Os objetivos

Leia mais

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos. Os dados e resultados abaixo se referem ao preenchimento do questionário Das Práticas de Ensino na percepção de estudantes de Licenciaturas da UFSJ por dez estudantes do curso de Licenciatura Plena em

Leia mais

6. Pronunciamento Técnico CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro

6. Pronunciamento Técnico CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro TÍTULO : PLANO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - COSIF 1 6. Pronunciamento Técnico CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro 1. Aplicação 1- As instituições

Leia mais

A dúvida cartesiana dos sentidos na primeira meditação como elemento fundamental para compreensão das meditações metafísicas de Descartes

A dúvida cartesiana dos sentidos na primeira meditação como elemento fundamental para compreensão das meditações metafísicas de Descartes A dúvida cartesiana dos sentidos na primeira meditação como elemento fundamental para compreensão das meditações metafísicas de Descartes Juliana Abuzaglo Elias Martins Doutoranda em Filosofia pela UFRJ

Leia mais

O papel da dúvida na filosofia cartesiana: a interpretação hegeliana sobre Descartes nas Lições sobre História da Filosofia

O papel da dúvida na filosofia cartesiana: a interpretação hegeliana sobre Descartes nas Lições sobre História da Filosofia O papel da dúvida na filosofia cartesiana: a interpretação hegeliana sobre Descartes nas Lições sobre História da Filosofia Carlos Gustavo Monteiro Cherri Mestrando em Filosofia pela UFSCar gucherri@yahoo.com.br

Leia mais

VI Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar 20 a 24 de setembro de 2010

VI Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar 20 a 24 de setembro de 2010 Fundamentos metodológicos da teoria piagetiana: uma psicologia em função de uma epistemologia Rafael dos Reis Ferreira Universidade Estadual Paulista (UNESP)/Programa de Pós-Graduação em Filosofia FAPESP

Leia mais

RESENHAS SCHMITT E STRAUSS: UM DIÁLOGO OBLÍQUO

RESENHAS SCHMITT E STRAUSS: UM DIÁLOGO OBLÍQUO RESENHAS SCHMITT E STRAUSS: UM DIÁLOGO OBLÍQUO MEIER, Heinrich. Carl Schmitt & Leo Strauss. The Hidden Dialogue. Including Strauss s Notes on Schmitt s Concept of the Political & Three Letters from Strauss

Leia mais

Q-Acadêmico. Módulo CIEE - Estágio. Revisão 01

Q-Acadêmico. Módulo CIEE - Estágio. Revisão 01 Q-Acadêmico Módulo CIEE - Estágio Revisão 01 SUMÁRIO 1. VISÃO GERAL DO MÓDULO... 2 1.1 PRÉ-REQUISITOS... 2 2. ORDEM DE CADASTROS PARA UTILIZAÇÃO DO MÓDULO CIEE... 3 2.1 CADASTRANDO EMPRESAS... 3 2.1.1

Leia mais

PROBABILIDADE Prof. Adriano Mendonça Souza, Dr.

PROBABILIDADE Prof. Adriano Mendonça Souza, Dr. PROBABILIDADE Prof. Adriano Mendonça Souza, Dr. Departamento de Estatística - PPGEMQ / PPGEP - UFSM - O intelecto faz pouco na estrada que leva à descoberta, acontece um salto na consciência, chameo de

Leia mais

ISO/IEC 17050-1. Avaliação da conformidade Declaração de conformidade do fornecedor Parte 1: Requisitos gerais

ISO/IEC 17050-1. Avaliação da conformidade Declaração de conformidade do fornecedor Parte 1: Requisitos gerais QSP Informe Reservado Nº 42 Janeiro/2005 ISO/IEC 17050-1 Avaliação da conformidade Declaração de conformidade do fornecedor Parte 1: Requisitos gerais Tradução livre especialmente preparada para os Associados

Leia mais

MÓDULO 4 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS

MÓDULO 4 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS MÓDULO 4 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIS Como vimos no módulo 1, para que nós possamos extrair dos dados estatísticos de que dispomos a correta análise e interpretação, o primeiro passo deverá ser a correta

Leia mais

Interpretação do art. 966 do novo Código Civil

Interpretação do art. 966 do novo Código Civil Interpretação do art. 966 do novo Código Civil A TEORIA DA EMPRESA NO NOVO CÓDIGO CIVIL E A INTERPRETAÇÃO DO ART. 966: OS GRANDES ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA DEVERÃO TER REGISTRO NA JUNTA COMERCIAL? Bruno

Leia mais

A Torre de Hanói e o Princípio da Indução Matemática

A Torre de Hanói e o Princípio da Indução Matemática A Torre de Hanói e o Princípio da Indução Matemática I. O jogo A Torre de Hanói consiste de uma base com três pinos e um certo número n de discos de diâmetros diferentes, colocados um sobre o outro em

Leia mais

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN. Prof. Helder Salvador

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN. Prof. Helder Salvador ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN Prof. Helder Salvador 3 - A ANTROPOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA PEDAGOGIA. Para Edith Stein existe uma profunda relação entre os termos metafísica, antropologia e pedagogia

Leia mais

Cotagem de dimensões básicas

Cotagem de dimensões básicas Cotagem de dimensões básicas Introdução Observe as vistas ortográficas a seguir. Com toda certeza, você já sabe interpretar as formas da peça representada neste desenho. E, você já deve ser capaz de imaginar

Leia mais

Exercícios Adicionais

Exercícios Adicionais Exercícios Adicionais Observação: Estes exercícios são um complemento àqueles apresentados no livro. Eles foram elaborados com o objetivo de oferecer aos alunos exercícios de cunho mais teórico. Nós recomendamos

Leia mais

DETALHES IMPORTANTES PARA ATINGIR A BOA COMUNICAÇÃO

DETALHES IMPORTANTES PARA ATINGIR A BOA COMUNICAÇÃO Página 1 de 7 INDICE Nenhuma entrada de sumário foi encontrada. Página 2 de 7 Autor: Alkíndar de Oliveira (alkindar@terra.com.br) Dentre outros atributos, o exercício da oratória exige o conhecimento e

Leia mais

1. Introdução. Avaliação de Usabilidade Página 1

1. Introdução. Avaliação de Usabilidade Página 1 1. Introdução Avaliação de Usabilidade Página 1 Os procedimentos da Avaliação Heurística correspondem às quatro fases abaixo e no final é apresentado como resultado, uma lista de problemas de usabilidade,

Leia mais

Filosofia O que é? Para que serve?

Filosofia O que é? Para que serve? Filosofia O que é? Para que serve? Prof. Wagner Amarildo Definição de Filosofia A Filosofia é um ramo do conhecimento. Caracteriza-se de três modos: pelos conteúdos ou temas tratados pela função que exerce

Leia mais

A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NA MODERNIDADE

A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NA MODERNIDADE A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NA MODERNIDADE Maria Aristé dos Santos 1, Danielli Almeida Moreira 2, Janaina Rufina da Silva 3, Adauto Lopes da Silva Filho 4 ¹ Alunas do Curso de Licenciatura em Filosofia da

Leia mais

PLANO DE AULA OBJETIVOS: Refletir sobre a filosofia existencialista e dar ênfase aos conceitos do filósofo francês Jean Paul Sartre.

PLANO DE AULA OBJETIVOS: Refletir sobre a filosofia existencialista e dar ênfase aos conceitos do filósofo francês Jean Paul Sartre. PLANO DE AULA ÁREA: Ética TEMA: Existencialismo HISTÓRIA DA FILOSOFIA: Contemporânea INTERDISCIPLINARIDADE: Psicologia DURAÇÃO: 4 aulas de 50 cada AUTORIA: Angélica Silva Costa OBJETIVOS: Refletir sobre

Leia mais

O TEMPO NO ABRIGO: PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA, GARANTIA DE SINGULARIDADE

O TEMPO NO ABRIGO: PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA, GARANTIA DE SINGULARIDADE Cuidando de quem cuida Instituto de Capacitação e Intervenção Psicossocial pelos Direitos da Criança e Adolescente em Situação de Risco O TEMPO NO ABRIGO: PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA, GARANTIA DE SINGULARIDADE

Leia mais

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/08/2009. Humanos aprimorados versus humanos comuns

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/08/2009. Humanos aprimorados versus humanos comuns VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA CONVIVER COM OS HUMANOS APRIMORADOS? http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=voce-esta-preparado-conviver-humanosaprimorados&id=010850090828 Redação do

Leia mais

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago. 2003 117 GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago. 2003 117 GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo* GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo* Como deve ser estruturada a política social de um país? A resposta a essa pergunta independe do grau de desenvolvimento do país, da porcentagem

Leia mais

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Este material resulta da reunião de fragmentos do módulo I do Curso Gestão Estratégica com uso do Balanced Scorecard (BSC) realizado pelo CNJ. 1. Conceitos de Planejamento Estratégico

Leia mais

Descartes e Hobbes: A questão da subjetividade como ponto de encruzilhada

Descartes e Hobbes: A questão da subjetividade como ponto de encruzilhada 177 Descartes e Hobbes: A questão da subjetividade como ponto de encruzilhada Edgard Vinícius Cacho Zanette * RESUMO Em Descartes, a ligação entre res cogitans e ser sujeito é complexa. A referência a

Leia mais

O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica

O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica A U L A 3 Metas da aula Descrever a experiência de interferência por uma fenda dupla com elétrons, na qual a trajetória destes

Leia mais

AV1 - MA 12-2012. (b) Se o comprador preferir efetuar o pagamento à vista, qual deverá ser o valor desse pagamento único? 1 1, 02 1 1 0, 788 1 0, 980

AV1 - MA 12-2012. (b) Se o comprador preferir efetuar o pagamento à vista, qual deverá ser o valor desse pagamento único? 1 1, 02 1 1 0, 788 1 0, 980 Questão 1. Uma venda imobiliária envolve o pagamento de 12 prestações mensais iguais a R$ 10.000,00, a primeira no ato da venda, acrescidas de uma parcela final de R$ 100.000,00, 12 meses após a venda.

Leia mais

FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL

FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL O Livro dos Espíritos, qq. 1 e 27 Obra codificada por Allan Kardec Figuras: Elio Mollo Deus é a inteligência s uprema, causa primária de todas as coisas. Resposta dada pelos Espíritos

Leia mais

AS IDÉIAS TOMADAS FORMALMENTE : REALIDADE OBJETIVA E FALSIDADE MATERIAL EM DESCARTES

AS IDÉIAS TOMADAS FORMALMENTE : REALIDADE OBJETIVA E FALSIDADE MATERIAL EM DESCARTES UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA - MESTRADO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA DISSERTAÇÃO

Leia mais

PROJETO DE PESQUISA: INDICAÇÕES PARA SUA ELABORAÇÃO

PROJETO DE PESQUISA: INDICAÇÕES PARA SUA ELABORAÇÃO ARTIGO Projeto de Pesquisa PROJETO DE PESQUISA: INDICAÇÕES PARA SUA ELABORAÇÃO Profª Adelina Baldissera* RESUMO:o projeto de pesquisa traça um caminho a ser seguido durante a investigação da realidade.

Leia mais

ESAPL IPVC. Licenciatura em Engenharia do Ambiente e dos Recursos Rurais. Economia Ambiental

ESAPL IPVC. Licenciatura em Engenharia do Ambiente e dos Recursos Rurais. Economia Ambiental ESAPL IPVC Licenciatura em Engenharia do Ambiente e dos Recursos Rurais Economia Ambiental Tema 9 O Valor Económico do Meio Ambiente O porquê da Valorização Ambiental Como vimos em tudo o que para trás

Leia mais

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO PROF. ME. RAFAEL HENRIQUE SANTIN Este texto tem a finalidade de apresentar algumas diretrizes para

Leia mais

4. Conceito de Paralisia Cerebral construído pelos Professores

4. Conceito de Paralisia Cerebral construído pelos Professores 4. Conceito de Paralisia Cerebral construído pelos Professores Como descrevemos no capitulo II, a Paralisia Cerebral é uma lesão neurológica que ocorre num período em que o cérebro ainda não completou

Leia mais

Filosofia Prof. Frederico Pieper Pires

Filosofia Prof. Frederico Pieper Pires Filosofia Prof. Frederico Pieper Pires Teoria do conhecimento - David Hume e os limites do conhecimento Objetivos Compreender as principais escolas da teoria do conhecimento da modernidade. Discutir a

Leia mais

AULA 17 MEDIUNIDADE NAS CRIANÇAS E NOS ANIMAIS

AULA 17 MEDIUNIDADE NAS CRIANÇAS E NOS ANIMAIS Às vezes, as manifestações mediúnicas que a criança apresenta são por causa das perturbações no ambiente do lar. Neste caso, o recomendável é atende-la com assistência espiritual, passes (para não favorecer

Leia mais

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+ I - A filosofia no currículo escolar FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1 Daniel+Durante+Pereira+Alves+ Introdução O+ ensino+ médio+ não+ profissionalizante,+

Leia mais

Na classificação dos sistemas filosóficos...

Na classificação dos sistemas filosóficos... Fernando Pessoa Na classificação dos sistemas filosóficos... Na classificação dos sistemas filosóficos temos a considerar duas coisas: a constituição do espírito e a natureza da ideação metafísica. O espírito

Leia mais

Empreenda! 9ª Edição Roteiro de Apoio ao Plano de Negócios. Preparamos este roteiro para ajudá-lo (a) a desenvolver o seu Plano de Negócios.

Empreenda! 9ª Edição Roteiro de Apoio ao Plano de Negócios. Preparamos este roteiro para ajudá-lo (a) a desenvolver o seu Plano de Negócios. Empreenda! 9ª Edição Roteiro de Apoio ao Plano de Negócios Caro (a) aluno (a), Preparamos este roteiro para ajudá-lo (a) a desenvolver o seu Plano de Negócios. O Plano de Negócios deverá ter no máximo

Leia mais

Segredos dos Psicotécnicos para quem não quer ser surpreendido neste volume:

Segredos dos Psicotécnicos para quem não quer ser surpreendido neste volume: Segredos dos Psicotécnicos para quem não quer ser surpreendido www.psicotecnicos.navig8.to www.psicotecnicos.prv.co.il www.psicotecnicos.ezdn.cc www.psicotecnicos.135.it www.psicotecnicos.has.it www.psicotecnicos.hit.to

Leia mais

Aula 4 Estatística Conceitos básicos

Aula 4 Estatística Conceitos básicos Aula 4 Estatística Conceitos básicos Plano de Aula Amostra e universo Média Variância / desvio-padrão / erro-padrão Intervalo de confiança Teste de hipótese Amostra e Universo A estatística nos ajuda a

Leia mais

LONDRES Reunião do GAC: Processos Políticos da ICANN

LONDRES Reunião do GAC: Processos Políticos da ICANN LONDRES Reunião do GAC: Processos Políticos da ICANN e Responsabilidades do interesse público em relação aos Direitos Humanos e Valores Democráticos Terça feira, 24 de junho de 2014 09:00 a 09:30 ICANN

Leia mais

Motivação. Robert B. Dilts

Motivação. Robert B. Dilts Motivação Robert B. Dilts A motivação é geralmente definida como a "força, estímulo ou influência" que move uma pessoa ou organismo para agir ou reagir. De acordo com o dicionário Webster, motivação é

Leia mais

PROLEGÓMENOS Uma corrente literária não passa de uma metafísica.

PROLEGÓMENOS Uma corrente literária não passa de uma metafísica. António Mora PROLEGÓMENOS Uma corrente literária não passa de uma metafísica. PROLEGÓMENOS Uma corrente literária não passa de uma metafísica. Uma metafísica é um modo de sentir as coisas esse modo de

Leia mais

A Maquina de Vendas Online É Fraude, Reclame AQUI

A Maquina de Vendas Online É Fraude, Reclame AQUI A Maquina de Vendas Online É Fraude, Reclame AQUI Muitas pessoas me perguntam se a maquina de vendas online é fraude do Tiago bastos funciona de verdade ou se não é apenas mais uma fraude dessas que encontramos

Leia mais

Preparação do Trabalho de Pesquisa

Preparação do Trabalho de Pesquisa Preparação do Trabalho de Pesquisa Ricardo de Almeida Falbo Metodologia de Pesquisa Departamento de Informática Universidade Federal do Espírito Santo Pesquisa Bibliográfica Etapas do Trabalho de Pesquisa

Leia mais

O Determinismo na Educação hoje Lino de Macedo

O Determinismo na Educação hoje Lino de Macedo O Determinismo na Educação hoje Lino de Macedo 2010 Parece, a muitos de nós, que apenas, ou principalmente, o construtivismo seja a ideia dominante na Educação Básica, hoje. Penso, ao contrário, que, sempre

Leia mais

1. A corrida de vetores numa folha de papel.

1. A corrida de vetores numa folha de papel. 1. A corrida de vetores numa folha de papel. desenhando a pista. o movimento dos carros. o início da corrida. as regras do jogo. 2. A corrida no computador. o número de jogadores. o teclado numérico. escolhendo

Leia mais

Guia de utilização da notação BPMN

Guia de utilização da notação BPMN 1 Guia de utilização da notação BPMN Agosto 2011 2 Sumário de Informações do Documento Documento: Guia_de_utilização_da_notação_BPMN.odt Número de páginas: 31 Versão Data Mudanças Autor 1.0 15/09/11 Criação

Leia mais

1.1. O que é a Filosofia? Uma resposta inicial. (Objetivos: Conceptualizar, Argumentar, Problematizar)

1.1. O que é a Filosofia? Uma resposta inicial. (Objetivos: Conceptualizar, Argumentar, Problematizar) INICIAÇÃO À ATIVIDADE FILOSÓFICA 1.1. O que é a Filosofia? Uma resposta inicial (Objetivos: Conceptualizar, Argumentar, Problematizar) As primeiras perguntas de qualquer estudante, ao iniciar o seu estudo

Leia mais

Resolução de sistemas lineares

Resolução de sistemas lineares Resolução de sistemas lineares J M Martínez A Friedlander 1 Alguns exemplos Comecemos mostrando alguns exemplos de sistemas lineares: 3x + 2y = 5 x 2y = 1 (1) 045x 1 2x 2 + 6x 3 x 4 = 10 x 2 x 5 = 0 (2)

Leia mais

Etimologia Honesto vem do latim honestus que se dizia de alguém honrado ou respeitado. Refere-se diretamente a dignidade, reputação de alguém.

Etimologia Honesto vem do latim honestus que se dizia de alguém honrado ou respeitado. Refere-se diretamente a dignidade, reputação de alguém. Cap. 2. 11-12 Sermão manhã IBFé 29Nov2015 Pr. Cantoca Introdução: O Apóstolo Pedro vai se tornar mais prático ainda em sua carta com relação a como devemos nos comportar durante nossa peregrinação / treinamento

Leia mais

As decisões intermédias na jurisprudência constitucional portuguesa

As decisões intermédias na jurisprudência constitucional portuguesa As decisões intermédias na jurisprudência constitucional portuguesa MARIA LÚCIA AMARAL * Introdução 1. Agradeço muito o convite que me foi feito para participar neste colóquio luso-italiano de direito

Leia mais

Lista 1 para a P2. Operações com subespaços

Lista 1 para a P2. Operações com subespaços Lista 1 para a P2 Observação 1: Estes exercícios são um complemento àqueles apresentados no livro. Eles foram elaborados com o objetivo de oferecer aos alunos exercícios de cunho mais teórico. Nós sugerimos

Leia mais

Um jogo de preencher casas

Um jogo de preencher casas Um jogo de preencher casas 12 de Janeiro de 2015 Resumo Objetivos principais da aula de hoje: resolver um jogo com a ajuda de problemas de divisibilidade. Descrevemos nestas notas um jogo que estudamos

Leia mais

Unidade 5: Sistemas de Representação

Unidade 5: Sistemas de Representação Arquitetura e Organização de Computadores Atualização: 9/8/ Unidade 5: Sistemas de Representação Números de Ponto Flutuante IEEE 754/8 e Caracteres ASCII Prof. Daniel Caetano Objetivo: Compreender a representação

Leia mais

GRUPO 1 (ADMINISTRAÇÃO)

GRUPO 1 (ADMINISTRAÇÃO) UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS COMISSÃO PERMANENTE DE PROCESSO SELETIVO Câmpus Universitário Caixa Postal 3037 37200-000 Lavras (MG) VESTIBULAR - PAS 3ª ETAPA 30 de Novembro de 2008 SEGUNDA FASE - QUESTÕES

Leia mais

Curvas em coordenadas polares

Curvas em coordenadas polares 1 Curvas em coordenadas polares As coordenadas polares nos dão uma maneira alternativa de localizar pontos no plano e são especialmente adequadas para expressar certas situações, como veremos a seguir.

Leia mais

As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira 1º Ano do Ensino Médio

As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira 1º Ano do Ensino Médio As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira 1º Ano do Ensino Médio Tomás de Aquino (1221-1274) Tomás de Aquino - Tommaso d Aquino

Leia mais

Donald Davidson e a objetividade dos valores

Donald Davidson e a objetividade dos valores Donald Davidson e a objetividade dos valores Paulo Ghiraldelli Jr. 1 Os positivistas erigiram sobre a distinção entre fato e valor o seu castelo. Os pragmatistas atacaram esse castelo advogando uma fronteira

Leia mais

Densímetro de posto de gasolina

Densímetro de posto de gasolina Densímetro de posto de gasolina Eixo(s) temático(s) Ciência e tecnologia Tema Materiais: propriedades Conteúdos Densidade, misturas homogêneas e empuxo Usos / objetivos Introdução ou aprofundamento do

Leia mais

OTZ CHIIM. Pequena Introdução à Árvore da Vida e sua relações na A..A..

OTZ CHIIM. Pequena Introdução à Árvore da Vida e sua relações na A..A.. 1 of 8 OTZ CHIIM Níveis de Consciência, Esferas de Existência, Planos Mentais a Árvore da Vida (ou Otz Chiim em hebraico) possui inúmeras definições e várias obras foram escritas em cima de seus conceitos

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Departamento de Patologia Básica Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Departamento de Patologia Básica Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Departamento de Patologia Básica Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia (TÍTULO DO PROJETO) Mestrando/Doutorando: Orientador:

Leia mais

COMO TER TEMPO PARA COMEÇAR MINHA TRANSIÇÃO DE CARREIRA?

COMO TER TEMPO PARA COMEÇAR MINHA TRANSIÇÃO DE CARREIRA? COMO TER TEMPO PARA COMEÇAR MINHA TRANSIÇÃO DE CARREIRA? Um guia de exercícios para você organizar sua vida atual e começar a construir sua vida dos sonhos Existem muitas pessoas que gostariam de fazer

Leia mais

Objetivo do trabalho 4

Objetivo do trabalho 4 CC-226 Introdução à Análise de Padrões Prof. Carlos Henrique Q. Forster Instruções para Trabalho 4 Objetivo do trabalho 4 Relatar os resultados obtidos no trabalho 3 e estendidos na forma de escrita científica

Leia mais

UFMG - 2004 4º DIA FILOSOFIA BERNOULLI COLÉGIO E PRÉ-VESTIBULAR

UFMG - 2004 4º DIA FILOSOFIA BERNOULLI COLÉGIO E PRÉ-VESTIBULAR UFMG - 2004 4º DIA FILOSOFIA BERNOULLI COLÉGIO E PRÉ-VESTIBULAR Filosofia Questão 01 Leia este trecho:... aquele que não faz parte de cidade alguma [ápolis], por natureza e não por acaso, é inferior ou

Leia mais

A Morfologia é o estudo da palavra e sua função na nossa língua. Na língua portuguesa, as palavras dividem-se nas seguintes categorias:

A Morfologia é o estudo da palavra e sua função na nossa língua. Na língua portuguesa, as palavras dividem-se nas seguintes categorias: MORFOLOGIA A Morfologia é o estudo da palavra e sua função na nossa língua. Na língua portuguesa, as palavras dividem-se nas seguintes categorias: 1. SUBSTANTIVO Tudo o que existe é ser e cada ser tem

Leia mais

Fração como porcentagem. Sexto Ano do Ensino Fundamental. Autor: Prof. Francisco Bruno Holanda Revisor: Prof. Antonio Caminha M.

Fração como porcentagem. Sexto Ano do Ensino Fundamental. Autor: Prof. Francisco Bruno Holanda Revisor: Prof. Antonio Caminha M. Material Teórico - Módulo de FRAÇÕES COMO PORCENTAGEM E PROBABILIDADE Fração como porcentagem Sexto Ano do Ensino Fundamental Autor: Prof. Francisco Bruno Holanda Revisor: Prof. Antonio Caminha M. Neto

Leia mais

PROJETO DE LEI Nº 8.272/2014

PROJETO DE LEI Nº 8.272/2014 COMISSÃO DE VIAÇÃO E TRANSPORTES PROJETO DE LEI Nº 8.272/2014 (Apenso: Projeto de Lei nº 108, de 2015) Cria o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) e acrescenta dispositivos

Leia mais

UMA TOPOLOGIA POSSÍVEL DA ENTRADA EM ANÁLISE 1

UMA TOPOLOGIA POSSÍVEL DA ENTRADA EM ANÁLISE 1 UMA TOPOLOGIA POSSÍVEL DA ENTRADA EM ANÁLISE 1 Celso Rennó Lima A topologia..., nenhum outro estofo a lhe dar que essa linguagem de puro matema, eu entendo por aí isso que é único a poder se ensinar: isso

Leia mais

CAPÍTULO 6 Termologia

CAPÍTULO 6 Termologia CAPÍTULO 6 Termologia Introdução Calor e Temperatura, duas grandezas Físicas bastante difundidas no nosso dia-a-dia, e que estamos quase sempre relacionando uma com a outra. Durante a explanação do nosso

Leia mais

Capítulo 15: TÉCNICAS PARA UMA ENTREVISTA DE TRABALHO

Capítulo 15: TÉCNICAS PARA UMA ENTREVISTA DE TRABALHO Capítulo 15: TÉCNICAS PARA UMA ENTREVISTA DE TRABALHO 15.1 Como se Preparar para as Entrevistas É absolutamente essencial treinar-se para as entrevistas. Se você não praticar, poderá cometer todos os tipos

Leia mais

Manifeste Seus Sonhos

Manifeste Seus Sonhos Manifeste Seus Sonhos Índice Introdução... 2 Isso Funciona?... 3 A Força do Pensamento Positivo... 4 A Lei da Atração... 7 Elimine a Negatividade... 11 Afirmações... 13 Manifeste Seus Sonhos Pág. 1 Introdução

Leia mais

Avaliação - Teoria do Conhecimento

Avaliação - Teoria do Conhecimento 1 Avaliação - Teoria do Conhecimento Professor Gabriel Goldmeier 1. Descartes abre as Meditações, sua obra filosófica máxima, dizendo que: Há já algum tempo eu me percebi que, desde meus primeiros anos,

Leia mais

Citação e Indiscernibilidade de Idênticos. Citação e indiscernibilidade de idênticos

Citação e Indiscernibilidade de Idênticos. Citação e indiscernibilidade de idênticos Citação e Indiscernibilidade de Idênticos Citação e indiscernibilidade de O nosso problema é agora o seguinte Haverá Contra-exemplos à Indiscernibilidade de Idênticos? Dividimos este problema em dois (a)

Leia mais

Introdução. instituição. 1 Dados publicados no livro Lugar de Palavra (2003) e registro posterior no banco de dados da

Introdução. instituição. 1 Dados publicados no livro Lugar de Palavra (2003) e registro posterior no banco de dados da Introdução O interesse em abordar a complexidade da questão do pai para o sujeito surgiu em minha experiência no Núcleo de Atenção à Violência (NAV), instituição que oferece atendimento psicanalítico a

Leia mais

FAZEMOS MONOGRAFIA PARA TODO BRASIL, QUALQUER TEMA! ENTRE EM CONTATO CONOSCO!

FAZEMOS MONOGRAFIA PARA TODO BRASIL, QUALQUER TEMA! ENTRE EM CONTATO CONOSCO! FAZEMOS MONOGRAFIA PARA TODO BRASIL, QUALQUER TEMA! ENTRE EM CONTATO CONOSCO! DEFINIÇÃO A pesquisa experimental é composta por um conjunto de atividades e técnicas metódicas realizados para recolher as

Leia mais

CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS MEDITAÇÕES METAFÍSICAS CARTESIANAS

CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS MEDITAÇÕES METAFÍSICAS CARTESIANAS UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CEDUC: CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA MARIA ALIETE COLAÇO CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS MEDITAÇÕES METAFÍSICAS

Leia mais

5 Instrução e integração

5 Instrução e integração SEÇÃO 5 Instrução e integração no meio de trabalho Quando um novo funcionário entra para uma organização, é importante que ele receba um bom apoio para entender sua função e a organização. Instrução é

Leia mais

CRISTO E SCHOPENHAUER: DO AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO À COMPAIXÃO COMO FUNDAMENTO DA MORAL MODERNA

CRISTO E SCHOPENHAUER: DO AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO À COMPAIXÃO COMO FUNDAMENTO DA MORAL MODERNA CRISTO E SCHOPENHAUER: DO AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO À COMPAIXÃO COMO FUNDAMENTO DA MORAL MODERNA JÉSSICA LUIZA S. PONTES ZARANZA 1 WELLINGTON ZARANZA ARRUDA 2 1 Mestranda em Filosofia pela Universidade

Leia mais

Falso: F = Low voltage: L = 0

Falso: F = Low voltage: L = 0 Curso Técnico em Eletrotécnica Disciplina: Automação Predial e Industrial Professor: Ronimack Trajano 1 PORTAS LOGICAS 1.1 INTRODUÇÃO Em 1854, George Boole introduziu o formalismo que até hoje se usa para

Leia mais

QUÍMICA POR QUE ESTUDAR QUÍMICA?

QUÍMICA POR QUE ESTUDAR QUÍMICA? QUÍMICA POR QUE ESTUDAR QUÍMICA? A Química contribui para a melhora da qualidade de vida das pessoas, se souber usá-la corretamente. Nosso futuro depende de como vamos usar o conhecimento Químico. A química

Leia mais

por séries de potências

por séries de potências Seção 23: Resolução de equações diferenciais por séries de potências Até este ponto, quando resolvemos equações diferenciais ordinárias, nosso objetivo foi sempre encontrar as soluções expressas por meio

Leia mais