DECISÃO. Vistos etc. Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D.

Transcrição

1 AC no /001 1 DECISÃO Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira APELAÇÃO CÍVEL No /001 RELATORA: Desa. Maria das Neves do Egito de A. D. Ferre'rá APELANTE: Maria do Socorro Barbosa da Silva ADVOGADOS: Caio Graco Coutinho e outros APELADO: Generino Barbosa da Silva ADVOGADO: Severino Badu de Araújo APELAÇÃO Ch/. AÇÃO RESCISÓRIA DE PARTILHA. TERMq INICIAL DA CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA QUE A HOMOLOGOU. PROCESSO EXTEMPORÂNEO. APLICAÇÃO DO ART. 269, IV, DO CPC. SENTENÇA CORRETA. RECURSO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. ART. 557 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. O prazo de dois anos para a propositura da ação rescisória de partilha conta-se do trânsito em julgado da sentença que a homologou, resultado a que se chega pela exegese conjunta dos artigos 495 e 1030 do Código de Processo Civil. Precedentes jurisprudenciais. Vistos etc. MARIA DO SOCORRO BARBOSA DA SILVA interpôs apelação cível contra SEVERINO BARBOSA DA SILVA, objetivando reformar sentença que julgou reconheceu a decadência para o ajuizamento da ação rescisória de inventário.

2 AC no /001 A decisão hostilizada contém a seg inte ementa: Da ação rescisória em inventário Da preliminar de decadência arguida pela parte ré na peça contestatória e alegações finais. Acolhimento. Procedente a preliminar de decadência ao direito de ação, pleiteado pela parte ré em sua peça contestatória e alegações finais, indefere-se a petição inicial e, consequentemente, julga-se extinto o processo, com julgamento de mérito, com base no art. 269, IV, do CPC. (fls. 155) A recorrente aduziu que a ação rescisória fora ajuizada pelo fato de ter o apelado omitido "a inclusão de bens de propriedade da genitora da apelante no processo de inventário do qual fora inventariante, induzindo esta a erro quando da realização do formal de partilha" (fls. 172). Em razão disso, a apelante propugna a tese de que o prazo para a propositura da presente ação fluiria de quando teve ciência do sobredito vício, o que ocorreu em meados de Contrarrazões às fls. 184/187. Parecer da Procuradoria de Justiça (fls. 196/202) pelo desprovimento do recurso. É o relatório. Decido. O prazo de dois anos para a propositura da ação rescisória de partilha conta-se do trânsito em julgado da sentença que a homologou, resultado a que se chega pela exegese conjunta dos artigos 495 e 1030 do Código de Processo Civil. Nesse sentido, cito precedentes: AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE PARTILHA AMIGÁVEL. HERDEIRO PRETERIDO. INTELIGÊNCIA DO ART DO CPC. REMEDIUM IURIS APROPRIADO: AÇÃO DE NULIDADE DE PARTILHA E DE PETIÇÃO DE HERANÇA. AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL - ADEQUAÇÃO. DECADÊNCIA. PRAZO BIENAL QUE SE CONTA DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO, INDEPENDENTEMENTE DE TER O

3 AC no /001 3 PROPONENTE P CIPADO OU NÃO DA RELAÇÃO JURÍDICO-PRO SSUAL. INDEFERIMENTO DA INICIAL (CPC, RT. 490, I, C/C O 295, III E IV). 1 AÇÃO RESCISÓRIA PARTILHA DE BENS - HOMOLOGAÇÃO - VIOLAÇÃO A DISPOSITIVO LEGAL - ART. 485, V, CPC - DECADÊNCIA - PRAZO BIENAL. De acordo com o art. 495 do CPC, o direito de propor ação rescisória se extingue em dois anos, contados do trânsito em julgado da decisão rescindenda. Interposta a ação rescisória, após decorrido o prazo bienal, deve ser extinto o processo, tendo em vista a decadência do direito do autor. Decadência acolhida. Processo extinto.' Na espécie, tendo o trânsito em julgado da sentença hostilizada ocorrido em 05 de outubro de 1999 (fls. 48), mostra-se extemporânea a ação rescisória proposta no ano de 2005, razão por que deve a sentença ser mantida. Além disso, na esteira do parecer ministerial, a título de obiter dictum, saliento a impropriedade da via eleita. Como bem registrou o pronunciamento do Parquet, "o cerne da questão diz respeito ao intento da autora da ação rescisória de ver refeito o formal de partilha (fls. 44/45), nos termos do art. 1030, do CPC, em virtude de omissão de bem imóvel (localizado no loteamento Verdejante) por ato do recorrido (fls. 25/26), senhor Generino Barbosa da Silva" (fls. 198). Nessa perspectiva, tratando-se de sonegação de bem imóvel do processo de inventário, correto seria proceder-se à sobrepartilha, descabendo invocar-se a ação rescisória para tal desiderato. A propósito, eis o que disp5em os artigos e do Estatuto Processual: Art Ficam sujeitos à sobrepartilha os bens: I - sonegados; II - da herança que se descobrirem depois da partilha; III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa; 1 TJSC, Processo , Relator: Cesar Abreu, Data de Julgamento: 18/04/2002, Segunda Câmara de Direito Civil. 2 TJMG, Número do processo: /000(1), Numeração Única: , Relator: Des. (a) EVANGELINA CASTILHO DUARTE, Data do Julgamento: 10/02/2009, Data da Publicação: 03/04/2009.

4 AC no /001 4 IV - situados m lugar remoto da sede do juízo onde se processa o in entário. Parágrafo único. Os bens mencionados nos ns. III e IV deste artigo serão reservados à sobrepartilha sob a guarda e administração do mesmo ou de diverso inventariante, a aprazimento da maioria dos herdeiros. Art Observar-se-á na sobrepartilha dos bens o processo de inventário e partilha. Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança. 010 que: No que toca à sobrepartilha, elucida JOSÉ DA SILVA PACHECO A admissão da sobrepartilha visa a não retardar a partilha dos bens líquidos e certos já inventariados, por terem sido prontamente encontrados e permitir que se continue a apurar os ilíquidos, os remotos e os litigiosos, além de eventuais sonegados. Aliás, como dizia Clóvis Bevilaqua, estes 'e os que se descobrirem depois da partilha constituem um novo acervo de bens que, por dolo ou ignorância, deixaram de ser inventariados e partilhados com os outros', fazendo-se a distribuição deles em sobrepartilha. (...) A sobrepartilha, pois, nada mais é do que a partilha adicional, sucessiva ou posterior, com a finalidade de distribuir os bens omitidos na anteriormente realizada no processo de inventário, integrando-se, como a primeira, neste processo. 3 Hamilton de Moraes e Barros consignóu que "é, em conclusão, objeto de sobrepartilha todo e qualquer bem do espólio que deveria ter vindo à partilha e não veio, qualquer que seja a causa dessa omissão, ou retardamento". 4 A respeito da controvérsia, o ST3 assim se manifestou: SEPARAÇÃO - PARTILHA - BENS NÃO ARROLADOS. HIPÓTESE QUE NÃO JUSTIFICA A RESCISÓRIA, DEVENDO-SE PROCEDER À SOBREPARTILHA. 5 3 in Inventários e Partilhas na Sucessão Legítima e Testamentária, 18a ed., Forense, pág Comentários ao CPC, Forense, ia ed., IX vol, p REsp 95452/BA, Rel. Ministro EDUARDO RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/06/1996, DJ 26/08/1996, p

5 AC no /001 5 No mesmo sentido, cito outro pr edente: APELAÇÃO C$'E AÇÃO DE ANULAÇÃO DE PARTILHA. SOBREPAR1IL a DE BEM. PROVA DA PROPRIEDADE. AUSÊNCIA OVEL DOADO À FILHA. MOTIVO DA NÃO INCLUSÃ NA PARTILHA. DESCABIMENTO DA PRETENSÃO. - A sonegação de determinado bem na partilha não enseja a anulação do ato, podendo ser feita a sobrepartilha na forma do art. 1040, I, do CPC. - Cabe ao pleiteante justificar a não-inclusão do imóvel na partilha se declara que na época da separação tinha ciência de sua aquisição. - Demonstrado que não houve ocultação da existência do bem, deve ser acolhida a alegação da exesposa,no sentido de que as partes convencionaram que o apartamento seria doado à filha do casal, constando nos autos boletos relativos a prestações do imóvel, emitidos em nome da descendente. 6 O recurso, portanto, é manifestamente improcedente, razão pela qual nego-lhe seguimento, o que faço com base no art(557 do CPC. Intimações necessárias. Cumpra-se. João Pessoa/PB, 08 de nov bro de Desa. Maria das N do Egito de A. D. ferreira LATORA 6 T3MG, Processo no (1), Rel. Des. HELOISA COMBAT, j. 13/11/2007.

6 Tigtal1A16E JUSTIÇA Coordenadoria Judiciária Noitt ~In