INFORMÁTICA E EDUCAÇÃO : PARA UMA BOA INFORMÁTICA EDUCATIVA, UM BOM PEDAGOGO
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- Júlio Barreto Leal
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1 INFORMÁTICA E EDUCAÇÃO : PARA UMA BOA INFORMÁTICA EDUCATIVA, UM BOM PEDAGOGO Jorge, A. M. UEM alinemjorge@hotmail.com Eixo Temático: Didática: Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo Uma sociedade em constante mudança traz consigo também constantes desafios à Educação. O advindo das novas tecnologias faz com que seja necessária a antecipação e, até mesmo, a promoção destas como respostas imediatas a este ritmo acelerado de informações. Dentre as novas tecnologias, uma das mais significativas, senão a mais significativa é o computador. Isto porque, vem se tornando uma valiosa ferramenta pedagógica no auxílio à construção do conhecimento pelos alunos. A abordagem teórica apóia-se em Seymour Papert que [...] fundamentando-se na teoria construtivista de Piaget, define o termo construcionismo para a construção do conhecimento do aluno por meio do computador (PENATI, 2005, p.33). Segundo Papert (1988) a criança, auxiliada pelas interações com o mundo e as relações afetivas vinculadas, faz suas próprias construções cognitivas e é valendo-se da relação amigável que as crianças têm com o computador que ele [...] propõe-se a explicar as relações aprendiz-computador para produzir o máximo de aprendizagem com o mínimo de ensino (PENATI, 2005, p.33). No contexto histórico atual, o computador tem se mostrado cada vez mais presente na vida das pessoas. Ao se preparar as crianças para tomarem parte deste novo modelo de sociedade, é preciso incluir a matéria Informática no currículo escolar. No artigo que se segue, discute-se que ao ensinar as crianças a lidarem com esta nova tecnologia, é importante fazê-lo concomitantemente à matéria trabalhada em sala de aula e que os professores, ao contrário de resistir em se aperfeiçoar, devem visualizá-la como um instrumento muito valioso à educação. Para tanto, será utilizada a metodologia de pesquisa bibliográfica acerca da proposta pedagógica que fundamenta a construção do conhecimento pelo aluno com o professor no papel de facilitador deste processo e pretende-se com este que os professores deixem de lado paradigmas educacionais para aderirem de fato à nova demanda educacional. Palavras-chave: 1 Educação. 2 Informática. 3 Crianças. 4 Currículo escolar. 5 Demanda Educacional. Introdução
2 7420 No presente artigo, discute-se a importância da informática na Educação nos tempos atuais. Com seus percalços e contribuições para a aprendizagem na sociedade que, para Teruya (2006), é a Sociedade do Conhecimento. Segundo ela, entramos em uma Era onde não mais é suficiente dominar conhecimentos sobre determinado elemento ou procedimento e sentir-se garantido para uma vida. Na sociedade que nos é apresentada e na qual nos encontramos inseridos, o maior valor está naquele que utiliza das informações já absorvidas para fazer relações e utilizá-las para aprender muitas outras mais. O cenário que vislumbramos dispõe de inúmeros elementos tecnológicos com a função de agilizar tarefas, encurtar distâncias e reduzir o tempo gasto na execução. O computador é o principal, ou melhor, o centro destes elementos. Mudam as necessidades, muda a visão de Mundo, mudam também as expectativas para os novos profissionais. E qual a principal instituição incumbida de preparar os indivíduos para o Mundo? A Escola. Será demonstrado aqui a necessidade de se inserir os alunos, o mais cedo possível, no uso dos computadores já que podem ser elementos pedagógicos presentes no dia-a-dia como a matemática, o português e as ciências e que se relacionam entre si. Porém, ao mesmo tempo que a lei se preocupa em colocar os alunos em contato com as novas tecnologias, ela limita a ação dos professores com a obrigação de seguir planejamentos, diretrizes e currículos. Seymour Papert (1994) estabelece o termo construcionismo para designar uma abordagem educacional que nega a instrução como feita e acabada sem variações de metodologias e enfoca a atenção na construção do conhecimento pelo aluno e o professor com o papel de facilitador deste processo no ambiente informatizado. O presente artigo objetiva, portanto, discutir o desenvolvimento de uma prática pedagógica neste ambiente informatizado para que o aluno construa seu conhecimento com o professor no papel de facilitador deste processo. E, com isso, demonstrar aos professores das séries iniciais do ensino fundamental a importância em se aperfeiçoarem nesta área para atender às necessidades dos alunos e o quão isto se tornou fundamental na vida escolar e social destes alunos. Corroborando a idéia de que não é necessário um instrutor de informática para tal tarefa, e sim, um professor capacitado em Pedagogia que o possibilite atuar em ambiente informatizado.
3 7421 Para Uma Boa Informática Educativa, Um Bom Pedagogo A utilização de computadores na educação é tão remota quanto o advento comercial dos mesmos. Esse tipo de aplicação sempre foi um desafio para os pesquisadores preocupados com a disseminação dos computadores na nossa sociedade (VALENTE). No Brasil, a utilização da informática aplicada à educação, segundo o livro do projeto EDUCOM (Educação com computador), se deu no início da década de 1970, tendo como pioneiras a universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Estadual de Campinas (UNICAMP) e Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Que foram as entidades responsáveis pelas primeiras investigações sobre o uso de computadores na educação brasileira motivadas pelos acontecimentos mundiais e experiências como a dos Estados Unidos e França. Segundo ALTOÉ (2005), as primeiras iniciativas se deram a partir de discussões relacionadas ao uso de computadores no ensino, em um seminário de ensino de física, em 1971, na Universidade de São Carlos no estado de São Paulo e, posteriormente, nas primeiras demonstrações do uso do computador na educação, em 1973, na I Conferência Nacional de Tecnologia Aplicada ao Ensino Superior, no Rio de Janeiro. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, inclusive, foi a primeira a ter atividades sistematizadas com o auxílio de computadores. Em 1973, o Núcleo de Tecnologia Educacional para a saúde (NUTES) e o Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional (CLATES), utilizaram-se deles para o desenvolvimento de simulações que avaliavam formativa e somativamente os alunos da disciplina de Química. Na UFRGS, no mesmo ano, o computador era utilizado como recurso auxiliar do professor no ensino e na avaliação, sustentadas por diferentes bases teóricas e linhas de ação desenvolvidas com alunos de graduação e pós-graduação em Educação (ALTOÉ, 2005). Efetivamente, um ambiente informatizado de aprendizagem começou a se tornar presente nas salas de aula brasileiras a partir da criação do projeto Educom Educação com computadores criado pelo governo Central, dentro da política modernizante então vigente no país ( ), e como iniciativa de reconhecimento da informática como ferramenta de apoio às mais variadas atividades da sociedade que emergia por meio da criação de centros-piloto.
4 7422 A partir de então, cada vez mais, um número maior e mais variado de funções, antes realizadas pelo ser humano, estão sendo facilitados pelos computadores. O computador também aproxima pessoas que estão distantes e imediatizam serviços que dependiam de tempo para serem concluídos. A implementação do computador no cotidiano das pessoas causou uma mudança de conceitos à sociedade atual. E a mudança da sociedade - e as relações existentes nela - implicam também a necessidade de mudanças na educação. O tipo de homem necessário para a sociedade de hoje é diferente daquele aceito em tempos passados (ALTOÉ, 2006). Nesse contexto, aquele que não atende a estas demandas atuais é, automaticamente, excluído deste meio que busca pessoas ativas, inovadoras e autônomas sustentadas pelo novo paradigma do aprender a aprender. O lema aprender a aprender e ao longo da vida já é um consenso nos programas de capacitação e treinamento em serviço. Contraditoriamente, a nova base tecnológica, sob as relações capitalistas, tem significado uma negação da possibilidade de vida e da natureza humana pela negação da distribuição de riqueza, muito embora detenha uma virtuosidade de melhoria da vida humana. (TERUYA, 2006, p.24) Contudo, não se pode deixar de observar que a sociedade passa por mudanças de tempos em tempos e, já é consenso que não há como resistir aos avanços e surgimento de novos paradigmas, haja vista eles nos atropelam e quem não está preparado fica pra traz numa seleção natural pós-moderna. Para garantir aos futuros cidadãos igual acesso ao modelo de sociedade contemporâneo já existe uma preocupação em inserir o aprendizado com os computadores no ambiente escolar. A possibilidade do uso do que Papert(1994) chama de máquina do conhecimento na educação de fato é uma realidade cada vez mais presente nas escolas brasileiras segundo orientações dos próprios Parâmetros Curriculares Nacionais: Não basta visar à capacitação dos estudantes para futuras habilitações em termos das especializações tradicionais, mas antes trata-se de ter em vista a formação dos estudantes em termos de sua capacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas competências, em função de novos saberes que se produzem e demandam um novo tipo de profissional, preparado para poder lidar com novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos ritmos e processos. Essas novas relações entre
5 7423 conhecimento e trabalho exigem capacidade de iniciativa e inovação e, mais do que nunca, aprender a aprender. Isso coloca novas demandas para a escola. A educação básica tem assim a função de garantir condições para que o aluno construa instrumentos que o capacitem para um processo de educação permanente. (BRASIL 1998) Sendo assim, é de comum acordo que os meios tecnológicos e, principalmente o computador, devem estar ao alcance de todos os alunos da educação básica, que compreende desde a 1ª série do ensino fundamental até o último ano do ensino médio segundo o próprio PCN, bem como a sua instrumentalização apreensão das funções e ferramentas - necessária. Por conseguinte, esbarramos em outros empecilhos que impedem a sua plena execução: 1) nem todos os cidadãos brasileiros em idade escolar de fato freqüentam a escola; 2) mesmo para os que freqüentam, deve-se considerar outros fatores externos limitantes do pleno aprendizado como, por exemplo, a vivência. Já previstos no PCN, estes fatores são determinantes para o nível de aprendizado do aluno e, talvez mais ainda, na assimilação de novas tecnologias. Não é novidade pra ninguém que o aluno com maiores condições financeiras tem também maior acesso às novas tecnologias e, conseqüentemente, mais contato com elas e mais facilidade em aprender e lidar com as mesmas. Tudo isto dito anteriormente nos remete a um agravante de proporções incalculáveis, algo que Libâneo(2005) se refere como exclusão digital quando deveria ser inclusão digital, mas que não será aprofundado neste trabalho por ser o objetivo tratar, justamente, do oposto. As preocupações em propor este trabalho estão alicerçadas em fatos irreparáveis, fatos estes que trazem a necessidade da instrumentalização nos computadores o mais cedo possível para preparar os alunos para competirem igualmente no mercado de trabalho e, até mesmo, simplesmente exercerem sua cidadania. Instrumentalização consiste em colocar o aluno em contato com as ferramentas disponíveis ao se utilizar estas máquinas. Para tanto, parte-se aqui do princípio de que não basta apenas ensinar a usar as ferramentas disponíveis em um computador ao aluno e acreditar que o preparou de maneira eficiente. Fosse assim, correr-se-ia o risco de voltar ao já experimentado método tecnicista cujos meios não trazem contribuições para a discussão proposta. Papert(1994) usa o termo Construcionismo quando compara o ato de letrar a criança no uso desta tecnologia ao método Construtivista de Jean Piaget, pois acredita que a criança constrói o seu conhecimento no ambiente virtual e, neste processo, também acaba por
6 7424 incorporar elementos que a tornará apta para resolver problemas do dia a dia e em sala de aula. A intermediação do professor neste processo torna-se fundamental para direcionar os conteúdos e demonstrar onde e como procurar assuntos relevantes para o entendimento de conteúdos dados em sala de aula. Desta forma, a proposta apresentada aqui é demonstrar aos professores das séries iniciais o quão importante se tornou o que pode-se chamar Letramento Digital na vida escolar e social dos alunos. Entendendo que há certa resistência dos mais tradicionais em reciclarem seus conceitos e se aperfeiçoarem. Mas, se não o fizerem, estes alunos buscarão de alguma maneira que pode não ser a mais indicada. E para os que apresentam empecilhos de ordem financeira e de capacidades, estejam estes conscientes de que existem programas gratuitos e intuitivos as próprias crianças sabem utilizar. Justifica-se este pelo fato de as escolas estarem vinculadas a diretrizes e planejamentos que, de certa forma, limitam a autonomia em se inovar as metodologias e, portanto, seriam estas tentativas de se implantar o construcionismo nas possibilidades apresentadas. Ressaltando que a proposta oportuniza o aprofundamento de conhecimentos de intervenções dentro da perspectiva construcionista e da atuação do professor e do próprio aluno no ambiente informatizado e na construção do conhecimento. REFERÊNCIAS ALTOÉ, Anair; SILVA, Heliana da. O Desenvolvimento Histórico das novas tecnologias e seu emprega na Educação. In: ALTOÉ, Anair; COSTA, MARIA Luiza Furlan; TERUYA, Teresa Kazuco. Educação e Novas Tecnologias. Maringá: Eduem, 2005, p BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais Brasília: MEC/SEF, LIBÂNEO, José C.. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 9. ed. São Paulo (SP): Cortez Editora, v p. PAPERT, S. A Máquina das Crianças; repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994 PENATI, Marisa M. Construindo a prática pedagógica em uma perspectiva construcionista com alunas do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual de Maringá.
7 7425 TERUYA, T. K. Trabalho e Educação na Era Midiática. 1. ed. Maringá: Eduem, p.
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