SETIS- III Seminário de Tecnologia Inovação e Sustentabilidade 4 e 5 de novembro de 2014.
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- Maria da Assunção Caetano Fernandes
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1 Metodologia de desenvolvimento de software de baixa complexidade: estudos iniciais Juliana da Rosa Dias Renan Alberto de Souza Resumo: Esse artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de metodologia variante de duas outras, que seja aplicável ao desenvolvimento de software de baixa complexidade. A metodologia proposta se baseia em metodologias difundidas e na conceituação de termos chaves para o gerenciamento de projetos de software. Como resultado procura-se evidenciar um método adequado as necessidades de um desenvolvedor de software considerado de baixa complexidade. Palavras-chave: Metodologia. Software. Desenvolvimento. Complexidade. 1 Introdução Enquanto as abordagens descritas na literatura, com suas diversas metodologias e artefatos, sobre o desenvolvimento de software permitir que seja possível abstrair, melhorar, aprimorar ou customizar as técnicas de desenvolvimento padrão, é necessário à busca de uma mescla de processos já conhecidos em prol da agilidade. Este artigo, não tem como foco, abranger sobre todas as possibilidades, mas sim, focar em um método simplificado para o bom desenvolvimento de softwares de baixa complexidade. Para Bruyne et. al. (1977) a metodologia é a sequência lógica dos procedimentos científicos. Como base para este estudo, serão combinadas as metodologias propostas por EUAX (2011) e proposta por Martins (2010). Enquanto, a primeira tem o corporativo como cerne de seu público-alvo, o segundo tem a equipe de gerenciamento de software como foco. Apesar das diferenças, uma combinação das duas metodologias pode contribuir para uma metodologia híbrida adequada para projetar um software de baixa complexidade considerando a necessidade de documentação e atividades do desenvolvimento para a qualidade do produto final. Entende-se que o atendimento aos stackholders sem sobrecarregar a equipe de desenvolvimento com inúmeras reuniões, permitirá uma maior agilidade sem a perda de qualidade quando da entrega do produto. O desafio deste artigo está em formatar uma metodologia voltada a baixa complexidade, onde busca-se o que seria essencial ao 142
2 projeto, sem um descarte prévio do que não seria aderente ao mesmo, como em outras metodologias. 2 Revisão da literatura 2.1 Análise de requisitos de projetos de software Segundo Software Engeneering Institute (SEI) citado por Tonsig (2008, p.65), desenvolvimento de software é uma forma de engenharia que aplica os princípios da Ciência da Computação e Matemática para alcançar soluções com melhor custobenefício para o problema do software. Atualmente Tonsig (2008) classifica os tipos de software pelos seguintes grupos: Software básico Interage com o hardware, exemplo sistemas operacionais; Software aplicativo Utiliza o software básico para funções específicas, exemplo aplicativo de jogos; Software embutido Inseridos num hardware, assumindo a responsabilidade da operacionalidade, exemplo micro-ondas. Os três grandes grupos definidos anteriormente, por si só, não os caracterizam como software de alta ou baixa complexidade. Para esta análise, o contexto da situação problema, alinhados a expectativas dos envolvidos é que determinará a sua complexidade Desenvolvimento de software A lógica determina que a construção ou desenvolvimento de software depende, inicialmente, de uma proposta específica, geralmente, tida como situação-problema. O simples saber e a busca requisito de como resolver o problema, segundo Tonsig (2008, p.77) é a primeira etapa para o desenvolvimento, também contempladas de projeto/desenvolvimento e implantação/manutenção. Os modelos que Tonsig (2008), cita de desenvolvimento são resumidamente: 143
3 Modelo Balbúrdia Modelo onde apenas o efeito é buscado sem nenhum cuidado com as interdependências do software; Modelo Cascata Modelo onde à sequência impera e ao fim de uma etapa, se inicia a próxima; Modelo Incremental Modelo onde permite a subdivisão de atividades e que estas possam ocorrer em paralelo; Modelo Prototipação Permite uma interação maior do utilizador com o desenvolvimento, já que não se aguarda toda a finalização para implementação; Modelo Espiral Modelo segregado em quatro etapas, a cada novo desenvolvimento: planejamento, busca de alternativas, desenvolvimento e validação; Modelos Mistos ou Genéricos Modelos onde há uma derivação dos modelos já citados para uma melhor adequação da metodologia. A metodologia de desenvolvimento de software aplicativo proposto neste trabalho será utilizando os modelos mistos ou genéricos, também conhecidos como modelos híbridos Regra de negócios Segundo Gottesdiener (1999, apud BEZZERA, 2007, p. 85): regras do negócio são políticas, condições ou restrições que devem ser consideradas na execução dos processos existentes em uma organização. A regra de negócio é um termo associado na fase inicial, tida como levantamento de requisitos ou escopo do projeto conforme complexidade do projeto e tem como função determinar a forma com a qual a empresa ou organização trabalha. Requisitos estes, que podem ser redundantes ou não, nas atividades padrões de levantamento de requisitos. Um documento pode ser formulado nesta etapa efetuando a conexão da regra de negócio, com o escopo do projeto, o exemplo abaixo é a sugestão feita por Bezerra (2007, p.86): Figura 1: Quadro de Regras de Negócios. 144
4 Nome Quantidade de inscrições possíveis (RN01) Descrição Um aluno não pode se inscrever em mais de seis disciplinas por semestre letivo. Fonte Coordenador da escola de informática Histórico Data de identificação: 12/07/2014 Fonte: Bezerra (2007, p.86) Este documento cita qual regra de negócio 01 o novo software deve respeitar. Cita quem determinou a regra e em que momento, para caso o escopo seja alterado, se tenha o controle das alterações. Detalhes intrínsecos nem sempre são percebidos pelos analistas de requisitos, já que estes nem sempre detêm a vivência teoria/prática no processo do cliente/utilizador, com isso, o aprimoramento permitirá complementar a técnica de levantamento requisitos Técnicas de levantamento de requisitos Para que um escopo de projeto possa ser devidamente levantado, algumas técnicas podem ser aplicadas. Tonsig (2008, p. 129) as identifica como sendo: Aplicação de questionários Perguntas pertinentes à pesquisa; Cenários participativos Reunião com participantes do processo; Entrevistas Perguntas verbais pertinentes à pesquisa; Observação Participação via observação do problema; As técnicas em conjunto ou isoladamente, podem trazer uma maior qualidade e atenção aos detalhes pouco esclarecidos ou não esclarecidos pelo cliente/utilizador do software. O que para um desenvolvimento de baixa complexidade, poderá se tornar o diferencial do atendimento pleno de todos os requisitos, inclusive o tempo de entrega. A devida utilização das técnicas de levantamento de requisitos, sempre dependerá da situação-problema, haja vista que, situações recorrentes não necessitam de uma nova geração de requisitos, apenas uma aplicação do escopo. Cabe ao analista, saber definir se a situação realmente é recorrente ou não. 145
5 2.1.4 Escopo do projeto Escopo de projeto é a definição das fronteiras da solicitação de desenvolvimento, também exemplificadas como objetivos. Quanto mais detalhado e preciso o levantamento do escopo, menor a probabilidade de erros de desenvolvimento, documentação e implantação. A primeira atividade de gerência de projetos deve ser o estabelecimento de um conjunto claro de objetivos e requisitos iniciais do projeto. [...] Deve haver uma definição clara da abrangência do software que será desenvolvido, estabelecendo-se as necessidades de recursos para uma estimativa assertiva de custo. (TONSIG, 2008, p. 97). Durante a fase de criação do escopo, outros dois conceitos são e devem ser amplamente utilizados, requisitos funcionais e não funcionais. Formalmente, um requisito é uma condição ou capacidade que deve ser alcançada ou possuída por um sistema ou componente deste para satisfazer um contrato, padrão, especificação ou outros documentos formalmente impostos. (Maciaszek (2000), citado por BEZZERA, 2007, p.22) Bezzera (2007, p.23) ainda classifica os requisitos conforme definições abaixo: Requisitos Funcionais Determinam o que o software deve conter, com base na necessidade da empresa/utilizador; Requisitos Não-Funcionais Determinam o que o software deve conter para que se torne utilizável. O desenvolvimento de software aplicativo de baixa complexidade proposto neste artigo, não está ligado à supressão em prol da agilidade, mas sim, na análise crítica para utilização dos artefatos chaves em busca de uma metodologia madura e moldável, permitindo assim que seja flexível e profissional. Com isto, a análise da gerência de projeto é que definirá os documentos pertinentes ao projeto, mas apesar da baixa complexidade recomenda-se sempre que possível à documentação dos requisitos funcionais a fim de quantificar os requisitos que devem obrigatoriamente serem atendidos. 146
6 Juntamente, com o escopo do projeto, é natural que diversos outros documentos sejam gerados a fim de documentar e nortear ações futuras, como planilha de recursos humanos, que poderá identificar os recursos colaboradores envolvidos no projeto Desenvolvimento ágil Além do gerenciamento do desenvolvimento de software, a agilidade deve também ser aplicada durante a implementação. Segundo o Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de Software (Pressman, 2011, p. 81), onde estes conceituam agilidade como: Indivíduos e interações acima de processos e ferramentas; Software operacional acima de documentação completa; Colaboração dos clientes acima da negociação contratual; Respostas a mudanças acima de seguir um plano. O manifesto apesar de sugerir a prática dos itens a esquerda, não obriga a quebra de processos, ele busca a obtenção dos resultados perante a burocratização dos métodos tradicionais de desenvolvimento. Sendo este o foco deste trabalho, alguns conceitos chaves na agilidade deste processo se tornam obrigatórios, já que somente o conhecimento das opções poderá gerar a melhor escolha. Alguns dos modelos citados por Pressman (2011, p ) para o desenvolvimento ágil são: Extreme Programming (XP); Envolve quatro atividades metodológicas: planejamento, projeto, codificação e testes, pois possui uma abordagem orientada a objetos como paradigma de desenvolvimento mais aplicado; Industrial XP; É uma variação da XP, e é usado especificamente para o fim organizacional; Desenvolvimento de Software Adaptativo (Adaptive Software Development, ASD); Baseia-se na colaboração humana e autoorganização das equipes, onde tem por fases especulação, colaboração e aprendizagem; 147
7 Scrum; Tem como método a utilização das seguintes atividades: requisitos, análise, projeto, evolução e entrega. Estas atividades ocorrem dentro de um Sprint ou conjunto de ações; Crystal; Busca a agilidade através da adaptabilidade de processos e/ou atividades outrora efetivos. Por este trabalho ser introdutório, aos conceitos, técnicas e processos de desenvolvimento de software é relevante frisar que o uso de um ou outro método dependerá da análise da gerencia de projetos, alinhando diversos conhecimentos (experiência prévia, prazo de entrega, expectativas), buscando sempre o método que melhor se adequa ao projeto. 3 Procedimentos metodológicos Para o desenvolvimento deste artigo realizou-se uma pesquisa bibliográfica, considerando os conceitos de projeto com o enfoque em desenvolvimento de software de baixa complexidade, onde um ou mais atributos do gerenciamento podem ser ignorados perante análise do nível de sua complexidade. Para propor uma metodologia híbrida, levou-se em consideração, atender a todos os envolvidos no desenvolvimento (clientes e a equipe responsável pelo projeto), com agilidade nos processos, e riqueza nos detalhes necessários para o cumprimento pleno dos requisitos, gerando desta forma, documentação consistente e coesa. Para tanto, entendeu-se como software de baixa complexidade a ausência de artefatos como, linguagem de programação orientada a objetos, necessidade de utilização de todos os artefatos da Unified Modeling Language (UML), desenvolvimento de longo prazo, complexo banco de dados (diversos relacionamentos entre as tabelas) ou até mesmo material humano alocado em quantidade reduzida. 3.1 Resultados Método Elaborado Por EUAX O estudo dos procedimentos que englobam o gerenciamento de projeto tem por objetivo a definição e refinamento do planejamento e das etapas necessárias para 148
8 atender aos requisitos do projeto. Para EUAX (2011, p ) este estudo pode ser resumido nas seguintes atividades e documentos, conforme figura 2: Figura 2: Quadro representativo da metodologia EUAX Fonte: EUAX (2011, p ) As atividades propostas por EUAX (2011), muitas das vezes, exigem que uma ou mais pessoas sejam necessárias para permitir a criação ou definição de atividades ou documentos. Além disto, a metodologia proposta, não necessariamente garante o sucesso ou insucesso do projeto, pois, mais documentos ou atividades podem ser utilizados. Metodologia proposta por Martins (2010) Literaturas mais recentes e mais específicas já trazem uma definição de etapas mais detalhadas do gerenciamento de projetos, buscando aprimorar e refinar ainda mais, tendo como foco a baixa complexidade de algumas aplicações. O modelo conhecido como Work Breakdown Structure (WBS), no Brasil, conhecido como Estrutura Analítica do Projeto (EAP) segundo Martins (2010, p. 235), visa ser um norteador para a questão. O escopo de cada fase deriva dos objetivos da fase e estes, por sua vez, são a base para a definição do escopo das iterações. O WBS pode ser definido em quatro níveis: fases, iterações, artefatos e tarefas resumo. As atividades que serão desempenhadas em cada iteração dependem dos objetivos. (MARTINS, 2010, p.229) 149
9 O modelo proposto por Martins (2010, p. 235) considera procedimentos, tempo e esforço, conforme figura 3: Figura 3: Quadro representativo da metodologia proposta por Martins. Fonte: Martins (2010, p. 229). Observa-se quatro grandes grupos de procedimentos: concepção, elaboração, construção e transição. As etapas e documentos gerados por cada um dos grupos dependerá da complexidade da aplicação. A complexidade proposta pode ser definida através de vários fatores, como por exemplo: pouco conhecimento técnico, baixo tempo da maturação do projeto até a sua entrega, a não necessidade de artefatos complexos computacionais (como banco de dados, hardware específico, entre outros). 3.2 Hibridismo das ações a partir das características O modelo proposto neste estudo tem por objetivo atender a documentação mínima buscando o bom andamento do gerenciamento do desenvolvimento de projetos de software. Este modelo contempla uma mescla das duas metodologias demonstradas, buscando alinhar agilidade com excelência na execução. Para que tal objetivo seja sempre atendido buscando o menor esforço possível, conforme, modelo abaixo, onde os modelos de Euax e Martins são usados como base. 150
10 Enquanto Martins descreve as fases em concepção, elaboração, construção e transição, entende-se que as fases podem ser reduzidas a planejamento, desenvolvimento e entrega. Com isto, as etapas de concepção e elaboração foram mescladas em planejamento, construção se denomina desenvolvimento e transição em entrega. Para também atender a parte documental e corporativa, a sugestão das atividades propostas por Euax, na fase de planejamento como detalhamento de escopo, desenvolvimento de estimativas e cronograma são atividades e documentos gerados no planejamento, que permitirão nortear e mapear riscos do projeto. Por consequência, é proposta a criação dos documentos de requisitos, Estrutura Analítica de Projetos (EAP) e cronograma. Apesar da planilha de risco permitir antecipar falhas e propor ações corretivas à análise do benefício a cada caso que irá incluí-la ou não como documento necessário. Figura 4: Fluxograma proposto para o gerenciamento de projetos de baixa complexidade. Fonte: Os Autores (2014) As etapas são segregadas conforme suas cores predominantes, sendo: planejamento para a cor azul, desenvolvimento para a cor verde, entrega para amarelo. Destaca-se na proposta, e evidenciação da importância da relação entre cliente e desenvolvedor para definição dos requisitos a partir da regra de negócios. A partir do aceite do cliente há a construção da documentação do software assim como o seu desenvolvimento. Quadro 1- Características da metodologia proposta Fase Procedimentos Documentos Entrevista com o cliente Situação-problema Levantamento de requisitos Esboço de regras de negócio e levantamento de 151
11 Planejamento Desenvolvimento Validação com equipe de projeto Definição de cronograma e estimativas Aceite do cliente Programação requisitos Escopo do Projeto de acordo com os prazos Documentação do software (desenho rico, especificação de requisitos, regras de negócio, diagrama de caso de uso, especificação de caso de uso) Documentação de testes Validação dos requisitos Entrega Manual do sistema Termo de encerramento de projeto Fonte: Os autores (2014) Entende-se que softwares de baixa complexidade, com os documentos e procedimentos associados, podem ser aplicáveis em diferentes situações. Para validação ou reestruturação desta proposta, faz-se necessário a sua evidenciação no desenvolvimento de diferentes softwares. 4. Considerações finais A tarefa de quantificar e mensurar uma metodologia que possa ser declarada como uma solução universal, para atendimento dos mais variados requisitos e expectativas se torna nula. Pois, a quantificação destes dois atributos é subjetiva apesar de serem quantificados ao máximo possível. Por isso, teve-se como foco, a exposição de informações baseadas em duas metodologias existentes, abstraindo-as a sua essência, mas, permitindo que todos os envolvidos saibam, claramente, seus direitos e deveres. Deve-se considerar que este estudo apresenta uma proposta. A validação da metodologia carece de aplicação em diferentes projetos de software considerando a característica aqui indicada como de baixa complexidade. Assim, como proposta de estudos futuros, está consolidação do método proposta a partir da sua aplicação. Referências BEZZERA, Eduardo. Princípios de análise e projeto de sistemas com UML:2.ed.Rio de Janeiro: Editora Elsevier,
12 BRUYNE, Paul de; HERMAN, Jacques; SCHOUTHEETE, Marc de. Dinâmica da Pesquisa em Ciências Sociais: os polos da prática metodológica: 2.ed. Rio de Janeiro:Trad. Ruth Joffily. Livraria Francisco Alves, EUAX Consultoria em Projetos e Processos. Metodologia para Gestão de Projetos. Joinville:EUAX,2011. MARTINS, José Carlos Cordeiro. Gerenciamento de projetos de desenvolvimento de software com PMI, RUP e UML: 5.ed. Rio de Janeiro: Editora Brasport, TONSIG, Sérgio Luiz. Engenharia de Software: Análise e Projeto de Sistemas: 2.ed. São Paulo: Editora Ciência Moderna,
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