5 th Brazilian Conference of In form ation Design
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1 CIDI TH CIDI 5TH InfoDesign 6TH CONGIC 6 th Inform ation Design International Conference 5 th Brazilian Conference of In form ation Design 6 th Inform ation Design Student Conference Blucher Design Proceedings May 2014, Vol. 1, Num. 2 Aprendendo a ler com design Learning to read with design Weberth José de S. Freitas, Heliana Soneghet Pacheco Design, educação, pedagogia e ensino Este trabalho é resultado de uma pesquisa que embasou a produção de um objeto para auxiliar professores no ensino da alfabetização aos seus pequenos alunos. Com esse objetivo, pesquisas e testes foram realizados com os usuários a fim de avaliar melhor o funcionamento e desempenho de alguns métodos de ensino já existentes. Desse modo, por meio de avaliações dos testes e de um embasamento bibliográfico, algumas características consideradas importantes para o ensino da alfabetização foram adotadas e o objeto proposto tomou forma. O artefato produzido já vem ajudando as crianças a aprenderem a escrever seus nomes, as letras, pequenos nomes, e elaborarem pequenos textos, nessa ordem de importância. Design, education, pedagogy and teaching This paper is a result of research on the production of an object now in use to assist teachers in teaching literacy to their pupils. With this objective, research and testing were conducted together with users, in order to better assess the operation and performance of some existing teaching methods. Thus, through evaluation of tests and an analysis of the literature, some characteristics considered important for teaching literacy were adopted and the proposed object took shape. The artifact produced is already helping children to learn to write their names, letters, some words and develop a few texts, in that order of importance. 1 Introdução Este trabalho tem como tema o design gráfico no processo de alfabetização infantil. Objetivouse desenvolver um artefato que auxiliasse na alfabetização de crianças e estudou-se assuntos relacionados ao design gráfico inseridos no processo de alfabetização infantil. O local escolhido para o estudo e desenvolvimento do projeto foi a Creche Escola Criarte, em Vitória (ES), classe do Grupo 5 (crianças entre 4 e 5 anos). Trata-se da série antecessora ao primeiro ano, antigo pré-escola. É nessa fase da escola que as crianças tem os primeiros contatos com o aprendizado da leitura, seguindo uma didática escolar. 2 Propósito Da percepção de uma demanda nos métodos de alfabetização, é que parte a proposta de elaboração de um objeto que auxiliasse na alfabetização de crianças. Procurou-se não apenas a resolução do problema de um grupo, mas, sim, encontrar uma maneira de tornar lúdico, envolvente e eficaz o processo de alfabetização. O ensinamento que já é aplicado foi repensado, para ensinar as crianças os primeiros passos no letramento, escrita e leitura onde se usou a técnica de investigação (Marconi e Lakatos, 2007). Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação 5º InfoDesign Brasil 6º Congic Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Sociedade Brasileira de Design da Informação SBDI Recife Brasil 2013 Proceedings of the 6 th Information Design International Conference 5 th InfoDesign Brazil 6 th Congic Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Sociedade Brasileira de Design da Informação SBDI Recife Brazil 2013 Freitas, Weberth José de S.; Pacheco, Heliana Soneghet Aprendendo a ler com design. In: Coutinho, Solange G.; Moura, Monica; Campello, Silvio Barreto; Cadena, Renata A.; Almeida, Swanne (orgs.). Proceedings of the 6th Information Design International Conference, 5th InfoDesign, 6th CONGIC [= Blucher Design Proceedings, num.2, vol.1]. São Paulo: Blucher, ISSN , ISBN DOI
2 3 Abordagem A metodologia básica aplicada a esse projeto foi a do Design Social (Pacheco, 1996). O trabalho se inicia com a busca por um lugar onde crianças fossem alfabetizadas. Depois procurou-se um interlocutor e uma interação para desenvolvimento do projeto. Inicialmente foi solicitado à escola um documento que destacava os Objetivos da linguagem escrita na escola Criarte para o ano letivo que eram os seguintes: Vivenciar situações de uso da escrita cotidianamente, bem como manuseio de livros, revistas e outros portadores de texto; Representar graficamente a escrita: do nome, de palavra, texto; Estimular a etapa anterior. As características de ensino da escola, segundo a professora da classe, L. A., era construtivista e seguia a linha de estudos de Jean Piaget. Atentando a isso foi priorizado o estudo construtivista e a averiguação dessas características para produção de algo relacionado a uma realidade de regras pedagógicas já existentes. Desse modo temos os seguintes preceitos que pontuam uma escola Piagetiana: 1. Não ensine, mas provoque a atividade da criança 2. Levem as crianças a discutirem entre si a situação proposta e respeite suas conclusões, mesmo que erradas 3. Não trabalhem na base da linguagem 4. Não prestigie a memorização: o melhor resultado é o que demostrar a capacidade de inventar e descobrir 5. Comporte-se como técnico do time de futebol: estimule, sugira, critique, mas não jogue 6. Usem como material o que existir no mundo da criança 7. Sempre que a criança superar um patamar, complexifique a situação 8. Na alfabetização utilizem as marcas e logotipos que estão espalhados pela cidade e são utilizados no dia dia da família 9. Organizar as crianças em grupos deixando que elas criem as regras de convivência 10. Levem as crianças a compreender o que fizeram quer a atividade seja motora, verbal ou mental (Lima, 1984a: 70). Iniciou-se, então, uma pesquisa sobre os assuntos escrita, tipografia e pedagogia para embasar teoricamente o projeto. No desenvolvimento do projeto, foram analisados brinquedos pedagógicos e tarefas feitas pelas crianças, observando desenhos utilizados, recursos gráficos, exercícios feitos, potencialidades da turma, dentre outras (figura 1). 2 Figura 1: Exemplo de brinquedo pedagógico e tarefa analisados. (Crédito fotos: Weberth Freitas)
3 3 Quanto a tipografia, as crianças foram submetidas a testes de reconhecimento de várias tipografias. Foram esntregues a elas 9 folhas, com letras e palavras (figura 2). Figura 2: Exemplo da folha de teste. (Crédito foto: Weberth Freitas) Em cada folha o objetivo era que as crianças reconhecessem letras. As letras solicitadas foram: c, n, p, v, S, O, U, P, A. Essa escolha foi baseada nas primeiras letras do gráfico de derivação de arquétipos, segundo Buggy (2007, apud, Farias, 2000: 39). Percebeu-se que as crianças, apesar de reconhecerem as letras individualmente, têm dificuldade de encontrá-las dentro de palavras e que fazem confusão entre letras semelhantes, derivadas do mesmo arquétipo (figura 2). Após essa etapa de testes concluiu-se que as crianças reconhecem com maior facilidade os tipos linear e manual e viu-se que seria bom trabalhar com tipografia linear em módulos, a partir do gráfico de arquétipos. Definiu-se trabalhar, também, com as imagens relacionadas ao cotidiano da criança para reforçar a característica construtivista e observou-se que a escrita poderia se desenvolver a partir de frases sobre uma situação cotidiana. Alternativas foram geradas e testadas a partir dessas observações. São elas: Tipografia modular, Teste da prancha, Teste dos desenhos e Teste dos frases. Tipografia modular No teste da tipografia modular, foram levadas em conta as letras caixa-alta e sem serifa, pois, para Emília Ferreiro (1996), começar a alfabetização com sem serifa, é uma tentativa de respeitar a sequência do desenvolvimento visual e motor da criança. Já para projetar os módulos uma referência foi o gráfico de derivação de arquétipos de Buggy (2007, apud, Farias, 2000: 39). Procurou-se criar um padrão de reconhecimento entre as letras (Heiglinter, 2009). Observou-se que as crianças tem mais facilidade de desenhar letras lineares e, a partir de então, foi feito o teste com os módulos e pedido que cada criança montasse uma das seguintes letras: S O H P V A G Q M R Y K Z J
4 A escolha dessas letras partiu do critério de uma representante de cada grupo no gráfico de arquétipos. A cada letra solicitada era mostrado o desenho da letra montada com os módulos. As crianças contavam quantos pauzinhos pequenos e quantas curvinhas tinham cada letra depois pegavam as peças olhavam para o desenho e montavam. Figura 3: Teste da tipografia modular. (Crédito fotos: Weberth Freitas) 4 Teste da prancha Usando-se uma prancha com palavras e desenhos, três níveis de complexidade foram testados. No primeiro, a criança somava módulos para elaboração de letras e letras para composição de palavras (Heiglinter, 2009). Já no segundo nível, quadrados com desenhos relacionados ao universo da criança foram inseridos na faixa superior da prancha. No terceiro, os desenhos permanecem na faixa superior, para montagem de uma sequência que fizesse sentido para elaboração de uma frase (Soares, 2004). Figura 4: Teste da prancha. (Crédito foto: Weberth Freitas) Teste dos desenhos Quanto aos testes dos desenhos, os que mais despertaram interesse foram os estilos mais simplificados e com características humanas, mesmo quando eram inanimados.
5 Figura 5: Desenhos testados com as crianças. O avião representa a característica escolhida. (Crédito: Apropriação de ilustraçãoes retiradas da internet para uso de referência nos testes) 5 Teste das frases Para o teste das frases, a tarefa proposta para as crianças consistia em usar as letras modulares e desenhos. O diferencial era que as crianças deveriam escrever frases simples, usando a ideia de junção de imagens, para em seguida escrever as frases a lápis num papel (Soares, 2014). Como resultado, apenas um aluno conseguiu escrever uma frase, o restante apenas copiava ou escrevia frases sem sentido. Entretanto errar para Piaget faz parte do processo de aprendizagem. Por esse motivo, e pela importância dessa etapa para o aprendizado, ela foi considerada. Como conclusão dos testes, percebeu-se que a proposta poderia manter a ideia de tentativa de escrita manual pelas crianças e que o professor poderia montar uma frase e as crianças deveriam escrevê-la, trabalhando de forma colaborativa. 4 Resultado O objeto resultante é uma prancha sobre a qual se realiza atividades com gradativo grau de complexidade para que, conforme Lima (1984a: 70), a criança não se especialize na solução obtida. A prancha tem duas estruturas de encaixe de letras e desenhos que, somadas a uma tipografia modular desenvolvida, auxiliam no aprendizado da alfabetização em 3 etapas:
6 Figura 6: Objeto final com prancha e caixas para guardar a tipografia modular, as imagens das letras modulares montadas e as ilustrações. A direita na parte inferior está repetida a imagem das caixas numa vista superior com elas abertas. (Crédito fotos: Weberth Freitas) 6 1. Montar, sobre a parte inferior de uma prancha metálica, os módulos que unidos formam letras, feitos de material magnético. Na parte superior é encaixada uma imagem de uma letra, já montada, para servir de modelo. O processo de leitura da criança inicia-se justamente por somar módulos para elaboração de letras e letras para composição de palavras (Heiglinter, 2009). 2. Quadrados com desenhos relacionados ao universo da criança são inseridos na faixa superior da prancha, caracterizando o oitavo preceito da escola Piagetiana (Lima, 1984a: 70). Na faixa inferior do objeto, as crianças inserem imagens de letras modulares, impressas sobre quadrados de madeira, para formar palavras. 3. Os desenhos permanecem na faixa superior, para montagem de uma sequência que faça sentido para elaboração de uma frase. Exercício de letramento: compreensão e elaboração da escrita (Soares, 2004). Na faixa inferior da prancha, é encaixado um pedaço de PVC, sobre o qual é escrito manualmente, à tinta fácil de se apagar, a frase.
7 7 Figura 7: Objeto final em uso sendo experimentado em sala de aula. (Crédito fotos: Weberth Freitas) Em teste por 6 meses, observou-se que o uso da prancha esteve de acordo com os testes. Apenas, neste período, as etapas se perderam porque as crianças utilizavam sozinhas sem a instrução da professora, caracterizando, entretanto, o segundo preceito que pontua uma escola Piagetiana, para o qual as crianças devem ter espaço para suas próprias conclusões. 5 Considerações finais O objeto desenvolvido com as crianças do grupo 5 obteve o êxito esperado do fácil manusear, do entendimento correto das letras e atividades propostas e do desenvolvimento de autonomia das crianças, uma característica construtivista abordada. Quanto ao auxílio na alfabetização, observa-se uma familiaridade com as letras, palavras e frases, muito maiores nas crianças do que se viu nos momentos iniciais do projeto. Observou-se que o uso de módulos foi de extrema importância para a sensação de se aprender brincando, como preconiza o primeiro preceito que pontua uma escola Piagetiana. Referências ALBANI DIAS, Janaína; BROGNI DA SILVA, Renata. In: < 3/4/2011. BUGGY, Leonardo A.C., O mecotipo: método de ensino de desenho coletivo de caracteres tipográficos. Recife: Edição do autor. DAMASCENO, Leonardo Graffius, Psicologia da Educação. Vitória: Neaad/Ufes. FERREIRO, Emília, Nova escola, São Paulo, Ed. Abril: 11. HEIGLINTER, Paulo, Cadernos de tipografia e design. 14ed. In: < 9/10/2012. LAKATOS, Eva Maria & Marconi, Marina de Andrade, Técnicas de pesquisa. 6.ed. São Paulo: Atlas. LIMA, Lauro. A obra de Lauro de Oliveira Lima Método Psicogenérico, In: < 7/ 11/ 2012 NIEMEYER, Lucy, 2006 Tipografia: uma apresentação. 4. ed. Rio de Janeiro: 2AB. PACHECO, H.S., O Design e o Aprendizado - Barraca: quando o designsocial deságua no desenho coletivo. Dissertação de mestrado. Departamento e Artes de Design, PUC, Rio de Janeiro. PINEL, Hiran, Psicologia da Educação. Vitória: Neaad/Ufes.
8 8 SOARES, Magda, Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação.---,---. Sobre os autores Weberth José de Souza Freitas, UFES, Brasil <weberthfsf@gmail.com> Heliana Soneghet Pacheco, PhD, UFES, Brasil < helianapac@gmail.com>
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