A Sala de Aula em Filmes: Lapidando a Formação Docente

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1 A Sala de Aula em Filmes: Lapidando a Formação Docente

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3 Lapidando a Formação Docente marcia de mattos Sanches

4 Conselho Editorial Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP contato@editorialpaco.com.br Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2014 Marcia de Mattos Sanches Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. Sa551 Sanches, Marcia de Mattos. A Sala de Aula em Filmes: Lapidando a Formação Docente/Marcia de Mattos Sanches. Jundiaí, Paco Editorial: p. Inclui bibliografia. ISBN: Ensino 2. Cinema 3. Propostas Pedagógicas 4. Exemplos Notáveis I. Sanches, Marcia de Mattos. CDD: 370 Índices para catálogo sistemático: Educação Pedagogia 370 Cinema Comunicação Cinematografia IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

5 Dedico este livro ao meu pai João Pachon (in memoriam), símbolo de garra e de luta pela vida. a Ottília (in memoriam), mais que mãe: uma amiga cujos laços de carinho e de compreensão fortificaram-se durante toda a minha trajetória até maio deste ano. Resta-me, agora, a imensa saudade. aos meus filhos Edson e Rafael, que dão sentido à vida e alegram a minha caminhada. O meu eterno carinho e agradecimento a Sidney Gomes de Azevedo, que me ensinou a ver a vida de forma mais suave e equilibrada, despertando em mim um olhar mais sensível e apurado para a construção deste estudo. Agradeço também a Cleide Rita Silvério de Almeida por ter acreditado em minha pesquisa e orientado-me com sabedoria e compreensão.

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7 Änïmä Lapidar minha procura, toda trama Lapidar o que o coração com toda inspiração Achou de nomear gritando... alma! Recriar cada momento belo já vivido e mais, Atravessar fronteiras do amanhecer, E ao entardecer olhar com calma e então Alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber Casa cheia de coragem, vida tira a mancha que há no meu ser Te quero ver, te quero ser Alma!... Viajar nessa procura toda de me lapidar nesse momento agora De me recriar, de me gratificar de custo alma, eu sei Casa aberta onde mora o mestre, o mago da luz, onde se encontra o templo Que inventa a cor animará o amor onde se esquece a paz Alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber Casa cheia de coragem, vida todo afeto que há no meu ser Te quero ver, te quero ser Alma!... (Música de Milton Nascimento e de José Renato. Álbum Travessia, 1999 (Disponível em: < br/#/letras-e-musicas/milton-nascimento/anima/ >. Acesso em: 15 jan. 2013)

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9 SUMÁRIO Apresentação...11 Prefácio...15 Introdução...19 Capítulo 1 A visão que desperta Do jogo de luzes e de sombras à descoberta da lanterna mágica A fotografia que aciona a imagem e o duplo Das invenções sobre imagens em movimento ao cinema O estado estético e os filmes...32 Capítulo 2 Caminhos que se cruzam...37 Sinopse do filme Sementes de Violência...41 Descrição tematizada do filme Sementes de Violência...43 Sinopse do filme Ao Mestre, com Carinho...56 Descrição tematizada do filme Ao Mestre, com Carinho...58 Sinopse do filme Mr. Holland, um Adorável Professor...78 Descrição tematizada do filme Mr. Holland, um Adorável Professor...80 Sinopse do filme Mentes Perigosas Descrição tematizada do filme Mentes Perigosas Sinopse do filme Música do Coração Descrição tematizada do filme Música do Coração Sinopse do filme Escritores da Liberdade Descrição tematizada do filme Escritores da Liberdade Sinopse do filme Entre os Muros da Escola Descrição tematizada do filme Entre os Muros da Escola Capítulo 3 A tessitura dos filmes e os complexos imaginários Reconhecendo as cegueiras do conhecimento O pessimismo que cega as ações pedagógicas O otimismo que desperta o saber Entrelaçando os conflitos com o aprender...191

10 2.1 A imposição versus o diálogo Relação professor/aluno: ações pedagógicas iniciais Relação aluno/professor: atitudes iniciais Refletindo sobre os temas ancorados em paradigmas tradicionais A compreensão e a consciência crítica Relação professor/aluno: novas práticas educativas Relação aluno/professor: novas atitudes Reflexões: reforma do pensamento Conectando os fios da tessitura fílmica: os complexos imaginários A noção de sujeito O cômputo e o cogito O egocentrismo e a subjetividade Os complexos imaginários e os professores espectadores Considerações a serem tecidas Referências...225

11 APRESEnTAÇÃO: TRÊS PRETEXTOS O livro que o leitor tem em mãos é fruto da conjunção de espíritos sensíveis e de intelectos afinados aos imperativos humanos e educacionais contemporâneos. Desta união resultou um trabalho acadêmico consistente e relevante, que se distingue por empregar produções fílmicas de grande sucesso como objeto de estudo e por se dirigir à comunidade com propriedade e simplicidade. Tais atributos já valeriam a leitura e o exame acurado do trabalho de Marcia de Mattos Sanches, orientado por Cleide Almeida, mas a produção bibliográfica que tenho o privilégio de apresentar vai além. Coloca-nos em presença de recortes de cenas cinematográficas que se assemelham às vividas na realidade das instituições educacionais e das salas de aulas desde sempre, envolvendo-nos projetivamente. Analisa as condições atemporais da escolarização, do ensino e da aprendizagem; da relação professor-aluno e suas implicações; das dificuldades enfrentadas no cotidiano educativo e da mediação de conflitos no encadeamento entre os propósitos anunciados para concretização da pesquisa e as observações das ocorrências escolares. Permite, ainda, uma ponderação dos sentidos e dos significados da condição humana manifestada por sentimentos e emoções ardentes e latentes presentes na vida, nos grupos sociais, nas culturas e subculturas expostos nos afetos, nas discriminações, nos preconceitos, nas exclusões e nos temores que instigam reflexões acerca das subjetividades e das ligações humanas. O texto transcende a localização, as épocas e as histórias individuais sem perder de vista o cunho teórico, que é provocativo, mobilizador e demanda a reavaliação do compromisso com a edu- 11

12 Marcia de Mattos Sanches cação, do fazer profissional, da conexão diária entre professores e alunos. E mais, sinaliza a fundamental reforma do pensamento, ancorada no pensamento complexo e nas principais conceituações de Edgar Morin, quando sugere a desconstrução do olhar consequencial, fragmentário e reducionista que trazemos como marca do pensamento clássico pela instalação de uma visão tradicionalista. As palavras de Marcia resumem esse estado de coisas: enquanto os professores estavam associados às práticas pedagógicas tradicionais e impositivas, respaldadas nas cobranças e na subjugação do potencial dos alunos, os comportamentos e as atitudes deles eram manifestados por meio da apatia, da agressividade física e verbal, às vezes, pautados pela extrema violência. (trechos extraídos da própria obra) A seleção cinematográfica é primorosa, e o primeiro filme Sementes de Violência, de 1957 por si só é um convite à sua retomada, seja pela data de realização ou pelo cultivo à fantasia acerca do respeito, da ética e da moral exercidos e praticados à época tanto pelos que ensinavam como pelos que aprendiam o valor disciplinar, aparentemente, distante de agressões físicas e verbais ou pela ingestão de drogas lícitas e ilícitas. Mas a força do exercício analítico e das indicações de utilização em sala de aula apresentados por Marcia são convocações ao resgate das imagens, pois oferecem outras possibilidades de apreensão e compreensão dos fatos. A presente obra se reveste de atributos expressivos que defrontam o educador preocupado com sua postura, com o ato formativo e com o desenvolvimento de seus alunos, configurando-se como alerta contra as limitações e os enrijecimentos do pensar decorrentes de pugnas impositivas e autoritárias calcadas na tradição que cindem e afastam o diferente e a diferença, e interceptam as ações pedagógicas. Com esse enfoque, esta obra desvia-se da armadilha de se constituir em um mero manual que 12

13 A Sala de Aula em Filmes indica modos de ser e fazer e revela-se como uma produção norteadora da qual podem se valer docentes, discentes, pais e quem se interesse por questões de ordem escolar e educacional, pois extrapola as fronteiras do acadêmico e caminha por vias poéticas, que encantam e mobilizam a reconsideração das práticas pedagógicas e dos cuidados para com o outro. Reafirmo e agradeço o privilégio de apresentar este livro e acrescento o prazer de retomar a leitura e o desejo que se constitua em sucesso. Elaine Teresinha Dal Mas Dias Professora doutora da Pós-graduação de Educação na Universidade Nove de Julho UNINOVE 13

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15 PREFÁCIO Prefaciar um livro move nossa sensibilidade, principalmente quando sua autora desenvolveu um projeto de investigação sob nossa orientação. É uma maneira de continuar o cultivo, participando, agora, de uma nova etapa. É cuidar de uma relação, de um trabalho e de uma dinâmica de ideias nos quais estivemos presentes. Este livro não só retrata o amadurecimento que a pesquisa possibilita, como também propõe uma tarefa de reflexão. O exercício da docência pode ser ampliado e repensado a partir desta provocação que Marcia de Mattos Sanches nos apresenta ao procurar um espaço de reflexão mais próximo dos professores, para compreender as situações vividas por eles em seu cotidiano de trabalho e aproximá-las dos sete filmes enfocados nesta obra. Para tanto, a autora escolheu películas que contam histórias baseadas em fatos reais e pinçou 91 aulas, para fundamentar a dinâmica do ensino educativo que não pretende apenas ministrar matéria ou empilhar conhecimento, mas desenvolver uma estratégia que pensa a formação dos alunos e busca compreender a condição humana. Vale observar que desenvolver estratégias implica atenção ao contexto e ao cenário onde a ação acontece, enquanto o programa está mais preocupado com seu cumprimento do que em fazer modificações diante do imprevisto. Como a pesquisa estava ancorada em um grupo que se dedica a estudar o pensamento complexo de Edgar Morin, a autora, preocupada com a qualidade do ensino, pautou a análise das aulas levando em consideração o contexto, os conflitos existentes, a dinâmica de enfrentamento das incertezas, a religação do conhecimento, o incentivo ao autodidatismo e a perspectiva de reforma do pensamento, temas presentes nesta abordagem teórica e lidos e discutidos nas reuniões do grupo. 15