Primeiramente, é importante não confundir "contrato da administração pública" com "contratos administrativos".
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- Yasmin Franco Festas
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1 Contratos administrativos Primeiramente, é importante não confundir "contrato da administração pública" com "contratos administrativos". Contratos da administração: A lei autoriza que o Estado celebre contratos regidos pelo direito privado no exercício de sua atividade ou contratos regidos pelo direito público. Todos eles ostentam a qualidade de "contratos da administração". Nos contratos de direito privado, o Estado não goza de prerrogativas de poder público, não obstante precise respeitar os requisitos e as limitações estipuladas na Lei 8.666/93. Ex.: contrato de compra e venda; contrato de locação (é civil, porém tem que ter prazo determinado e a prorrogação não pode ser tácita). IMPORTANTE: Os contratos da administração, ainda que privados, devem respeitar as regras da licitação. Contratos Administrativos: são aqueles que a Administração celebra sob o regime público, com todas as prerrogativas inerentes à condição de Estado. São regidas pela Lei 8.666/93, que estipula suas normas gerais. 1. Características dos Contratos Administrativos I. Comutativo: aquele que gera direitos e deveres previamente estabelecidos para ambas as partes, não havendo a submissão a álea por parte dos contratantes. Não há contratos sujeitos a risco no direito administrativo. (Oposto: contrato aleatório i ) II. Consensual: o simples consenso das partes já formaliza o contrato. Não se faz necessária a transferência do bem para ele se tornar perfeito. Nestes casos, a transferência do bem é simples consequência do contrato. (Oposto: contrato real ii ) No direito administrativo, o consenso do particular está estipulado no momento da abertura dos envelopes de documentação, na licitação. Para que haja consenso da administração, depende da celebração do contrato. III. Adesão: aqueles que não admitem a rediscussão de cláusulas contratuais. As cláusulas são impostas por uma das partes (poder público) e à outra parte (particular) cabe apenas aderir ou não à avença. IV. Formais: Todo contrato administrativo tem uma forma definida na lei, indispensável à sua regularidade. i Contrato aleatório: é aquele que, a depender da alea (=sorte, destino), uma das partes terá mais vantagem econômica do que a outra, como no seguro, jogo, loteria e aposta. ii Contrato real: São os que só se formam com a entrega efetiva da coisa, como no mútuo, no depósito ou no penhor.
2 A lei 8.666/93 (Art. 55) prevê a forma do contrato: Instrumento (ou termo) do contrato. Esta norma prevê todas as cláusulas necessárias à validade do contrato administrativo, sendo que a sua ausência gera o vício da forma: Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: I - o objeto e seus elementos característicos; II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso; V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica; VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas; VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas; VIII - os casos de recisão; IX - o reconhecimento dos direitos da administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta lei; X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso; XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor. XII - a legislação aplicavel à execução do contrato e especialmente aos casos omissos; XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação. 1º (Vetado) 2º Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no 6º do art. 32 desta lei. 3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou Município, as características e valores pagos, segundo o disposto no art. 63 da Lei n /64.
3 Interessante frisar que a lei diz que o instrumento de contrato (termo de contrato) só é obrigatório quando o seu valor exigir licitação na modalidade concorrência ou tomada de preço. Para contratos de valores mais baixos, pode ser dispensado o instrumento de contrato. Valores que tornam obrigatória licitação na modalidade tomada de preço ou na modalidade concorrência: - Obras: acima de R$ ,00 - Bens e serviços: acima de R$ ,00 Ex.: Contrato de obras no valor de 100 mil reais: pode fazer convite, mas também pode fazer concorrência --> o instrumento de contrato não é obrigatório, porque o valor admite a dispensa deste termo contratual. Ex.: Obra de 2 milhões e hipótese de dispensa --> é obrigatório instrumento de contrato, porque não importa se foi feita licitação concorrência, mas tão somente o valor do contrato. Para contratos de valores mais baixos não precisa seguir a forma estabelecida, podendo ser de forma mais simples: não precisa de instrumento de contrato propriamente dito. Nestes casos, a lei permite substituir o termo de contrato por: A) Carta contrato; B) Nota de empenho da despesa; C) Ordem de serviço; D) Autorização de compra. Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preço, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço. Apesar de se dispensar o termo de contrato, nota-se a necessidade de documentação do contrato, de alguma forma. Isto porque a legislação estabelece como regra que NÃO é possível contrato verbal da administração (é nulo e de nenhum efeito qualquer contrato verbal realizado pela Administração Pública). IMPORTANTE: Excepcionalmente se admite contrato verbal: compras que não ultrapassam 5% do valor do convite (4 mil reais) + desde que seja compra de pronta entrega e pronto pagamento. Isso significa que este contrato que não gera nenhuma espécie de obrigação futura.
4 Além da formalização, a publicação é indispensável à eficácia do contrato (publica-se um resumo/extrato do contrato). Prazo para a publicação: a administração pública deve providenciar a publicação do contrato até o 5º dia útil do mês seguinte ao da sua celebração, sendo que essa publicação deve acontecer, após as providências, no prazo máximo de 20 dias corridos. Esta é a interpretação que se deve ter do dispositivo legal para provas objetivas: a administração tem 2 prazos. O prazo de 20 dias é para que a publicação efetivamente aconteça. Caso a administração deixe de publicar o contrato, ele é válido; só não é eficaz. Não produz efeito porque a eficácia fica dependendo da publicidade do contrato. O contrato administrativo goza das prerrogativas concedidas ao Estado, em virtude da supremacia do interesse público sobre o privado. Tais garantias denominam-se cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos. 2. Cláusulas Exorbitantes: As cláusulas exorbitantes são assim designadas pelo fato de exorbitarem o direito privado e somente são aceitas em virtude da supremacia do interesse público. Estas cláusulas são implícitas em todos os contratos administrativos, não dependendo de previsão expressa no contrato. Logo, não são cláusulas necessárias, porque as garantias do Poder Público decorrem diretamente da lei. Vejamos, então, as cláusulas exorbitantes previstas no artigo 58 da Lei 8.666/93. A) Alteração unilateral do contrato: para adequar as disposições contratuais ao interesse público, o Estado pode modificar avença independentemente do consentimento da outra parte. A lei estipula ser possível a alteração tanto no que tange ao projeto, quanto no que diz respeito ao valor do contrato. A administração NÃO pode, no entanto, alterar o OBJETO do contrato, porque seria burla à licitação. A alteração quantitativa tem limites previstos na lei, que prevê que o particular deve aceitar as modificações feitas unilateralmente pela Administração Pública em até 25% do valor original do contrato, para acréscimos ou supressões. Exceção: se o contrato for de reforma de equipamentos ou de edifícios, a alteração para ACRÉSCIMO pode chegar a 50% do valor original do
5 contrato. As supressões contratuais continuam respeitando o limite de 25%. Havendo acordo entre as partes (alteração bilateral), o objeto do contrato poderá ser REDUZIDO além do limite de 25%. Independente do motivo que enseje a alteração contratual, esta alteração encontra uma barreira que não pode ser ultrapassada pelo Estado, qual seja, o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Ou seja, o particular tem a garantia de que, haja o que houver, será mantida pelo ente estatal a margem de lucro contratada. Repita-se, a margem de lucro inicialmente contratada jamais poderá ser alterada pela Administração Pública de forma unilateral. Ou seja, o particular tem a garantia de que não terá prejuízo, nem redução no lucro inicialmente previsto quando da celebração do acordo. B) Rescisão Unilateral do Contrato: é prerrogativa dada ao ente público contratante de pôr fim à avença, independentemente de consentimento do particular e sem depender de decisão judicial. Pode-se dar em razão do: * inadimplemento do particular. Se o particular é inadimplente, normalmente, ele deverá indenizar a Administração Pública pelos danos causados em virtude do inadimplemento. * interesse público devidamente justificado. No caso de recisão por interesse público, a administração deve indenizar o particular se houver dano, bem como indenizar os investimentos não amortizados do contrato, em razão da extinção antecipada do acordo. IMPORTANTE: Nos Contratos de concessão de serviço públicos (regulamentados pela lei 8987), a rescisão unilateral ocorre nas mesmas hipóteses acima definidas, mas recebe nomenclaturas específicas, muito correntes em provas objetivas de concursos: * Rescisão por inadimplemento do particular --> Caducidade * Rescisão por motivo de interesse público --> Encampação A administração inadimplente: caso o poder público seja inadimplente, o particular pode rescindir o contrato unilateralmente? NÃO. A rescisão unilateral é cláusula exorbitante e só se aplica à administração pública. Se o ente estatal for inadimplente por mais de 90 dias, o particular pode SUSPENDER A EXECUÇÃO do contrato (exceção de contrato não cumprido), conforme disposição do art. 78 da Lei 8.666/93. Para haver
6 rescisão do contrato, por iniciativa do particular, em virtude do inadimplemento do estado, necessária decisão judicial. C) Fiscalização da execução do contrato: Em verdade, trata-se de poder dever da administração pública, haja vista que, comprovada a ausência de fiscalização, o Estado poderá responder por omissão, por eventuais danos causados pela empresa, inclusive, no que tange ao inadimplemento das obrigações trabalhistas. Ressalte-se que, por meio da ADC nº 16 de 2010, o Supremo Tribunal Federal declarou constitucional o artigo 71, 1º da Lei 8.666/93, excluindo a responsabilidade subsidiária do Estado pelos débitos trabalhistas da empresa. Ocorre que, se o não pagamento aos empregados não for fiscalizado pelo ente público, daí surge a responsabilidade por omissão. Leia-se, por oportuno, o artigo objeto da declaração de constitucionalidade, abaixo transcrito: 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. (Redação dada pela Lei. n , de 1995) D) Ocupação temporária de bens: em determinadas situações, para manter a prestação dos serviços prestados pelo particular contratado, o Estado precisa ocupar temporariamente os bens da contratada. Ex.: empresa de transporte público cujos funcionários deflagram greve. O ente público ocupa os ônibus da empresa e mantém a prestação do serviço público. É garantia do princípio da continuidade. E) Poder de aplicação de penalidades: poder aplicar penalidades aos particulares contratados em decorrência de descumprimento do acordo. As penalidades estão previstas na lei e são de 4 (quatro) tipos: e.1) Advertência: sempre por escrito, para sancionar infrações mais leves; e.2) Multa: não é ressarcimento por prejuízo. Além do dever de ressarcir ao erário por eventuais danos causados, pode ser aplicada multa punitiva (penalidades). Pode ser aplicada isoladamente ou cumulativamente com outras penalidades; e.3) Suspensão de contratar com o poder público: por, no máximo, 2 (dois) anos; e.4) Declaração de inidoneidade: consequências: não contrata, não participa de licitação, dentre outras. Também não pode ultrapassar 2 (dois) anos.
7 Diferenças entre "suspensão de contratar com o poder público" e "declaração de inidoneidade". Suspensão Atinge apenas o ente federativo que aplicou a pena, incluindo todas as entidades daquele ente federativo. Declaração de inidoneidade Atinge todos os entes da federação. A empresa declarada inidônea não poderá contratar com todos da administração pública. IMPORTANTE: ressaltar que para que a empresa volte a ser idônea, deverá se reabilitar, por meio do ressarcimento ao erário pelos prejuízos causados. A declaração de inidoneidade, segundo a doutrina, só pode ser aplicada para infrações graves, que também estejam capitulados como crimes (ilícitos penais). 3. Subcontratação nos contratos da Administração: Veja o que dispõe a Lei 8.666/93: Art.72. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidades contratais e legais, poderá subcontratar PARTES da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela Administração. Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, NÃO ADMITIDAS NO EDITAL E NO CONTRATO. Para que a subcontratação seja lícita, deve haver previsão no edital e no contrato e, além disso, a subcontratação deve ser parcial, não sendo, a princípio lícito transferir todo o objeto do contrato a terceiro que não foi vencedor na licitação. Da leitura literal da norma pode-se entender que, havendo autorização do poder público, a subcontratação poderá ser total (prova objetiva). Ocorre que em prova subjetiva deve-se defender que, embora o texto da lei se possa entender de maneira diversa, para que haja subcontratação deve haver:previsão + ser parcial + autorização do poder público. 4. Equilíbrio Econômico-Financeiro: é a garantia do particular contratado a manutenção da margem de lucro inicialmente pactuada. Para ser mantido o equilíbrio econômico-financeiro, alguns pagamentos são feitos ao particular pela Administração:
8 4.1 Correção Monetária: atualização da margem de lucro inicialmente acordada, mantendo o valor real do contrato. IMPORTANTE: Sistema de licitação para registro de preços: no objeto do contrato, aplica-se a correção monetária. 4.2 Reajustamento de preços: reajuste em face do aumento ordinário e regular do custo dos insumos necessários ao cumprimento do acordo. 4.3 Recomposição (revisão) de preços: quando o reajustamento não consegue fazer face ao real aumento do preço dos insumos, em virtude de uma situação excepcional, a administração, para reequilibrar o contrato, precisa fazer a recomposição de preços. Essas situações excepcionais que desequilibram a relação contratual são designadas pela doutrina de teoria da imprevisão. 5. TEORIA DA IMPREVISÃO: ocorre nos casos em que há uma situação fática não prevista quando da celebração do contrato. Em virtude desta situação, faz-se necessária a recomposição dos preços. Decorre da denominada cláusula rebus sic stantibus: situações nas quais há desequilíbrio contratual e a administração precisa, a fim de manter as cláusulas financeiras, proceder à revisão dos preços. Hipóteses: A) Caso fortuito e força maior - situações imprevisíveis ou inevitáveis que alteram a relação contratual. B) Interferências imprevistas (sujeições imprevistas) - assim como no direito civil, são situações preexistentes à celebração do contrato, mas que só vêm à tona durante sua execução. Situações que as partes não tinham como prever. Ex.: a contratação para execução de uma obra sem saber que o terreno é pantanoso. C) Fato da administração - o desequilíbrio contratual é causado pelo poder público, é por ação ou omissão do Estado que haverá necessidade de recomposição. Situação em que o Estado ATUA ou se OMITE no contrato, descumprindo suas obrigações. É o Estado atuando dentro do contrato, que o desequilibra. Ex.: a administração contrato uma empresa para realização de uma obra e não expede as ordens de serviços ou efetiva as desapropriações necessárias. D) Fato do príncipe - o desequilíbrio contratual também é causado pelo poder público, e é por esta atuação que haverá necessidade de recomposição. Acontece quando o Estado contrato e, posteriormente, atua fora do contrato, na qualidade de Poder Público, causando, entretanto, um desequilíbrio na avença. Há uma atuação extracontratual (geral e
9 abstrata) do ente estatal que termina por atingir diretamente a relação contratual. Ex.: 1. a administração pública federal contrata uma empresa para realizar o transporte de servidores e, em atuação sbsequente, triplica a alíquota de determinado tributo que incide sobre o combustível, onerando a prestação do serviço pactuado. Ex.: 2. município contrata empresa para realizar transporte público. Depois de formalizado o contrato, o município editou uma lei exigindo que fosse concedido passe livre para todas as pessoas de até 18 anos. Essa lei municipal é uma lei geral que atinge a todos, mas que interfere no contrato de transporte, desequilibrando-o. Será necessária a recomposição dos preços das tarifas ajustadas. Em algumas situações, a teoria da imprevisão gera a impossibilidade de manter o contrato - a recomposição dos preços é impossível, como situação em que um incêndio destrói uma escola pública, tornando impossível, por exemplo, a manutenção do contrato de limpeza desta escola. Estas situações denominam-se rescisão de pleno direito. 6. Garantia: Caução que pode ser exigida pelo Estado para garantir o ressarcimento de danos em caso de descumprimento contratual pelo particular. Embora a leia não mencione expressamente no artigo 58 e a doutrina se omita, algumas bancas examinadoras incluem a garantia dentre as cláusulas exorbitantes do contrato administrativo. O valor dessa garantia é definido no bojo do contrato e determinada pela administração pública. A lei estabelece o limite máximo de 5% do valor do contrato. Nos contratos de grande vulto, que envolvam alta complexidade técnica ou riscos financeiros consideráveis, a garantia pode chegar a 10% do valor do contrato, sempre mantida a regra que o ente estatal é quem define o valor da caução. Ressalte-se que a lei expressamente define contratos de grande vulto como aqueles que ultrapassam 25 x R$ ,00. A lei diz quais são as formas possíveis de garantia, mas quem escolhe a forma de prestar a garantia é o particular (e não o poder público, que definiu o valor da garantia a ser prestada dentro dos limites legais). A garantia pode ser prestada sob as seguintes formas: A) dinheiro; B) títulos da dívida pública; C) seguro garantia; D) fiança bancária.
10 Em caso de cumprimento do contrato e adimplemento do contrato, a garantia deverá ser devolvida. Se prestada em dinheiro, deve haver a correção do valor, no momento da devolução. Em caso de descumprimento contratual, a garantia pode ser utilizada pelo Estado como mínimo indenizatório, ou seja, o ente público pode executar a garantia e cobrar indenização excedente em caso de o prejuízo ultrapassar o valor da caução. 7. Duração: Todo contrato deve ter duração predefinida, estabelecendo a lei, expressamente, que são vedados contratos administrativos por prazo indeterminado. Vejamos o art. 57 da Lei 8.666/93 que determina, in litteris: Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, EXCETO quanto aos relativos: I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório. II - à prestação de serviços a serem executadas de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses. (+12 4º) III - (Vetado) IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o inicio da vigência do contrato. V - ás hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até cento e vinte meses, caso haja interesse da administração. (Incluído pela MP n. 495/2010) 1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico- financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo: I - alteração do projeto ou especificações, pela administração; II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que altera fundamentalmente as condições de execução do contrato; III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da administração;
11 IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos por esta Lei; V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência; VI - omissão ou atraso de providências a cargo da administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato. 3º É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado. 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da autoridade superior, o prazo de que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até doze meses. (Incluído pela Lei 9648/98). ( , inciso II caput art. 57) Conforme transcrito, a regra é que duração do contrato é a duração do crédito orçamentário. Portanto, como regra geral, o contrato administrativo deverá respeitar o prazo máximo de um ano (período da lei orçamentária). As exceções estão dispostas nos incisos I a V do caput, dentre os quais: * contratos administrativos previsto na Lei do Plano Plurianual: poderá ter a duração de até 4 (quatro) anos. * serviços de caráter continuados: podem ser prorrogados sucessivamente, por períodos iguais, tendo duração máxima de 60 meses, Frise-se que, havendo necessidade comprovada, a lei permite a prorrogação por mais 12 meses. * contratos de aluguel de equipamentos e programas de informática poderá ter duração de até 48 meses. * alguns contratos estipulados no art. 24, IX, XIX, XXVIII e XXXI que podem ter duração de até 120 (cento e vinte) meses, conforme disposição da lei 8.666/93, incluída pela lei /2010. Ocorre que, além das exceções mencionadas, os contratos que não geram despesas não precisam estar previstos na lei orçamentária, logo não precisam respeitar o prazo do art. 57, acima transcrito. Ressalte-se que NÃO são contratos celebrados por prazo indeterminado; apenas não
12 precisam respeitar o prazo do art. 57 da Lei 8.666/93, podendo ter duração bem mais alongada. Ex.: contratos de concessão de serviço públicos nos quais a empresa concessionária é remunerada pelo usuário do serviço, não causando gastos aos cofres públicos, podem ser celebrado por período de 10 anos ou mais. IMPORTANTE: Na prova objetiva, qualquer que seja, será correta a alternativa que diz que não existe contrato administrativo por prazo indeterminado. No que tange à possibilidade de prorrogação, a legislação determina que o contrato administrativo pode ser prorrogado, desde que seja feito dentro do prazo do contrato e decorra, cumulativamente, de previsão no edital e no contrato e autorização do poder público. Não há prorrogação tácita de contratos administrativos, mesmo que haja cláusula contratual prevendo essa situação. O requerimento de prorrogação deve ser feito enquanto ainda vigente o contrato. Se o contrato for extinto, não será mais possível sua prorrogação. 8. Recisão Contratual: Rescisão unilateral: ocorre por interesse público ou por inadimplemento do particular - apenas pela administração pública, por ostentar a característica de cláusula exorbitante Judicial: dá-se por provocação do particular, quando o ente público é inadimplente, haja vista o contratado não poder se utilizar da rescisão unilateral Bilateral (distrato): rescisão realizada por ambas as partes De pleno direito: por situações alheias à vontade das partes, em casos excepcionais que impedem a manutenção do contrato. Além destas formas, o contrato pode ser extinto de outras formas que não pela rescisão: ANULAÇÃO: se tiver algum vício de legalidade (efeitos retroativos, pela administração ou judiciário). IMPORTANTE: Ressalte-se que, MESMO QUE O CONTRATO SEJA NULO, O PARTICULAR DEVE SER REMUNERADO PELOS SERVIÇOS PRESTADOS; caso contrário, estaria se admitindo o enriquecimento sem causa do Estado. EXTINÇÃO NATURAL: toda vez que acaba o prazo do contrato. É a extinção comum dos contratos. A lei prevê que se pode dar também pelo cumprimento do objeto do contrato (como, o término da obra, por exemplo em contratos de obras públicas).
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