MPE. Ministério Público Eleitoral EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ AUXILIAR DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DA BAHIA
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1 MPE Ministério Público Eleitoral Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ AUXILIAR DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DA BAHIA O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, por sua Procuradoria Regional, vem oferecer REPRESENTAÇÃO, com pedido de medida liminar, em face de JOÃO LUIZ CORREIA ARGÔLO DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, CI n SSP/BA, CPF n , com endereço na Avenida 1, 130, Ed. Wilson Lins, gabinete 109, Centro Administrativo da Bahia, Salvador, Bahia, CEP: , pelos motivos adiante explicitados: I) DOS FATOS A partir de material colhido por esta Procuradoria Eleitoral, constatou-se a veiculação de propaganda eleitoral irregular a cargo do representado. Com efeito, as fotos coligidas (anexas) revelam, à toda evidência, que o réu está a promover propaganda eleitoral irregular por meio de ônibus (Placa JLA 1625), estacionado em frente ao seu Comitê de Campanha Eleitoral, sito na Av. Otávio Mangabeira, Pituba, no calçamento em frente à Boate Madrre, pouco antes do Restaurante Caranguejo do Sergipe, contendo plotagem com foto, nome e número do candidato, cujas dimensões são manifestamente superiores ao limite de 4m², o que configura ofensa direta ao art. 37, 2º, da Lei 9.504/97.
2 II) DA ESPÉCIE DE PROPAGANDA VEICULADA EFEITO OUTDOOR No particular, o que se percebe é que o veículo em comento, finda por se transmudar em verdadeira propaganda eleitoral irregular ambulante, o que viola frontalmente a legislação eleitoral 1, porquanto logra produzir o indesejável efeito de outdoor, consubstanciando, assim, flagrante prejuízo ao equilíbrio do pleito. Ressalte-se que o poder de persuasão de um outdoor contendo simplesmente a fotografia ou o nome de um político não se apresenta menor. E não se afigura essencial que carregue expressa alusão para que o consumidor/eleitor deva nele votar. Basta, tão somente, que passe ao universo de eleitores (público-alvo) uma determinada mensagem subliminar, qual seja, a de que naquele político se pode confiar. Nas palavras do Ministro Carlos Ayres Britto: ao menos de um ponto de vista semântico, outdoor é toda propaganda veiculada ao ar livre, exposta em via pública de intenso fluxo ou de pontos de boa visibilidade humana, com forte apelo visual e amplo poder de comunicação 2. (grifou-se). Apelo visual e amplo poder de comunicação difundido entre os eleitores é justamente o que se vislumbra do conteúdo do indigitado veículo, abrangido, portanto, pelo conceito de outdoor definido pela Corte Superior Eleitoral, quando da Consulta n. 1274/DF. Atualmente, tem-se em vigor a Resolução TSE /2009 (que dispõe sobre a propaganda eleitoral e as condutas vedadas em campanha na campanha eleitoral de 2010), a qual igualmente reproduz muitos dos dizeres da Lei 9.504/97, que veda, da mesma forma, a veiculação, em bens de uso particular, de engenhos publicitários superiores a 4m², além de estabelecer expressa proibição quanto propaganda eleitoral por meio de outdoors, 1 ¹ Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados. (Redação dada pela Lei nº , de 2006). 1º A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais). (Redação dada pela Lei nº , de 2006). 2 Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral por meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, desde que não excedam a 4m² (quatro metros quadrados) e que não contrariem a legislação eleitoral, sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no 1 o. (Redação dada pela Lei nº , de 2009). 2 TSE: Consulta n. 1274/DF, Relator Ministro Carlos Ayres Britto, DJ
3 tudo sob pena de multa: Art. 11. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados (Lei n /97, art. 37, caput). 1º Quem veicular propaganda em desacordo com o disposto no caput será notificado para, no prazo de 48 horas, removê-la e restaurar o bem, sob pena de multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais), ou defender-se (Lei n /97, art. 37, 1º). [...] Art. 12. Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral por meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, desde que não excedam a 4m2 (quatro metros quadrados) e não contrariem a legislação eleitoral, sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no 1º do art. anterior (Lei n /97, art. 37, 2º). Art. 18. É vedada a propaganda eleitoral por meio de outdoors, sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$ 5.320,50 (cinco mil trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) a R$ ,50 (quinze mil novecentos e sessenta e um reais e cinquenta centavos) (Lei nº 9.504/97, art. 39, 8º). No que tange ao caso em testilha, concernente a propaganda em veículo automotor, vale ressaltar que o tamanho da plotagem aplicada ao ônibus claramente excede as dimensões estipuladas pelo normativo eleitoral. Nesse sentido é o entendimento firmado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, com decisão assim ementada: EMENTA. RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. CARACTERIZAÇÃO. BEM MÓVEL PARTICULAR. PLOTAGEM EM VAN QUE EXCEDE METRAGEM DE 4M². EFEITO VISUAL ANÁLOGO AO DE OUTDOOR. RECURSO DESPROVIDO. 1. É permitida a afixação de propaganda eleitoral em bens particulares, desde que a metragem total não exceda o limite de 4m², nos moldes do artigo 37, 2º, da Lei nº 9.504/97 c/c artigo 14, da Resolução nº /08, do Tribunal Superior Eleitoral - TSE. 2. A afixação de propaganda eleitoral em van possui efeito visual similar ao de um outdoor, cuja utilização é vedada pela legislação 3
4 eleitoral. (TRE-PR. RE n Relator(a) MUNIR ABAGGE, DJ 26/11/2008). (grifou-se). Outra não é a orientação do Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso, consoante se depreende do seguinte aresto: RECURSO - PROPAGANDA ELEITORAL - PINTURA EM CAMINHÃO "TRIO ELÉTRICO" CONTENDO FOTOGRAFIA, NOME, NÚMERO E COLIGAÇÃO DE CANDIDATO - PROPAGANDA ELEITORAL EM BEM PARTICULAR - EXTRAPOLAMENTO DO TAMANHO MÁXIMO PERMITIDO NO ART. 14 DA RESOLUÇÃO TSE N / MULTA - DESPROVIMENTO. A fixação de propaganda eleitoral em bem particular está limitada ao tamanho máximo de quatro metros quadrados, nos termos do art. 14 da Resolução TSE nº /2008. Recurso a que se nega provimento, para que seja mantida a penalidade de multa imposta aos Recorrentes. Decisão: Acordam os Excelentíssimos Senhores Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, em sessão do dia 09/07/2009, à unanimidade, negar provimento ao recurso interposto por Eraldo Fortes e Coligação "Primavera Para Todos I,II e III", nos termos do voto da Relatora e das Notas Taquigráficas, em apenso, que ficam fazendo parte integrante da decisão. (TRE-MT, RE n Relator(a) Relator(a) MARIA ABADIA PEREIRA DE SOUZA AGUIAR, DJ 09/07/2009). (grifou-se). III) DO CONHECIMENTO PRÉVIO À vista das dimensões da propaganda e o local de sua afixação (automóvel com circulação em vias de grande movimentação de pessoas e veículos), é de se presumir que o candidato tinha conhecimento do ilícito ou, ulteriormente, dele se cientificou. De todo modo, não se pode negar que referida propaganda beneficiou o representado, foi veiculada após o registro de sua candidatura e segue o seu padrão de publicidade. Destarte, impõe-se reconhecer que, uma vez configurada a propaganda eleitoral irregular realizada em bem de propriedade particular irrelevante, advirta-se, a natureza da violação, outra medida não autoriza, consoante legislação de regência, que 4
5 não a imediata determinação para que o veículo seja impedido de circular e a imposição da correspondente penalidade. Interpretação contrária enseja o esvaziamento de norma imperativa e a consequente e desautorizada remoção de importante proteção a bem jurídico consubstanciado na vontade soberana do eleitor. IV) DO PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR Ante a relevância dos fundamentos invocados na presente demanda, todos associados à higidez do processo eleitoral, necessário que a ilicitude das condutas perpetradas pelo réu, seja interrompida, em caráter urgente, sobretudo, não se olvide, por se tratar de iniciativa que se constitui em verdadeira burla à legislação e, via de regra, quebra do princípio isonômico. Desta forma, requer a Procuradoria Regional Eleitoral a concessão de medida liminar para que seja determinada, no prazo máximo de 48 horas, a apreensão do veículo, ou, subsidiariamente, a remoção da plotagem ou sua adequação ao limite de 4m², sob pena de multa diária em valor a ser fixado pelo Juízo por descumprimento. V) DO PEDIDO PRINCIPAL E REQUERIMENTOS FINAIS Diante de todo o exposto, confirmada a medida liminar com a consequente retirada do engenho publicitário, a Procuradoria Regional Eleitoral requer a condenação do réu ao pagamento da multa prevista no art. 37, 1º e 2º, da Lei 9.504/97. Defesa. Requer, ademais, a notificação do representado para oferecimento de Pugna, ainda, seja conferida oportunidade para produção de prova testemunhal e documental, se necessário. Atribui-se à causa o valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). Salvador, 28 de setembro de
6 SIDNEY PESSOA MADRUGA Procurador Regional Eleitoral 6
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