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- Tânia Correia de Santarém
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1 Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: XX Semana de Pedagogia da UEM VIII Encontro de Pesquisa em Educação / I Jornada Parfor O PAPEL DA FAMÍLIA DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM PIRES, Juliana Gabricho Capella Ju.capella@hotmail.com YAEGASHI, Solange Franci Raimundo (orientador) solangefry@gmail.com Universidade Estadual de Maringá Psicologia da Educação INTRODUÇÃO A família tem papel fundamental no desenvolvimento da criança e na sua aprendizagem. Primeiramente devemos deixar claro que o contexto familiar nem sempre foi o mesmo. Ao pesquisarmos as famílias dos séculos passados, verificamos que a mesma era constituída ou idealizada da seguinte maneira: pai, mãe e filhos (as). Porém, com o passar do tempo essa configuração foi alterando-se: pais solteiros tomando conta dos filhos; mulheres não mais submissas, que poderiam sustentar a família sozinha; crianças sem pai ou mãe; famílias compostas por duas mães, dois pais (OSORIO, 1996.), ou seja, todas essas transformações nos faz perceber que a família não é mais caracterizada como antigamente. No senso comum, quando se fala em família é comum imaginá-la como descrita pelo dicionário ou definida pelas ciências sociais: grupo composto por um casal e seus filhos vivendo sob o mesmo teto. Entretanto, pesquisas mostram que esse conceito de família nuclear, apesar de prevalecer, vem enfrentando mudanças com o decorrer do tempo e com as novas condições culturais e sociais da população, especialmente das mulheres (GUIDETTI, 2007, p.14). Pesquisas nos mostraram que mais de 40% das crianças têm alguma dificuldade de aprendizagem e estas possuem algum problema na família. (PEREIRA; AMBRÓZIO; SANTOS; BORSATO; FIGUEIRA; RIECHI, 2005). Entre esses problemas podemos destacar os pais divorciados que cometem alienação parental, pais sem paciência, pais estressados, pais alcoólatras, falta de consenso na forma de educar os filhos, dentre outros aspectos que afetam a aprendizagem da criança. Vemos com frequência pais que obrigam seu filho a fazer a lição de casa, e a criança é motivada com gritos, acabando por fazer sua tarefa de qualquer jeito. Se ela cumpre com a tarefa seus pais não dizem nada, mas quando ela se recusa a fazer, é punida. Dessa maneira, essa criança não terá prazer em fazer a lição, o que irá gerar dificuldades na hora de aprender.
2 Tratando desses assuntos, dificuldades de aprendizagem e família, precisamos ter cautela, não podemos tomar nenhuma decisão sem antes nos aprofundarmos em nossos estudos. Não podemos atribuir a toda a culpa à família, mas também não podemos dizer que ela não interfere. Como afirma Yaegashi (2012, p.13.) é preciso compreender o fracasso escolar levando em conta também o aspecto social, em vez de restringi-lo a uma análise dos fatores intrapsíquicos, orgânicos e familiares, ou seja, é importante avaliar a família, as dificuldades, a escola, o espaço em que a criança está inserida, o professor entre outras coisas. Ao pesquisarmos sobre as dificuldades de aprendizagem, vimos que as crianças atrasadas nas escolas são aquelas que não têm uma rotina em casa (horários para comer, fazer a lição de casa, estudar, tomar banho), bem como não têm acompanhamento dos pais. Crianças que têm uma rotina em casa, cujos pais ajudam com as lições, mostram-se melhores na escola. Isso nos faz acreditar que o acompanhamento e o entrosamento são fundamentais no dia a dia da criança e que seus pais têm um papel de suma importância no seu desenvolvimento e na aprendizagem. Algo que nos chama a atenção é quando vemos famílias levando seus filhos ao consultório de uma psicopedagoga ou ao médico, para entender o porquê do seu filho ter dificuldades na escola, sendo que em alguns casos o problema está na dinâmica familiar. É importante que os pais, desde cedo, fiquem atentos aos seus filhos, ao quotidiano deles e os acompanhe, para que dessa maneira eles possam prevenir as dificuldades. Qual é a verdadeira influência da família na aprendizagem da criança? Neves (2000) afirma que muitos estudos procuram compreender em que medida a educação familiar interage com o comportamento e aprendizagem das crianças. (p.2), ou seja, esse questionamento não é de hoje, pelo contrário. Entender como a família pode interferir na aprendizagem da criança é algo que precisamos estudar para compreender. Não podemos esquecer que existem pessoas que dizem que a família não tem culpa sobre o fracasso escolar, mas vale ressaltar que não existe um culpado, mas fatores que influenciam. Há quem diga que a escola deveria ter as soluções para as dificuldades de aprendizagem ou que ela deveria evitar que as crianças as tivessem, mas quando perguntamos a escola sobre esse assunto ela afirma que a culpa é da família. Nesse momento devemos esclarecer a função de cada uma e para isso usaremos Reali e Tancredi (2005). A escola [...] tem a função de favorecer a aprendizagem dos conhecimentos construídos pela humanidade e valorizados pela sociedade em um dado momento histórico, de ampliar as possibilidades de convivência social e de legitimar uma ordem social (p.240.).
3 E a família, por sua vez, [...] nos últimos tempos tem tido a tarefa de promover a socialização das crianças, estabelecendo condições para seu bom desenvolvimento, o que inclui a aprendizagem de padrões comportamentais, atitudes e valores aceitos pela sociedade em geral e pela comunidade a que pertencem. Assim, os objetivos são distintos, mas que se interpenetram (p.240). Podemos então dizer que cada uma tem a sua função, mas que elas se inter-relacionam durante todo o processo de aprendizagem da criança. Ao invés da escola e da família atribuírem a culpa uma à outra, acreditamos que a parceria entre ambas seria melhor, ou seja, se a família participar da vida escola do seu filho e se a escola souber das condições da vida daquele aluno, provavelmente o relacionamento entre as duas será positivo. Neves afirma que a importância da interação família-escola na compreensão do sucesso escolar (p.2). Vimos também que conhecer a criança, o aluno, é importante, já que suas aprendizagens dependem de experiências prévias, de sua relação com o saber e do contexto em que vivem (REALI; TANCREDI, 2005, p.240). Saber o que a criança já viveu, de onde ela veio, o que ela já aprendeu, ou seja, saber as experiências da criança até aquele momento é uma maneira de compreender a criança e se ela apresentar alguma dificuldade, essa é a maneira de entender o que se passou com ela e como ajuda lá. Não podemos deixar de falar das condições sociais da criança. Existem pessoas que acreditam que a criança com padrão de renda baixo não tem condições de aprender, colocam a culpa na condição social. Já presenciamos situações que contradizem essas idealizações. Cavalcante (1998) já dizia que muitos acreditam que crianças que vem de famílias "disfuncionais" ou "carentes" são incapazes ou desmotivadas, e destinadas a falhar na sua escolaridade, tendo o seu futuro já predeterminado na sociedade (p.2). Hoje, em escolas públicas, encontramos crianças adiantadas, que entram no primeiro ano do ensino fundamental e já sabem ler, contar e em alguns casos, em escolas particulares, encontramos crianças que não sabem nem as letras do alfabeto. Existem pesquisas que afirma ao contrário: Embora pesquisas demonstrem que crianças que vem de famílias de baixa renda recebem notas mais baixas, repetem de ano e evadem da escola mais frequentemente do que alunos de classe média, estes resultados não indicam, no entanto, que estes problemas sejam devidos somente a origem familiar destes alunos, mas indicam claramente que estes problemas são fruto de um sistema educacional que tem falhado em atender as necessidades reais de seus estudantes. (CAVALCANTE, 1998, p.6).
4 Mas a autora afirma que esses problemas são fruto de um sistema educacional que tem falhado. Essa afirmação nos faz voltar ao que discutimos acima. Não estamos colocando a culpa somente na escola, porém, o sistema educacional tem falhado. O caso é que não podemos generalizar algo que aconteceu. Existem casos de crianças de classes desfavorecidas terem baixo desempenho escolar, mas também existe o contrário. Da mesma forma que nas escolas particulares existem crianças que não conseguem aprender. Por isso é importante que saibamos o contexto da criança. Ela pode pertencer a uma família que não tem estrutura financeira, mas que os pais a incentivem com o pouco que tem como ir à biblioteca, incentivar a participação em atividades que a escola oferece e ela também pode fazer parte de uma família rica, mas que os pais não têm tempo de incentivar seus filhos e as deixam aos cuidados de uma babá. Dessa maneira, algumas questões foram levantadas: será que a relação dos pais com seus filhos interfere na aprendizagem? Quais influências a família tem no desempenho escolar da criança? Quais seriam as maneiras de prevenir as dificuldades na vida escola de uma criança? Essas são algumas das questões que serão respondidas ao percorrer do texto. DESENVOLVIMENTO Com o intuito de investigar sobre o assunto, pesquisamos quais seriam os recursos que facilitariam a aprendizagem escolar, para isso usamos como referência Marturano (2000, p.95), que afirma que as [...] condições presentes no ambiente familiar têm sido consideradas como relevantes para a aprendizagem escola. Além disso, a autora nos diz que a organização do ambiente físico e a disponibilidade de materiais educacionais, envolvimento dos pais no processo de desenvolvimento dos filhos, interação pais-filhos e uso da linguagem no lar, clima emocional positivo, práticas educativas, disciplina apropriada e as crenças e expectativas dos pais são condições que ajudariam a aprendizagem escolar. O adulto tem o papel de mediador, já que ele deve orientar a criança e ajudá-la a se desenvolver. É importante que os pais estejam por perto, sabendo o que acontece com seus filhos, que os acompanhem na escola, os ajudem a fazer a lição, as tarefas, comprem brinquedos educativos e é claro, que eles incentivem a criança na aquisição conhecimento. Marturano (2000, p.100) afirma que, [...] pais que são afetuosos; controladores sem serem restritivos demais, que costumam utilizar explicações para justificar as regras que governam a vida quotidiana da família; e que animam a criança a ser independente, contribuem para maior auto-regulação na escola, melhor desempenho escolar e melhor ajustamento em sala de aula.
5 Já havíamos dito que uma das formas de ajudar a criança a não ter dificuldades na escola é o acompanhamento dos pais, mas sabemos que existem famílias onde os pais não têm tempo porque trabalham muito, mas existem possibilidades. Se os pais não podem acompanhar seus filhos durante vinte e quatro horas, que sejam doze; se os mesmos não têm condições de comprar materiais pedagógicos, existem atividades que podem ser feitas, já que hoje encontramos atividades que estimulam as crianças e são ofertadas gratuitamente e os pais podem estar juntos. Afirmamos que a família não é a única causadora do fracasso escolar, mas conforme Baggio (2010), a família é mediadora da relação da criança com o mundo, auxiliando na introjeção e respeito das regras, limites e proibições necessárias à vida em sociedade, ou seja, além do professor a família deve exercer o papel de mediadora, pois uma criança que é educada em um ambiente tranquilo, onde existem regras, onde existe disciplina, afeto, consequentemente terá um rendimento positivo na escola, diferentemente de uma criança que não recebe afeto, não é disciplinada, faz o que quer. Isso no faz acreditar que a família interfere no desempenho escolar da criança. Para melhor compreensão do assunto, optamos por estudar as relações entre a família e aprendizagem da criança. OBJETIVOS Objetivo Geral: Estudar as relações entre dinâmica familiar e dificuldades de aprendizagem dos filhos. Objetivos Específicos: Caracterizar as mudanças na instituição familiar ao longo dos tempos; Identificar aspectos da dinâmica familiar que interferem no desenvolvimento e aprendizagem da criança; Discutir sobre as formas de intervenção psicopedagógica no contexto familiar, a fim de contribuir para a autonomia da criança. METODOLOGIA Com o intuito de analisar as relações entre dinâmica familiar e dificuldades de aprendizagem dos filhos, essa pesquisa teve como proposta ser exploratória. Em um primeiro momento analisamos e interpretamos livros, artigos, materiais que encontrarmos relacionados
6 ao tema. Foi feita uma leitura atenta e sistemática de tudo que decidimos estudar. Fizemos anotações e fichamentos-resumos, pois estes foram recursos que nos ajudaram como ferramentas para a fundamentação teórica. Em seguida, construímos o texto, usando todas as leituras e fichamentos que fizemos para concluir a pesquisa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao pesquisarmos sobre as dificuldades de aprendizagem, encontramos pessoas que dizem que a culpa pelo baixo rendimento escolar da criança é da escola, dos professores e sabemos que o professor tem papel de mediador, ele ajuda a criança a adquirir conhecimento, ou seja, a aprender. Todavia, se essa criança vem com problemas de casa, pode ocorrer um comprometimento em seu desenvolvimento, o que faz com que as pessoas acreditem nessa ideia. Além disso, outras justificativas são dadas para explicar o porquê das dificuldades da criança na escola. Em alguns momentos percebemos que os professores colocam a culpa nos pais e o mesmo acontece com os pais, que por não estarem satisfeitos com o desenvolvimento de seus filhos culpam a escola. Como já foi dito anteriormente, não podemos culpar uns aos outros. Nessa situação não existe um culpado, mas sim situações que contribuem para o fracasso na escola. Cavalcante (1998) afirma que com o envolvimento dos pais na escola os conflitos da escola com os familiares tendem a se reduzir, melhorando ainda mais o ambiente escolar. (p.2), ou seja, se houver mais envolvimento dos pais nas atividades escolares, a escola perceberá qual o relacionamento da família com o aluno e assim poderá ver quais são as condições daquela criança. Weiss (1992) afirma que é de suma importância que antes de diagnosticar uma criança com dificuldade de aprendizagem, sejam analisados vários aspectos, tais como: os aspectos orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais e pedagógicos. Precisamos levar em consideração tudo que já foi vivido pela criança e assim analisá-la. Vimos também que para haver aprendizagem adequada pressupõem-se bases neurológicas íntegras (FUNAYAMA, 2000, p.13), ou seja, o que aconteceu com a criança durante a gravidez, durante a formação no útero da mãe e mesmo depois pode contribuir de forma positiva ou negativa para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Funayama (2000) afirma que a aprendizagem requer equilíbrio fisiológico e emocional (p.20), o que nos faz acreditar que a atenção da família para a aprendizagem da criança é fundamental. Concluímos que a família tem influência no desenvolvimento da
7 criança e por isso é importante que a mesma saiba como ajudar a criança (dando atenção, motivando, ajudando nas tarefas, colocando horários nos afazeres). São simples fatos que fazem com que a criança se organize e tenha um bom rendimento escolar. REFERÊNCIAS BAGGIO, Rejane Cristina. Família, Socialização e Educação dos Filhos. In: BAGGIO, Rejane Cristina. Desempenho escolar e variáveis do contexto familiar. Campinas, SP: SBU Unicamp. 2010, p CAVALCANTE, Roseli Schultz Chiovitti. Colaboração entre pais e escola: educação abrangente. Scielo, 1998, p.1-8. FUNAYAMA, Carolina A.R. Problemas de aprendizagem. Campinas: Editora Alínea, 2000, p GUIDETTI, Andréia Arruda. Ambiente familiar e desempenho acadêmico de crianças do ensino fundamental. Campinas, SP: SBU Unicamp, p MARTURANO, Edna Maria. Ambiente familiar e aprendizagem escolar. In: FUNAYAMA, Carolina A. R.(Org.). Problemas de aprendizagem. Enfoque multidisciplinar. Campinas, SP. Editora Alínea, 2000, p NEVES, Isabel Pestana. Análise do contexto de socialização familiar: sua importância para a compreensão do (in)sucesso escolar. 2000, p OSORIO, L.C. Família hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, PEREIRA, A. C. S.; AMBRÓZIO, C. R.; SANTOS, C. N.; BORSATO, F.; FIGUEIRA, F. F.; RIECHI, T. I. J. Família e dificuldades de aprendizagem: uma reflexão sobre a relação pais e filhos. Universidade Federal do Paraná, ENEC, 2005, p REALI, Aline Maria de Medeiros Rodrigues; TANCREDI, Regina Maria Simões Puccinelli. A importância do que se aprende na escola: a parceria escola-famílias em perspectiva. Scielo, 2005, p WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992, p YAEGASHI, Solange Franci Raimundo. A psicopedagogia no Brasil: historicizando uma nova área de conhecimento. In: YAEGASHI, Solange Franci Raimundo (org.). A psicopedagogia e suas interfaces: reflexões sobre a atuação do psicopedagogo. Curitiba: Editora CRV, 2012, p
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