Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Requerente usa o SIC para registrar denúncia a regra é a publicidade, o sigilo exceção recorrido alega que o pleito não deverá ser atendido pelo SIC, pois é contra dispositivo expresso na LAI não conhecimento do recurso. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT. C.A.S. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo a seguir apresentado: Relatório Data Teor Pedido 01/11/2013 Ao MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES TRATA-SE DE DENÚNCIA SOBRE A EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS-DR/SPM DIRETOR REGIONAL Parte 2 Prezados Senhores: DA SUSPENSÃO DISCIPLINAR Recebi uma suspensão disciplinar porque solicitei por e- mail, ao presidente dos Correios uma apuração para saber porque sou assediada pela estatal internamente e externamente.

2 Cabia à presidência dos Correios, diante da notícia de denúncia do assédio, identificar seu autor, investigar o objetivo perseguido pelo (s) agressor (es) e repreendê-los pelos comportamentos e humilhações. Essa avaliação deveria ser realizada através da ação integrada do setor de recursos humanos, e da gerência de saúde, mais particularmente, do SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e da CIPA-Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. As providências reparadoras de assédio moral pela empresa deveria ser através do diálogo para modificar a situação, reeducando o (s) agressor (es) (ou o grupo agressor). Caso isso não fosse possível, aí sim, poderiam ser aplicadas medidas disciplinares, como advertência, suspensão, inclusive a demissão. A empresa também, internamente, deveria dar todo o apoio médico e psicológico à vítima, de modo a reparar a injustiça. Mas afirmo que os senhores são negligentes e omissos. Esse assédio moral provocado pela estatal CORREIOS, abalou a minha saúde física e psicológica, o que configurase doença do trabalho, exigindo-se da empresa a emissão da CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho. Informo que a gerência de varejo e a gerência de saúde estão se negando a emitir essa CAT. Resposta inicial 05/11/2013 Recebemos seu pedido de informação de nº / e identificamos que não se trata de solicitação de informação, e sim de Denuncia. O Decreto de 16 de maio de 2012, que regulamenta a Lei /2011 (Lei de Acesso à Informação), determina que o pedido de acesso à informação deva conter a especificação, de forma clara e precisa da informação requerida. Esclarecemos que o Serviço de Informações ao Cidadão (SIC) não trata de denuncias e reclamações, e sim do atendimento à solicitação de informações sobre a ECT. Para dar prosseguimento a sua denuncia, como empregada da ECT, tem a disposição no ambiente da intranet no Espaço do Empregado, o Canal Aberto com a Diretoria onde poderá registra-la. Deste modo, encerramos o seu pedido e orientamos a tratar o assunto no âmbito do processo administrativo. Recurso à autoridade superior 05/11/2013 MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES (Órgão hierarquicamente superior à EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS) Solicito informações concretas, dentro do que preceitua a LEI Nº , DE 18 DE NOVEMBRO DE Interponho Recurso com base na Seção II, Dos Recursos, Art. 15 dessa mesma lei.

3 (...) No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência. Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. (...) DO RECURSO As informações solicitadas não correspondem ao pedido. Tenho o direito constitucionalmente garantido de solicitar da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, informações de meu interesse particular, sobre qual os critérios adotados pela estatal para suspender disciplinarmente um empregado que está afastado para tratamento de saúde, diagnóstico depressão, estresse grave no trabalho (nexo causal), implicando-me a imputação de penalidade, em razão de ter solicitado ao presidente dos Correios apuração sobre práticas de assédio à minha pessoa. Tal fato, no meu entender, estaria a violar norma interna dis Correios, Manual de Pessoal da ECT, Modulo 46 e o artigo 5º da CF/88: CF 88 TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; Também viola a lei de 18 de novembro de 2011: LEI Nº , DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011 Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do 3o do art. 37 e no 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no , de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Viola o inciso IV, art. 4º, da lei de 18 de novembro de 2011: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

4 Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se: IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificável; Viola o art. 21 da lei de 18 de novembro de 2011: CAPÍTULO IV DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO Seção I Disposições Gerais Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso. Deve ser respeitado o art. 31: Seção V Das Informações Pessoais Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem. 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. 3o O consentimento referido no inciso II do 1o não será exigido quando as informações forem necessárias: I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamente para o tratamento médico; II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a que as informações se referirem; III - ao cumprimento de ordem judicial; IV - à defesa de direitos humanos; ou V - à proteção do interesse público e geral preponderante. 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações estiver

5 envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância. 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para tratamento de informação pessoal. Atentar para o art. 32: CAPÍTULO V DAS RESPONSABILIDADES Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente público ou militar: I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública; III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à informação; IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem; VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de agentes do Estado. 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão consideradas: I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos. 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente público responder, também, por improbidade administrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de Ressalto que não se trata de denúncia e sim de solicitação de informação. A denúncia é competência do órgão competente, Ministério Público do Trabalho, que já tem conhecimento

6 Resposta do recurso à autoridade superior Recurso à autoridade máxima dos fatos. Assim que obter a solicitação de informação desse Ministério, órgão hierarquicamente superior MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES repassarei a quem de direito. 11/11/2013 O Serviço de Informação ao Cidadão reitera a resposta ao objeto apresentado no NUP uma vez que não se trata de pedido de informação e sim de Denuncia, sendo V.Sª orientada sobre os canais adequados para encaminhamento da mesma, não cabendo, portanto, por meio de recurso, protocolar nova demanda ou derivações e questionamentos sobre a resposta dada pela empresa. Adicionalmente, esclarecemos que as informações e questionamentos apresentados por V.Sª serão encaminhados à Ouvidoria que é o órgão competente para a adoção de providências relativas ao tratamento do assunto, a qual poderá ser contatada da seguinte forma: Eletronicamente pela Caixa Postal ouvidoria@correios.com.br> AC OUVIDORIA Caixa Postal, ou acessando o seguinte link: doria.cfm. 12/11/2013 Em cumprimento ao artigo 11 da Lei no , de 18 de novembro de 2011, o acesso às informações requisitadas deve ser imediato. Com fulcro no art. 15, Dos Recursos, da LEI Nº , DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011, eu, Conceição Aparecida Santos, empregada concursada desde 2002, sem nunca ter tido qualquer suspensão disciplinar, tenho interesse em obter esclarecimentos da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, órgão público federal. Essa petição/recurso, visa corrigir abusos de poder da estatal. Com base no artigo 5o (XXXIII) da Constituição Federal e nos artigos 10, 11 e 12 da Lei no /2011 a Lei Geral de Acesso a Informações Públicas, dirijo-me respeitosamente a Vossa Senhoria, com o objetivo de apresentar o recurso, vem requerer o acesso em até 20 dias corridos (artigo 11, parágrafo 1º da Lei /11) nas informações solicitadas. LEI Nº , DE 18 DE NOVEMBRO DE Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do 3o do art. 37 e no 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no , de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência. Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade

7 hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. DO RECURSO O exercício do direito de petição não é passível de ser obstado pelos Poderes Públicos, por exemplo, eu, como trabalhadora, concursada, celetista dos Correios desde 2002, tenho o direito de protocolizar uma petição à estatal, solicitando a alteração do modo de gestão de pessoas na esfera trabalhista, pois entendo que os Correios ou o Ministério das Comunicações tem competência constitucional para tal; porém, jamais poderão impedir que eu formule e solicite informações que verse sobre defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Esse direito está vinculado ao Estado Democrático e de Direito, no sentido de viabilizar a defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal, e as razões constam abaixo. Somente a ausência desses pressupostos ensejariam o indeferimento do pedido. Tendo em vista o que dispõe a Carta Política, invoco o art. 5º, XXXIV, "a" da CF/88: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; O direito à obtenção de certidão dos Poderes Públicos decorre do exercício do direito de petição, porquanto, nesta senda, os órgãos públicos somente agem mediante provocação do interessado, materializada na petição. Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho, "o direito de petição é aquele pelo qual qualquer um faz valer junto à autoridade competente a defesa de seus direitos ou do interesse coletivo(5). Sobre o campo de abrangência de tal instituto, Temístocles Brandão Cavalcanti assevera que "o direito de petição é amplo, destinado a apurar os abusos de autoridade e a promover a sua responsabilidade (6)". 5. in "Comentários à Constituição Brasileira", 6ª ed., São Paulo, 1986, Ed. Saraiva, p Para o referido jurista, o direito de petição teve grande importância antes de estruturada a representação popular. Depois disto, sua função é mais psicológica do que efetiva. 6. in "A Constituição Federal comentada", 2ª ed., Rio, 1952, Ed. Konfino, v. III, p. 269, apud "Comentários à Constituição de 1988", José Cretella Júnior, Ed. Forense Universitária, 1988, v. I, p. 426 Será que vou ter que impetrar mandado de segurança contra os Correios por se negar expressamente a pronunciar-se por omissão? Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,

8 nos termos seguintes: XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; A LAI é tratada pelo ordenamento pátrio pelo artigo 5º, incisos XXXIII e XXXIV da CF/88, bem como pela Lei Federal nº 9.051, de , de observância compulsória por todos os órgãos públicos, nas três esferas de poder. Resposta do recurso Não houve resposta. à autoridade máxima Recurso à CGU 19/11/2013 Prazo expirado do Recurso de 2ª Instância, encaminhado à autoridade máxima da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. É o relatório. Análise 2. Registre-se que o recurso foi apresentado à CGU de forma tempestiva e recebido de acordo com as regras e condições estabelecidas no art. 16 da Lei nº /2011 e art. 23 do Decreto nº 7.724/2012: Lei nº /2012 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Em relação ao cumprimento do art. 21, parágrafo único, do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que não houve resposta da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT ao recurso de 2ª instância interposto pela cidadã. Mencione-se que a recorrente endereçou o

9 pretenso pedido, e posteriormente os recursos, ao Ministério das Comunicações, sob o argumento de que este seria o órgão hierarquicamente superior à ECT. No entanto, como empresa pública, juridicamente autônoma, a autoridade máxima da ECT é que possui a competência para julgamento do recurso previsto no art. 21, parágrafo único, do referido Decreto. 4. No pedido inicial, a cidadã começa relatando uma suspensão disciplinar que teria recebido por ter solicitado, ao presidente da ECT, apuração de assédio moral por ela sofrido. Em seguida, diz que caberia à presidência da empresa promover a apuração dos fatos. Ao fim, afirma que o suposto assédio moral teria abalado sua saúde física e mental, a demandar a emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho CAT, entretanto a adoção desta providência estaria sendo negada pela ECT. O Serviço de Informação ao Cidadão - SIC da ECT, ao constatar que o pleito da cidadã que é também empregada da empresa - não se enquadrava como pedido de acesso a informação, orientou-a no sentido de utilizar-se da intranet, no chamado Espaço do Empregado, para comunicar-se com a diretoria e registrar sua denúncia (sobre possível ocorrência de assédio moral, recusa de gestores da empresa em assinar Comunicação de Acidente do Trabalho etc.). Observa-se que, na resposta, o SIC se equivoca ao fazer referência a um número de pedido inexistente e que não corresponde ao número do pedido aberto pela cidadã frise-se, no entanto, que isso não é capaz de causar prejuízos ao trâmite recursal, levando-se em conta que, no mérito, a resposta da entidade é pertinente e coerente com a natureza do conteúdo do pretenso pedido. 5. No recurso de 1ª instância, o texto da cidadã sugere, de forma não completamente clara, que, na verdade, ela estaria interessada em saber os critérios adotados pela estatal para suspender disciplinarmente um empregado que está afastado para tratamento de saúde, diagnóstico de depressão, estresse grave no trabalho (nexo causal).... Em resposta, a ECT reitera a resposta dada anteriormente e informa que encaminhará os seus questionamentos à Ouvidoria, como órgão competente para tratar do assunto. Explica também que não se poderia, via recurso, protocolar novas demandas ou questões derivadas da resposta dada pela empresa. 6. Insatisfeita a cidadã interpôs recurso de 2ª instância em que declara o interesse em obter esclarecimentos da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS...,

10 sem, entretanto, indicar o tipo de esclarecimento pretendido. Diante da falta de resposta da ECT, interpôs, na sequência e dentro do prazo, recurso perante a CGU. 7. Depreende-se, a toda evidência, que não se trata de pedido de acesso a informação, mas de possível denúncia, reclamação ou pedido de apuração de fatos. A ECT acertou procedimentalmente ao instruir e orientar a cidadã para que se utilizasse dos canais institucionais apropriados (Espaço do empregado, Ouvidoria da entidade) para tratamento de sua pretensão. A Lei de Acesso a Informação possui escopo bem demarcado, não tendo o condão de resguardar direitos que ultrapassem os seus limites. Ainda que se pudesse considerar a menção aos critérios utilizados pela empresa para aplicação de medidas disciplinares como pedido de informação, esta suposta solicitação se dá em sede de recurso de 1ª instância, devendo, pois, ser rejeitada, na medida em que configura inovação ou alteração do pedido inicial. Deveria a cidadã, neste caso, abrir um novo pedido, desta vez com especificação mais clara e precisa sobre a informação pretendida. 8. Sobre abertura de solicitações, ressalte-se que a cidadã registrou 7 (sete) pedidos de informação no sistema e-sic no mês de novembro de 2013, todos eles versando sobre o mesmo tema assédio moral, aplicação de pena disciplinar, denúncia contra gerentes da ECT. Na verdade, a cidadã dividiu os pedidos em várias partes, que foram protocolados como se fossem autônomos, mas que efetivamente formam um documento único. Independentemente da utilização equivocada do sistema, que levou à partição indevida dos pedidos, o ponto crucial, neste caso, é que as solicitações registradas pela cidadã não possuem os requisitos, elementos e características indispensáveis ao seu enquadramento como legítimo pedido de acesso a informação. Tanto o presente pedido como os demais abertos pela cidadã e que partilham do mesmo teor não atendem aos requisitos legais mínimos definidores do que seja um pedido de acesso a informação. Esses requisitos estão contidos tanto no art. 7º da Lei nº /2011 que enumera o rol de orientações e tipos de informação que podem ser recebidos e/ou solicitados pelos cidadãos quanto no art. 10 da referida Lei e art. 12, inciso III, do Decreto Federal nº 7.724/2012 que determinam que o pedido deve apresentar especificações claras e precisas sobre a informação requerida. Conclusão

11 9. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso, uma vez que não se trata de pedido de acesso a informação. 10. Por fim, observa-se que, embora a ECT tenha prestado orientações à solicitante, ela deixou de responder ao recurso de 2ª instância, descumprindo obrigação inscrita na Lei de Acesso a Informação, além de não ter informado à cidadã sobre a possibilidade de interposição de recurso da decisão caso se sentisse insatisfeita com a resposta recebida. O procedimento recursal deve ser informado ao solicitante ainda que, de plano, se vislumbre não se tratar de pedido de acesso a informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente para que reavalie os fluxos internos da entidade com o fim de assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, em especial: a) Não deixar de apresentar as respostas aos recursos interpostos, em todas as instâncias; b) Informar em suas respostas aos cidadãos sobre a possibilidade e prazo para interposição de recurso bem como a autoridade competente para apreciá-lo; c) Atentar, nas respostas e informações prestadas, para os detalhes formais identificadores do pedido, tais como o número de protocolo, de modo a evitar equívocos que possam comprometer a instrução recursal. MÁRCIO ALMEIDA DO AMARAL Analista de Finanças e Controle

12 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT. JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União

13 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1206 de 15/04/2014 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Instrução de recurso - LAI Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 15/04/2014 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: d7369fb6_8d126aecf8e825f