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- Ângelo Domingues Ferrão
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1 SOCIALIZAÇÃO Designa os processos pelos quais os indivíduos duos se apropriam das normas, valores e funções que regem o funcionamento da sociedade. Favorece a adaptação de cada indivíduo à vida social e mantém uma certa coesão entre os membros da sociedade. 1
2 Socialização primária Família Escola Grupo de pares Media Socialização secundária Integração em submundos especializados. Ressocialização O indivíduo é separado da sua vida social anterior e despojado da sua identidade social. (Goffman). 2
3 PARADIGMAS SOCIOLÓGICOS DECORREM DA FORMA DE INTERPRETAR A RELAÇÃO ENTRE OS INDIVÍDUOS E A SOCIEDADE. 1. Teorias que consideram que a sociedade é uma instância que se impõe aos indivíduos sendo estes produto dessa sociedade. 2. Teorias que perspectivam uma interacção entre o indivíduo e a sociedade; a sociedade é produzida pelos seus membros. Émile Durkheim (França) A sociologia deve estudar os factos sociais como coisas e estudar as leis que traduzem as relações que existem entre esses factos sociais (carácter científico). Max Weber (Alemanha) - O estudo de fenómenos que envolvem comportamentos humanos deve basear-se em processos interpretativos. 3
4 Émile Durkheim A integração dos indivíduos na sociedade Há consenso e interdependência de direitos e deveres. Existe coerção. Regulação da sociedade Mediante a partilha de: ordem moral, crenças e sentimentos - consciência colectiva. Primado da sociedade sobre o indivíduo O indivíduo está subordinado à sociedade. MÉTODO SOCIOLÓGICO Conceito de facto social Facto social é toda a maneira de fazer, fixada ou não susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior. Regras do método sociológico Regras compatíveis com o processo científico. 4
5 DURKHEIM E A EDUCAÇÃO [ ] a educação é um assunto eminentemente social, tanto pelas suas origens como pelas suas funções. Definição da educação A educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não se encontram amadurecidas para a vida social. Ela tem por objectivo suscitar e desenvolver na criança um certo número de condições físicas, intelectuais e morais que dela reclamam, seja o meio específico a que ela se destina particularmente. Muito longe de a educação ter por objectivo único ( ) o indivíduo e os seus interesses, a educação é antes de mais, o meio pelo qual a sociedade renova perpetuamente as condições da sua própria existência. 5
6 Explicação causal e funcional da educação A educação cria as condições para que a sociedade se perpetue; é uma força conservadora. Acto pedagógico Deve adequar o novo membro da sociedade àquilo que essa sociedade quer. Isto passa pelo controlo social (sanções e recompensas). O homem que a educação deve realizar ( ) é como a sociedade quer que seja. Papel do professor Integrar novos membros na sociedade, tornando-os conscientes das normas pelas quais devem reger a sua conduta. Incutir ideias e sentimentos para harmonizar a criança com o meio em que a mesma deverá viver. 6
7 Papel do aluno Inclinar-se perante a inevitabilidade dos modelos a seguir. Reconhecer a autoridade do dever e da razão na palavra do educador. Relações entre educador e educando É da autoridade inerente ao professor que decorre o impulso da acção educativa. Uma turma é uma pequena sociedade e, torna-se necessário não a orientar como se se tratasse de um simples aglomerado de sujeitos. SÍNTESE A sociedade faz os indivíduos mas estes não fazem a sociedade. Por isso é irrelevante considerar o significado das acções dos indivíduos. 7
8 MAX WEBER Não toma para o estudo das questões sociológicas o modelo da abordagem científica das ciências da natureza. O objecto da sociologia é a explicação dos fenómenos sociais, o que pressupõe a compreensão das acções que lhe deram origem. A sociologia tem por objectivo compreender a acção social. Acção é todo o comportamento intencional quando este se processa no seio de sistemas sociais. Os comportamentos contêm intenções e expectativas; há uma antecipação da reacção dos outros. 8
9 SOCIOLOGIA ciência que se propõe compreender por interpretação a acção social e por isso explicar o seu desenvolvimento e os seus efeitos. Nesta definição podemos distinguir três procedimentos: 1- Interpretação 2- Compreensão 3- Explicação A compreensão supõe a empatia. Compreender não é só apreender o sentido da acção isolada mas o conjunto significativo ao qual essa acção pertence. Não é o indivíduo isolado que interessa à sociologia, mas o sujeito que leva a cabo acções no seio de determinado contexto. 9
10 INDIVIDUALISMO METODOLÓGICO O processo de interpretação dos factos sociais passa por considerar as acções individuais, individualmente ou agregadas. O indivíduo é o único portador de um comportamento significativo Individualismo metodológico. NOÇÃO DE CAUSALIDADE A situação singular é uma consequência da complexidade social e, se a compreendermos estamos a aprofundar o conhecimento social geral. A maneira de conceber a vida exprime-se nos diversos acontecimentos singulares da vida dos indivíduos. A realidade é infinitamente mais ampla e mais complexa do que aquilo que podemos abarcar, por isso não tem sentido reduzir a realidade a leis. 10
11 CONCEITO DE IDEAL-TIPO A sociologia compreensiva constrói representações que ajudam a dar inteligibilidade à realidade. M. Weber propõe que o investigador construa tipos estilizados que realcem as características por forma a facilitar a compreensão dos problemas. Quatro tipos de acções sociais: 1- Acções racionais na finalidade. 2- Acções decorrentes dos valores e das crenças. 3- Acções determinadas por valores emocionais. 4- Acções decorrentes da tradição, hábitos e costumes. 11
12 DIFERENCIAÇÃO SOCIAL POR CLASSES E POR GRUPOS DE ESTATUTO SOCIAL Ordem social forma como o prestígio social é distribuído na comunidade ( ). Ordem económica forma como os bens económicos e serviços são distribuídos e usados. Atribui a distribuição de poder nas comunidades a três fenómenos: 1- As Classes (diferenciação de ordem económica). 2- Os grupos de estatuto social (diferenciação de ordem social). 3- Os partidos (diferenciação de ordem legal). 12
13 Pode falar-se em classe social quando um conjunto de pessoas têm em comum: a) oportunidades de vida. b) interesses económicos ( posse de bens /oportunidade de rendimentos ). c) Condições de mercado de bens ou de trabalho. A situação de classe é uma situação de mercado. A situação de estatuto integra toda a componente típica da vida das pessoas, determinada por uma atribuição social de prestígio, positivo ou negativo. A pertença a um grupo de estatuto social refere-se à partilha de um certo estilo de vida. A pertença a uma determinada classe social não significa a correspondência a um estatuto social similar. 13
14 KARL MARX As classes só existem nas relações de classe e, mais precisamente nas lutas de classe que opõem classes antagónicas. Encontram-se assim classes opostas. Por um lado os detentores dos meios de produção - proprietários fundiários e capitalistas e, por outro, os que só detêm a sua força de trabalho os proletários. Classe é o conjunto de agentes que no processo de produção, estão nas mesmas condições. 14
15 Os Herdeiros Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron A escola transforma as desigualdades sociais (culturais) em desigualdades escolares. Os estudantes mais favorecidos, não só devem ao meio de origem os hábitos, o treino e as atitudes que lhes são mais úteis nas tarefas escolares, mas herdam também saberes e um savoir-faire, gostos e um bom gosto, cuja rendibilidade escolar, embora indirecta, não deixa de se verificar. Para alguns a cultura escolar é idêntica à cultura da família enquanto que para outros representa uma aculturação. 15
16 Os Herdeiros Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron (cont.1) O sistema educativo contribui através da sua própria lógica, para assegurar a perpetuação do privilégio. A igualização formal face à escola (igualdade de oportunidades) jamais conseguirá superar as desvantagens dos alunos oriundos das classes trabalhadoras. Existem relações entre a classe dominante e a escola. As classes sociais estão representadas no ensino superior de forma desigual. 16
17 Os Herdeiros Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron (cont.2) O sistema escolar provoca uma eliminação tanto maior quanto mais se caminha para as classes desfavorecidas. O acesso ao ensino superior é o resultado duma selecção escolar que se efectua ao longo do percurso escolar, de acordo com a origem social dos alunos. Os obstáculos económicos não bastam para explicar a mortalidade escolar. A escola elimina diferenças de atitudes e aptidões ligadas à origem social. De todos os factores de diferenciação, a origem social é aquele que mais fortemente se faz sentir sobre os estudantes. 17
18 Os Herdeiros Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron (cont.3) Os sucessos e os fracassos dependem de orientações precoces que são produtos do meio familiar. Os estudantes de origem burguesa manifestam maior segurança. A escola dá paradoxalmente um grande valor à arte de se distanciar dos valores e das disciplinas escolares. A cultura livre é distribuída de forma desigual entre os estudantes originários de meios diferentes. Em qualquer domínio cultural os hábitos culturais de classe e os factores económicos acumulam os seus efeitos. Os comportamentos culturais obedecem mais aos determinismos sociais do que à lógica das preferências. 18
19 Os Herdeiros Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron (cont.4) Os mesmos saberes não exprimem as mesmas atitudes e não estão ligados aos mesmos valores: enquanto para uns esses saberes provêm da aprendizagem escolar, para outros advêm em primeiro lugar do meio familiar. Uma cultura puramente escolar é não só uma cultura parcial, mas uma cultura inferior. A influência do privilégio cultural transmite-se de forma discreta e indirecta. Para as camadas mais desfavorecidas a escola continua a ser a única via de acesso à cultura. Paradoxalmente, a escola desvaloriza a cultura que transmite em detrimento da cultura herdada. 19
20 Os Herdeiros Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron (cont.5) Os estudantes só são formalmente iguais face à aquisição da cultura superior ; na realidade diferem através de todo um conjunto de présaberes atribuíveis ao meio de origem. Estão separados por uma série de características culturais que partilham. Crer que, quando damos os mesmos meios económicos a todos, estamos a dar iguais oportunidades de acesso é ignorar que as aptidões medidas com o critério escolar resultam da maior ou menor afinidade entre os hábitos culturais duma classe, as exigências do sistema de ensino e os critérios que definem o sucesso. 20
21 Os Herdeiros Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron (cont.6) Para os filhos de camponeses e operários a aquisição da cultura escolar é uma aculturação. A cultura da elite está próxima da cultura da escola. Para uns a aprendizagem da cultura da elite é uma conquista, para outros, uma herança. 21
22 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France Ao longo de todo o percurso escolar, verifica-se uma oposição entre dois canais o Secundário Superior (SS), frequentado pelos filhos das classes dominantes, e o Primário Profissional (PP), frequentado pelos filhos das classes dominadas. Só podem existir estes dois canais visto que só existem duas classes. A escola distribui os indivíduos nos diferentes postos de trabalho. O objectivo da escola não é unificar mas dividir. 22
23 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.1) A base real sobre a qual funciona a escola é constituída pela divisão da sociedade em duas classes antagónicas. Do ponto de vista da burguesia, a escola é democrática; mas essa democracia não representa mais do que a relação de divisão de duas classes antagónicas e a dominação de uma dessas classes pela outra. A escola só é contínua e unificada para aqueles que percorrem todo o seu percurso : a burguesia. Para aqueles que abandonam a escola, depois do ensino primário ou profissional curto, não existe apenas uma escola : existem escolas distintas, sem relação entre si; existe descontinuidade. 23
24 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.2) Existe continuidade entre o ensino secundário e o superior mas não existe continuidade entre o profissional e estes. Trata-se de canais de escolarização completamente distintos, devido às classes sociais a que se destinam, aos postos na divisão social do trabalho e ao tipo de formação que proporcionam. O ensino primário e o profissional curto não dão acesso ao secundário nem ao superior, mas ao mercado de trabalho, ao mundo da produção material. Constituem secções de percursos interrompidos. 24
25 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.3) Do ponto de vista do mito da unidade e continuidade da escola trata-se de percursos incompletos. Do ponto de vista da produção e do mercado de trabalho, não se trata de percursos interrompidos. Do ponto de vista da realidade da escola trata-se de caminhos que vão até ao seu termo. Simplesmente esse termo não é constituído pela cultura e pelo saber do ensino secundário e superior, mas pela produção. É no seio da escola primária que ocorrem as divisões porque esta não é unificadora. Ela divide a massa escolarizada em duas secções distintas e opostas. 25
26 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.4) Tal processo reveste-se de um aspecto duplo e simultâneo: 1- Assegura uma distribuição material, uma repartição dos indivíduos em pólos opostos da sociedade. 2- Desempenha uma função política e ideológica de inculcação da ideologia burguesa. A orientação confirma um facto consumado à partida, é a forma pela qual se apresenta o processo real de divisão. Para os burgueses, a ideologia nunca é burguesa: é o saber, a verdade, a cultura, o bom gosto, etc. 26
27 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.5) A ideologia burguesa é inculcada sob duas formas opostas, características de cada um dos ramos da escolaridade. Existe a cultura do canal SS e existem as suas formas diferenciadas no canal PP que são seus subprodutos. Ambos os canais são necessários para assegurar a divisão social do trabalho, para que cada indivíduo actue segundo as necessidades do trabalho, considerando-os como deveres. É a partir da escola primária, da linguagem escolar que se realiza a ideologia burguesa, não só através dos seus conteúdos manifestos, mas também através das práticas coercivas que impõe. 27
28 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.6) As práticas escolares e o seu ritual são um um dos aspectos de inculcação ideológica. Quando a escola primária valoriza o trabalho manual é sob a sua forma arcaica, artesanal e estética a cerâmica, a arte de fazer cestos, a tecelagem, etc Aparecem também posições que reconhecem que além da função ideológica da escola existe paralelamente uma função de saber. Assim: Na PP existe a reprodução de saberes e técnicas (ler, contar ) que mesmo incompletas contêm uma finalidade produtiva. O SS fornece conteúdos científicos. 28
29 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.7) Contudo: O valor dum saber-fazer não existe sem o seu uso produtivo o qual está ausente da escola. Nas práticas escolares os problemas são fictícios e tendo em vista a avaliação, a classificação e a avaliação. Esta separação material das práticas escolares e das práticas produtivas é efeito da divisão entre trabalho manual e intelectual. Nas sociedades o saber divide-se entre a teoria e a prática. A ausência dos filhos dos operários nos liceus e faculdades produziu-se ao nível da escola primária. A escola primária divide para toda a vida. 29
30 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.8) A escola constitui o instrumento e a causa da divisão da sociedade em classes? É evidente que não, porque as classes sociais preexistem à escola. A escola favorece os favorecidos e desfavorece os desfavorecidos. (Bourdieu) A escola limita-se a reproduzir ou a perpetuar as desigualdades sociais já preexistentes (família de origem). As crianças são desiguais face à escola porque antes de aí entrarem foram submetidas à acção de diferentes factores. 30
31 Baudelot e Establet L École Capitaliste en France (cont.9) A separação dos indivíduos em dois canais só se produz porque existem já as duas redes e porque o professor é obrigado a alimentá-las a ambas. As famílias estão em boa ou má posição, não em abstracto, mas em relação às exigências do próprio sistema escolar. O que determina a estrutura do aparelho escolar, e as consequências dos diferentes percursos individuais são a divisão da sociedade em classes. 31
32 Como é que a escola assegura a reprodução das relações de produção? 1. Reparte os indivíduos no interior da escola, os quais vão desembocar no exterior daquela. 2. Inculca a ideologia burguesa para manter as relações de produção existentes (dominação e submissão). 32
33 A procura social da educação Aumento da população escolarizada : massificação escolar. Aumento da esperança de vida escolar; Valorização dos diplomas; Necessidade de especialização. A educação é considerada factor de desenvolvimento económico. A crise dos sistemas educativos resulta de um desfasamento entre as necessidades e as respostas. 33
34 Portugal: Aumento global da população escolar apesar da quebra de natalidade. (A diminuição é significativa no 1º ciclo do ensino básico) Porque aumenta a população escolar? Alargamento da rede escolar (ao nível da educação pré escolar e do ensino superior). Aumento do período de escolaridade obrigatória. Aumento da esperança de vida escolar. Melhoria do nível de vida. Maior aspiração à mobilidade social ascendente. Aumento da divisão do trabalho: necessidade de especialização. 34
35 O crescimento da população escolar no ensino secundário e superior deve-se a fenómenos de natureza social, sugerindo maior procura de bens culturais. O estatuto sócio-económico da família é um factor de sucesso escolar dos filhos ( ) só uma minoria de crianças pertencentes aos meios sócio-económicos menos favorecidos acede a certo nível de estudos. ( ) o estatuto sócio-económico da família [é] considerado o melhor prognóstico do progresso escolar. (Rocher) Cada profissão exige aptidões particulares e conhecimentos especiais que obrigam a uma maior especialização. (Durkheim) À educação cabe o papel de estabelecer um equilíbrio entre a ciência e a tecnologia (meios) e os valores que constituem a finalidade da vida e da acção humana. 35
36 Incapacidade dos mercados de trabalho em assegurar ocupação laboral imediata e duradoura à população jovem. Alternativas: Prosseguimento dos estudos (ocupação). Formação contínua. AS FUNÇÕES DA EDUCAÇÃO (Segundo Cabanas) 1- Residual - noções, ensinamentos básicos, capacidades, atitudes, ideias e valores. 2- Coordenação - não duplique os ensinamentos veiculados pelas outras instituições sociais. 36
37 As expectativas que cada um de nós tem da escola são elaboradas a partir de um certo número de modelos culturais e de experiências. Daí que não haja concordância na construção de uma tipologia das funções da educação. Cada uma das propostas tem por base um determinado contexto económico, político e social. Cada sociedade impõe aos seus membros um sistema de educação. (Durkheim) Uma das primeiras funções da escola e da educação é preparar o indivíduo para se integrar no grupo: socialização. Esta, segundo Cabanas, depende de cinco factores: 1- Desenvolvimento do país; 2- Disponibilidades económicas; 3- Nível cultural; 4- Procura social; 5- Interesse político. 37
38 As funções da educação divergem consoante as diferentes escolas de pensamento sociológico. Socializadora Personalizadora Capacitação profissional Política Mudança social Económica Selecção social Para além da escola e da família, o grupo de colegas e os meios de comunicação social são agentes educativos que: permitem criar uma visão da realidade social na geração seguinte, a qual pode ou não estar em consonância com a dos adultos. (desvios de critérios) 38
39 O processo educativo na escola encontra-se condicionado: Características individuais dos alunos; Traços do professor; Organização da própria escola; Meio familiar de origem. Função personalizadora: Desenvolvimento das capacidades de reflexão crítica (dificultada pelos padrões educativos extremamente rígidos e standartizados). Função de capacitação profissional: preparação do indivíduo para a vida activa. Função de mudança social: é difícil promover a inovação sem originar a ruptura. Função económica: adaptação dos currículos às necessidades sugeridas pelo mundo empresarial. Esta adaptação não tem sido 39 possível.
40 Função política: o sistema político cria mecanismos de supervisão, por via orçamental, administrativa e pedagógica. Há uma acção de controle social. Função de selecção social: aos separar os bons dos maus alunos, a escola agrava as desigualdades sociais, económicas e culturais de que os alunos são portadores quando ingressam no sistema de ensino. A selecção escolar põe em causa os esforços de democratização do ensino e o processo de mobilidade social pois faz a manutenção e legitima a sociedade em classes e grupos sociais. Ao decalcar as mesmas condições culturais, mediante a selecção, a escola perpetua a realidade social. 40
41 Apesar da unificação dos estudos e do prolongamento da escolaridade básica [ ] as dificuldades mais do que a resolverse, acentuam-se, mostrando assim o fracasso da democratização do ensino. (Loureiro) Embora acolhendo um número cada vez maior de cidadãos a escola não teve em consideração as suas diferenças; surgiram entraves à massificação escolar: Desarticulação dos programas; Degradação do estatuto do professor; Falta de articulação com as especificidades locais e regionais. 41
42 Socialização e desenvolvimento económico e social A socialização é uma das funções primordiais da escola, na qual é adjuvada por outros agentes: Família Meios de comunicação social Grupos de colegas e de amigos Cada um, a seu modo, promove a aprendizagem de papéis e de valores que favorecem a integração do indivíduo no tecido social. 42
43 A heterogeneidade dos grupos sociais e a herança cultural dos alunos constitui um dos factores de diferenciação nas escolas. Para Arroteia, a escola devia: 1º - Descobrir as aptidões individuais 2º - garantir a superação das diferenças A sociedade de massas alterou os papéis e as funções da família, nomeadamente a sua dimensão. A relação entre os diversos agentes de socialização nem sempre é idêntica aos valores da família, dando assim origem a desajustes. Alterou-se o predomínio da família em certos domínios da socialização das crianças. 43
44 Escola e sociedade Alteraram-se as funções da instituição escolar: Os meios de comunicação social passaram a desempenhar não só uma função complementar, mas também concorrente. Contudo, a instituição escolar continua a manter atributos específicos das organizações de carácter pedagógico: Modo de funcionamento; Partilha dos tempos lectivos; Diferenciação de níveis de ensino e grupos etários. 44
45 É cada vez maior a articulação entre a educação formal e a não formal e informal (paralela). Educação formal conteúdos incluídos nos programas e avaliados. Educação não formal actividades opcionais desenvolvidas fora da escola. Educação informal sem finalidades pedagógicas, veiculada pelos mais diversos meios (educação paralela). Aglutina todos os conhecimentos que o indivíduo vai adquirindo ao longo da sua vida. A coexistência destes diversos tipos de educação põe em causa as funções tradicionais da própria escola enquanto agente primeiro de transmissão do saber. 45
46 A população que frequenta a escola (área envolvente) transporta para o seu interior um conjunto de valores e de tradições culturais e leva para o exterior ensinamentos. A escola mantém-se sujeita a um grande número de pressões internas e externas as quais reduzem a sua eficácia e poder de intervenção. Espera-se que a escola assegure conhecimentos indispensáveis para a estabilidade social. A educação é um fenómeno social. A educação é um fenómeno económico (preparação para a vida activa utilidade na qual as sociedades baseiam o seu progresso). A educação é um factor de investimento. 46
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