3º RELATÓRIO CONSOLIDADO DE ANDAMENTO DO PBA E DO ATENDIMENTO DE CONDICIONANTES
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1 3º RELATÓRIO CONSOLIDADO DE ANDAMENTO DO PBA E DO ATENDIMENTO DE CONDICIONANTES 8.2 Programa de Vigilância Epidemiológica, Prevenção e Controle de Doenças Anexo Relatório Anual 2012 de Monitoramento da Transmissão de Malária, Leishmanioses e Filariose nos municípios de Vitória do Xingu, Senador José Porfírio e Anapu, Estado do Pará - Instituto Evandro Chagas
2 MONITORAMENTO DA TRANSMISSÃO DE MALÁRIA, LEISHMANIOSES E FILARIOSE NOS MUNICIPIOS DE VITÓRIA DO XINGU, SENADOR JOSÉ PORFIRIO e ANAPU, ESTADO DO PARÁ. MARINETE MARINS PÓVOA IZIS MONICA CARVALHO SUCUPIRA THIAGO VASCONCELOS EMERSON M. SANTOS RELATÓRIO ANUAL Dezembro 2012
3 INTRODUÇÃO As doenças parasitárias transmitidas por vetores alados historicamente prevaleciam em áreas geográficas bem estabelecidas, de acordo com as condições ambientais favoráveis. A partir do momento que as questões ambientais passaram a influir diretamente no ambiente e que o perfil climático, pluviométrico, de umidade e outros passaram por mudanças súbitas, a possibilidade do avanço das barreiras ambientais para a expansão dos limites geográficos de agravos, tais como as leishmanioses, dengue, malária, doença de Chagas entre outros, passou a ser uma preocupação para os gestores de saúde em relação à implantação e impacto das medidas de controle da vigilância epidemiológica, em especial nos municípios da Amazônia. Entre os principais fatores que propiciam a transmissão de doenças causadas por vetores podemos citar o aumento da população, a urbanização desordenada, migração de indivíduos susceptíveis, desmatamento devido a diferentes propostas, construção de estradas e rodovias nas florestas, construção de hidroelétricas, uso de subsolo para extração de riquezas minerais. MALÁRIA A malária no Brasil, doença transmitida pela fêmea de mosquitos do gênero Anopheles, está classificada de acordo com o local de ocorrência como amazônica e extra-amazônica. A maioria dos casos, em torno de 98%, ocorre nos nove estados da região amazônica. O número de casos registrados varia e atualmente os estados que apresentam a maior prevalência são Rondônia, Amazonas e Pará. Segundo esta variação e o cálculo da IPA (Incidência Parasitária Anual) os municípios são classificados como de alto, médio e baixo risco. No território brasileiro ocorrem 3 das 5 espécies causadoras da infecção malárica, Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax e Plasmodium malariae, podendo apresentar-se como infecção simples ou mista. Quanto ao vetor, no Brasil, existem 55 espécies pertencentes ao gênero Anopheles, o qual é subdividido em 5 subgêneros: Nyssorhynchus, Kertesia, Stethomyia, Lophodomyi e Anopheles. Os subgêneros que estão relacionados à transmissão da malária são o Nyssorhynchus e o Kertesia (Rosa-Freitas, 1998). No subgênero Nyssorhynchus, as espécies encontradas infectadas pelo Plasmodium incluem An. darlingi, An. aquasalis, An. albitarsis sensu lato, An. marajoara, An. deaneorum, An oswaldoi, An. nuneztovari e An. triannulatus. Segundo Rosa-Freitas et al. (1998) outras espécies encontradas naturalmente infectadas por Plasmodium não desempenham papel importante na manutenção da malária, visto que são espécies zoofílicas, exófilas, de baixa densidade e sua distribuição e freqüência não coincidem com aquelas da doença, exceto An. darlingi. Esta é considerada a responsável pela maior parte da transmissão da malária, devido ao seu caráter antropofílico e sua alta taxa
4 de infecção por Plasmodium. (Arruda et al., 1986; Oliveira-Ferreira, 1990; Klein et al., 1991; Oliveira-Pereira & Rebelo, 2000; Póvoa et al., 2001; Conn et al., 2002; Silva et al., 2006; Galardo et al., 2009). Na região Amazônica, fatores climáticos como temperatura em torno de 28 C, umidade relativa acima de 80%, as freqüentes chuvas e a existência de vegetação em torno dos criadouros e habitações favorecem o aumento da fauna anofélica, uma vez que proporcionam aumento das atividades vitais, da longevidade e ainda oferecem abrigo natural aos anofelinos (Motta, 1992). O controle da malária está baseado principalmente no diagnóstico laboratorial preciso e rápido para implementação imediata do tratamento apropriado, quebrando, assim, a cadeia de transmissão. Todavia, em casos de intensa transmissão é utilizado o controle e vigilância entomológica tanto para formas imaturas como para as adultas como ferramenta complementar para o controle desta endemia (Brasil, 2009). Tem sido preconizado, no Brasil, o controle seletivo do vetor, no qual há seleção dos métodos mais efetivos para controlar os vetores, com baixo custo e adequado à situação do local e ainda com a participação da comunidade (Brasil, 2009). O uso de mosquiteiros impregnados ou não, telagem de portas e janelas, uso de repelentes loções e elétricos, evitar atividades humanas nos horários de maior transmissão, ordenamento do meio, uso de larvicidas químicos e biológicos, aplicação de inseticidas com pulverização espacial e borrifação intradomiciliar residual são métodos atualmente utilização no controle de vetores. Atualmente no Brasil, utiliza-se inseticidas do grupo dos piretróides, insumo fornecido aos Estados pelo Ministério da Saúde. Todavia, esses inseticidas apresentam efeito residual curto, cerca de 3 meses (Santos et al., 2007), o que dificulta a realização de ciclos anuais completos em grande parte das áreas malarígenas. LEISHMANIOSES As Leishmanioses, tegumentar e visceral, são zoonoses transmitidas por insetos hematófagos, flebotomíneos, e causadas pelo parasita do gênero Leishmania. Participam da cadeia epidemiológica, diferentes espécies de animais silvestres, roedores, animal doméstico (cachorro), marsupiais, etc. (Lainson, 1988) A leishmaniose visceral (LV) vem aumentando em importância para a saúde pública devido ao processo de urbanização em decorrência das modificações sócio-ambientais, do ambiente natural, como o desmatamento, e ao fluxo migratório de populações humana e canina originárias de áreas rurais onde a doença é endêmica. Além disso, o crescimento desordenado das cidades levando à destruição do meio ambiente, associado ao aumento da crise social, tem sido apontado como um dos principais fatores promotores das condições adequadas para ocorrência da LV na área urbana (Maia_Elkhoury et al., 2008)
5 Portanto, as alterações produzidas tanto no campo ambiental quanto populacional e social, e a adaptação de vetores (Lutzomyia longipalpis, principal vetor) levam à mudança do perfil da doença, antes rural e agora também urbana. A exploração econômica (construção de estradas, hidroelétricas, projeto de extração de minérios, etc.) devasta grandes áreas silvestres, o que leva doença para a periferia dos centros urbanos, e vetores e hospedeiros para o peridomicílio humano em busca de alimentos e assim estabelecendo a transmissão do agente da doença, concomitantemente (Costa et al., 1990; Rangel & Vilela, 2008). Considerando a presença constante do vetor, Lu. Longipalpis, em áreas resultado de devastação, associada à capacidade deste flebotomíneo em se alimentar em vários e diferentes animais vertebrados, assim se mantendo no ambiente, a transmissão da LV é torna-se uma evidência. (Rangel & Vilela, 2008). A Leishmaniose tegumentar americana (TLA) apresenta grande diversidade e mudanças constantes na dinâmica de transmissão devido às diferentes espécies de flebotomíneos vetoras, diversidade de reservatórios e agentes etiológicos, o que associado à ação antrópica inadequada dos recursos naturais (Lainson, 1988), dificultam as ações de controle preconizadas para a mesma. Devido a isso, foi observada uma expansão geográfica da LTA no Brasil, pois a partir da década de 80 o número de casos variou (1980) a (1995). Neste período foram observados picos de transmissão a cada cinco anos, apresentando uma média anual de casos autóctones, o que resulta num coeficiente de detecção médio de 18,5 casos/ habitantes. Estes coeficientes foram mais altos em 1994 e ( gov.br/portal/arquivos/pdf/manual2_lta_2ed.pdf). Os vetores da LTA são insetos denominados flebotomíneos, pertencentes à Ordem Díptera, Família Psychodidae, Subfamília Phlebotominae, Gênero Lutzomyia, que em diversas áreas do Brasil podem ser denominados como mosquito palha, tatuquira, birigui, etc. Existem várias espécies que transmitem a LTA em diferentes áreas do Brasil (Nascimento et al., 2012). ONCOCERCOSE A oncocercose tem como agente etiológico o parasita Onchocerca volvulus e transmissores insetos do gênero Simulium, que transmitem a forma larvar do parasita ao homem. O principal foco desta doença no Brasil está localizado no estado de Roraima e principalmente entre os índios Yanomami. Os simulídeos são conhecidos vulgarmente no Brasil como piuns e borrachudos. Estes insetos são da ordem Diptera e sub-ordem Nematocera, que contém aproximadamente espécies válidas no mundo, sendo 91 espécies registradas no Brasil (Adler & Crosskey, 2010). No estado do Pará, são registradas dezesseis espécies de simulídeos, são elas: Simulium nigrimanum Macquart, 1838; Simulium guianense s.l. Wise; Simulium oyapockense s.l. Floch & Abonnenc, 1946; Simulium incrustatum
6 Lutz, 1910; Simulium minusculum Lutz, 1910; Simulium quadrifidum Lutz, 1917; Simulium limbatum Knab, 1915; Simulium perflavum Roubaud, 1906; Simulium iracouboense Floch & Abonnenc, 1946; Simulium rorotaense Floch & Abonnenc, 1946; Simulium spinibranchium Lutz, 1910; Simulium subpallidum Lutz, 1910; Simulium pertinax Kollar, 1832; Simulium subnigrum Lutz, 1910; Simulium brachycladum Lutz & Pinto, 1932; Simulium goeldii Cerqueira & Nunes de Mello, 1967 (Coscarón, 1991; Hamada & Adler; 1998; Hamada & McCreadie 1999; Monteiro-Santos, 2008). S. oyapockense s.l., S. guianense s.l., S. incrustatum e S. limbatum estão envolvidas na transmissão de filarioses que causam doenças ao homem como a Oncocercose e Mansonelose (Charalambous et al., 1996; Shelley et al.,1987). Blacklock (1926), Hoffman (1930) e Strong (1931a,b) incriminaram algumas espécies de simulídeos como vetores da microfilária Onchocerca volvulus Leuckart, 1893 ao homem, causadora da Oncocercose. Deane (1949), Cerqueira (1959) e Shelley & Shelley (1976) citam a existência de outra microfilária transmitida pelos simulídeos ao homem, a Mansonela ozzardi Manson, 1897 causadora da Mansonelose. No estado do Pará, Pinheiro et al. (1974) sugere que a Síndrome Hemorrágica de Altamira (uma doença endêmica, caracterizada por púrpura petequial, esquimoses e sufusões hemorrágicas, além de sangramento da mucosa oral e gastrointestinal) seja uma virose transmitida por simulídeos. Entretanto, hoje, considera-se o mecanismo de desencadeamento desta síndrome desconhecido, podendo estar relacionada a uma hipersensibilidade às substâncias contidas na saliva dos piuns. No período de janeiro de 1972 a dezembro de 1993 foram reportados, aproximadamente, 320 casos desta doença na região de Altamira (Costa-Júnior et al., 1997). De acordo com Souza (1984), a família Simuliidae é conhecida por incluir espécies de importância ecológica (e.g.: participam da cadeia trófica nos sistemas aquáticos), importância econômica (sua abundância prejudica o turismo devido à hematofagia) e médica (transmitindo doenças). A distribuição dos Simuliidae está associada à presença de plantas, folhas, troncos e pedras submersas em pequenos e grandes cursos d água especialmente, em cachoeiras, onde ovos, larvas e pupas se desenvolvem.
7 METODOLOGIA Áreas de estudo: Rota Transamazônica Vila Mutirão (Altamira) Sítio Santo Antonio (Vitória do Xingu) Alojamento Belo Monte (Vitória do Xingu) Canais e Diques (Vitória do Xingu) Belo Monte do Pontal (Anapú) Rota Xingu Arroz Cru (Vitória do Xingu e Senador José Porfírio) Ilha da Fazenda/Ressaca (Senador José Porfírio) São Pedro (Vitória do Xingu) Alojamento Pioneiro (Vitória do Xingu) MALÁRIA A metodologia seguirá as orientações contidas na Portaria45/2007 e Nota Técnica 12/2007 da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, pela equipe de técnicos em entomologia do Laboratório de Entomologia de Malária do Instituto Evandro Chagas (IEC). Coleta de mosquitos anofelinos adultos Fêmeas de anofelinos adultos foram coletadas utilizando captura por atração humana (membro inferior descoberto), lanterna e capturador de sucção. Foram realizadas coletas de 04 horas (18 às 22horas) e de 12 horas (das 18 às 6 horas). Estas últimas realizadas por um grupo de cerca de 4 técnicos, com revezamento de 2 técnicos a cada 3 horas, em local denominado ponto de captura. Foram realizadas 3 excursões/período do estudo, cada excursão com duração de cerca de 15 dias. Os exemplares coletados foram acondicionados em vasilhas plásticas teladas, por hora e ponto de coleta, onde receberão alimentação (água açucarada a 10%) até serem identificados no laboratório. Coleta de dados climáticos e dados geográficos Foram utilizada ficha padronizada do Ministério da Saúde para registro dos dados climáticos (temperatura, Umidade relativa do ar, intensidade e direção do vento, tipo de lua, presença/ausência e intensidade de chuva, condições do tempo, etc.) e dados geográficos (latitude, longitude, distâncias, etc.) no início de cada hora de coleta Identificação e processamento dos mosquitos coletados A identificação taxonômica dos mosquitos coletados foi realizada em microscópio entomológico (Lupa) e utilizando chaves identificação de Forattini (1965), Gorham et al., 1967 modificada e Faran & Linthicum (1981). Após identificação, os mosquitos tiveram a cabeça/tórax separados do abdômen por corte, que foi acondicionada em tubos apropriados, individualmente no caso de Anopheles darlingi ou espécies do complexo albitarsis e em pool de até 5 espécimes no caso de outras espécies.
8 Coleta de formas imaturas As coletas foram realizadas com conchas de 350ml em todas as coleções hídricas presentes nas áreas de estudo, no período da manhã, entre 6 e 9 horas. Cada coletor introduziu a concha 3 vezes no mesmo ponto e o material coletado foi acondicionado em recipiente adequado (tubos, pequenos frascos, sacos plástico com ziper), devidamente identificado (nome do coletor, horário da coleta, identificação do ponto, local de coleta). A distância entre os pontos de coleta foi definida de acordo com o tipo, tamanho e forma da coleção hídrica alvo. Os exemplares coletados foram acondicionados em frascos apropriados até a identificação no laboratório. Coleta de dados climáticos e dados geográficos Foi utilizada ficha padronizada do Ministério da Saúde para registro dos dados climáticos (temperatura, Umidade relativa do ar, intensidade e direção do vento, tipo de lua, presença/ausência e intensidade de chuva, condições do tempo, etc.) e dados geográficos (latitude, longitude, distâncias, etc.) no início de cada hora de coleta. Identificação e processamento das formas imaturas coletadas A identificação taxonômica das larvas coletadas foi realizada em microscópio ótico e utilizando chaves identificação de Forattini (1965), Gorham et al., 1967 modificada e Faran & Linthicum (1981). Identificação do criadouro Foi utilizada ficha padronizada do Ministério da Saúde para registro dos dados das especificidades dos criadouros (coleções hídricas) como: tipo, tamanho, formato, tipo de vegetação presente, características da água, condições climáticas, distância deste ás residências, qualidade da água (salinidade, ph, turbidez, ec.). No verso da ficha normalmente se faz um mapa representativo do criadouro e áreas adjacentes. DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE PICADA POR HOMEM E POR HORA IPHH: Este índice foi calculado dividindo-se o número de mosquitos coletados (N) em determinada área pelo número de capturadores (NC) e número de horas da coleta (NH). IPHH = N NC x NH DETERMINAÇÃO DO GRAU DE INFECTIVIDADE NATURAL DOS ESPÉCIMES COLETADOS, POR ESPÉCIE E HORA DE COLETA O total de mosquitos coletados foi utilizado para determinação da infectividade natural pelo método de ELISA (Enzyme-linked immunosorbent assay) descrito por Wirtz et al., (1985, 1987).
9 LEISHMANIA Coleta de flebotomíneos Foram utilzadas armadilhas de luz do tipo CDC, diariamente em áreas circunvizinhas às populações humanas de cada área de estudo. O horário de coleta foi de 18 às 6 horas. Os exemplares coletados foram separados por famílias a que pertencem e acondicionados apropriadamente para posterior identificação morfológica e condutas metodológicas preconizadas. Todos os pontos foram registrados por GPS. As coletas dos flebotomíneos e culicideos foram realizadas com utilização armadilha de luz tipo CDC, em mata fechada e residual, a 1 metro do solo, que permaneceram ligadas das 18:00 às 06:00h. Procedimento no laboratório de campo: Os exemplares de flebotomíneos coletados na armadilha CDC foram retirados com aspirador manual das gaiolas de CDC, acondicionados em frascos apropriados e em seguida colocados no freezer ou geladeira para adormecer e os culicídeos também foram retirados e identificados morfologicamente segundo chave de identificação de Forattini. A lavagem dos flebotomíneos foi realizada em vidros de relógio com solução salina e sabão neutro seguida de duas lavagens apenas com solução salina. A triagem dos insetos, onde foram separados os flebotomíneos de outros insetos, foi realizada com o auxilio de uma lupa entomológica e pinça de dissecação e a montagem das lâminas com os flebotomíneos foi feita com solução de Berlese. Os espécimes montados foram identificados em microscópio ótico utilizando as chaves de identificação Forattini, 2002 e Leeryan, ONCOCERCOSE Caracterização da área de estudo O estudo se desenvolve na bacia do rio Xingu, Estado do Pará, abrangendo os municípios de Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio. Os principais rios afluentes monitorados nesta bacia são: Rios Bacajá e Tucuruí. Determinação dos macrohábitats aquáticos da simuliofauna Estes macrohábitats foram representados por duas grandes áreas, a saber: Área 1 (A1): com predominância de paisagem de formação vegetal pioneira sob influência fluvial arbustiva e/ou árborea e florestas ombrófila densa aluvial. O leito é permanentemente cheio com água de coloração clara, e possui largura de 60 m a mais de 1 km. Esta área é representada exclusivamente pelos rios Xingu e Bacajá; Área 2 (A2): com predominância de paisagem de margem do leito com fragmentos de floresta ombrófila densa submontana e aberta submontana, área agropastoril, área de pastagens, registro de estradas, e igarapés próximo a localidades urbanizadas. O leito é permanentemente cheio, a água de coloração da clara a negra, e a largura dos cursos d água varia entre 1 e 50 m. Representando este tipo de macrohabitat os seguintes igarapés: do Lago,
10 Michila, Jôa, Ladeira do Sigano, do Km 27, Castanheira, Facão, Cnec, Ambé, do Linhão, Ituna, Bacajaí, Itatá, Fonte Nova, Jandiá, Gruta, Odila, Panelas e 5 Quedas, próximo ao município do Brasil Novo, e os igarapés ao longo do ramal da Cobra Choca. Estas áreas caracterizam bem os macrohábitats dos simulídeos, não sendo necessário caracterizar os pontos amostrados ou mesmo as margens dos sistemas aquáticos. Métodos de amostragem Os criadouros com presença de macrófitas aquáticas, folhas verdes ou em decomposição, galhos, raízes, pedras, rochas parcialmente submersas (considerados como substratos) foram observados à procura de imaturos (larvas e pupas) de simulídeos. As coletas de imaturos de piuns foram realizadas de forma manual e com auxílio de rede entomológica aquática a partir de transecto de 10 m, coletando aleatoriamente de uma margem a outra dos cursos d água. Os pontos amostrados foram amplamente distribuídos ao longo da transecção dos sistemas aquáticos, excluindo áreas com maior profundidade. As amostras obtidas em diferenças tipos de macrohabitats foram mantidas separadas. A unidade amostral foi representada por tempo (30 minutos), enquanto o esforço de captura de simulídeos por ponto amostrado. A identificação das espécies foi realizada com o auxílio de microscópios estreoscópico e óptico, e dos trabalhos de Shelley et al. (1997), Hamada & Grillet (2001), Hamada & Fouque (2001) e Shelley et al. (2006). A largura dos igarapés e rios foi mensurada com auxílio de bastões métricos e uso de Sistema de Posicionamento Glogal (GPS Garmin 76). O material biológico foi incorporado à coleção da secção de Entomologia/Zoologia/Divisão de Biodiversidade do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), em Macapá (AP). Estatística A diversidade de simulídeos foi determinada através dos índices de diversidade Chao 1 e 2, Jackniffe 1 e 2, Shannon-Weaver e Simpson através do programa EstimateS 752 (Colwell, 2005). Utilizou-se o índice de Bray-Curtis (BC) para a análise de similaridade entre os cursos d água, com base na composição de simulídeos. Estes testes foram realizados com o auxílio do programa Past (Hammer et al., 2001).
11 RESULTADOS Como está demonstrado na tabela 1, as equipes de Malária e Leishmaniose trabalharam diferentes pontos nas áreas de estudo que foram preferencialmente escolhidos em áreas de influência de população humana, visto que este estudo objetiva as doenças no homem transmitidas por insetos hematófagos alados. Tabela 1: Pontos trabalhados segundo referência geográfica, na área de estudo do projeto da hidroelétrica de Belo Monte. MUNICÍPIO LOCALIDADE HABITAT LATITUDE LONGITUDE Altamira Transamazônica Área residencial 3º º Altamira Bairro Mutirão Área residencial 3º º Altamira Bairro Mutirão Mata 03º º Altamira Bairro Mutirão Área de fazenda 3º º Altamira Estrada do aeroporto Área residencial 3º º Altamira Mangueiras Área residencial 3º º Vitória do Xingu Sta. Ma. Belo Monte Área residencial Vitória do Xingu Sta. Ma. Belo Monte Área residencial Vitória do Xingu Canais e Diques Área residencial Vitória do Xingu Canais e Diques Área residencial Vitória do Xingu Aloj. Belo Monte Área residencial Vitória do Xingu Sta. Mª. Belo Monte Lago Vitória do Xingu Sta. Mª. Belo Monte Área residencial Vitória do Xingu Sta. Mª. Belo Monte 3º º Vitória do Xingu Sítio Santo Antônio Mata 3º º Vitória do Xingu Acamp. Pioneiro Mata 3º º Vitória do Xingu Acamp. Pioneiro Área residencial 3º º Vitória do Xingu Acamp. Pioneiro Área industrial 3º º Vitória do Xingu Com. Santo Antônio Área residencial Vitória do Xingu Aloj. Pioneiro Área residencial Vitória do Xingu Aloj. Pimental Área residencial Vitória do Xingu Aloj. Pimental Área industrial Vitória do Xingu Com. Santo Antônio Área residencial Sen. José Porfírio Sen. José Porfírio Ressaca Área residencial Ressaca Área residencial
12 Sen. José Porfírio Sen. José Porfírio Sen. José Porfírio Sen. José Porfírio Sen. José Porfírio Ilha da Fazenda Área residencial Ilha da Fazenda Área residencial Arroz Cru Mata 3º º Ilha da Fazenda Mata 3º º Ressaca Mata 3º º Anapú Belo Monte do Pontal Mata 3º º Anapú Belo Monte do Pontal Área residencial 3º º MALÁRIA Na primeira viagem, fevereiro de 2012, foram coletados 1373 distribuídos em 8 espécies (An.darlingi, An.nuneztovari, An.galvaoi, An.triannulatus, An.braziliensis, An.peryassui, An.oswaldoi e An.albitarssis s.l.). Destes, o An.darlingi foi o mais abundante (81,5%) (Tabela 2; Figura 01). Neste período, o IPHH foi Quanto a infectividade, 07 anofelinos encontravam-se infectados: 05 An.darlingi, oriundos do Acampamento Pioneiro, sendo quatro para PV210 e um para PV247; e, dois An.darlingi, oriundos da comunidade Arroz Cru sendo 01 para PF e outro para VK247. Assim a taxa de infecção natural dos mosquitos coletados foi Tabela 2: Número de mosquitos coletados por local de captura na área de estudo em fevereiro de LOCALIDADES ESPÉCIES DAR NUN GAL TRI BRA PER OSW ALB Multirão Alojamento Pioneiro Santo Antônio Belo Monte do Pontal Belo Monte Arroz Cru Ressaca Ilha da Fazenda Alojamento Belo Monte TOTAL DAR An. darlingi; ALB An. albitarsis sl; TRI An. triannulatus; NUN An. nuneztovari; GAL An. galvaoi; PER An. peryassui; OSW An. oswaldoi.
13 Espécies de anofelinos coletados em Fevereiro de Multirão Alojamento Pioneiro Santo Antônio Belo Monte do Pontal Belo Monte Arroz Cru Ressaca Ilha da Fazenda Alojamento Belo Monte 0 DAR NUN GAL TRI BRA PER OSW ALB Figura 1: Distribuição dos anofelinos coletados por área de estudo em fevereiro de Na segunda viagem, realizada em julho de 2012, foram coletados 181 anofelinos adultos distribuídos em 7 espécies (An.darlingi, An.albitarssis s., An.triannulatus, An.nuneztovari, An. strodei, An.peryassui e An.oswaldoi). (Tabela 3, figura 02). O IPHH nesta viagem foi Oito mosquitos aprestaram infecção por plasmódio: 07 An. darlingi para PV210 e 01 An. albitarsis s.l. para PV247. Desta forma, a taxa de infecção foi Tabela 3: Número de mosquitos coletados por local de captura na área de estudo em fevereiro de ESPÉCIES LOCAIS DAR ALB TRI NUN STR PER OSW Multirão Ressaca I. da Fazenda Acamp. Pioneiro Canais e Diques Aloj. Pimental Sítio Belo Monte Com. Sto Antônio TOTAL DAR An. darlingi; ALB An. albitarsis sl; TRI An. triannulatus; NUN An. nuneztovari; STR An. strodei; PER An. peryassui; OSW An. oswaldoi.
14 Espécies de anofelinos coletados em Julho de DAR ALB TRI NUN STR PER OSW Multirão Ressaca Ilha da Fazenda Acam. Pioneiro Canais e Diques Aloj. Pimental Sítio Belo Monte Com. Sto Antônio Figura 2: Distribuição dos anofelinos coletados por área de estudo em julho de A última viagem do aconteceu em outubro de 2012, e na qual foram coletados 170 anofelinos adultos distribuídos em 7 espécies (An. darlingi, An. albitarsis s.l., An. triannulatus, An. nuneztovari, An. strodei, An. peryassui e An. oswaldoi) (Tabela 4, figura 03). O IPHH deste período foi Neste período, não foi encontrada infecção por plasmódio nos mosquitos testados. Tabela 4: Número de mosquitos coletados por local de captura na área de estudo em outubro de LOCAIS ESPÉCIES DAR ALB TRI NUN STR PER OSW Multirão Panelas Ressaca Ilha da Fazenda Acamp. Pioneiro Canais e Diques Mangueiras TOTAL DAR An. darlingi; ALB An. albitarsis sl; TRI An. triannulatus; NUN An. nuneztovari; STR An. strodei; PER An. peryassui; OSW An. oswaldoi.
15 Espécies de anofelinos coletadas em Outubro de DAR ALB TRI NUN STR PER OSW Multirão Panelas Ressaca I. da Fazenda Acamp. Pioneiro Canais e Diques Mangueiras Figura 3: Distribuição dos anofelinos coletados por área de estudo em outubro de Formas Imaturas Em todas as localidades trabalhadas existem coleções hídricas que apresentam condições naturais que favorecem o desenvolvimento do ciclo biológico de mosquitos anofelinos, isto é, águas limpas, pouca ou nenhuma correnteza, ph em torno de 5, temperatura em cerca de 26 0 C, vegetação nas bordas quase sempre presentes, vegetação alta ao redor favorecendo o sombreamento da área. As espécies das formas imaturas foram as mesmas encontradas na forma adulta, ressaltando-se o encontro de formas do An. darlingi em coleções hídricas da cidade de Altamira. Dados Climáticos A temperatura em todos os períodos de coleta ficou entre 23 e 30 0 C, Umidade relativa do ar variando do início da noite ao amanhecer de 60 a 100%. O vento geralmente estava ausente ou fraco. Considerações Gerais: Observa-se a presença da espécie considerada como vetor principal de malária no Brasil, o An. darlingi, com predominância sobre as outras espécies, demonstrando sua importância nas áreas estudadas. Vale ressaltar que 93% dos espécimes foram coletados em fevereiro, período chuvoso. Espécies do complexo albitrasis que já são comprovadamente vetoras de malária, An. marajoara e An.deaneorum, no estado do Amapá (Conn et al., 2002, Galrado et al., 2009) e no estado de Rondônia (Klein et al., 1991), respectivamente. Já as espécies An. janconnae e An. An. oryzalimnetes já foram encontradas albergando infecção por plasmódio humano nos estados de Roraima e Pará, respectivamente. No entanto, não se sabe quantas espécies deste complexo estão presentes nas áreas estudadas e por isso não podemos tecer considerações sobre o seu papel na transmissão de malária nas áreas de estudo.
16 Quando observamos a taxa de infectividade, mais uma vez vê-e a importância do An. darlingi na transmissão de malária nas áreas de estudo. Para esta espécie na 1ª. coleta esta taxa foi de 0,35 (4/1119) e na 2ª. 9,09 (7/77), mostrando além de sua importância vetorial que apesar de se apresentar em maior densidade em fevereiro, foi em julho que o risco de contrair malária pela picada do An. darlingi foi maior, visto que maior número de espécimes estava infectado. Considerando o IPA (incidência Parasitária Anual) dos anos de 2011 e 2012, observa-se queda neste índice em 3 dos 4 municípios estudados e uma pequena elevação em 1 (SIVEP-Malária - sivep_malaria/default.asp, acessado em 12 de dezembro de 2012). Estes dados corroboram com o que foi observado sobre os vetores que é o contato homem-vetor em queda (IPHH) e consequentemente a transmissão. Foi dado treinamento, atendendo à solicitação da Secretaria Municipal de Saúde de Altamira a um técnico em Entomologia, por 15 dias na sede do Instituto Evandro Chagas em Belém. Por fim, deve-se lembrar que as medidas de prevenção e controle da transmissão que foram sugeridas no relatório do projeto TRANSMISSÃO DE MALÁRIA NO ÂMBITO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS DO APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO BELO MONTE vem sendo adotadas pelo consórcio juntamente com as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, o que, provavelmente tem tido um papel importante no controle de malária nestas áreas. FLEBOTOMÍNEOS Em fevereiro de 2012 foram capturados 1590 espécimes (467 machos e 1123 fêmeas) pertencentes a 33 espécies diferentes (Tabela 5), dentre as quais, 5 são incriminadas como vetoras de Leishmaniose tegumentar Americana: Lutzomyia (Nyssomyia) flaviscutellata, vetor da Leishmania (Leishmania) amazonensis; Lutzomyia ubiquitalis, vetor da Leishmania (Viannia) lainsoni, Lutzomyia (Nyssomyia) antunesi, vetor da Leishmania (Leishmania) lindenbergi, Lutzomyia (Psychodopygus) paraensis, vetor da Leishmania (Viannia) naiffi, Lutzomyia (Psychodopygus) wellcomei/complexus, vetor da Leishmania (Viannia) braziliensis. Na área do acampamento Pioneiro, Lutzomyia (Psychodopygus) complexus apresentou alta densidade. Das 232 (14,5%) fêmeas desta espécie capturadas em toda a viagem, 191 ocorreram somente neste local. Este flebotomíneo é altamente antropófilo e incriminado como vetor da leishmaniose tegumentar por L. braziliensis no nordeste do estado do Pará. Quanto aos resultados da pesquisa de infecção natural, foram encontrados dois flebotomíneos infectados durante as coletas na Ilha da Fazenda, Lutzomyia (Psychodopygus) davisi e Lutzomyia (Evandromyia)
17 evandroi. Nesta área a referida espécie foi a mais abundante em toda viagem, com 567 (35,6%) espécimes coletados, 155 machos e 412 fêmeas (Tabela 5). Na excursão de julho de 2012 foram capturados 1401 flebotomíneos, sendo 636 machos e 765 fêmeas, pertencentes a 37 diferentes espécies (Tabela 6). Na localidade de Santo Antônio foi observado baixa densidade destes vetores; no entanto, no sítio Canais e Diques observou-se alta densidade. Dentre os flebotomíneos coletados, algumas espécies como Lu. (Th.) ubiquitalis, Lu. (Ps.) complexa, Lu. (Ny.) umbratilis, Lu. (Ny.) flaviscutellata, Lu. (Ps.) paraensis e Lu. (Ny.) whitmani são de interesse epidemiológico. Na pesquisa de infecção natural, um exemplar de Lu. (Ps.) davisi proveniente da localidade de Belo Monte do Pontal foi encontrado parasitado por flagelados no intestino médio. A caracterização da espécie de Leishmania não foi possível devido a contaminação do meio de cultura.
18 Tabela 5: Total de espécies de Flebotomíneos machos e fêmeas capturados nas áreas de influência do projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no período de 04 a 15/02/2012 Espécie e % Brumptomyia avellari ,06 Br. sp ,25 Lutzomyia. aragaoi ,18 Lu. (Nyssomyia)antunesi ,19 Lu.(Psathyromyia) barretoi barretoi ,06 Lu. (Evandromyia)brachyphalla ,06 Lu. (Trychophoromyia) brachipyga ,76 Lu. (Lutzomyia) carvalhoi ,06 Lu.(Trichopygomyia) dasypodogeton ,44 Lu. (Evandromyia) evandroi ,06 Lu. (Nyssomyia) flaviscutellata ,7 Lu. (Viannamyia) furcata ,94 Lu. (Psathyromyia) lutziana ,06 Lu. (Evandromyia) monstruosa ,18 Lu. (Evandromyia) pinottii ,18 Lu. (Micropygomyia) pilosa ,25 Lu.(Nyssomyia) richardwardi ,25 Lu.(Micropygopmyia) rorotaensis ,9 Lu.(Evandromyia) saulensis ,18 Lu.(Sciopemyia) servulolimai ,18 Lu. (Pintomyia) serrana ,31 Lu. (Sciopemyia) sordellii ,20 Lu.(Micropygomyia) trinidadensis ,13 Lu. (Trichophoromyia) ubiquitalis ,5 Lu (Evandromyia) walkeri ,88 Lu.(Psychodopygus) carrerai. carrerai ,38 Lu.(Psychodopygus) corossoniensis ,25 Lu (Psychodoopygus) davisi ,66 Lu. (Psychodopygus) hirsuta hirsuta ,59 Lu (Psychodopygus) lainsoni ,12 Lu (Psychodopygus) paraensis ,25 Lu (Psychodopygus) complexa * ,64 Lu. (Psychodopygus) wellcomei/complexa ,37 Total 467** 1123*** * Baseado na ausência de machos de Lu (Ps) wellcomei na área. **Todos os machos foram conservados no álcool a 70% *** Fêmeas dissecadas 502; fêmeas no álcool 70% 621
19 Tabela 6: Total de espécies de Flebotomíneos machos e fêmeas capturados nas áreas de influência do projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no período de 10 a 26/07/2012. Espécie e % Lu. (Trichophoromyia) sp. 115* 181** Lu. (Psychodopygus) davisi *** Lu. (Th.) brachipyga ,60 Lu.(Ps.) carrerai Lu. (Ps.) hirsuta Lu. (Th.) ubiquitalis Lu. (Nyssomyia) richardwardi Lu. (Ps.) lainsoni Lu. (Ps.) complexa Lu. (Psathyromyia) barretoi Lu.(Sciopemyia) sordellii Lu. (Ny.) antunesi Lu. (Pa.)lutziana Lu. (Evandromyia) monstruosa Lu.(Ny.) umbratilis Lu. (Sc.) servulolimai Lu. (Ny.) flaviscutellata Brumptomyia avellari Lu. (Viannamyia) furcata Lu. (Micropygomyia) trinidadensis Lu. (Mi.) rorotaensis Br. sp Lu.(Ny.) shawi Lu.(Pa.) aragaoi Lu. (Ev.)brachyphalla Lu.(Pa.) brasiliensis Lu. (Ny.) whitmani Lu. (Pa.) dendrophila Lu.(Trichopygomyia) dasypodogeton Lu.(Ev.) saulensis Lu. (Pa.) shannoni Lu. (Ps.) paraensis Br. travassosi Lu. (Mi.)pilosa Lu. (Pintomyia) serrana Lu.(Ev.) williamsi Lu.(Lu.) carvalhoi * Os machos encontrados com morfologia semelhante à Lu. (Th.) readyi ainda estão em processo de análise; ** As fêmeas do subgênero Trichophoromyia são indistinguíveis; *** Encontrado 1 espécime naturalmente infectado na localidade de Belo Monte do Pontal
20 Na viagem de outubro de 2012 foram capturados 714 espécimes, 279 machos e 435 fêmeas (Tabela 7), pertencentes a 43 espécies, sendo 2 táxons identificados apenas em nível de gênero e subgênero. Observou-se a presença de Lu. antunesi, Lu flaviscutellata, Lu. umbratilis, Lu. whitmani, Lu. wellcomei, Lu. paraensis, Lu.davisi, todas espécies de interesse epidemiológico. A taxa de infecção natural de 0,22% onde 1 exemplar de Lu. walkeri encontrado naturalmente infectado no Acampamento Pioneiro. Não foi possível a identificação do flagelado devido a contaminação do meio de cultura. Tabela 7: Total de espécies de Flebotomíneos machos e fêmeas capturados nas áreas de influência do projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no período de 15 a 30/10/2012. Espécie e Brumptomyia avellari Lu.(Trichopygomyia) dasypodogeton Lu.(Micropygomyia) rorotaensis Lutzomyia (Nyssomyia) antunesi Lu. (Sciopemyia) sordellii Lu. (Psathyromyia ) shannoni Lu.(Evandromyia) saulensis Lu. (Viannamyia) furcata Lu. (Micropygomyia) longipennis Lu. (Evandromyia) monstruosa Lu. (Nyssomyia) flaviscutellata Lu. (Pintomyia) serrana Br. sp Lu. (Micropygomyia) pusilla Lu. (Psathyromyia) punctigeniculata Lu. (Evandromyia) evandroi Lu. (Lutzomyia) gomezi Lu. (Psathyromyia) lutziana
21 Lu. (Micropygomyia) oswaldoi Lu.(Sciopemyia) servulolimai Lu.(Micropygomyia) trinidadensis Lu. (Migonemyia ) migonei Lu. (Micropygomyia) pilosa Lu (Evandromyia) umbratilis Lu.(Nyssomyia ) whitmani Lu.( Evandromyia ) williamsi Lu (Evandromyia) walkeri Lu.(Psathyromyia) barretoi barretoi Lu. (trichophoromyia) SP Lu. (Psychodopygus) amazonensis Lu. Br. Travassosi (Psychodopygus) complexa Lu. (Psychodopygus) davisi Lu. (Psychodopygus) Aragaoi hirsuta hirsuta Lu. (Psychodopygus) lainsoni Lu. (Psychodopygus) (Evandromyia)brachyphalla paraensis Lu. (Psychodopygus) wellcomei/complexa Lu. (Evandromyia)bacula Lu. (Pressatia) choti Lu. (Psathyromyia) dendrophila Lu. (Micropygomyia) micropyga Lu. (Evandromyia) pinottii Lu (Viannamyia) tuberculata Total **Todos os machos foram conservados no álcool a 70% *** Fêmeas dissecadas 370; fêmeas no álcool 70%
22 SIMULÍDEOS Na primeira campanha (julho/2012), registrou-se 40,4% (36 pontos) na Área Diretamente Afetada (ADA), com o menor esforço amostral; 59,6% (53 pontos) na Área de Influência Direta (AID) e Área de Influência Indireta (AII), com maior esforço amostral (Figura 4). Na segunda campanha (outubro/2012), registrou-se 38,3% (36 pontos) na ADA, com o menor esforço amostral; 61,7% (58 pontos) na AID/AII, com maior esforço amostral (Figura 4). Quanto à análise dos macrohábitats, a primeira campanha concentrou-se principalmente no macrohábitat dos igarapés afluentes do rio Xingu, com floresta ombrófila densa fluvial e aberta submantana, devido ao surgimento de pontes e tubulações ao longo dos ramais, estradas e asfaltamento da rodovia BR-230. Registrando um percentual por macrohábitat da seguinte forma: (A1) com 40,4%, correspondendo a 36 pontos amostrados do esforço na ADA; A2 com 59,6% (53 pontos) (5 pontos) (Figura 5). Já na segunda campanha (outubro/2012), foi registrado um percentual por macrohábitat da seguinte forma: (A1) com 38,3%, correspondendo a 36 pontos amostrados do esforço na ADA; e A2 com 61,7% (58 pontos) (Figura 8). Figura 4: Esforço amostral realizado nas áreas de influência da UHE Belo Monte, Pará, nos meses de julho/12 (1ª campanha) e de outubro/12 (2ª campanha).
23 Figura 5: Esforço amostral realizado nas áreas de influência da UHE Belo Monte, Pará, nos macrohabitats A1 e A2, durante os meses de julho/12 (1ª campanha) e de outubro/12 (2ª campanha). Diversidade de simulídeos Foi observado a ocorrência de oito espécies de simulídeos nas áreas de influência da UHE Belo Monte: S. perflavum Roubaud, 1906; S. oyapockense s.l. Floch & Abonnenc, 1946; S. guianense s.l. Wise, 1911; S. quadrifidum Lutz, 1917; S. iracouboense Floch & Abonnenc, 1946 ; S. pertinax Kollar, 1832; S. incrustatum Lutz, 1910; e S. goeldii Cerqueira & Nunes de Mello, O cálculo dos índices de diversidade e a construção da curva cumulativa foram realizados a partir de 135 amostras de imaturos de Simuliidae. O comportamento da curva de suficiência amostral apresenta uma estabilização. Há uma tendência a curva alcançar a assíntota quando os cálculos foram efetuados com os índices de diversidade Chao I e II, Jackknife I e II (Figura 6).
24 Figura 6: Curva de acumulação dos índices da estimativa da riqueza das espécies de simulídeos por número de amostras obtidas nas áreas diretamente afetadas e de influência da UHE Belo Monte, Pará. Outros índices de diversidade como o Shannon-Waever (H =1,5) e de dominância de Simpson (C=3,8) foram gerados para duas campanhas. As comparações entre os macrohábitats não foram realizadas devido à baixa riqueza de espécies. Análise temporal e espacial de simulídeos e seus criadouros Em julho de 2012, foram coletados indivíduos, sendo 36,7% de S. perflavum (total = indivíduos; média = 29,5; desvio padrão = 116,6), seguida 29,2% de S. oyapockense s.l. (2.091; 23,5±81,3), 18,1% de S. guianense s.l. (1.299; 14,6±31,6), 8,7% de S. quadrifidum (622; 7,0±15,9), 5,3% de S. iracouboense (380; 4,3±21,4), 1,4% de S. pertinax (97; 1,1±9,7), 0,4% de S. incrustatum (40; 0,3±2,1), e 0,1% de S. goeldii (3; 0,1±0,2) (Tabela 8). Tabela 8: Espécies de simulídeos e suas respectivas abundâncias na primeira campanha (julho de 2012) nas áreas de influência da UHE Belo Monte, com percentagem (%), média e desvio padrão (DP), no início do período seco. Espécies Total % Média DP S. perflavum ,7 29,5 116,6 S. oyapockense s.l ,2 23,5 81,3 S. guianense s.l ,1 14,6 31,6 S. quadrifidum 622 8,7 7,0 15,9 S. iracouboense 380 5,3 4,3 21,4 S. pertinax 97 1,4 1,1 9,7 S. incrustatum 40 0,4 0,3 2,1 S. goeldii 3 0,1 0,1 0,2 Total
25 Na segunda campanha de outubro de 2012, foram coletados indivíduos, sendo 53,7% de S. guianense s.l. (total = indivíduos; média = 27,1; desvio padrão = 55,0), seguida 27,3% de S. perflavum (1.092; 13,8±57,0), 9,0% de S. quadrifidum (360; 3,8±10,1), 6,7% de S. oyapockense s.l. (266; 3,4±7,3), 2,1% de S. incrustatum (84; 1,1±4,5), 0,8% de S. pertinax (30; 0,4±3,4), 0,4% de S. iracouboense (15; 0,2±1,2), e 0,1% de S. goeldii (2; 0,1±0,2) (Tabela 9). Tabela 9: Espécies de simulídeos e suas respectivas abundâncias na segunda campanha (outubro de 2012) nas áreas de influência da UHE Belo Monte, com percentagem (%), média e desvio padrão (DP), no período seco. Espécies Total % Média DP S. guianense s.l ,7 27,1 55,0 S. perflavum ,3 13,8 57,0 S. quadrifidum 360 9,0 3,8 10,1 S. oyapockense s.l ,7 3,4 7,3 S. incrustatum 84 2,1 1,1 4,5 S. pertinax 30 0,8 0,4 3,4 S. iracouboense 15 0,4 0,2 1,2 S. goeldii 2 0,1 0,2 0,2 Total Na primeira e segunda campanha (julho e outubro de 2012, respectivamente), os resultados quantitativos indicaram a coleta de um total de indivíduos, sendo 33,4% de S. perflavum (total = indivíduos; média = 1860,5; desvio padrão = 768,5), seguida 30,9% de S. guianense s.l. (3.443; 1721,5±422,5), 21,1% de S. oyapockense s.l. (2.357; 1178,5±912,5), 8,8% de S. quadrifidum (360; 491,0±131,0), 3,5% de S. iracouboense (395; 197,5±182,5), 1,1% de S. pertinax (127; 63,5±33,5), 1,1% de S. incrustatum (124; 62,0±22,0) e 0,1% de S. goeldii (5; 2,5±0,5) (Tabela 10). Tabela 10: Espécies de simulídeos e suas respectivas abundâncias nas duas campanhas realizadas nas áreas de monitoramento da UHE Belo Monte, Pará, com percentagem (%), média e desvio padrão (DP). Espécies 1a. 2a. Total % Média DP Campanha Campanha S. perflavum ,4 1860,5 768,5 S. oyapockense s.l ,1 1178,5 912,5 S. guianense s.l ,9 1721,5 422,5 S. quadrifidum ,8 491,0 131,0 S. iracouboense ,5 197,5 182,5 S. pertinax ,1 63,5 33,5 S. incrustatum ,1 62,0 22,0 S. goeldii ,1 2,5 0, ,0
26 Nas análises feitas por área (macrohábitats) foi observado que na Área 1, na primeira campanha, foram registrados nos pontos amostrados correspondendo a 43,0% de S. oyapockense s.l. e 44,4% de S. guianense s.l. (Figura 7). Na Área 2, no início do período seco (primeira campanha), S. quadrifidum correspondeu a 8,0% dos pontos amostrados, seguida 7,0% de S. perflavum, 2,0% de S. iracouboense, 1,0% de S. pertinax, 1,0% de S. incrustatum e 1,0% de S. goeldii (Figura 7). Figura 7: Freqüência de espécies de simulídeos nos macrohábitats: A1 e A2, expressos em percentuais de pontos amostrados na UHE Belo Monte, Pará, no início do período seco (primeira campanha julho de 2012). Na segunda campanha (outubro/2012), na Área 1, foram registrados nos pontos amostrados correspondendo a 33,3% de S. oyapockense s.l. e 40,3% de S. guianense s.l. (Figura 8). Já na Área 2, S. quadrifidum correspondeu a 7,0% dos pontos amostrados, seguida 5,6% de S. perflavum, 2,0% de S. iracouboense, 1,0% de S. incrustatum, 0,6% de S. goeldii e 0,3% de S. pertinax (Figura 8).
27 Figura 8: Freqüência de espécies de simulídeos nos macrohábitats: A1 e A2, expressos em percentuais de pontos amostrados na UHE Belo Monte, Pará, no período seco (outubro de 2012). Similaridade e caracterização dos ambientes lóticos No período de realização deste trabalho, a maior similaridade foi registrada no rio Xingu, entre as corredeiras Caitucá e Taboca, correspondendo a RC = 0,977; e a menor entre o rio Xingu (corredeira Caracol) e o igarapé Ladeira do Sigano, com RC = 0,052. Na Figura 9 pode-se observar o dendrograma das áreas. Após a análise do mesmo, foi possível diferenciar dois grupos, a saber: Grupo 1 (rios: Xingu e Bacajá): registrado em cursos d água de 60m a mais de 1km de largura, com a seguinte taxocenose: S. oyapockense s.l. e S. guianense s.l. Este grupo foi encontrado em ambiente aquático com as margens dos cursos d água apresentando pouco sombreamento, mas com margens do leito de formação pioneira, sob influência fluvial arbustiva e/ou arbórea, florestas ombrófila densa aluvial e florestas ombrófila densa submontana, leito permanentemente cheio com água de coloração clara, com intensa correnteza. Os imaturos foram encontrados aderidos às folhas de macrófitas aquáticas submersas (Podostemaceae). Grupo 2 (igarapés: do Lago, Michila, Jôa, Ladeira do Sigano, do Km 27, Castanheira, Facão, Cnec, Ambé, do Linhão, Ituna, Bacajaí, Itatá, Fonte Nova, Jandiá, Gruta, Odila, Panelas, 5 Quedas e cursos d água ao longo do ramal do Cobra Choca) registrado em cursos d água entre 1 e 50m de largura, com a seguinte taxocenose: S. perflavum, S. quadrifidum, S. iracouboense, S. pertinax, S. incrustatum e S. goeldii. Este grupo foi encontrado em ambiente aquático com as margens dos cursos d água apresentando presença e/ou ausência de sombreamento, mas com as margens do leito de florestas ombrófila densa aluvial e florestas ombrófila densa submontana e aberta submontana, área de pastagens, registro de estradas, próximo a localidades urbanizadas, leito permanentemente cheio com água de coloração clara a
28 negra, com moderada correnteza. Os imaturos foram encontrados aderidos às folhas verdes e em decomposição, raízes, gravetos e pedras. Figura 8: Dendrograma de similaridade entre áreas com base nas espécies de simulídeos coletadas nas áreas de influência da UHE Belo Monte, Pará, durante a primeira e segunda campanha de monitoramento (julho e outubro de 2012, respectivamente). Atividades Hematofágicas de Simuliidae Nesta segunda campanha foi realizada a atividade de ataque de simulídeos ao homem. Coletando um total de 5 espécimes de S. oyapockense s.l. (média = 0,4 e o desvio padrão =0,5), 30 espécimes de S. guianense s.l. (média = 2,1 e o desvio padrão =2,6) no período seco. No período seco, registrou-se um pico de ataque da espécie S. oyapockense s.l. No dia 28/10/12, extremamente ensolarado, com temperatura média de 27,1 o C (desvio padrão = 2,8) e umidade relativa do ar média de 58,4% (desvio padrão = 21,3%), registrou-se também atividade de ataque de S. oyapockense s.l. das 08:00h às 10:30h, com um pico pela manhã, às 10:00h. Neste mesmo período, foram registrados dois picos de ataque da espécie S. guianense s.l. No dia 28/10/12, extremamente ensolarado, com temperatura média de 27,1 o C (desvio padrão = 2,8) e umidade relativa do ar média de 58,4% (desvio padrão = 21,3%), registrou-se atividade de ataque de S. guianense s.l. às 12:00h e das 15:30h às 18:00h, com um pico ao 12:00h; e outro, pela tarde, com um pico no meio da tarde, às 16:30h (Figura 9).
29 Figura 9: Atividade antropofílica de S. oyapockense s.l., S. guianense s.l. e mosquito da pedra, realizada na margem direita do rio Xingu, na base pioneira Norte-Energia, na área diretamente afetada e de Influência do projeto UHE Belo Monte, Pará, no período seco (28/10/2012). No horário matutino, a maior atividade hematofágica da espécie S. oyapockense s.l. se deu com a umidade relativa do ar de 50,0% e temperatura do ar de 30,0 o C; no horário vespertino, não foi registrada atividade hematofágica para esta espécie. Para a espécie S. guianense s.l., foi observado, no mesmo horário, maior atividade hematofágica desta espécie com uma umidade relativa do ar de 31,0% e temperatura do ar de 29,5 o C; no horário vespertino, uma maior atividade hematofágica também desta espécie se deu a uma umidade relativa do ar de 76,0% e temperatura do ar de 24,0 o C. Relacionando as atividades de ataque de simulídeos (S. guianense s.l. e S. oyapockense s.l.) com as diferentes temperatura do ar e umidade relativa do ar às margens do rio Xingu, as porcentagens de variância acumuladas nos dois eixos e para os dados das espécies foram 48,3 % (eixo 1) e 33,5 % (eixo 2). O eixo 1 indica que os valores das variáveis ambientais (temperatura e umidade) sugeridas foram suficientes para explicar a maior parte da variação da abundância das espécies relacionada ao ambiente, embora reste uma quantidade de variação não explicada. O diagrama da Figura 10 mostra que o primeiro eixo da ordenação relacionou-se principalmente com a temperatura, seguida da umidade, no mês de outubro/12.
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