Advogados : Celso Ceccato (OAB/RO 111), Wanusa Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326) e outros

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA 2ª Câmara Cível Data de distribuição :06/11/2007 Data de julgamento :25/06/ Apelação Cível Origem : Porto Velho/RO (6ª Vara Cível, Falência e Concordata) Apelante : Mapfre Vera Cruz Seguradora S/A Advogados : Celso Ceccato (OAB/RO 111), Wanusa Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326) e outros Apelados : R. L. da C. e outra representados por sua mãe L. de J. L. Advogado : Sandra Nunes de Macedo (OAB/RO 1.682) e outra 1 / 8

2 Relator : Desembargador Roosevelt Queiroz Costa Revisor : Desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia RELATÓRIO Trata-se de recurso de apelação manejado contra sentença de procedência, proferida em autos de cobrança de seguro obrigatório - DPVAT em razão de óbito decorrente de acidente de trânsito. O juiz a quo, em julgamento antecipado da lide, entendeu que os autores, menores impúberes, comprovaram suficientemente a ocorrência do sinistro que vitimou seu genitor, fazendo jus ao seguro obrigatório no montante de R$13.500,00 (treze mil e quinhentos reais), acrescidos de juros legais e atualização monetária desde a data em que o pagamento administrativo deveria ter sido feito. Fixou verba honorária em 20% (vinte por cento) da condenação. A seguradora interpõe apelação, argüindo preliminares de ilegitimidade ativa e prescrição, e levanta questão prejudicial de mérito, alegando haver duplicidade de sentenças no mesmo feito. No mérito, afirma que o prazo quinzenal para pagamento do seguro, consignado na sentença condenatória, contraria resolução administrativa expedida pelo CNSP - Conselho Nacional de Seguros Privados. Discorre sobre a impossibilidade de antecipação dos efeitos da tutela, na espécie. Requer, por fim, a reforma da sentença para que o pedido seja julgado totalmente improcedente. As contra-razões foram pela manutenção da sentença (fls. 92/104). 2 / 8

3 A Procuradoria de Justiça, em parecer da lavra do Procurador Edmilson José de Matos Fonsêca, opinou pelo não-provimento do apelo (fls. 125/134). É o relatório. VOTO DESEMBARGADOR ROOSEVELT QUEIROZ COSTA I. PRELIMINARES a) Ilegitimidade ativa Preliminarmente, aponto que a alegação de ilegitimidade ad causam dos apelados não merece prosperar, uma vez os apelados são filhos do de cujus, portanto, herdeiros necessários, e a empresa apelante não trouxe aos autos elementos que afastassem sua legitimidade para pleitear a indenização. Portanto, rejeito a alegação de ilegitimidade ativa e submeto a questão aos pares. b) Prescrição No caso em tela, não há que se falar em prescrição. 3 / 8

4 O art do novo Código Civil disciplina a solução do conflito intertemporal de leis referentes aos prazos prescricionais que já estavam em curso e foram reduzidos pelo novo Código, estabelecendo que prevalecerá o prazo da lei anterior se, na data da entrada da lei nova em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada. A lei anterior previa a prescrição vintenária, a contar da data do fato, ou seja, 2/6/2002, enquanto o prazo estabelecido pelo novo diploma é trienário. Como se sabe, o novo Código Civil iniciou sua vigência em 10/1/2003. Constato que o período compreendido entre a data do fato e o início da vigência da nova lei é de sete meses, isto é, transcorreu menos da metade do tempo estabelecido na antiga lei. Nesse diapasão, aplica-se o prazo prescricional previsto na nova lei, ou seja, três anos, contados desde o início de sua vigência. Nada obstante, pelo fato de serem autores/apelados menores impúberes, não flui o prazo prescricional em seu desfavor (art. 198, I, do Código Civil). Portanto, rejeito a argüição de prescrição e submeto a questão aos pares. c) Nulidade por duplicidade de sentenças É incabível a alegação de duplicidade de sentenças, tendo havido erro material cartorário que foi devidamente saneado, conforme certidão de fl. 72v. No caso em tela, o ato equivocado restou sem efeitos, sendo válida a sentença publicada em 24/9/2007. Tampouco há duplicidade de sentenças em razão de outro feito ter sido ajuizado pelos apelados, haja vista que, naquele (autos em apenso), houve o pedido de alvará judicial para levantamento de valores, estando as partes sob jurisdição voluntária. Contudo, como a seguradora se recusou a cumprir a ordem judicial, resistindo à pretensão dos apelados, estes demandaram a apelante em juízo contencioso. Assim sendo, rejeito a alegação de nulidade e a submeto aos pares. 4 / 8

5 II. MÉRITO Pretende a apelante a reforma da sentença para que o pedido seja julgado improcedente. Sem razão. As alegações da apelante acerca da impossibilidade de antecipação dos efeitos da tutela não guardam relação com a sentença impugnada. Em verdade, a apelante se equivocou, confundindo a medida antecipatória prevista no art. 273 do CPC com o julgamento antecipado da lide. Portanto, não conheço de tais argumentos. Quanto ao mais, o prazo quinzenal para cumprimento da sentença não pode ser considerado ilegal, nem preterido em face de resolução administrativa, pois se trata de norma processual prevista em lei (art. 475-J do CPC). A apelante sequer questionou os fundamentos principais da sentença, de modo que, a meu ver, o presente recurso revela seu intuito manifestamente protelatório, incorrendo a apelante em litigância de má-fé (art. 17, VI e VII). Em face do exposto, afastadas as preliminares, nego provimento ao recurso e aplico multa de 1% sobre o valor da causa (art. 18 do CPC). É como voto. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA 5 / 8

6 Tribunal de Justiça 2ª Câmara Cível Data de distribuição :06/11/2007 Data de julgamento :25/06/ Apelação Cível Origem : Porto Velho/RO (6ª Vara Cível, Falência e Concordata) Apelante : Mapfre Vera Cruz Seguradora S/A Advogados : Celso Ceccato (OAB/RO 111), Wanusa Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326) e outros Apelados : R. L. da C. e outra representados por sua mãe L. de J. L. Advogado : Sandra Nunes de Macedo (OAB/RO 1.682) e outra Relator : Desembargador Roosevelt Queiroz Costa Revisor : Desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia 6 / 8

7 EMENTA DPVAT. Preliminares. Legitimidade ativa. Herdeiros necessários. Prescrição. Prazo não flui contra menores incapazes. Nulidade. Duplicidade de sentenças. Erro cartorário já saneado. Alvará judicial. Jurisdição voluntária. Pretensão resistida. Interesse processual em demanda contenciosa. Mérito. Cumprimento da sentença. Prazo quinzenal. Norma processual. Resolução administrativa. Hierarquia entre normas. Manifesto intuito protelatório. Litigância de má-fé. Sanção. Os herdeiros necessários do de cujus ostentam legitimidade para pleitear o seguro obrigatório - DPVAT O prazo prescricional não flui em desfavor dos interesses de menores absolutamente incapazes. Se eventual duplicidade de sentenças já foi devidamente saneada, tratando-se de erro material cartorário, não há que se falar em nulidade. Quando descumprido o alvará judicial, obtido por jurisdição voluntária, configura-se a resistência à pretensão do autor, delineando o seu interesse processual no ajuizamento de demanda contenciosa Apelação Cível O prazo quinzenal para cumprimento da sentença tem previsão em norma processual e não deve ser preterido em face de resolução administrativa, em vista do princípio de hierarquia entre normas. 7 / 8

8 O recurso que não enfrenta os fundamentos principais da sentença, trazendo à lume questões equivocadas e desalinhadas com o caso sub examine revela o intuito meramente protelatório do apelante no ato de recorrer, configurando litigância de má-fé a ser sancionada com multa processual. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, em, POR UNANIMIDADE, REJEITAR AS PRELIMINARES E, NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Os Desembargadores Marcos Alaor Diniz Grangeia e Miguel Monico Neto acompanharam o voto do Relator. Porto Velho, 25 de junho de DESEMBARGADOR ROOSEVELT QUEIROZ COSTA RELATOR 8 / 8