Como medir utilidade e envolver o público no processo de Avaliação de Tecnologias de Saúde (ATS)
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- Laís Figueiredo Almeida
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1 ISPOR 4th Latin America Conference Buenos Aires Argentina 13 de setembro de 2013 Como medir utilidade e envolver o público no processo de Avaliação de Tecnologias de Saúde (ATS) O envolvimento do público no processo de ATS: experiências mundiais proposições para sua ampliação Aline Silveira Silva 1 Marisa da Silva Santos 2 Rosangela da Silva Santos 2 Monica Cintra 2 1 Ministério da Saúde do Brasil, 2 Instituto Nacional de Cardiologia 1 Silva, Aline Silveira. O envolvimento do público no processo de Avaliação de Tecnologias em Saúde: experiências mundiais e proposições para sua ampliação no Brasil f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro,
2 Envolvimento do Público e de Pacientes (PPI) na ATS Permite uma avaliação mais precisa sobre o valor das tecnologias (GAGNON ET AL, 2011). Confere maior transparência e legitimidade às tomadas de decisão. Lei /2011 oficializa o envolvimento da sociedade civil no processo de incorporação de TS no Brasil (CNS, CP e AP, dependendo da relevância). No entanto, essa participação ainda é incipiente no Brasil. 3 Pacientes têm direito a voz e complementam a perspectiva médica (HAILEY, 2005). Construção compartilhada do conhecimento. Metodologia que considera a experiência cotidiana dos atores envolvidos (VASCONCELOS, 2001). Conflito: Evidência científica x Evidência prática. Participação social é a base constitutiva da democracia (ESCOREL & MOREIRA, APUD LESSA, 2010). Controle social (BRASIL, 2006). Existem inúmeros referenciais em políticas oficiais que institucionalizam o envolvimento social na saúde (p.ex: CF, Leis 8080/90 e 8.142/90). Define espaços de participação na Política Pública de Saúde. 4 2
3 Objetivo Sintetizar o conhecimento, experiências e estratégias sobre o PPI nas ATS no mundo. Apontar linhas de ação para subsidiar a promoção de melhores práticas participativas estudos: 41 pré-selecionados. Oito estudos preencheram todos os critérios de inclusão e foram incluídos. Provenientes do Canadá (05/08) e Reino Unido (03/08). Também exploraram experiências de outros 8 países (Alemanha, AUS, Dinamarca, Escócia, EUA, FRA, Holanda, Nova Zelândia). 6 3
4 Tipo de público - maioria (6/8) adotou o conceito de público do HTA program (UK) = pacientes, cuidadores, cidadãos e grupos representantes. GAUVIN ET AL (2010) - 06 tipos de público em 02 categorias: Sociedade ou leigos: cidadãos, grupos representantes de cidadãos e representantes eleitos. Diretamente afetados por uma condição ou TS: pacientes, usuários de serviço e grupos representantes. MENON ET AL (2011): pacientes e público possuem diferentes papéis, não compartilham a mesma perspectiva e deveriam ser considerados separadamente nas ATS. STANISZEWSKA ET AL (2011): analisou 2 RS, estudos raramente apresentavam descrição clara do tipo de participantes. 7 Nível de envolvimento - maioria adotou o conceito de GAUVIN ET AL (2010): diferentes públicos podem ser envolvidos em diferentes domínios em níveis diferentes de envolvimento (informação, consulta e participação). De acordo com os estudos analisados, PPI na ATS se dá principalmente nos níveis de consulta e participação. GANGNON ET AL (2011): atividades relacionadas à consulta foram maioria entre os estudos (14/24 consulta e 10/24 participação). Somente STANISZEWSKA ET AL (2011) considerou o modelo de OLIVER ET AL (2008): consulta, colaboração e controle. 8 4
5 Iniciativas (1): Clima cultural e político é favorável, tendência internacional. Estilo aberto de trabalho e cultura de inovação em organizações de ATS podem facilitar a participação do público. Oferecer treinamento e suporte incentiva a participação. Lacuna perspectiva profissional x público decisões insatisfatórias, é preciso ampliar base de evidências. 9 Iniciativas (2): Blogs e literatura cinza podem fornecer informações sobre perspectivas da comunidade não disponíveis na publicada. Muitas contribuições do público renderam considerações importantes, acrescentaram resultados e forneceram dados às ATS. Agências influentes incentivam envolvimento. 10 5
6 Dificuldades (1): Recrutamento dos participantes requer tempo e recursos adicionais. Colaboração com grupos representantes (pouco dispostos a aceitar evidências e envolvimento com indústria ameaça a credibilidade científica e autonomia política). Público leigo (difícil compreender, acompanhar discussões linguagem, desconhecimento). 11 Dificuldades (2): Influência da SBE (quantitativo) x desvalorização PPI (qualitativo). Falta clareza em relação ao conceito de participação, modelos teóricos, o que limita apreensão e defesa da ideia. Faltam evidências que confirmem que o PPI torna as ATS e decisões políticas mais eficazes. 12 6
7 Experiência Brasileira Audiência e Consulta Pública sobre Feridas Em 2010, DECIT iniciou o envolvimento da sociedade por meio da Audiência Pública sobre o Estudo de Tecnologias Terapêuticas para Feridas e posterior CP. Não houve participação direta de pacientes, mas sim de representantes de empresas, universidades, SES, associações e sociedades interessadas no tema e profissionais de saúde. Foi a primeira vez que se utilizou audiência e CP na fase de obtenção de dados para ATS. A experiência foi enriquecedora e abriu portas para mais iniciativas de PPI % 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Pesquisa de opinião - Audiência Pública n=25/40 Figura - Desempenho da Audiência Pública sobre o Estudo de Tecnologias Terapêuticas para Feridas Fonte: SILVA ET AL,
8 Experiência Brasileira Consultas Públicas da CONITEC Recomendações emitidas pelo Plenário são submetidas a CP por 20 dias (exceto urgência da matéria - 10 dias). Levantamento de dados dos 19 relatórios finais de incorporação (disponíveis em 03/01/13) Temas com maior n de contribuições: Traztuzumabe para CA de mama, Biológicos para AR e psoríase, Fingolimode para esclerose múltipla, Toxina Botulínica para bexiga hiperativa, Ranibizumabe para DMRI e Palivizumabe para a prevenção da infecção pelo vírus sincicial respiratório. Tipos de contribuições mais freqüentes foram de IE e empresas, seguidas por IS/hospital e associações de pacientes. 15 Tipo de participação CP - CONITEC Figura 4 - Tipo de participação nas consultas públicas - CONITEC Fonte: Elaboração própria. Baseado nas informações disponibilizadas pela CONITEC. Disponível em: Acessado em: 03/01/
9 Discussão Experiência internacional A comunidade ATS ainda é cautelosa em relação ao PPI. Mas há consenso de que é uma exigência ético-política, pois adiciona dimensões cruciais não cobertas pelas medidas clínicas e econômicas tradicionais. Há uma tensão entre as lógicas da SBE e a do PPI. 17 Discussão Experiência internacional No UK, potenciais interessados são alertados e convidados a apresentarem seus interesses de diversas maneiras. Experiências semelhantes em outros 09 países. O campo está em expansão, mas há poucas experiências arraigadas. Experiências existentes estão em países onde a democracia é um regime de tradição. 18 9
10 Discussão Experiência brasileira Já existe a iniciativa (CP e AP da CONITEC, assento do CNS, iniciativas do DECIT). Dificuldade em nosso contexto, também relatada por vários estudos, é o tempo (CONITEC - prazo de 180 dias). Não temos PPI em fases de grande participação nas organizações internacionais: identificação e seleção de TS para avaliação (priorização). Consulta na fase final do processo (revisão e apelos), apenas. CONITEC e o DECIT: disseminação e informação, por meio da publicação no site organizacional e no SISREBRATS. PPI na ATS exige aprendizagem política, para que seja possível uma construção compartilhada de conhecimentos. 19 Proposições Acesso aberto nos sites para receber sugestões de pesquisa. Divulgação de tópicos para ATS e recebimento de contribuições. Inquéritos ou algum tipo de análise das necessidades e vontades do público já envolvido com o controle social do SUS. Maior interação com o CNS e seus fóruns. CONITEC e DECIT: adequar linguagem ao público e promover atividades de educação popular. Divulgação de manuais, diretrizes, consultas públicas em andamento, boletins informativos, websites. Utilização das redes sociais para esclarecer sobre riscos e benefícios de TS divulgadas na mídia
11 Conclusão Os contextos de participação, apesar de reconhecidos e normatizados, ainda colocam grandes desafios. É promissora a participação na definição de tópicos para avaliação e obtenção de informações éticas e sociais de implementação de TS. Limitações: Idioma, poucos estudos. Principal contribuição: mapeamento das possibilidades de PPI na ATS. 21 Referências Gagnon MP et al. Introducing patients' and the public's perspectives to health technology assessment: A systematic review of international experiences. Int J Technol Assess Health Care Jan;27(1): Vasconcelos EM, organizador. A saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da rede educação popular e saúde. São Paulo: Hucitec; p Lessa, IJ. Gestão participativa e participação social: um estudo a partir da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde ( ) / Iris Jordão Lessa. Rio de Janeiro: s.n., f., graf. Gauvin FP et al. "It all depends": conceptualizing public involvement in the context of health technology assessment agencies. Soc Sci Med May;70(10): Menon D, Stafinski T. Role of patient and public participation in health technology assessment and coverage decisions. Expert Rev Pharmacoecon Outcomes Res Feb;11(1): Staniszewska S et al. The GRIPP checklist: strengthening the quality of patient and public involvement reporting in research. Int J Technol Assess Health Care Oct;27(4): Silva AS et al. Introducing society into the HTA field: a Brazilian experience In: 8th Annual Health Technology Assessment International (HTAi) meeting, 2011, Rio de Janeiro. 11
12 Muito obrigada. 12
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