PGT/CCR/ CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO PGT/CCR/2050/2009 INTERESSADOS: PRT 2ª REGIÃO E A PRT NO MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES ASSUNTO:

Transcrição

1 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO PGT/CCR/2050/2009 INTERESSADOS: PRT 2ª REGIÃO E A PRT NO MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES ASSUNTO: CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE A PRT 2ª REGIÃO E A PRT NO MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES EMENTA: CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE OFÍCIO E A SEDE. Em respeito aos princípios da economia e celeridade processual, o promotor natural recai sobre aquele que tem atribuição para, esgotadas as vias extrajudiciais, a propositura da ação inibitória ou reparatória do ilícito objetivado. RELATÓRIO Trata-se de conflito negativo de atribuições entre os Membros Marcos Antônio Ribeiro Tura, da PRT da 2ª Região no Município de Mogi das Cruzes e Andréa Albertinase da Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região, para analisar irregularidades na contratação de Oficiais de Justiça ad hoc ocorridas no Fórum do Município de Mogi das Cruzes. O Procurador do Trabalho Marcos Antônio Ribeiro Tura, da PRT no Município de Mogi das Cruzes, recebeu por distribuição o procedimento com a denúncia de que o Provimento nº 540/95 do Conselho Nacional da Magistratura autoriza a designação de oficiais de justiça ad hoc para desempenho das funções quando não houver Oficial de Justiça disponível na Comarca ou Vara Distrital Local. 1

2 Oficiou à Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes e ao Corregedor-Geral de Justiça do Estado de São Paulo para que informassem sobre a existência de Oficiais de Justiça ad hoc nos Municípios de Biritiba-Mirim, Estância Hidromineral de Poá, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Salesópolis e Suzano. Em resposta, foi lhe informada a presença de 6 servidores nessa condição e que exercem a função apenas na Comarca de Mogi das Cruzes (fls 39). O procedimento foi encaminhado à sede da PRT 2ª Região tendo em vista notícia de outros servidores da Prefeitura de Mogi das Cruzes em atuação no Judiciário paulista nas execuções fiscais de interesse dessa Municipalidade (fls 41). O Procurador do Trabalho Omar Afif, da PRT 2ª Região - sede (fls 47) devolveu os autos à origem por entender que o dano ocorreu no Município de Mogi das Cruzes, em convênio firmado com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, para execução de atividades nas Varas Fazendárias esse Município (fls 31/32) o que traduz dano local, segundo OJ nº 130 do TST. Mais uma vez o Procurador do Trabalho em atividade no Município de Mogi das Cruzes remete os autos à sede da PRT 2ª Região considerando que o ato que deu ensejo à irregularidade originou-se no TJSP, sediado na Capital do Estado, não se circunscrevendo aos limites territoriais do Ofício que está responsável (fls 47 verso). O Procurador do Trabalho Omar Afif (fls 50) remete então os autos à Coordenadoria da CODIN para que verifique prevenção em face do envolvimento do TJSP, segundo critério do Núcleo de Administração Pública da Regional. 2

3 A Procuradora do Trabalho Andréa Albertinase, responsável por inquérito civil que investiga contratação de estagiários pelo CIEE e TJSP, recebe o procedimento pois, segundo as regras da Regional, está preventa para questões que envolvam o TJSP. A Procuradora Andréa Albertinase não se considera preventa visto que nada consta sobre a existência de irregularidade nas demais Comarcas do Estado e que as cessões deram-se exclusivamente para as Varas de Fazenda Pública da Comarca de Mogi das Cruzes (fls 58/60). O Procurador Marco Antônio Ribeiro Tura (fls 64/73) instaurou o conflito de atribuições ultimando seu entendimento, pois considera que a irregularidade tem por origem ato firmado pelo TJSP e não pelo Juízo da Comarca de Mogi das Cruzes, mera descentralização da primeira. O ato foi amparado pelo Provimento nº 540/1995 do Conselho Superior da Magistratura, que por sua vez, foi motivado pela ausência de servidores públicos no quadro do TJSP, sendo que não realiza concurso público desde O Procurador considera pouco crível a notícia de que a irregularidade se resuma ao Município de Mogi das Cruzes e junta cópia do RMS nº SP em que o STJ reconheceu direito à nomeação de candidata aprovada em concurso para Oficial de Justiça da Comarca de Itanhaém/SP comprovada a nomeação precária de terceiros, concursados ou não. Há notícia de ofício endereçado ao Exmo. Desembargador Corregedor-Geral de Justiça no Estado de São Paulo solicitando informações a respeito da existência ou não de Oficiais de Justiça ad hoc nos Municípios de São Paulo ( fls 63) ainda sem resposta. 3

4 VOTO 1. Recebo o conflito negativo de atribuições com base no art. 103, inciso VI, da LC nº 75/93, entre os Procuradores do Trabalho Marco Antônio Ribeiro Tura e Andréa Albertinase. 2. Os Convênios que permitem a cessão de servidores (Convênios nº 48/2006 e 37/2005) foram firmados pelo TJSP, órgão com jurisdição em todo Estado. É no Município de Mogi das Cruzes onde se efetivou a cessão referida no ato, cuja eficácia realmente é localizada (fls 31/32) o que, em princípio indicaria a atribuição do promotor de Município de Mogi das Cruzes. 3. Porém, observe-se atentamente o conteúdo do disposto na OJ nº 130, da SDI II, do TST: Para a fixação da competência territorial em sede de ação civil pública, cumpre tomar em conta a extensão do dano causado ou a ser reparado, pautando-se pela incidência analógica do art. 93 do Código de Defesa do Consumidor. Assim, se a extensão do dano a ser reparado limitar-se ao âmbito regional, a competência é de uma das Varas do Trabalho da Capital do Estado; se for de âmbito supra-regional ou nacional, o foro é o do Distrito Federal. e, o documento de fls 39, da Diretora da Coordenadoria de Recursos Humanos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no qual se verifica que apenas a Comarca de Mogi das Cruzes conta com servidores disponibilizados pela Prefeitura Municipal local, prestando serviços na função de Oficial de Justiça ad hoc junto ao Serviço Anexo das Fazendas. Há ainda no final do documento a afirmação que nada consta quanto às demais Comarcas. 4

5 4. Pautada na OJ 130 a indicar a Vara da capital e convencida de que o caso encerra exceção à regra da propositura da ação do local do dano, percebo que a atribuição deve recair sobre o promotor que detém melhores condições de ajuizar a ação inibitória ou reparatória do ato ilícito - o convênio firmado pelo presidente do TJSP, sediado na capital do Estado -. Ou seja, a atribuição é daquele que oficia na sede da PRT 2ª Região, local de onde emanou o ato inquinado. Dessa mesma forma foi decidido o conflito de atribuições no procedimento PGT/CCR/11481/2008, cujo relator foi o Dr. Rogério Rodriguez Fernandez Filho, deliberado em 12/02/09: Desde que, a princípio, a colusão deve ser inibida com o desfazimento da coisa julgada obtida com vulneração dos escopos do processo, por meio de ação rescisória, cuja competência originária é do Tribunal Regional, infere-se que é na sede da Regional do Trabalho respectiva que está lotado o promotor natural. Aplica-se o antigo, mas não superado, brocardo jurídico ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio, que incidiu no PGT/CCR/7173/2008, ainda que por analogia vez que se tratava de Consulta, onde se decidiu ter peso decisivo para fixar a titularidade da investigação a possibilidade do ilícito alegado caracterizar o descumprimento de uma decisão transitada em julgado numa ação civil pública. Acrescente-se apenas que também se assentou no procedimento antes referido que, uma vez fixada a titularidade da investigação no procurador que detém o dominus litis da ação inibitória e/ou reparadora do alegado ilícito, nada obsta que, se necessário, venha a ser deprecado o Ofício de Joinville para a investigação local dos fatos caracterizadores da colusão, e, neste caso, com a prevenção do Procurador do Trabalho Evandro de Paulo Brizzi, salvo mudança superveniente de regra na distribuição de feitos no referido ofício. SINTESE Em respeito aos princípios da economia e celeridade processual, destacados no PGT/CCR/09/2007 (Relatora Guiomar Rechia Gomes), o promotor natural recai sobre aquele que tem atribuição para, esgotadas as vias extrajudiciais, a propositura da ação inibitória ou reparatória do ilícito objetivado. 5

6 CONCLUSÃO Recebo o conflito negativo de atribuições com base no art. 103, inciso VI, da LC nº 75/93 e decido ser competente a Procuradora do Trabalho Andrea Albertinase da PRT 2ª Região, para o deslinde do PI nº Brasília, 19 de março de Maria Aparecida Gugel Relatora 6