O CONTEXTO BIOLÓGICO DA DEPRESSÃO E SEU TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
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- Eric Carreira Chaplin
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1 O CONTEXTO BIOLÓGICO DA DEPRESSÃO E SEU TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Letícia Delitti Vilanova 1 ; Mackerley Mileny Sanches Soares 1 ; Maria José de Oliveira 1 Cristina Di Benedetto 2 ; Sandra Cristina Catelan Mainardes 2. RESUMO: Este trabalho traz informações sobre os distúrbios da depressão, suas formas de tratamento. Por depressão se deve entender um conjunto de sintomas consistentes em humor triste e abatido, em falta de interesse e carência impulsiva, em inibição motora e psíquica, em conteúdos mentais tipicamente depressivos e em determinados distúrbios somáticos (Cf. SATTES H., 1986). A metodologia utilizada aqui constou do levantamento de informações obtidas através de revisão bibliográfica, entrevistas com um grupo de 11 mulheres freqüentadoras do CAPS (Centro de atenção psicossocial) de Paranavaí - PR e aplicação do Inventário de Depressão de Beck (Beck Depression Inventory - BDI). O trabalho tem como objetivo entender, através do levantamento de dados da entrevista e do teste, como o uso dos psicofármacos e a interação da droga com os sistemas, biológico e psicológico, que sofre a depressão, dependem do esforço e cooperação entre o paciente e terapeuta. PALAVRAS-CHAVE: Antidepressivos; Depressão; Mulheres; Terapia comportamental cognitiva. INTRODUÇÃO Destacamos em primeiro lugar que, no estudo sobre a depressão a grande diversidade de classificação (DSM-IV, 2002), o transtorno depressivo é visto como um grupo diversificado de distúrbios. Esta situação em nível dos estudos pode realçar de um lado, o fato do distúrbio ter diferentes alterações, do outro revela também a vasta gama da problemática psíquica. Enfatizamos, sobretudo, de acordo com o objetivo do trabalho, a unicidade da pessoa e a singularidade reativa de cada organismo vivo diante do sofrimento. Doutro lado, estamos vivendo a complexidade das relações no mundo moderno, de conseqüência as pessoas modificam seus comportamentos, o que gera então, problemas psíquicos com diferentes manifestações. 1 Discentes do curso de bacharelado em Psicologia do Centro Universitário de Maringá (CESUMAR), Maringá - PR. olvmjose@gmail.com. 2 Docentes do Centro Universitário de Maringá (CESUMAR), Maringá - PR.
2 Em segundo lugar, os sistemas de classificação para a diagnose clínica da depressão não são universalmente aceitos, como se pode constatar na consulta aos vários manuais de psiquiatria (RIBEIRO E. 2002). Sendo assim, as perguntas que surgem espontaneamente são: Qual é o sistema de classificação mais completo? o mais prático? o mais correto? Naturalmente, a resposta é: ninguém sabe. Todavia, são todos eles tentativas para facilitar a comunicação entre os especialistas, um esforço, mesmo que nem sempre com êxito, por uma linguagem comum. Neste trabalho procuraremos apenas nos ater ao termo depressão, este indica um continuum(cf. PRELEZZO J. E. (coord.), NANNI G., MALIZIA G., 1997) de estados emotivos mais ou menos penosos. Estes vão desde os normais sentimentos passageiros de tristeza existencial, ao sofrimento mais prolongado ligado ao luto normal pela morte de uma pessoa querida; ou pelo rompimento de uma relação afetiva ou pela perda de um papel significativo, até chegar a uma real síndrome de um grave estado patológico. Tal estado é caracterizado principalmente pelos seguintes sintomas: distúrbios do humor, apatia, senso de apreensão angustiada, baixa auto-estima, tendência a lamuriar-se, incapacidade de experimentar o prazer, perda do significado, dolorosa percepção do presente; incapacidade de usar as experiências agradáveis do passado e angústia pelo futuro, corpo vivido como experiência de perda, graves angústias hipocondríacas e enfraquecimento do instinto de conservação. O motivo da pesquisa é o fato de ser a depressão uma das patologias mais difundidas na sociedade contemporânea e estar em constante aumento. Considerase que no decorrer da vida de 17-20% da população sofra de qualquer patologia depressiva. Acerca da distribuição entre os sexos, a relação entre masculinofeminino é de 1 a 3. Foram pesquisados dois âmbitos de tratamento, o comportamental cognitivo e o farmacológico. Os objetivos referem-se ao estudo e à compreensão do resultado da interação da droga com o sistema biológico que sofre a depressão. MATERIAL E MÉTODOS A metodologia constou de revisão da literatura pertinente sobre o transtorno do humor, sua provável origem biológica e possibilidades de intervenções terapêuticas. Buscou-se o embasamento teórico em pesquisas bibliográficas, revisões bibliográficas, artigos científicos, materiais disponíveis na biblioteca do Cesumar e algumas buscas na internet. Em relação ao sujeito, buscou-se no universo de pessoas que freqüentam o CAPS de Paranavaí, a orientação da psicóloga que assiste o referido local que escolheu, a pedido das alunas, mulheres (cf. Tabela 1), que fazem uso de psicofármacos para a depressão. Definido o sujeito, realizou-se uma entrevista inicial para adultos e com posterior aplicação do Inventário de Depressão de Beck (BDI). RESULTADOS E DISCUSSÃO Selecionou-se 11 mulheres, para o estudo. Estas pacientes freqüentam diariamente o CAPS, destas apenas cinco (45,45%) estão fazendo terapia psicológica, uma vez por semana. As demais participam dos grupos terapêuticos e de terapia ocupacional todos os dias. Todas são acompanhadas diariamente pela enfermeira e a farmacêutica e estas forneceram os fármacos usados pelas
3 pacientes, e a posologia adotada nas diferentes horas do dia. Este trabalho de acompanhamento é fundamental para estas pacientes que por vezes, não têm uma figura significativa a nível familiar, que lhes dispense a atenção e os cuidados necessários, em caso de uso de medicamentos. A razão que motivou a privilegiar o sexo feminino coincide, com a pesquisa apresentada no BDI, onde os grupos com maiores médias, são os constituídos por sujeitos do sexo feminino, da amostra psiquiátrica, independente de ter maior ou menor idade ( CUNHA, J. A., 1991, 28). Dentro de cada amostra, os sujeitos do sexo feminino não apresentaram diferença quanto à idade (Idem). Porém nesta pesquisa, o grupo que apresentou maior índice de depressão foi o grupo de idade de 40 a 50 anos, coincidindo com a revisão sobre o assunto, onde se afirma que, as alterações hormonais favoreçam a ocorrência desta patologia. Tabela 1. Amostra - CAPS de Paranavaí Faixa Etária 20 a 30 anos 1 (9,09%) 30 a 40 anos 1 (9,09%) 40 a 50 anos 5 (45,45%) 51 a 60 anos 2 (18,18%) 61 a 70 anos 2(18,18% ) Número de mulheres Tabela 2. Síntese dos dados: entrevistas e do Inventário Medicamento Grupo BDI Sertralina 200mg AD / ISRS Nível mínimo Clonazepan ANS Trofanil AD / ADTs Nível moderado Triptanol Amitriptilina 25mg Fluoxetina 20mg AD/ ADTs AD / ADTs AD/ ISRS Carbolítium 300mg AD /EST Nível grave Fluoxetina 20mg Rispiridona 2mg Imipramina 25mg AD/ ISRS AP AD / ADTs Nortriptilina 25mg AD/ ADTs Nível mínimo Rispiridona 3mg AP Nível moderado Citalopran 20mg AD / ISRS Carbolítium 300mg AD /EST Nível grave Rispiridona 2mg Sertralina 5omg AP AD / ISRS Sertralina 20mg AD / ISRS Nível grave Carbolitium 300mg AD /EST Diazepan 5mg ANS Nível grave
4 Paroxetina 20mg AD / ISRS Amplicitil 10mg AP Carbolitium 300mg AD /EST Risperidona 2mg AP Haldol 5mg AP Nível moderado Risperidona 2mg AP Amplicitil 100mg AP Carbonato de Lítio 300mg AD /EST Carbonato de Lítio 300mg AD /EST Nível grave Paroxetina 20mg AD / ISRS Amplicitil 25mg AP Clomipramina 25mg AD /ADTs Nível grave Carbolitium 300mg AD/EST Rispiridona 2mg AP Biperideno 2mg antiparkinsoniano Dentre os 21 itens do BDI (Cf. BECK; A. T., 1984), privilegiou-se os itens: 16 - Insônia 17 - Fatigabilidade 18 - Perda de apetite 19 - Perda de peso 20 - Preocupações somáticas 21 - Perda de Libido, por serem queixas freqüentes. A análise do BDI, mostra que há 06 mulheres (54.54%) em estado grave de depressão, 03 (27.27%) em estado moderado e 02 (18.18%) em estado mínimo. Percebe-se que as mulheres analisadas fazem o uso de ansiolíticos (ANS), antipsicóticos (AP) e antidepressivos(ad), os quais interessam a esta pesquisa. O uso de AD/ ADTs inibe a bomba de recaptação de serotonina e noradrenalina, disponibilizando um aumento desses neurotransmissores na fenda sináptica, o que irá melhorar a disposição, o tônus, alegria, vontade de fazer, executar, a atenção, bem estar, e o prazer relacionado à motivação. Apesar disso, os ADTs apresentam muitos efeitos colaterais, são antagonistas adrenérgicos, assim inibem a reação de luta e fuga, antagonisam a vaso constrição o que acarreta a vaso dilatação, diminui a resistência periférica e diminui a pressão. São antagonistas muscarínicos ocasionando boca seca, sudorese, retenção do fluxo urinário, constipação, e por serem anti-histamínicos, aumentam o sono, estimula o apetite, aumentando o peso e diminuindo o Ácido clorídrico, o que é um desconforto para as usuárias. Já os AD / ISRS são classificados como Inibidores Seletivos da recaptação de Serotonina, considerados antidepressivos de primeira geração assim como os ADTs, esses psicofármacos, inibem e bloqueiam a bomba de recaptação de serotonina, aumentando serotonina na fenda favorecendo a interação desses neurotransmissores com seu receptores provocando a melhora dos sintomas depressivos, com menores efeitos colaterais. Muitas das pacientes utilizam o carbolítium, uma droga estabilizante do humor. Este é eficaz no tratamento agudo e profilático de episódios maníacos e depressivos em pacientes com depressão bipolar ou ciclotimia; bloqueia o segundo mensageiro, ou proteína G, a qual dificulta a interação do neurotransmissor com receptor na fenda sináptica. Há uma diminuição da resposta da dopamina, provocando a diminuição da mania do bipolar. Constata-se que a maioria das pacientes, fazem interação medicamentosa entre o carbolítium e algum antidepressivo, isso acontece porque o lítio tem função
5 de diminuir a mania,e para diminuir a depressão será necessário um antidepressivo, mas deve ser usado com cautela devido ao risco de intoxicação. Observa-se também a associação com fármacos antipsicóticos (AP), usado em casos de depressão psicótica. Depressão psicótica é uma forma grave de transtorno de humor, marcada por um alto índice de recorrência, maior morbidade ao longo do tempo e baixa resposta ao placebo. Tratamento efetivo durante a fase aguda encontra-se bem estabelecido e consiste no uso de eletroconvulsoterapia ou combinação de antidepressivo e antipsicótico (Parker, 1991). CONCLUSÃO Podemos concluir que a depressão por ser uma doença crônica e recorrente necessita de tratamento em longo prazo para manter a resposta e evitar a recaída. Persistem, portanto tantos limites a serem ulteriormente aprofundados, diante de um fenômeno assim complexo Assim como os psicofármacos há também uma vasta quantidade de psicoterapias, para que se haja eficácia na luta contra a depressão deve haver associação entre esses dois tratamentos possibilitando a remissão de sintomas depressivos e evitando sua reincidência. Mesmo que haja a associação sugerida o mais importante no tratamento da depressão é a cooperação entre paciente e terapeuta. REFERÊNCIAS? BECK A. T., Principi di terapia cognitive, un approccio nuovo alla cura dei disturbi affettivi, Astrolabio, Roma, 1984, 97.? JERROLD S MAXMIN E NICHOLAS G. WARD, Psicotrópicos: consulta rápida; trad. Irineo C.S. Ortiz. 2. ed- Porto Alegre. Artes médicas, 1998.? LAUREN B MARANGELL, JONATHAN M. SELVER, JAMES M. MARTINEZ E STUART T C. YODOFSKY, Psicofarmacologia; trad. Cláudia Dornelles, Porto Alegre, Artes Médicas, 2004.? LOMBARDO G. P., Modelli psicologici e paradigma psichiatrico nella operatività clinico-sociale dei servizi, in id., Modelli mentale e intervento psicologico. La psicologia clinica nel servizio pubblico, NIS, Roma, 1992, ? MILANO, American Psichiatric Association, DSM-IV, Manual diagnóstico e psichiátrico dos distúrbios mentais, 1996, ? PARKER, G.; HADZI-PAVLOVIC, D.; HICKIE, I. et al. - Psychotic depression: a review and clinical experience. Aus NZ J Psychiatry, 1991;25, ? PENILDON S., Farmacologia, 6ª edição, Editora Guanabara Koogan, 2002, ? PRELEZZO J. E. (coord.), NANNI G., MALIZIA G., Dizionario di scienze dell'educazione, Elle di Ci, L.A.S., S.E.I, Torino, 1997, 276.? RIBEIRO E. S., Fenômeno depressivo na vida religiosa, causas, meios preventivos e terapêuuticos, Loyola, São Paulo, 2002.? SATTES H., in Dizionario di psicologia, a cura di Wilhelm A., Eysenck H. J., Meili R., Paoline, Milano, 1986.? STEPHEN. M; STAHL, M.D., PH. D, Psicofarmacologia: Base neurocientífica e Aplicações práticas, 2ª ed., 2002, Editora Médica e Científica.
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