INTEGRAÇÃO NO MERCOSUL : UNIVERSIDADES ABERTAS À TERCEIRA IDADE
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- Lídia Salazar das Neves
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1 Título: INTEGRAÇÃO NO MERCOSUL : UNIVERSIDADES ABERTAS À TERCEIRA IDADE Área Temática: Educação de Jovens e Adultos em Movimentos Sociais Autores: TEREZINHA DE F. FERNANDES MATHEUS (1) e CARMEN MARIA ANDRADE (2) Instituição: Universidade Federal de Santa Maria A integração latino-americana tem como eixo central o Brasil e a Argentina onde houve a primeira aproximação, um tanto nebulosa, nos anos 50 com o pacto ABC. Bem mais tarde, em meados de 1958, com Juscelino Kubitschek, a operação pan-americana em Com Jânio Quadros foi assinado o Tratado de Uruguaiana, o qual teve prosseguimento com João Goulart. Somente mais tarde, em novembro de 1985, surgiu entre o Brasil e Argentina o documento da Declaração de Iguaçu - ato político fundamental dentro do processo de integração - onde ficou manifestada a necessidade de desenvolver uma política conjunta de cooperação econômica e comercial frente às possíveis negociações com o resto do mundo. Aos poucos os demais países, que hoje fazem parte do Mercosul, foram unindo-se numa só integração. O Mercado Comum do Sul foi criado pelo Tratado de Assunção em março de 1991, tendo como objetivo ampliar as economias através da integração. Entretanto, para que esse objetivo tenha êxito total, deverá estar fundamentado em um elemento dinamizador, qual seja, a educação que tem dentre seus propósitos a capacitação da força de trabalho bem como a adaptação de novas tecnologias provocando maiores avanços no crescimento econômico. A educação tendo um papel fundamental nas estratégias de desenvolvimento das sociedades enfrenta desafios decorrentes da união de vários países distintos entre si, com diferenças étnicas, sociais, políticas, econômicas e culturais, mas unidos por um mesmo ideal: o desenvolvimento da nação.
2 A educação deve ser repensada enquanto ação educativa a fim de responder as exigências de um modelo de sociedade. A sociedade no contexto internacional está em rápida modificação, fazendo com que a educação seja uma área de excelência com a promoção do conhecimento e o respeito pelas diferenças culturais. Isso é possível pela educação dos povos mercosulenhos, em todos os níveis, de modo a criar uma só identidade. Desta forma, é extremamente importante à nível de processo integracionista, que cada estado busque fortalecer o seu sistema de educação superior, incentivando a área de pesquisa, qualificando o seu quadro funcional. Assim teremos pessoas preparadas para competir no cenário internacional. Esta questão é desafiadora pois leva os atores desse processo integrativo a serem mais participativos, unidos, visando uma mesma meta pois quem não tiver acesso a uma educação de qualidade estará automaticamente excluído desta ordem. Neste contexto, a universidade é vista como uma das poucas instituições da sociedade contemporânea onde ainda é possível pensar a longo prazo e agir em função dela. A universidade aparece nesse universo como um fator de fomento junto à comunidade. MOROSINI (1994) em sua obra, Universidade no Mercosul, coloca muito bem esta questão: Cabe à universidade não só o papel de formadora de profissionais mas também o papel essencial de busca conjunta de tecnologias apropriadas de gerenciamento capaz e de construção de conhecimento pelo resgate dos saberes dos diferentes países. Ainda nesta perspectiva, deve-se destacar que a universidade vem contribuir para melhores níveis de qualidade de vida dos países participantes desta integração numa ampla participação social dos seus membros em diferentes fases da vida. Além do saber existe um processo de união e troca de experiências. O papel da universidade no processo de recomposição e transformação da sociedade no caso do grande megabloco Mercosul não é apenas importante, mas imprescindível. É a instituição cultural pela produção e difusão
3 do conhecimento. Historicamente, é o meio principal para as transformações e os avanços que afetam a sociedade do Mercosul. A integração só se fará com uma população eficiente, crítica, sendo sempre um agente ativo e efetivo na construção de uma sociedade mais justa com o direito de ser, participar, dar e receber, tomar decisões, cultivar novas amizades, fazendo mais digna e harmoniosa a vida, não importando a fase em que o homem se encontre, enfatizando principalmente o idoso pois este possui uma gama imensa de conhecimentos. É necessário, portanto, que analisemos as Universidades Abertas à Terceira Idade que se inserem nos países que compõem este processo de integração o Mercosul. Assim como o idoso que faz parte destes países hermanos. As Universidades Abertas à Terceira Idade terão um papel fundamental neste processo de integração. Os seus atores, através de intercâmbios de conhecimentos e experiências de culturas diferentes (diversas), se unem numa única linguagem, que vai além das fronteiras. Nesta fase da vida, a universidade oportuniza ao idoso o retorno aos estudos e a e a possibilidade de compartilhar seus conhecimentos junto aos meios acadêmicos. A valorização deste idoso é muito importante, sua bagagem de conhecimento é imensa e, muitas vezes, a sociedade os rejeita. A universidade permite aos mesmos a oportunidade de aprender a se expressar e realizar-se educativamente, pois muitos não tiveram oportunidades nas demais fases da vida. No Mercosul, as Universidades Abertas à Terceira Idade buscam ensinar ao idoso a pensar e realizar ações que permitam o seu crescimento pessoal e coletivo, bem como desenvolver sua auto-estima, reafirmando seu papel social. Os idosos compartilham experiências educativas culturais, estabelecendo relações de fraternidade, amizade e solidariedade, unindo-se com as nações co-irmãs. É necessário enfatizar que a terceira idade não é um problema, o fim da caminhada, e sim uma fase de vida rica em experiências e sabedorias. Sendo assim, é necessário um estudo de reconhecimento desta etapa como uma fonte inesgotável de conhecimentos os quais a sociedade não está preparada a
4 receber nem deles usufruir, privam-se dos bens que eles poderiam dividir e não reconhecem o verdadeiro patrimônio social e cultural que nos passam os velhos. O papel das Universidades Abertas à Terceira Idade é unir culturas, buscando fortalecer a identidade e resgatando a cidadania das pessoas que envelhecem, fundando órgãos de apoio tal como a RUA Rede Latinoamericana de Universidades Abertas UNI 3, com regulamento aprovado no II Encontro de Universidades Abertas em Rio Terceiro, província de Córdoba, na Argentina. Esta rede foi fundada em 30 de abril de 1995 tendo como sede Montevidéu, onde reside sua presidente a srª Alondra Bayley de Algazi, reitora da Uni-3 do Uruguai, a vice-presidente é Brasileira, a srª Lúcia Saccomori Palma, coordenadora do CREATI-UNI 3/ UPF Brasil, é um órgão oficial de difusão e união entre as Universidades Abertas (BOLETIM INFORMATIVO RED AMERICANA DE UNIVERSIDADES ABIERTAS UNI 3: 1). Os objetivos visualizados por este órgão, referem-se a atividades que congreguem as mais de trinta UNI 3, dentre os países podemos citar a Argentina, Bolívia, México, Paraguai, Uruguai e Brasil, que organizam diversos congressos referentes à 3ª idade. São (...)a maioria latino-americanas. No Brasil são 94 Universidades Abertas de Terceira Idade agregadas a instituições de ensino superior, que desenvolvem atividades diferenciadas, conforme a característica e a demanda de sua clientela. Dessas apenas o CREATI UNI 3, da Universidade de Passo Fundo, faz parte da Rede Americana das Universidades Abertas (op. cit:1, 1998). Não poderíamos concluir este texto sem falar da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) RS Brasil, que realiza um trabalho excelente junto aos idosos através do Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira Idade (NIEATI), que entrou na luta pela valorização dos idosos em 1982, o qual exerce um trabalho de cunho extensionista, abrangendo idosos da cidade e região que participam de atividades variadas no Centro de Educação Física e Desportos (CEFD).
5 Junto ao trabalho do núcleo, funciona um projeto que envolve os cursos da Universidade (UFSM) no qual o idoso pode cursar disciplinas em todos os cursos, caso tenha vaga, sendo intitulado como Aluno Especial II. Temos também em nossa Universidade cursos de especialização, mestrado e doutorado na área da 3ª idade. No Centro de Educação é oferecido mestrado, e no Centro de Educação Física, especialização, mestrado e doutorado em tal área. Por fim, analisamos a UFSM como um ponto favorável nesta integração o que se consolida pelo fato dela encontrar-se num estado brasileiro e este ser próximo da zona fronteiriça possibilitando um maior intercâmbio cultural com os países hermanos, sendo o velho visto como um ator importante neste processo, pois possui uma gama imensa de conhecimentos a partilhar. Segundo BEAUVOIR (1990) A velhice não é a conclusão necessária de existência humana, é uma fase da existência diferente da juventude e da maturidade, mas dotada de um equilíbrio próprio e deixando aberta ao indivíduo ampla gama de possibilidade. Cabe-nos concluir que a velhice não é um obstáculo e sim uma fase da vida onde os indivíduos devem prosseguir os seus ideais. Notas (1) Mestranda em Educação Integrante do Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira Idade (NIEATI) / UFSM / RS. (2) Prof. Drª Orientadora - Docente de Pós-Graduação, Coordenadora do Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira Idade (NIEATI) / UFSM / RS. Referências bibliográficas BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, BOLETIM INFORMATIVO Red Americana de Universidades Abiertas UNI 3. Ano 16 nº 1 dezembro de 1998 Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul Brasil CREATI UNI 3/UPF Órgão de difusão da Informação/ R.U.A.
6 BOTH, Agostinho. Terceira idade, primeiros passos de um caminho. Passo Fundo : Editora UPF, HADDAD, Eneida G. Macedo. O direito à velhice. São Paulo: Cortez, LOPES, Luiz Roberto. História da América Latina. Porto Alegre : mercado Aberto, MADEIRA, Felícia Reicher; MELO, Guiomar N. de. Educação na América Latina: teoria e realidade. São Paulo : Cortez Autores associados, MAGNOLI, Demétrio Osório. Para entender o Mercosul. São Paulo, Moderna, MOROSINI, Marília Costa (org.). Universidade no Mercosul. São Paulo : Cortez, ODORIZI, Carmen Maria Andrade. Uma pedagogia para a velhice: o desafio da construção de um trabalho com idosos no Brasil. Tese. Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 1996.
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