Microbiologia do trato genital
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- Evelyn de Sintra Farinha
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1 Microbiologia do trato genital feminino e masculino
2 Estrutura do trato genital feminino O trato genital consiste na genitália externa e na genitália interna em ambos os sexos. Nas mulheres a genitália externa inclui e a genitália interna inclui
3 Estrutura do trato genital masculino Nos homens a genitália externa inclui e a genitália interna inclui
4 Flora normal em homens Nos homens, à exceção do último terço da uretra, o trato genital não tem microbiota normal e é estéril.
5 Flora normal em mulheres Influenciada pelos hormônios sexuais e ph: Meninas após o nascimento estrogênio materno transferido para a recém-nascida favorece o acúmulo de glicogênio nas células que revestem a vagina lactobacilos aeróbios convertem glicogênio em ácido lático tornam o ph vaginal ácido (várias semanas) com a redução dos efeitos do estrogênio favorece crescimento de outras bactérias (Corinebacterium, cocos e bacilos ) contribuem para alteração do ph próximo da neutralidade até a puberdade. Puberdade e idade adulta aumento dos níveis de estrogênio predomínio de lactobacilos ph vaginal ácido.
6 Flora normal em mulheres Na menopausa e pós-menopausa com a redução dos efeitos do estrogênio ph próximo da neutralidade favorece crescimento de outras bactérias(flora mista). Variações na flora normal população selecionada (gestantes, pós-menopausa...), porção anatômica em estudo (colo, vagina...),técnicadecoleta...
7 Outras bactérias que pertencem a flora normal Micro-organismos organismos Comumente Isolados Stafilococcus epidermidis Streptococcus fecalis Lactobacillus sp Corynebacterium sp Escherichia coli Bacteroides fragilis* Fusobacteriumsp* Veillonellasp* Peptococcussp* Peptostreptococcussp* Micro-organismos organismos Ocasionalmente Isolados Staphylococcus aureus Streptococcussp(Grupo B -b hemolítico) Clostridiumperfringens* Protues sp. Klebsiella sp. *anaeróbios
8 Fatores extrínsecos que podem alterar a flora normal Medicamentos: uso de antibióticos, corticóides, anticoncepcionais, hormônios. Grande número de parceiros sexuais. Uso de sabonetes com perfume. Uso de desodorantes íntimos. Uso de roupas sintéticas. Higiene pessoal deficiente. Alterações hormonais. Uso de espermicidas.
9 Fatores intrínsecos que podem alterar a Diabetes. Imunossupressão. flora normal Alterações hormonais (puberdade, gravidez, menopausa, amamentação).
10 Mecanismos de proteção ph phácidoéumfatorprotetor phvaginalnormal:3,8a4,5 Redução do ph favorece a instalação de micro-organismos patogênicos e oportunista. Células fagocíticas Macrófagos Células Langerhans Células dendríticas
11 Mecanismos de proteção Reação inflamatória Ocorre quando o antígeno alcança a mucosa cervical ou vaginal estimula a migração de fagócitos no local da infecção; Migração das células fagocitárias ativada por citocinas Migração das células fagocitárias ativada por citocinas (peptídeos ou glicoproteínas que atuam como sinais intercelulares regulando a resposta imune e inflamatória) contribui para eliminar a maioria dos micro-organismos patogênicos.
12 Mecanismos de proteção Lactobacillus sp. Oferecem proteção natural à mucosa vaginal: produzem ácidos orgânicos e substâncias antimicrobianas (peróxido de hidrogênio e bacteriocinas; Competem por nutrientes e receptores celulares com as Competem por nutrientes e receptores celulares com as bactérias patogênicas inibem a adesão, colonização, multiplicação e difusão de patógenos; L. acidophilus, L. casseri, L. crispatus, L. iners, L. jensenii
13 Flora normal vaginal em mulheres em idade fértil
14 Flora normal vaginal em mulheres em idade fértil
15 Doenças do Trato Genital A maioria das doenças do trato genital é transmitida pela atividade sexual doenças sexualmente transmissíveis(dsts); Problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo; No Brasil, as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) de infecções de transmissão sexual na população sexualmente ativa, a cada ano, são: Clamídia: Gonorreia: Sífilis : HPV: Herpes genital:
16 Epidemiologia Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram mais de 340 milhões de novos casos de DST curáveis (bacterianas e protozoárias) anualmente, no mundo, acometendo homens e mulheres entre 15 e 49 anos de idade, sendo quase 80% desses casos nos países em desenvolvimento; No Brasil, a incidência anualestimada das DSTéde 10a12milhões de casos No Brasil, em torno de 17% dos homens sexualmente ativos entre 15 e 64 anos declararam ter tido pelo menos um antecedente relacionado às DST; No Brasil, em torno de 56,5% mulheres sexualmente ativas entre 15 e 64 anos declararam antecedentes de DST. Ministério da Saúde, 2011
17 Epidemiologia Dentre os indivíduos sexualmente ativos de 15 a 64 anos que declararam ter tido antecedentes relacionados às DST (corrimento, feridas, verrugas ou bolhas), a busca por tratamento, no último episódio, foi consistentemente maior entre as mulheres (88,6%) quando comparadas aos homens (82%). Enquanto a maior parte das mulheres que declararam história prévia relacionada às DST procuraram, no último episódio de algum desses agravos, tratamento com médico(99%), mais de um quarto dos homens (25,3%) buscaram atendimento em farmácias. Ministério da Saúde, 2011
18 Chlamydia sp. Parasitas intracelulares obrigatórios dependem da célula dohospedeiroparaobterenergiaemformadeatpenad+ Gênero é dividido em três espécies: Chlamydia trachomatis Trato geniturinário + olhos; Chlamydia psittaci Chlamydia pneumoniae Trato respiratório. Tem parede análoga a parede celular dos Gram negativos dupla camada lipídica, sem peptideoglicano e ácido murâmico.
19 Infecções causadas por Chlamydia
20 Fisiopatologia da infecção Proteínas membrana (adesinas) que se ligam a receptores glicolipídicos ou glicopolissacarídeos da célula do hospedeiro Corpo Elementar(CE) Forma Infectante, sobrevive a passagem extracelular Receptores específicos Liga-se à célula hospedeira suscetível fagocitose CE impede ligação fagossoma e lisossoma Incorpora-se ao citoplasma da célula CRs recém-formados, formam corpos de inclusão CR sofrem divisão binária até a célula ser depletada do ATP e dos aminoácidos essenciais O corpo elementar reorganiza-se em corpo reticulado maior (não infeccioso) Após 48h, a multiplicação cessa, CR condensam-se formando os Corpos Elementares infecciosos Lise da célula hospedeira CEs são liberados para infectar novas células Forma metabolicamente ativa
21 Significado clínico
22 Uretrites não gonocócicas Acometem indivíduos jovens e sexualmente ativos; Tempo de incubação 2 a 3 semanas Infecções frequentementesão assintomáticas (mulheres 50%); Em homens afeta uretra (principal local de infecção) e epididímo; Em mulheres afetar uretra, cérvice, trompas de falópio e tecidos adjacentes (Doença inflamatório pélvica DIP); Infecção crônico ou recorrente pode causar esterilidade em ambos os sexos e gestações ectópicas.
23 Linfogranuloma venéreo Caracteriza-se por lesões primárias indolores no local da infecção, após 1 a 4 semanas de incubação seguida em 1 a 2 meses por edema doloroso dos linfonodos inguinais e perriretais linfonodos afetados supuram inflamação crônica e a fibrose provocam ulceração extensa e bloqueio da drenagem linfática.
24 Identificação laboratorial Não são visualizadas pela coloração de Gram; Cultura celulares (Células MacCoy) padrão ouro alto custo e alta complexidade; Testes de amplificação de Ác. Nucleico(NAAT) muito sensíveis e específicos pesquisa em urina e uretra de homens e mulheres; cérvice de mulheres. Imunofluorescênciadireta (IFD) utilizando anticorpos monoclonais marcados com fluorescência detecta em vários materiais a bactéria intacta marcada com Ac monoclonais
25 Identificação laboratorial Ensaio imunoenzimático(eia) detecta antígenos bacterianos ou um anticorpo marcado com enzima; Testes de amplificação de Ác. Nucleico(NAAT) muito sensíveis e específicos pesquisa em urina e uretra de homens e mulheres; cérvice de mulheres; Hibridização de ácido nucleico(sonda de NA) Detecta sequênciasde DNA ou RNA específicas de C. trachomatis.
26 Identificação laboratorial Sorologia(EIA) : Raramente utilizado para infecções não complicadas (resultados difíceis de interpretar) tem valor limitado porque os títulos se mantém altos por longos período de tempo; Os critérios utilizados no diagnóstico LGV Títulos > 1:64 sugestivas; Títulos > 1:256 diagnóstico; Títulos < 01:32 descartar.
27 Neisseria gonorrhoeae Coco Gram negativo diplococos frequentemente observado dentro de leucócitos polimorfonucleares; Aeróbio; Imóveis; Produz infecção piogênicacom grande quantidade de leucócitos; Espécies patogênicas para o ser humano: Neisseria gonorrhoeae gonococo gonorreia Neisseria meningitidis meningococo meningite; Transmissão durante contato sexual microorganismo é altamente sensível a desidratação.
28 Neisseria gonorrhoeae Mecanismos de virulência Não possuem cápsula (N. meningitidis cápsula) Pillis pilina conferem resistência a fagocitose e aumentam a capacidade de fixação do micro-organismo na célula do hospedeiro antigênicos; Mecanismos de resistência Conversão genética mistura e recombina regiões cromossômicas codificação de pilinacom diferentes sequência de aminoácidos produção de pilina antigenicamente diferente evita a resposta imune causa infecções repetidas no mesmo indivíduo; Variação de fase alteração na sequênciade genes não há produção de pilina sem resposta imune.
29 Neisseria gonorrhoeae Mecanismos de virulência Proteínas externas de membrana (OMPs) OMP I porinas proteína integral que formam poros hidrofílicos e permitem a passagem de nutrientes e produtos metabólicos está relacionada com a fixação da N.gonorrhoeaena célula hospedeira e prevenção da formação do fagolisossoma em neutrófilos; OMP II proteína associada à opacidade da colônia em meio de cultura medeia a fixação do micro-organismo na célula do hospedeiro sofre variações antigênicas contribui significativamente para a capacidade do organismo de evadir da resposta imune e causar infecções repetidas.
30 Fisiopatologia da infecção Pillis (fímbria tipo 4) + ÓMP II Receptores específicos Glicoproteína de membrana Liga-se à célula hospedeira suscetível: Uretra, reto, cérvice, trompa de falópio Endocitose OMP I Penetração na célula epitelial Proliferação da N.gonorrhoeae Atinge camada subepitelial Exocitose Transporte do vacúolo endocítico para membrana basal da célula infectada Forma metabolicamente ativa
31 Significado clínico
32 Gonorreia Uretrite gonocócica ou blenorragia; ÉumaDST Entre 0,5% a 3% de assintomáticos evoluem para infecção gonocócica disseminada artrites, endocardites,meningites e lesões cutâneas. Homem infecção da uretra: uretrite caracterizada por processo inflamatório agudo e piogênico, 3 a 7 dias após contágio sintomas: corrimento uretral purulento + disúria + algúria sem tratamento, a infecção se estende para próstata, vesícula seminal e epidídimo.
33 Gonorreia Mulheres infecção cérvice: cervivite corrimento e disúria maioria das mulheres é assintomática sem tratamento, a infecção se estende para útero, trompas de falópio e ovários 10% a 20% evolução para doença inflamatória pélvica; Infertilidade ocorre em 20% das mulheres com salpingite fibrose tubária
34 Identificação laboratorial Exame bacterioscópico das secreções uretral e cervical corado pelo Gram; Cultivo de secreções em meio de Thayer- Martin (ágar chocolate suplementada do vancomicina, colistina, trimetroprima, nistatina); Em homens sedimento corado do primeiro jato de urina
35 Identificação laboratorial Nohomem: Esfregado de exsudato uretral achados de numerosos neutrófilos e diplococos Gram negativos intracelular e extracelular; diagnóstico presuntivo de infecção gonocócica suficiente para estabelecer tratamento medicamentoso; Na mulher: Necessário cultura positiva meio de Thayer- Martin(ágarchocolate suplementada do vancomicina, colistina, trimetroprima, nistatina).
36 Esfregaço corado com gram
37 Esfregaço corado com gram
38 Esfregaço corado com gram
39 Treponema pallidum Gram negativa Bactérias móveis Helicoidais Não é cultivável em meio de cultura fastidioso Humanos são o único reservatório Causador da sífilis venérea DST + transmissão congênita transplacentária
40 Treponema pallidum Diagnóstico Lesão primária com espiroquetas + sorologia Cancro regride entre 3 a 6 sem. Inicia 2 a 8 sem. Após cancro Diagnóstico é sorológico ou microscopia das lesões Sintomas subclínico Diagnóstico somente por sorologia Diagnóstico por sorologia de líquor
41 Treponema pallidum Provas sorológicas Agentes não treponêmicos Úteis em triagens Ex: VDRL antígeno é a cardiolipina reação de aglutinação; VDRL falso positivo hanseníase, tuberculose, colagenases, mononucleoses, artrite reumatóide Agentes treponêmicos Usados como testes confirmatórios Ex.: Imunofluorescênciaindireta com antígeno treponêmico(fta-abs) positivo para outras espécies de Treponema
42 Vaginoses Microbiologicamente se caracteriza por uma alteração qualitativa e quantitativa da microflora vaginal, marcada por franca diminuição da concentração de Lactobacillus. É a causa de infecção vaginal mais comum em mulheres em idade reprodutiva e sexualmente ativas, com uma prevalência em torno de 50%. Na vaginoseas lesões dos tecidos são muito discretas, caracterizando-se apenas pelo rompimento do equilíbrio microbiano vaginal normal
43 Vaginosepor Gardnerellavaginalis Bacilo pleomórfico(coco bacilo); Gram lábil(metacromático, variável); Faz parte da flora normal de 70% das mulheres assintomáticas Está associado a corrimento vaginal é caracterizada por odorfétidoesecreçõescomph 4,5; A proliferação de G. vaginalis está associada a: Diminuição de Lactobacillus Aumento de bactérias anaeróbias estritras (Bacteoides, Mobiluncus, Peptoestreptococcus) Clue Cells células epitélio vaginal cobertas por bactérias Gram variáveis, na ausência ou raros leucócitos e Lactobacillus
44 Coloração de Gram Célula normal Clue cells
45 A fresco
46 Vulvovaginites e vaginites Vulvovaginites apresentam intenso processo inflamatório que englobam tanto a vulva como a vagina. Vaginites intenso processo inflamatório vaginal. Podem ser: Específicas: quando se conhece o agente etiológico Inespecíficas: quando o causador não é conhecido
47 Agentes etiológicos mais frequentes Bactérias: - Gardnerella vaginalis - Chlamidia trachomatis - Neisseria gonorrheae - Mobilluncus sp - Leptotrix sp - Bactérias Gram negativas em geral Vírus: -Herpes -HPV Protozoários: - Trichomonas vaginalis Fungos: -Candidasp (C. albicans, C. tropicallis, C. glabrata, C. krussei, C.parapsilosis) - Geotrichium sp
48 Exame de Secreção Vaginal Material obtido por raspado da parede vaginal e corado pela metodologia de Gram; OdiagnósticodoexamedeSVérealizadopara observação de alteração de Flora Bacteriana Vaginal ou identificação de Protozoários, causadores de vulvovaginites vaginoses.
49 Metodologia de Gram Bactérias Gram negativas Bactérias Gram positivas
50 Exame a fresco
51 Vulvovaginites Fúngicas Agente mais comum Candida sp (também conhecida como monilíaside). Estima-se que cerca de 75% das mulheres adultas apresentem pelo menos um episódio de vulvovaginite fúngica em sua vida. Destas, 40% a 50% vivenciam um novo surto. Os episódios de recorrência, por sua vez, acometem 5% das pacientes. Intenso processo inflamatório da mucosa. Sintomas ardência, prurido e secreção em forma de leite coalhado. As lesões podem estender-se pelo períneo, região perianal e inguinal.
52 Exame a fresco
53 Exame a fresco
54 Coloração de Gram
55 Coloração de Gram
56 Vaginite por protozoário Trichomonasvaginallis Tricomoníase Em mulheres causa inflamação na mucosa da vagina, da vulva e do colo uterino acompanhada de descarga abundante, amarela e malcheirosa; Em homens menos frequente infecta uretra, próstata e vesícula seminal acompanhada de descarga branca. Geralmente transmissão sexual ph ideal ±6,0 dificuldade de desenvolvimento ph vaginal ácido
57 Exame a fresco Visualização do trofozoíto móveis em secreções
58 Exame coloração de Gram Visualização do trofozoíto corados
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