ACÓRDÃO-AC Nº 11385/2012

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1 PLENO Processo: 18648/12 ACÓRDÃO-AC Nº 11385/2012 TCM/GO Processo : 18648/12 (1 volume) Município : LUZIÂNIA Assunto : Denúncia Tema : Irregularidades diversas encaminhadas de forma anônima Período : 2011/ 2012 Denunciado : Antônio dos Santos Vieira Diretor da Sec. Des. Urb. e outros Âmbito : Poder Executivo e FMS EMENTA: Denúncia anônima em virtude de possíveis irregularidades praticadas no âmbito da Prefeitura Municipal de Luziânia: Denúncia de enriquecimento ilícito do diretor do almoxarifado do SDU. Contratação irregular da Empresa Maria José de Araújo Vieira ME. Supostos Contratos por credenciamento de servidores que não exercem as atividades relativas ao credenciamento. Irregularidades na concessão de diárias e adiantamento. Contratação irregular na locação de veículos e prestação de serviços para manutenção de hospital. Arquivamento. Não atendimento aos requisitos de admissibilidade do art. 203, RI/TCM. VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos, Processo nº 18648/12, que versam sobre Denúncia anônima, autuada neste TCM pela Ouvidoria por meio do Memorando nº 0028/12 OUV (fls. 01), que posteriormente anexou a Ficha de Recebimento e Classificação nº 145/12 (fls. 03/06) por meio da qual um cidadão encaminha texto originalmente destinado ao Promotor de Justiça da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Luziânia, relatando nove fatos em face de diversas irregularidades praticadas na Prefeitura Municipal de Luziânia. Considerando a Proposta de Decisão nº 0484/2012-GABMOA proferida pelo Substituto Maurício Oliveira Azevedo; Considerando tudo mais que dos autos consta. Rua 68 nº 727 Centro fone FAX CEP: Goiânia Goiás 1

2 PLENO Processo: 18648/12 ACORDAM os s do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás, reunidos em Sessão do Pleno, diante das razões expostas pelo Relator: 1- NÃO CONHECER da presente Denúncia, em razão do não atendimento dos incs. III, IV e V do art. 203 do RI/TCM, respectivamente por ser anônima, por não conter informações sobre o fato, as circunstâncias e os elementos de convicção e por não vir acompanhada de indícios da existência dos fatos denunciados; 2- DETERMINAR O ARQUIVAMENTO do processo, em virtude do não conhecimento da Denúncia (caput, art. 204, RI/TCM). Sala das Sessões do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás, em, em Goiânia, aos 17/10/2012. Presidente Conselheira Maria Teresa Fernandes Garrido Votantes: Paulo Ernani Miranda Ortegal Jossivani de Oliveira Virmondes Borges Cruvinel Sebastião Monteiro Guimarães Fº Honor Cruvinel de Oliveira Francisco José Ramos Relator: Mauricio Oliveira Azevedo Substituto (não votante) Fui presente: Regis Gonçalves Leite Ministério Público de Contas Rua 68 nº 727 Centro fone FAX CEP: Goiânia Goiás 2

3 Gabinete do Substituto Mauricio Azevedo Processo : 18648/12 ( 1 volume) Município : LUZIÂNIA Assunto : Denúncia Tema : Irregularidades diversas encaminhadas de forma anônima Período : 2011/ 2012 Denunciado : Antônio dos Santos Vieira Diretor da Sec. Des. Urb. e outros Âmbito : Poder Executivo e FMS PROPOSTA DE DECISÃO N 0484/2012 GABMOA EMENTA: Denúncia anônima em virtude de possíveis irregularidades praticadas no âmbito da Prefeitura Municipal de Luziânia: Denúncia de enriquecimento ilícito do diretor do almoxarifado do SDU. Contratação irregular da Empresa Maria José de Araújo Vieira ME. Supostos Contratos por credenciamento de servidores que não exercem as atividades relativas ao credenciamento. Irregularidades na concessão de diárias e adiantamento. Contratação irregular na locação de veículos e prestação de serviços para manutenção de hospital. Arquivamento. Não atendimento aos requisitos de admissibilidade do art. 203, RI/TCM. I RELATÓRIO I.1 INTRODUÇÃO Tratam-se os presentes autos de Denúncia anônima, autuada neste TCM pela Ouvidoria por meio do Memorando nº 0028/12 OUV (fls. 01), que posteriormente anexou a Ficha de Recebimento e Classificação nº 145/12 (fls. 03/06) por meio da qual um cidadão encaminha texto originalmente destinado ao Promotor de Justiça da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Luziânia, relatando nove fatos em face de diversas irregularidades praticadas na Prefeitura Municipal de Luziânia. O denunciante (anônimo) informa, ao final, que obteve tais informações no site no Portal da Transparência da Prefeitura de Luziânia. 1

4 Gabinete do Substituto Mauricio Azevedo Expõe-se, a seguir, uma síntese dos fatos denunciados: 1- o Diretor do Almoxarifado, Antônio dos Santos Vieira, recebeu R$56.455,00 em adiantamentos entre 2008 e 2012, e, segundo informações, ele pega esse dinheiro para suas despesas pessoais ; 2- a empresa Maria José de Araújo Vieira ME recebeu entre 2008 e 2012 a quantia de R$ ,00 para limpeza pública e que a empresa não tem caminhão, tem apenas uma patrol; 3- o Enfermeiro José Antônio Alves Rossi, credenciado para o período de 08/05/2012 a 31/12/2012, passou no concurso para Bombeiro, foi fazer treinamento em Goiânia e continua recebendo da Prefeitura sem trabalhar; 4- o Secretário Municipal de Saúde, Felipe Alves Cesário, recebeu entre 2010 e 2012 reembolsos de viagens no valor de R$ ,20, e que o valor da diária é de R$ 80,00; 5- o veículo locado (Strada NWF-2397 contratado: José Brandão Sobrinho) para o período de 02/01/2012 a 03/10/2012, para translado de equipamentos e de pessoal da saúde, não trabalha; 6- um motorista do SAMU (servidor Sidnei Francisco de Souza) recebeu, em 31/08/2012, R$ 8.000,00 de adiantamento para emergência do SAMU e vem recebendo diárias; 7- Valdivino Pereira Cardoso foi contratado por R$ 7.900,00 para a manutenção do Hospital Regional do J. Ingá, quando quem faz a manutenção são os Sr. Joel e o Sr. Afonso; 8- a ocorrência de nepotismo na contratação em 02/01/2008 do Sr. Wendel José dos Santos Araújo, primo de 1º grau da Diretora do Hospital Regional do J. Ingá, como Enfermeiro credenciado; o servidor não comparece ao trabalho; 9- o carro alugado em 2011 para o município pelo filho do Sr. Eurides Vieira da Silva, Presidente do CMS, por R$15.000,00 é uma forma de salário ao Presidente, pois o carro não trabalha. É o Relatório. 2

5 Gabinete do Substituto Mauricio Azevedo II FUNDAMENTAÇÃO Cumpre inicialmente observar se a denúncia pode ser conhecida. A respeito das denúncias o Regimento Interno deste Tribunal dispõe do seguinte modo: Art São requisitos de admissibilidade da denúncia: I referir-se a matéria de competência do Tribunal; II ser redigida com clareza; III conter o nome completo, a qualificação, cópia do documento de identidade e do Cadastro de Pessoa Física e o endereço completo do denunciante; IV conter informações sobre o fato, a autoria, as circunstâncias e os elementos de convicção; V indicar as provas que deseja produzir ou indício da existência do fato denunciado. Parágrafo único. A denúncia apresentada por pessoa jurídica será instruída com prova de sua existência e comprovação de que os signatários têm habilitação para representá-la. Art O Tribunal não conhecerá de denúncia que não observe os requisitos e formalidades prescritos no artigo 203, devendo o respectivo processo ser arquivado, comunicando a decisão ao denunciante. Parágrafo único. Se a denúncia apresentar indício veemente da existência do fato denunciado, poderá o Relator, na falta de outros requisitos de admissibilidade, determinar ao denunciante que a complete ou a emende, no prazo de dez dias, sob pena de arquivamento. Para fundamentar o juízo de admissibilidade, vejamos se cada fato narrado possui informações e elementos de convicções bastantes e suficientes para seu conhecimento: 1 O denunciante afirma que o Diretor do Almoxarifado recebeu R$56.455,00 em adiantamentos entre 2008 e 2012, e, segundo informações, ele pega esse dinheiro para suas despesas pessoais. No entanto, como não foi trazido qualquer indício que sustente a denúncia, este segundo informações é semelhante ao conhecido ouvir dizer. 2- O denunciante alega que a empresa Maria José de Araújo Vieira ME recebeu de 2008 a 2012 a quantia de R$ ,00 para limpeza pública e que a empresa não tem caminhão, só tem uma velha patrol. Verificamos no SICOM que existem empenhos somente em 2011 (R$ ,00) e 2012 (R$ ,00) e que a maior parte dos serviços é executada com a motoniveladora (fls. 07/10). 3

6 Gabinete do Substituto Mauricio Azevedo 3 O denunciante alega que o enfermeiro da Prefeitura (José Antônio Alves Rossi) passou no concurso para Bombeiros, foi fazer treinamento em Goiânia e continua recebendo da Prefeitura. Deve-se considerar, entretanto, tratar-se de um credenciado na área da saúde, contratado em 08/05/2012, portanto, deve ter passado no concurso muito recentemente, cabendo observar que o período de treinamento é uma etapa do concurso consistente no Curso de Formação, de natureza eliminatória, tratando-se de uma situação transitória em que é possível haver um acomodamento em razão da proximidade entre Luziânia e Gôiania. 4 O denunciante alega que o Secretário Municipal de Saúde recebeu entre 2010 e 2012 reembolso de viagens no valor de R$ ,20, e que o valor da diária é de R$ 80,00. Em tese, o reembolso de despesas não é ilegal, desde que regulado por normas. 5 O denunciante alega que o veículo locado (Strada NWF-2397) para o período de 02/01/2012 a 03/10/2012, para translado de equipamentos e de pessoal da saúde, não trabalha. Mera alegação, desprovida de indícios. 6 O denunciante alega que um motorista do SAMU (servidor) recebeu, em 31/08/2012, R$ 8.000,00 de adiantamento para emergência do SAMU e vem recebendo diárias. No entanto, importa notar que adiantamento e diária não são incompatíveis, pois se destinam a finalidades diferentes, podendo se acumular dentro de um período. 7 O denunciante alega que é suspeito que Valdivino Pereira Cardoso tenha sido contratado por R$ 7.900,00 para a manutenção do Hospital Regional do J. Ingá, quando quem faz a manutenção são os Sr. Joel e o Sr. Afonso. Trata-se de uma mera suspeita à qual não se aderiu nenhum indício. 8 - O denunciante alega a ocorrência de nepotismo na contratação Sr. Wendel Araújo, do primo de 1º grau da Diretora do Hospital Regional do J. Ingá. Ocorre que, segundo o SICOM, o Sr. Wendel é enfermeiro credenciado, não se configurando nepotismo em relação a contratados. Denuncia-se, ainda, que ele não comparece ao trabalho, configurando esta afirmação em mera alegação, portanto a denúncia está desprovida de indícios. 9 O denunciante alega que o carro alugado para o município pelo filho do Presidente do CMS por R$15.000,00 é uma forma de salário ao Presidente, pois o carro não trabalha. Mera alegação, desprovida de indícios. Portanto, em juízo de admissibilidade, identificamos que os inc. III, IV e V do art. 203, do RI/TCM, não foram observados: - por se tratar de denúncia anônima, o inc. III não foi obedecido (ver caput do art. 34 da LO/TCM); 4

7 Gabinete do Substituto Mauricio Azevedo - por se tratar de meras alegações, referindo-se a fatos sem informações suficientes e sem elementos de convicção, o inc. IV não foi atendido; e - por vir desacompanhada de indícios da existência dos fatos denunciados, o inc. V não foi atendido. Portanto, por não satisfazer três requisitos do art. 203, do RI/TCM, o Tribunal não conhecerá da denúncia e o processo deve ser arquivado, em cumprimento ao disposto no art. 204, caput, do RI/TCM ( 1º do art. 34, da LO/TCM). III PROPOSTA Amparado na fundamentação supra, nos termos do artigo 85, 1º da Lei /2007, com redação acrescida pela Lei /2011, art. 83 do Regimento Interno, regulamentado pela Resolução Administrativa nº 232/2011, em conformidade com a Portaria nº 557/2011 que disciplina a aplicação do inciso IV do art. 6º da referida Resolução Administrativa 232/2011, faço a seguinte PROPOSTA DE DECISAO para estes autos: 1- NÃO CONHECER da presente Denúncia, em razão do não atendimento dos inc. III, IV e V do art. 203 do RI/TCM, respectivamente por ser anônima, por não conter informações sobre o fato, as circunstâncias e os elementos de convicção e por não vir acompanhada de indícios da existência dos fatos denunciados; 2- DETERMINAR O ARQUIVAMENTO do processo, em virtude do não conhecimento da Denúncia (caput, art. 204, RI/TCM). É a proposta. Gabinete do Substituto Mauricio Oliveira Azevedo, Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás, em Goiânia, aos 16 de outubro de Mauricio Oliveira Azevedo Substituto Relator 5