GAPTEC. Estudos de Orientação Para o Planeamento do Concelho de Odivelas. Relatório Final Volume II. Maio 2003
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- Cristiana Paranhos Belmonte
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1 GAPTEC Departamento de Planeamento Estratégico Divisão do Plano Director Municipal Estudos de Orientação Para o Planeamento do Concelho de Odivelas Maio 2003 Relatório Final Volume II
2 EQUIPA Coordenadores Prof. Manuel da Costa Lobo Prof. Sidónio Pardal Equipa Dra. Alice Santos Silva Dr. António Luís da Costa Lobo Dra. Graça Silva Engª Paula Pacheco 1
3 ÍNDICE DE VOLUMES VOLUME I PROPOSTAS URBANÍSTICAS VOLUME II ESTRATÉGIA PARA VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM HABITAÇÃO ANÁLISE E PROPOSTAS ÍNDICE DE VOLUME II 1ª PARTE EQUIPA...1 ÍNDICE DE VOLUMES...2 ÍNDICE DE VOLUME II ESTRATÉGIA PARA A VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM...3 2
4 1. ESTRATÉGIA PARA A VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM A demarcação espacial dos usos do solo num concelho como Odivelas enfrenta o problema da estabilidade dos espaços rústicos, os quais tendem a perder suporte económico na esfera das explorações agrícolas e florestais devido às pressões urbanísticas a que estão sujeitos. Compete aos planos territoriais esclarecerem o mercado sobre as dinâmicas das alterações do uso do solo, no sentido de conferirem estabilidade à paisagem e confiança ao mercado imobiliário. Sem esta base de confiança todos os proprietários de solos rústicos alimentam a esperança de um dia poderem urbanizar e beneficiar das inerentes mais-valias. Esta expectância conduz ao abandono dos espaços rústicos num contexto em que estes necessitam de um esmerado trabalho de condução florestal, exploração agrícola e manutenção paisagística. Todas as parcelas do território carecem de tratamento, por isso é importante a identificação da entidade responsável por cada parcela, observando os seus direitos e deveres, numa perspectiva de exploração do território com cuidados arquitectónicos e paisagísticos. A recuperação paisagística tem de atender à compartimentação dos espaços rústicos, à definição do desenho urbano e aos projectos de acabamento em termos construtivos, e às tarefas regulares de conservação e limpeza. A circulação de peões no espaço urbano deve ser, tanto quanto possível, livre e dominante sobre o trânsito automóvel. O trânsito, dentro do tecido urbano, fica mais distribuído se a rede for malhada. Os eixos onde se concentra o trânsito de atravessamento e que funcionam como vias estruturantes carecem de maior secção transversal, os passeios devem também ser mais largos. Da largura dos passeios também depende a 3
5 possibilidade de se plantar árvores de alinhamento, as quais conferem uma expressão de amenidade e conforto às ruas. Os corredores de vale das ribeiras carecem de um tratamento que deverá ter em consideração os seguintes factores: a) A correcção do regime torrencial das bacias, recorrendo à construção de açudes, definição da estabilização das margens e controlo da erosão em geral. b) Enquadramento apropriado dos troços das ribeiras, em função do uso do solo onde estão inseridos, conforme se trate de espaços silvestres, agrícolas ou urbanos, visto que as soluções são distintas. c) É importante assegurar-se uma acessibilidade técnica ao longo das ribeiras para a execução de obras de hidráulica e serviços de conservação e limpeza. d) Considerando o carácter urbano e metropolitano do concelho, justifica-se que sejam exploradas complementaridades entre o espaço urbano e o espaço rústico, expandindo neste último percursos de recreio dentro do conceito dos parques lineares. Estes passeios podem desenvolver-se ao longo das margens das ribeiras as quais ficariam enquadradas nesses parques lineares. O arranjo, limpeza e asseio dos espaços exteriores em geral, a marcação das parcelas e a disciplina dos usos e utilizações constituem medidas de base para iniciar uma ordenação estruturante e qualificadora da paisagem. Para esta tarefa é importante uma campanha de motivação para que todas as entidades públicas e privadas, responsáveis por parcelas do território, assumam o cuidado de conferir aos seus prédios uma imagem asseada. Este cuidado está relacionado com a confiança que merecem os conteúdos dos planos no que diz respeito à distribuição dos usos do solo. Se os proprietários dos solos rústicos ou o mercado alimentarem a expectativa de os urbanizar no 4
6 futuro, tenderão a marginalizar as actividades agrícola e florestal, deixando os terrenos em estado de abandono. O mesmo acontece a grande parte dos terrenos rústicos urbanizáveis, que ficam abandonados em situação de expectância especulativa. A qualificação da paisagem, como se pode observar, depende também do sistema jurídico-administrativo que está na base do processo de planeamento. A um nível mais complexo da composição, a paisagem de Odivelas enfrenta problemas de congestionamento, zonas habitacionais de alta densidade que necessitam de expansões que minimizem as disfunções relacionadas com as carências de espaço. O parqueamento automóvel apresenta-se como um problema crítico nas zonas mais centrais. Devido a erros de programação na afectação de espaços para estacionamento os moradores, para além do desconforto de não terem lugar para estacionar são penalizados com o pagamento e o estacionamento público e com preços de garagens que tendem a ser cada vez mais gravosos. Quando os passeios são muito estreitos e na faixa de rodagem há espaço para estacionamento lateral então pondera-se a possibilidade de plantar árvores na faixa de rodagem a compasso com os lugares de estacionamento. Nos troços de ruas onde se pretende assinalar o carácter pedonal e limitar a velocidade do trânsito altera-se o pavimento da faixa de rodagem, conferindo-lhe uma leitura que o associe mais aos peões do que ao trânsito rodoviário - passar de tapete asfáltico para lajedo ou mesmo ambos em granito é suficiente para facilitar esta percepção. Em Odivelas observa-se o contraste entre uma mancha central relativamente pequena, congestionada devido a um desenho urbano deficiente e envolventes rústicas mais ou menos comprometidas com processos de urbanização isolados. O PDM deverá explorar estratégias para a elaboração de planos de urbanização que garantam, de forma explícita com desenho urbano, uma alteração positiva no modo de fazer a cidade. 5
7 Os campos e matas da Paiã, e outros espaços rústicos que estão na iminência de serem absorvidos pelo tecido urbano, correm o risco de se perderem como oportunidade de promover uma mudança meritória. A ideia de dotar Odivelas de um parque urbano surge geralmente associada ao vale da Ribeira de Odivelas ou à mata de Paiã, o que se compreende, mas é importante conter estas associações dentro de certos limites. O corredor da Ribeira está profundamente afectado pela forma como foram implantadas as vias rápidas. A mata tem uma localização que carece de ser urbanisticamente validada, considerando que um parque urbano requer uma localização interiorizada no tecido urbano para se constituir como elemento valorizador da paisagem citadina e ser possível fruir a relação entre espaço edificado e o espaço livre do parque. É frequente na análise do território localizar parques e jardins em zonas que já se encontram arborizadas. Este critério pode ser falível na medida em que esse posicionamento do parque e dos jardins é essencialmente determinado pela lógica da composição urbana, e não tanto pela pré-existência de arborização. Recomenda-se, portanto, que se enverede pela concepção de um plano de urbanização que responda a uma reestruturação da cidade, tirando partido das zonas de expansão e configurando um desenho urbano que integre todos os factores em jogo: expansão da rede viária, diversificação dos padrões de espaços livres públicos (recorrendo aos padrões de avenidas, praças, jardins públicos), integração de cursos de água, implantação de edifícios para os diversos usos, negociação dos compromissos de modo a obter margens para implementar soluções urbanisticamente correctas. O PDM deve assumir a programação urbanística à luz destes e de outros princípios que orientam e fundamentam a boa prática de urbanismo, sob pena de cair numa mapificação de zonas com regras e índices abstractos, que na prática servem para legitimar a subversão dos princípios do urbanismo. 6
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