Curso/Disciplina: Lei de Responsabilidade Fiscal / 2017 Aula: Execução orçamentária / Aula 09 Professor: Luiz Jungstedt Monitora: Kelly Silva Aula 09
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1 Curso/Disciplina: Lei de Responsabilidade Fiscal / 2017 Aula: Execução orçamentária / Aula 09 Professor: Luiz Jungstedt Monitora: Kelly Silva Aula 09 Vamos finalizar o capítulo II da LRF. Final da última aula foi dado início ao estudo da execução orçamentária e do cumprimento das metas, que vai do art. 8º ao art. 10. De acordo com o art. 13 da LRF: Art. 13. No prazo previsto no art. 8º, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa. O art. 13 está completando as regras referentes à receita pública. É interessante que se traga também uma previsão bimestral de qual será o resultado em relação ao combate à sonegação, à cobrança da dívida ativa. O art. 9º da LRF é um dos mais cobrados em concurso público e já foi citado quando falamos do equilíbrio fiscal (contingenciamento de despesa). Página1 Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
2 Então, de dois em dois meses deve ser feito o levantamento do que entrou em orçamento. Se entrou o previsto, pode gastar o previsto. Contudo, se não entrou, deve ser feito o contingenciamento (limitação de empenho), porque o empenho é o primeiro passo para o gasto da dívida pública. Em matéria de contingenciamento de despesa, dos do art. 9º da LRF, o que mais é questionado é o 2º: 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. A LDO trabalha todas as regras que, normalmente, pós-1988, começaram a ser criadas e impostas. A LDO é o elo entre o PPA e a LOA. Então, ela se tornou uma das leis orçamentárias mais importantes que existe no país. Ela vai dar um anexo de metas fiscais e ela que vai definir qual é esse superávit primário que terá que ser respeitado. Desse aspecto nominal ou primário diz respeito às arrecadações do Governo tributárias. Nesse gasto inicial, nessa avaliação primária ou nominal, não se leva em consideração operações de crédito, ou seja, dinheiro emprestado de instituições financeiras, dinheiro arrecadado com venda de título da dívida pública. Esse resultado primário envolve, basicamente, receita derivada, ou seja, aquela que o Governo tem a receber. Então, de dois em dois meses ele esse valor é levantado. Outro parágrafo que vende muito bem é o 3º do art. 9º da LRF, que foi suspenso por liminar na ADIN de Página2 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN )
3 O dispositivo é bem interessante, mas o STF entendeu que fere a independência dos Poderes. Quando é para gastar todo mundo quer gastar, mas quando é para contingenciar somente olham para o Executivo, esquecendo que o Poder Legislativo, o Poder Executivo, o Ministério Público e o Tribunal de Contas também têm gastos (e muitas vezes desnecessários). Sabendo que na hora de contingenciar os poderes se omitem, a LRF veio e estabeleceu que, se não fosse feito o contingenciamento, o Executivo poderia cortar. No entanto, o STF entendeu ser inconstitucional essa previsão. Então, atualmente, somente com a aquiescência dos outros Poderes é que seus gastos poderão ser contingenciados, e não mais via manifestação exclusiva própria do Poder Executivo. No art. 9º é também necessário chamar a atenção para o que o 1º fala: 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas. Ou seja, se voltará a gastar na mesma forma que se parou de gastar. O parágrafo acima pede uma proporcionalidade na volta da liberação dos recursos de acordo com o retorno do dinheiro em caixa. Os 4º e 5º apresentam lapsos temporais: 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no 1º do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais. A comissão que o 4º faz referência é a Comissão de Orçamento no Congresso Nacional, que é a que faz a lei orçamentária. 5º No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços. Página3 O que é fundamental para a arrecadação do Governo. Quando se fala na trilogia políticas monetária, creditícia e cambial, ou seja, moeda, crédito e câmbio, isso é que faz circular dinheiro na economia. Isso que faz retirar o país da recessão. É uma avaliação muito importante que o Governo
4 precisa ouvir para saber o impacto na sua arrecadação. Então, muita atenção com esse 5º que fecha o art. 9º da LRF. Para finalizar o capítulo II: O art. 10 da LRF fala: Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da Constituição. Cuidado com a redação desse artigo. Examinadores, frequentemente, querem chamar a sua atenção que ele contraria a Constituição e que seria inconstitucional. Na hora de pagar, obviamente, tem que ser identificado quem eu vou pagar. É a identificação dos beneficiários de pagamento de sentença judicial, em respeito a ordem cronológica dos precatórios. Por isso que difere da parte final do caput do art. 100 da Constituição, que diz: Art Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009) Página4 Proibida a identificação de pessoas. O art. 10 da LRF fala em identificação dos beneficiários de pagamento de sentenças judiciais. Ora, vai identificar ou não? Os dois. O que o art. 100, caput, da Constituição está fazendo é dizer que na hora que for fazer a lei orçamentária ninguém deve ser identificado. Na hora que o Executivo receber do Judiciário os valores a serem colocados na lei orçamentária para pagamento de precatórios, o nome de ninguém deve ser identificado, o que deve ter é o valor que deve ser pago no ano seguinte sem interessar a quem. Neste momento é vedada a identificação de créditos específicos. Contudo, na hora de pagar deve saber a quem está sendo pago, até mesmo para poder respeitar a ordem cronológica de pagamento dos precatórios. Então, o que não
5 pode ser identificado é na hora da inscrição orçamentária; na hora da execução é o momento da identificação. Se a ordem cronológica de pagamento de precatórios não é respeitada pode ser realizado sequestro da quantia respectiva, de acordo com o 6º do art. 100 da Constituição: Art. 100 [...] 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). O valor a ser pago em precatório é depositado em juízo e o interessado vai à juízo, prova que é o detentor do crédito de precatório e levanta o valor em seu nome. Exceção à regra do precatório é a RPV (Requisição de Pequeno Valor), previsto no 3º do art. 100 da Constituição, trabalhando, inclusive, com valores diferentes para a União, Estados e Municípios (60, 40 e 20 salários-mínimos, respectivamente). Na hora que o pagamento vai ser identificado, deve ser aplicado o 2º do art. 100, que manda dar preferência àqueles com mais de 60 anos de idade e àqueles que tem doença grave. Atenção, pois a EC nº 94/16 altera a redação do 2º do art. 100 da Constituição. Então, na hora do pagamento deve haver identificação. Se houver desrespeito na hora do pagamento, aquele que se sentir desrespeitado solicita o sequestro do valor para pagamento do débito na ordem cronológica do precatório. A lei nº 4.320/64, quando fala em pagamento, dá atenção também ao precatório e a regra lá prevista está absolutamente em vigor, mesmo com a nova ordem constitucional e todas as emendas constitucionais: Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, sendo proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para êsse fim. Página5 Em suma, não há conflito entre o art. 10 da LRF e a parte final do art. 100 da Constituição. O art. 100 fala em previsão orçamentária, onde não se identifica credores, enquanto que o art. 10 da LRF se refere ao pagamento, onde o credor deve ser identificado. Com isso, se conclui o capítulo II da LRF. Próxima aula será dado início ao capítulo III, que trata da receita pública.
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