RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Transcrição

1 Procº de insolvência n.º 2.220/13.9 TBVNG 5º Juízo Cível Insolventes: PEDRO MANUEL LOPES DE ALMEIDA E CARLA LILIANA DAMAS BESSA MIRANDA DE ALMEIDA Tribunal Judicial de Vila Nova de Gaia RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos serviços públicos: finanças, segurança social e conservatórias, tendo sido efectuada deslocação à Praceta Júlio Duarte, n.º 93, 1 Dto. Trás, freguesia de Santa Marinha, concelho de Vila Nova de Gaia, morada fixada aos insolventes. Pela parte dos insolventes, nomeadamente do insolvente marido que acompanhou o arrolamento de bens, foi prestada a colaboração solicitada e necessária à elaboração do presente Relatório, sendo certo que grande parte dessa informação constava já dos autos. Foram inventariados os parcos elementos patrimoniais conhecidos, tudo de acordo com as disposições legais na matéria. Estes elementos estão devidamente identificados no anexo 1 do presente Relatório. O objectivo do presente Relatório, segundo o disposto no artigo 155º do CIRE, é apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económico

2 financeiro dos insolventes. In casu, os dados obtidos permitem-nos cumprir o desiderato legal, sem restrições. O presente processo iniciou-se com requerimento apresentado pelos próprios insolventes, os quais, reconhecendo a sua frágil situação económica, requereram a declaração da sua insolvência, que veio a ser decretada por douta sentença proferida em 09 de Abril de 2013, entretanto já transitada em julgado. Os insolventes são casados entre si, sob o regime da comunhão de adquiridos, e têm um filho com seis anos de idade, que se encontra a estudar. Destaca-se que os insolventes, na constância do matrimónio, adquiriram um imóvel, correspondente à fracção autónoma designada pela letra Z, inscrita na matriz predial urbana sob o n.º 5392-Z e descrito na competente Conservatória de Registo Predial de Gondomar sob o artigo 2451-Z de O imóvel supra referido foi vendido no âmbito de dois processos de execução fiscal, instaurados contra os insolventes, tendo sido adjudicados ao credor hipotecário, HIPOTECA LUX SARL, em duas metades (½), através de vendas judiciais de e Presentemente os insolventes residem na morada fixada na douta sentença, correspondente a uma habitação da propriedade de Paula Pinheiro, pagando uma renda mensal no valor de 350,00, com condomínio incluído. Actualmente o insolvente marido está desempregado e aufere a quantia mensal de 501,10, a título de subsídio de desemprego, o qual termina no final do corrente mês de Maio, não sabendo ainda se poderá vir a receber o subsídio social de desemprego, nem o seu montante; por outro lado, a insolvente mulher trabalha na empresa SPMS e aufere a quantia de 600,00 ilíquidos mensais

3 Pelo que nos é dado a conhecer os insolventes não têm PPR s, nem saldos bancários, nem participações sociais, nem bens imóveis ou outros activos, que não os parcos bens móveis inventariados sob a verba n.º 1 do auto de arrolamento e apreensão de bens. Salienta-se ainda que, pelas pesquisas automóveis efectuadas, foi encontrado o registo de um veículo automóvel, de marca FIAT, matrícula EF, em nome da insolvente mulher, o qual não está na posse dos insolventes, sendo que sobre o mesmo incide reserva de propriedade a favor de CREDIFIN Banco de Crédito ao Consumo, S.A. Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: Os documentos conhecidos são os que se encontram nos autos, a que acrescem as declarações de IRS dos anos de 2009, 2010 e 2011, que foram entregues pelos insolventes, bem como as reclamações de créditos recebidas e respectiva documentação. Ora, de tais documentos, verifica-se o montante das obrigações vencidas e a situação de incumprimento generalizado com que se deparam, actualmente, os insolventes. As obrigações conhecidas e relacionadas mais relevantes provêm da falta de pagamento de dois mútuos com hipoteca, bem como de créditos pessoais contraídos junto de instituições bancárias e parabancárias, destacando-se ainda a existência de uma dívida junto da Fazenda Nacional

4 Os insolventes alegam que o actual descalabro financeiro adveio da situação precária e consequente défice financeiro que assolou o seio familiar, originada pela situação de desemprego com que o insolvente marido se viu confrontado desde o ano de 2011, coadjuvado com a situação de doença contínua que a insolvente e o seu filho tem vivido, necessitando ambos de medicação para o efeito, o que, atentos os parcos rendimentos obtidos por parte do casal, levou a que estes não possuíssem capacidade económica para continuar a cumprir com os compromissos assumidos. Com a situação de crise evidente, os insolventes recorreram ao crédito junto de instituições bancárias e parabancárias, para permitir solver as obrigações contratuais estabelecidas; contudo, o recurso ao crédito, determinou um efeito bola-de-neve, gerando inevitavelmente a situação de insolvência que hoje atravessam, e desde logo o incumprimento generalizado das obrigações contratuais estabelecidas. Assim, face ao avolumar das obrigações vencidas e ao aumento das despesas diárias do agregado familiar, e atenta a necessidade de garantir os cuidados básicos de saúde e educação ao seu filho ainda menor, gerou-se, deste modo, a incapacidade para continuar a proceder ao cumprimento das obrigações estabelecidas. Por conseguinte, Existem dívidas relacionadas, reclamadas e provisoriamente reconhecidas no montante total de ,25, não tendo ainda terminado o prazo para apresentação de reclamações de créditos. No que respeita a credores públicos, foram reclamadas pela FAZENDA NACIONAL dívidas tributárias no montante de ,00, referente à falta de pagamento de IVA, IMI, IRS, Custas e Coimas, desconhecendo-se até ao momento a existência de quaisquer dívidas junto do Instituto de Segurança Social

5 Ora, analisado o auto de arrolamento de bens (até agora negativo), é mister concluir que o passivo acima referido é manifestamente superior ao activo, pelo que a situação de insolvência é, em nossa opinião, irreversível. No momento, e tal como nos foi informado, e por nós constatado pelos contactos e pesquisas efectuadas, o insolvente marido está desempregado e aufere a quantia mensal de 501,10, de subsidio de desemprego, o qual termina no final do corrente mês de Maio, sendo que a insolvente mulher trabalha na empresa SPMS e aufere a quantia de 600,00 ilíquidos mensais. Ponto dois Análise do estado da contabilidade dos devedores e opinião sobre os documentos de prestação de contas dos insolventes: Trata-se da insolvência de pessoas singulares, que não estavam obrigadas a prestação de contas de acordo com o exigido para as sociedades comerciais, pelo que parte do disposto no presente artigo não é aplicável. Os insolventes, juntaram aos autos e/ou entregaram à signatária os documentos necessários e comprovativos da sua situação económica. Requeridos elementos complementares ao Serviço de Finanças de Vila Nova de Gaia 1, foram recebidas as informações solicitadas, que confirmam os dados já existentes no processo e os fornecidos pelos insolventes, quer no que respeita aos bens existentes, quer no que respeita ao incumprimento das obrigações fiscais. Requeridos elementos complementares ao ISS do Porto, até ao momento, não foram recebidas as informações solicitadas. No que se refere à possível existência de bens, as pesquisas matriciais e prediais efectuadas corroboram as informações já fornecidas pelos insolventes (inexistência de - 5 -

6 qualquer imóvel na sua titularidade, conforme já constante do auto de arrolamento de bens). No entanto, os insolventes possuíam o imóvel indicado no ponto A (fracção autónoma designada pela letra Z), o qual foi alienado no âmbito de processos de execução fiscal, uma quota (1/2) em 12 de Outubro de 2012 e outra (1/2) em 12 de Abril de 2013, sendo que, pelas informações prestadas à signatária, em nenhum dos processos foi ainda distribuído o produto da venda. Assim, pela signatária foi já requerido que, caso se verifiquem as condições previstas no artigo 149º, nº 2 do CIRE, o produto das vendas seja colocado à ordem da massa insolvente. seguinte: Analisadas as declarações de rendimentos de 2009, 2010 e 2011, constata-se o Em 2009 os insolventes apresentaram rendimentos ilíquidos de ,19 (categoria A) e 4.125,00 (categoria B); Em 2010 os insolventes apresentaram rendimentos ilíquidos de ,52 (categoria A) e 3.288,00 (categoria B); Em 2011 os insolventes apresentam rendimentos de 8.504,93 (categoria A) e 1.258,60 (categoria B). Nota: os rendimentos referentes à categoria B, nos anos assinalados, foram auferidos exclusivamente pelo insolvente marido. Verifica-se que o rendimento dos insolventes, de 2010 para 2011, sofreu um decréscimo muito acentuado, o que não se coaduna com o montante dos empréstimos contraídos e taxas de juros respectivas, sendo mesmo insuficiente para o pagamento - 6 -

7 simultâneo das suas despesas ordinárias e dos empréstimos contraídos, tanto mais que do agregado familiar faz parte um filho menor, com seis anos, em idade escolar, com as despesas inerentes à sua educação. Os insolventes apresentaram pedido de exoneração do passivo restante, tendo junto aos autos e ou entregue à signatária todos os documentos necessários à avaliação do seu pedido, com excepção do certificado de registo criminal do insolvente marido, desconhecendo a signatária, se foi entretanto junto aos autos. Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: De acordo com o acima exposto, não é de aplicar a primeira parte deste normativo, pois inexiste qualquer estabelecimento comercial ou industrial. Por outro lado, não é de propor qualquer plano de insolvência, já que os insolventes não apresentam rendimentos actuais que permitam a elaboração de Plano, e o nível de endividamento existente (os créditos provisoriamente reconhecidos ascendem a ,25 ) não se compadece com um qualquer Plano de Insolvência. A única solução que nos parece adequada no momento, será aguardar a resposta ao requerimento apresentado pela signatária com vista à eventual apreensão do produto da venda do imóvel, apenas se podendo decidir pela liquidação ou encerramento após a Administradora estar na posse das informações sobre o estado actual dos processos executivos. Os insolventes apresentaram pedido de exoneração do passivo restante, sobre o qual nos pronunciaremos na altura devida, nos termos do disposto no artigo 238.º, n.º 2 do CIRE

8 B Solução proposta: Face ao exposto, propõe-se: Não haver lugar à proposta ou apresentação de qualquer plano de insolvência; Aguardar as informações sobre o estado dos processos executivos no âmbito dos quais foram vendidas, na metade respectiva (1/2), o imóvel dos insolventes, para decidir se o processo segue para a liquidação ou se será encerrado, nos termos do disposto nos artigos 39º e 232.º do CIRE. C Anexos juntos: Um Inventário; Dois Lista provisória de créditos. P.D. A Administradora da Insolvência, - 8 -