Enchentes em Santa Catarina - setembro/2013
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- Giovanna Minho Vilarinho
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1 Enchentes em Santa Catarina - setembro/2013 O início da primavera de 2013 foi marcado por um período de chuvas intensas no estado de Santa Catarina, atingindo 82 municípios e afetando mais de 24 mil pessoas. De acordo com um levantamento feito pela Defesa Civil Estadual, as regiões mais atingidas foram o norte de SC e o Vale do Itajaí, afetadas principalmente por enchentes e deslizamentos de terra. Os episódios mais extremos de chuva ocorreram entre os dias 21 e 23, quando os volumes chegaram próximos aos 300 mm em algumas localidades. As chuvas fortes também atingiram várias cidades da faixa norte do Rio Grande do Sul. A Figura 1 mostra o acumulado de chuva registrado nesse período. (a) (b) Figura 1: (a) Estações meteorológicas operadas pela Epagri/Ciram e INMET; (b) distribuição da precipitação acumulada entre os dias 20-24/09. O município mais atingido foi Rio do Sul-SC (Figura 2), onde 75% dos bairros da cidade ficaram completamente alagados, levando a prefeitura decretar estado de calamidade pública. Figura 2: Foto de Cristiano Estrela Emissora RBS
2 A seguir será feita uma análise da situação sinótica durante o período em que ocorreram as chuvas mais intensas. Nota-se que entre os dias 20 e 23 de setembro houve muita atividade convectiva sobre SC e estados vizinhos (Figura 3). Em alguns momentos houve convecção profunda, como pode ser notado através dos topos frios nas imagens de satélite. Este caso se diferencia do episódio de novembro de 2008, quando naquela ocasião as chuvas foram causadas por nuvens quentes, do tipo estratiforme. Figura 3: Imagens do satélite meteorológico GOES13 no canal infravermelho (realçada) entre os dias 20 e 24/09/2013.
3 A análise da sequência das cartas sinóticas de superfície (Figura 4) revela que as chuvas em SC foram causadas pela atuação de mais de um sistema meteorológico. Inicialmente (dia 20), observa-se a presença de um sistema frontal sobre o Oceano Atlântico, atuando de forma estacionária entre SC e PR. No dia seguinte (21), inicia-se a formação de uma onda frontal, com a baixa pressão de 1008 hpa a leste do Uruguai e o ramo frio sobre o RS. Nota-se que a frente fria avança lentamente entre os dias 21 e 22, mantendo o estado de SC sob a influência do ar mais quente e instável. A partir do dia 23 o sistema frontal avança para latitudes mais baixas, atingindo o Sudeste e Centro-Oeste do país. Figura 4: Cartas sinóticas de superfície para 00Z dos dias 20, 21, 22 e 23/09/2013.
4 Dando continuidade à análise das cartas sinóticas, observa-se sobre a Região Sul do Brasil um comportamento bastante baroclínico na troposfera média (Figura 5), associado aos ventos mais fortes e ao forte gradiente de altura geopotencial em 500 hpa. Nota-se a presença de uma circulação com curvatura ciclônica entre o Pacífico Leste e a costa oeste do continente sul-americano. À sotavento da Cordilheira dos Andes, o escoamento adquire um orientação NW-SE, com ondas curtas embebidas neste fluxo, estabelecendo um padrão atmosférico tipicamente favorável ao desenvolvimento da instabilidade. Figura 5: Cartas sinóticas de 500 hpa para 00Z dos dias 20, 21, 22 e 23/09/2013.
5 Para terminar, tem-se em 250 hpa (Figura 6) um comportamento bastante comum a eventos de chuva intensa. Nesse período, o Jato Subtropical (JST) sempre esteve presente e com sinal bastante marcante sobre as regiões castigadas. O escoamento difluente associado ao lado equatorial do JST aparece de forma bem marcante sobre áreas do RS, SC e PR, principalmente entre os dias 21 e 22. Este padrão atmosférico está associado à ocorrência de instabilidade, seja como um elemento causador ou como uma resposta da convecção. Figura 6: Cartas sinóticas de 250 hpa para 00Z dos dias 20, 21, 22 e 23/09/2013. A análise realizada mostrou uma situação meteorológica bastante favorável à ocorrência de episódios de chuvas extremas entre os dias 20 e 23 de setembro de Certamente, os desastres naturais ocorridos sobre Santa Catarina foram agravados pela vulnerabilidade de algumas regiões, em especial da Região do Vale do Itajaí. Em vários municípios do estado choveu em três dias praticamente o dobro do valor médio para o mês de setembro, provocando um aumento súbito dos níveis dos rios e como consequência as enchentes. O Grupo de Previsão de Tempo do CPTEC/INPE conseguiu emitir avisos meteorológicos às defesas civis estaduais e municipais com vários dias antecedência, alertando sobre o risco de ocorrência de grandes volumes de chuva nas áreas atingidas.
6 Elaborado pelo Meteorologista Henri Rossi Pinheiro
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