A Refiguração do Banal

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Filipe Medina de Sintra
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2 A Refiguração do Banal As pinturas de Pedro Meyer são talvez um caso, senão único, raro do que identificaríamos hoje como uma pintura figurativa. Essa palavra surge aqui de propósito: indica que elas não falam estritamente de representação, mas igualmente não se atêm somente à aferição de uma lógica contemporânea da imagem. De fato, tudo isso existe nelas; ainda assim, o que parece diferenciá-las é o seu procedimento. Se considerarmos o método do artista (selecionar imagens da Internet, em sua maioria relacionadas a eventos, trabalhos ou personalidades do mundo da arte, e depois reinterpretá-las pictoricamente), ele perfaz ironicamente a relação entre artista e modelo, só que sem o modelo, ou melhor, com uma coisa uma imagem digital que posa involuntariamente. A rigor, no que concerne esse ponto, vale lembrar que um procedimento semelhante já era empregado desde Delacroix e Courbet, ainda que fosse considerado pela tradição um truque sujo. Parece haver um quê no bom sentido de gosto de Meyer em lançar mão dele, uma vez que ele traz consigo um outro problema: o que um pintor busca numa foto, como ele tenta enxergá-la e o que pretende tirar dali. Surge daí uma situação dúplice: se as figuras retratadas são alguém, sua presença insular nos sites de busca as coloca na beira da dissolução e do anonimato é o fascínio de todos serem famosos. Há o outro lado, o das situações ou personagens escolhidos por interessarem ao artista de alguma maneira, seja por questões pessoais ou por proporcionarem uma situação-imagem que lhe pareça instigante. Os pontos de partida (e um quê desviantes) desencadeados a partir daí são dois: o primeiro é notar o que significa assumir a pintura como um espaço passível de assimilar elementos performáticos, ou seja, de uma pintura nascida da impureza de meios contemporâneos. Isso se dá quando Meyer relança na superfície do papel-desenho-pintura um gesto que busca dialogar com as referências de que se vale (para tentar ser mais claro, tal questão surge especificamente em alguns trabalhos da série Imagens da performance, na qual ele interpreta e cola em uma imagem única algumas das cenas que acompanha), como se reividicasse novamente uma escala corporal para a pintura. O segundo ponto é o limite em que, quando tudo se converte em pintura, as imagens arriscam ser comprimidas em uma mesma condição, colocando em jogo até que grau elas conseguem manter sua significação. Vale ainda observar que, nesse mergulho num território de imagens que parece infinito, acaba-se resvalando no que viria a ser este imaginário não só de um mundo contemporâneo, mas, mais especificamente, do mundo da arte contemporânea, como fica patente no seu facebook, composto por inúmeros desenhos que retratam a rede de interesses e afetos pessoais, artísticos e intelectuais. Completa a exposição uma obra isolada das demais, mas dotada de um caráter peculiar: trata-se de um conjunto de desenhos-pinturas feitos com vapor, de modo que o pigmento compusesse diferentes soluções conforme tocava o papel que recobria a panela. Possuído de um certos viés experimental, ele não deixa de postular uma possibilidade conceitual para a linguagem do desenho, um desenho que também evoca um tempo e um acaso tão fugazes quanto o gesto de seus outros trabalhos. Guilherme Bueno RJ - Novembro, 2012.

3 Lygia Pape, Divisor, 2012 guache sobre papel arches 300g 132 x 132cm R$ 7.800,00

4 Obrist, 2010 Guache e nanquim sobre papel arches 300g 53,5 x 52,5cm R$ 3.100,00

5 Marcelo Amorim, 2012 óleo sobre tela 50 x 47 cm R$ 3.600,00

6 Ana Mendieta, Glass on Body Imprints guache sobre papel arches 300g 114 x 114 cm R$ 6.700,00

7 Patrizia D`Angello, 2012 óleo sobre tela 50 x 47cm R$ 3.300,00

8 Adam Szymczyk Guache e nanquim s/ papel Arches 32 x 23,5 cm R$ 1.500,00

9 Gregor Jansen, 2010 lápis de cor sobre papel arches 300g 57 x 51 cm R$ 3.100,00

10 Julius Wiedemann guache sobre papel Arches 32 x 23 cm R$ 1.800,00

11 Botino, 2010 pastel oleoso sobre papel 57 x 40,5 cm R$ 2.700,00

12 Theda Breda, 2010 spray e lápis de cor sobre adesivo e papel 96 x 68 cm R$ 4.600,00

13 Hou Han, 2010 guache e nanquim sobre papel arches 300g 52 x 45cm R$ 2.800,00

14 Marcus Vinícius, No One, 2011 nanquim sobre papel arches 300g 114 x 114cm R$ 6.700,00

15 Máscaras da Lygia, 2011 guache e nanquim sobre papel arches 300g 114 x 164cm R$ 8.300,00

16 Facebook, (detalhe) desenho, gravura em metal e instalação nanquim e tinta charbonnel sobre papel (detalhe) dimensões variáveis R$ 5.400,00

17 Isabel I, 2012 guache sobre papel arches 300g 88 x 132cm R$ 6.500,00

18 Vapor, 2006 acrílica sobre papel arches 300g 38 x 28 cm R$ 1.900,00 - cada R$ ,00 - políptico com 12 peças

19 Pedro Meyer nasceu em 1978, vive e trabalha no Rio de Janeiro e em Vitória. Além de artista plástico, é professor de pintura na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Estudou com diversos artistas e críticos na Escola de Artes Visuais do Parque Laje, onde concluiu o Programa de Aprofundamento Frequentou os ateliês de Carlos Zilio, Gianguido Bonfanti e Luciano Maurício. Possui graduação em Design pela Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Esdi-Uerj), é mestre e doutorando em Linguagens Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ). Possui trabalhos em coleções no Brasil e no exterior, como Coleção Gilberto Chateaubriand (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro); Coleção Almeida Braga; Mediamatic Bank (Amsterdam, Holanda); Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro e Brasília); Confraria dos Bibliófilos do Brasil (Brasília); Prefeitura Municipal de Recife; entre outras. Exposições Individuais A Menina e as Faces, Galeria Portas Vilaseca, Rio de Janeiro ( ); Banheiro Travesti, Bienal de Amsterdam, Pavilhão do Rio de Janeiro ( ); A Permanência da Pintura, Galpão de Linguagens Visuais, Rio de Janeiro (2008); Pedro Meyer: pinturas e desenhos, LGC Galeria de Arte, Rio de Janeiro (2005). Exposições Coletivas Selecionadas Edições UM, Galeria Portas Vilaseca, Rio de Janeiro (2012); Parte - Feira de Arte Contemporânea, Paço das Artes, São Paulo (2012); Deslocamento Fricção, Prêmio Projéteis Funarte de Arte Contemporânea, Galerias do Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro (2012); Vias da Dúvida, Centro de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2012); Novíssimos 2011, Galeria Ibeu, Rio de Janeiro (2011); Territorialidades e Urbanidades, Galeria de Arte e Pesquisa, Vitória (2011); Salão de Abril, Galeria Antonio Bandeira, Fortaleza (2010); Entre-vistas, Escola de Artes Visuais do Parque Laje, Rio de Janeiro (2010); Carnal, Galeria Schuebbe Projects, Düsseldorf, Alemanha (2009); Arte & Patrimônio, Paço Imperial, Rio de Janeiro (2008); Projeto Acervo (ed. 5 e 6), Espaço Bananeiras, Rio de Janeiro (2008); Extra-Muros, Paço Imperial, Rio de Janeiro (2007); Apartamento das travestis, Prêmio Spa das Artes, Recife (2007); Salão Arte Pará, Museu do Estado do Pará, Belém (2006); Linguagem Visuais: 10 anos, Centro de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2006); лneo, coletivo л, Niterói (2005); Pedro Meyer e Rogério Antonelli, CEMIG Galeria de Arte, Belo Horizonte (2004); Posição 2004, Escola de Artes Visuais do Parque Laje, Rio de Janeiro (2004).

20 Av. Ataulfo de Paiva 1079_Loja 109 subsolo _

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