DESAFIOS E VANTAGENS DA GESTÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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- Eugénio Avelar Felgueiras
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1 DESAFIOS E VANTAGENS DA GESTÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL Diego de Lima Santiago - diego.santiago@lin.jbs.com.br Leandro da Silva Duarte - lesilvaduarte@hotmail.com RESUMO Atualmente todos sabem que os recursos naturais são esgotáveis e os olhos do mundo todo estão voltados para a preservação do meio ambiente, mas não é fácil gerir todas estas vertentes diante do capitalismo acirrado que vivemos, portanto, conciliar desenvolvimento, crescimento e preservação ambiental tornou-se o ponto chave para as organizações serem aceitas e respeitadas entre seus consumidores, e consequentemente angariar mais lucros para manter-se no mercado. Mas hoje em dia não basta apenas plantar uma árvore aqui, recolher um lixo ali e fazer propaganda disso, é preciso desenvolver e agir com base em fundamentos que realmente trará benefícios às gerações futuras. Então o grande desafio das organizações está sendo como desenvolver programas e métodos que sejam eficazes, barato e que atinjam os objetivos preservacionistas atuais. Para responder perguntas como estas, o estudo a seguir busca revelar como as políticas ambientais nacionais e internacionais, aliadas a uma boa gestão ambiental pode contribuir diretamente no resultado satisfatório destas questões que estão apavorando o mercado. Palavras chaves: gestão, preservação, organizações, ambiental. INTRODUÇÂO Neste inicio de século, é visível a mudança de comportamento do homem em relação à preservação do meio em que vive, principalmente devido às respostas que a natureza começou a dar, como aquecimento global, extinção de espécies, poluição das fontes de água, entre outros. E o mais importante, o homem começou admitir sua notável parcela de culpa para estes eventos que é resultado de um processo produtivo em larga escala que teve inicio no século XVII, com a conhecida Revolução Industrial. Mas os tempos mudaram, segundo Dias (2009), embora as ações empresariais ambientalmente responsáveis não sejam adotadas por parcelas significativas das organizações, aquelas que o fazem representam lideranças que vão se tornando referências em seus respectivos setores e constituindo-se em modelos para a adoção de padrões e patamares de excelência ambiental. Aplicar metodologias já consagradas é sempre mais fácil, isso significa mais segurança para a organização que deseja contribuir para seu próprio desenvolvimento e preservação do meio ambiente, aplicando uma gestão ambiental de compromisso e responsabilidade, baseada em exemplos de sucesso e preceitos legais. Muitas vezes é possível verificar o anseio de certas instituições para desenvolver programas de gestão ambiental, mas falta embasamento teórico e prático para os profissionais envolvidos, já que no Brasil ainda é recente as Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
2 formações específicas para este tipo de trabalho. Outro ponto negativo é que muitas empresas querem mascarar alguns programas apenas para serem reconhecidas perante seus consumidores. Partindo desses princípios, levantam-se alguns questionamentos importantes que serão abordados com mais detalhes neste artigo de revisão bibliográfica. Qual o retorno de uma gestão ambiental bem elaborada e executada? Como as organizações podem usufruir de benefícios e incentivos governamentais ligados à preservação do meio ambiente? Qual o ramo de produção que mais contribui para o desequilíbrio ambiental que preocupa o mundo todo? Qual a real importância destas práticas de gerenciamento para o meio ambiente e para as comunidades onde estão inseridas as organizações? Para responder estas e outras questões o trabalho a seguir será baseado numa revisão bibliográfica dos autores Andrade, Tachizawa, Carvalho ( 2000), Cagnin (1992), Coddington ( 1993), Dias (2009), Fhilippi (2005), North (1992), Vilela Jr; Demajorovic ( 2006), WBCSD (2000). 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 Gestão Ambiental Existem vários conceitos ligados à Gestão Ambiental, mas que também estão sempre relacionados com a questão de sustentabilidade, já que a gestão ambiental é a principal responsável pelo sucesso do desenvolvimento sustentável, mas segundo Epelbaum (2004) a mesmal pode ser entendida como a aplicação dos princípios de controle na identificação, avaliação, controle, monitoramento e redução dos impactos ambientais a níveis predefinidos, que podem ir desde ações reativas ( caracterizada pela reação pontual dos problemas específicos), até as mais proativas( que buscaram uma forma de organizar a Gestão Ambiental para reduzir riscos, identificar oportunidades e melhorar a imagem). Outro fator fundamental para a compreensão do conceito de Gestão Ambiental é a politica ambiental governamental. Philippi Jr e Maglio (2005) define que Gestão Ambiental é a implementação pelo governo de sua politica ambiental, pela administração pública, mediante a definição de estratégias, ações, investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de garantir a qualidade do meio ambiente, a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Já Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000) enfatizam que Gestão Ambiental é a Gestão Ecológica. Expressam que esta é o exame e a revisão das operações de uma empresa da perspectiva ecológica profunda ou do novo paradigma. É motivada por uma mudança nos valores da cultura empresarial, da dominação para a parceria, da ideologia do crescimento econômico para a ideologia da sustentabilidade. 1.2 Visão Social Através dos meios de comunicação cada vez mais rápido e acessível, ficou cada vez mais evidente a necessidade de se preservar o meio em que se vive, mas a ideia já é um tanto quanto antiga, pois foi na década de 60 que o mundo começou a se preocupar com suas ações devastadoras em busca de cada vez mais produção e crescimento. Mas as coisas mudaram e atualmente existem dois conceitos básicos Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
3 para definir a capacidade econômica de um país ou região: crescimento e desenvolvimento. Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), hoje, crescimento econômico é entendido como o crescimento contínuo do produto nacional em termos globais ao longo do tempo, enquanto desenvolvimento econômico representa não apenas o crescimento da produção nacional, mas também a forma como esta é distribuída social e setorialmente. Para as empresas atuais, conhecer e aplicar estes conceitos de forma correta poderá garantir seu reconhecimento perante a sociedade que é a principal responsável por sua existência e lucratividade. A partir dos anos 80 as organizações passaram a enxergar o dinheiro aplicado à questões ambientais não mais como gastos e sim como investimentos no futuro e paradoxalmente como uma vantagem competitiva. O que já está rendendo bons frutos para as empresas que foram pioneiras neste segmento administrativo é que estão sendo mais respeitadas por seus consumidores e consequentemente aumentam seus lucros com iniciativas de preservação ambiental consistente. O Brasil saiu atrasado em relação aos países de primeiro mundo, para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, os consumidores verdes representam 37% da população, enquanto que em países europeus como Suíça, Alemanha e Inglaterra, já são 50%. Na Inglaterra, dois de cada cinco cidadãos vão ao supermercado com uma lista de produtos verdes nas mãos. (DIAS, 2009) 1.3 Incentivos Governamentais Apesar de o interesse maior ser das empresas que pretendem se destacar e crescer diante de uma concorrência cada vez mais forte e um mercado de instabilidades constantes, o governo também está preocupado com os malefícios futuros que serão causados por um crescimento desordenado e sem visão preservacionista. Então, além da sociedade como um todo, as empresas que buscarem aperfeiçoar seus métodos gerenciais tendo como base a preservação do meio ambiente também terão o apoio de políticas governamentais que privilegiarão estas organizações. Os principais benefícios para estas empresas no Brasil são os abatimentos em tributações. Como no Brasil existe um índice muito alto de recolhimento de impostos, qualquer abatimento nestes significará muito para uma empresa na hora de competir com outra organização que recolhe a alíquota máxima de tributos. (VILELA JR; DEMAJOROVIC, 2006) Ponto de vista das empresas com relação à Gestão Ambiental Segundo Vilela Jr e Demajorovic (2006), diversas pesquisas realizadas na década de 90 demonstraram que as empresas continuavam preocupadas com a imagem e os requisitos legais, que os modelos de gestão não eram suficientes para equacionar os problemas ambientais e que elas buscavam outro mais eficaz. A pesquisa efetuada pelo BNDS, CNI e Sebrae com 1451 empresas de vários segmentos e tamanho sobre a pergunta: Quais são as principais razões para a adoção de práticas de Gestão Ambiental? mostrou que os fatores mais citados são estar em conformidade com a politica social da empresa (62%) ( também relacionado à preocupação com a imagem); atender à exigência para licenciamento (56%); atender a regulamentos ambientais apontados por fiscalização de órgão ambiental (56%); e melhoria da imagem perante a sociedade(21%). Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
4 É importante verificar como as empesas dão ênfase à preocupação com a imagem quando se trata de desenvolver seus métodos de Gestão Ambiental. Uma pesquisa realizada por uma empresa de consultoria (SGS-Yardley), efetuada com quinhentas empresas de cinco países europeus mostrou que os fatores causais mais mencionados para implementação de sistemas de gestão ambiental foram conformidade legal (81%); valorização das ações (80%); pressão dos consumidores (78%) e reconhecimento público (64%). (VILELA JR; DEMAJOROVIC, 2006) Objetivos e princípios da Política Nacional de Meio Ambiente no Brasil No final da década de 70 o governo brasileiro com o objetivo de estabelecer normas que regulamentassem os processos de Gestão Ambiental e sustentabilidade, estabeleceu pela Lei n. 6938/81 a Política Nacional do Meio Ambiente, cujo objetivo principal é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, propícia a vida, visando assegurar, no país, condições de desenvolvimento socioeconômico aos interesses da segurança nacional e a proteção da vida humana, considerando os seguintes princípios: a) ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio publico a ser protegido em decorrência do uso coletivo; b) racionalização, planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; c) proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; d) controle e zoneamento das atividades econômicas; e) incentivo a estudos e pesquisas; f) acompanhamento da situação da qualidade ambiental; g) recuperação de áreas degradadas e proteção das áreas ameaçadas de degradação; h) educação ambiental, formal e informal. Já com a Constituição de 1988, no art. 225, que trata do meio ambiente, recepcionou a Lei n. 6938/81 e seus instrumentos estabeleceu o seguinte princípio: Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (LEI n. 6938, 1981) 1.4 Tipos de organizações e seus diferentes impactos ambientais É fácil observar que todas as empresas são diferentes entre si, mesmo aquelas que trabalham em um segmento igual. Para efeito de análise, foi considerado que o setor econômico é composto por um grupo de agentes engajados na produção de insumos, transformação, comercialização e consumo de produtos que são, em graus diferentes, complementares o substituto entre si (simplificadamente, pode ser entendido como um grupo de empresas que produzem para um mesmo mercado). Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), dizem que como a empresa não compete e não cresce no vácuo, mas cresce refletindo a lógica e a dinâmica do setor econômico ou ramo de negocio do qual faz parte, este ultimo tem seu comportamento típico e, parte da estratégia genérica das empresas dentre elas as estratégias ambientais reflete necessariamente essas características. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
5 O microambiente de uma empresa pode ser verificado no quadro1 na página seguinte, e demonstra quais os setores estão diretamente ligados às atividades da empresa. Microambiente das empresas Órgãos normatizadores Fornecedores Fonte: ANDRADE, TACHIZAWA E CARVALHO. Gestão Ambiental. São Paulo: Concorrentes Makron, p.43. O quadro 2 a seguir mostra não só o microambiente das empresas que é de mais fácil controle como também seu macroambiente, o qual as empresas não possuem controle algum, o que pode prejudicá-las na hora de definir seus sistemas e métodos de Gestão Ambiental: Macro e microambientes das empresas Empresa Clientes Fonte: adaptado de Andrade, Tachizawa e Carvalho. Gestão Ambiental. São Paulo: Makron, p.45. Os micros e macroambientes nos quais toda empresa está inserida de uma forma ou de outra, será uma questão decisiva para as empresas que quiserem sobreviver no mercado. Conhecer e administrar o máximo possível os problemas ambientais do microambiente, ao mesmo tempo em que aperfeiçoa os métodos de Gestão Ambiental perante o macroambiente também será fator decisivo financeiro e economicamente. 1.5 Índices de poluição por setor Não é justo dizer que todas as empresas são responsáveis por poluir o Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
6 planeta nas mesmas proporções, já que dependendo do ramo de atuação este índice pode ser muito baixo se comparado uma empresa do ramo industrial na área petrolífera com uma prestadora de serviço domestico por exemplo. Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), as empresas do ramo industrial, nas quais os problemas ambientais começaram, são as geradoras de impactos ambientais de extrema relevância, dada sua característica de serem transformadoras de insumos produtivos em bens finais. É a forma pela qual ocorre a exploração das fontes de matérias-primas que pode provocar os maiores efeitos ambientais e ecológicos. A seguir um esquema representa estas variáveis: Baixíssimo impacto ambiental Fonte de Matérias- Insumos produtos produtos Primas Alto/altíssimo impacto ambiental Nível de poluição por ramo de atuação Empresa de prestação de serviço Empresa do ramo industrial Empresa do ramo comercial Baixo/baixíssimo impacto ambiental C o n s u m i d o r Fonte: ANDRADE, TACHIZAWA E CARVALHO. Gestão Ambiental. São Paulo: Makron, p Fatores que interferem na implementação da Gestão Ambiental Não é fácil para qualquer empresa às vezes ter que modificar sua linha de produção, sua política organizacional e principalmente seus métodos de gestão. Portanto, para angariar vantagens com a implementação de um modelo ecologicamente correto é preciso muitas vezes pagar um preço alto no inicio do processo. Dias (2009), expõe tanto os fatores que afetam negativamente como os que afetam positivamente uma organização no inicio do processo de uma Produção Mais Limpa (PML), são eles: Negativos: a) estruturais: como exemplo, a necessidade de modificar a equipe já instalada; b) cíclicos: como exemplo, as tendências dos mercados e a situação financeira das empresas; c) comerciais: exemplo são as dificuldades de vender os novos processos ou produtos; d) institucionais: podem ser fatores psicológicos, como a inercia gerencia; e) falta de comunicação no interior da empresa; Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
7 f) atraso dos programas educativos que, por exemplo, não preveem mudanças tecnológicas; g) normas internas que não incentivam a mudança; h) falta de incentivos financeiros : por exemplo, o não reconhecimento das vantagens obtidas com o investimento em inovação tecnológica Positivos: a) as vantagens que podem ser obtidas no mercado, proporcionadas tanto pela imagem de empresas limpas, como por produtos mais amigáveis para o meio ambiente; b) os investimentos e os benefícios econômicos que podem derivar da adoção dos processos mais limpos de produção, eficientes em consumo de energia, agua e materiais; c) o poder que tem juntos aos governos como clientes e grandes consumidores ao imporem aos seus fornecedores, com suas politicas de compra, que lhes forneçam produtos que respeitem o meio ambiente ou serviços de recolhimento dos produtos usados para seu envio à reciclagem, tratamento e disposição final. É evidente que os benefícios são bem inferiores a quantidade de desafios, mas a busca pela ecoeficiência segundo a World Business Council for Sustainnable Development (WBCSD) deve ser compartilhada pelos governos e por toda a sociedade, que deve assumir sua quota-parte de responsabilidade. 1.7 Marketing Verde e seus benefícios Com o aumento da consciência com relação a preservação do meio ambiente, está crescendo também o numero de consumidores que já são conhecidos como consumidores verdes, fazendo com que as empresas produzam e destinem produtos específicos que atendam as necessidades destas pessoas. Para isso não basta apenas produzir é preciso fazer com que os produtos em questão sejam aceitos pro estes consumidores, e é aí que entra o papel importantíssimo do marketing verde. Ao conceituar marketing ambiental, Coddington (1993), entende que este abrange as atividades de marketing que assumem a gestão ambiental como o desenvolvimento da responsabilidade da empresa e uma oportunidade de crescimento para ela. Considera ainda que marketing ambiental é uma mudança de perspectiva na forma de fazer negócios, pois exige uma responsabilidade e um compromisso ambiental global da empresa. Segundo Dias (2009), com uma abrangência ainda maior, podemos definir o marketing verde como um conjunto de fatores de politicas e estratégias de comunicação (promoção, publicidade e relações publicas, entre outras) destinadas a obter uma vantagem comparativa de diferenciação para os produtos ou serviços que a empresa oferece em relação às marcas concorrentes, conseguindo desse modo incrementar sua participação no mercado, consolidando seu posicionamento competitivo. Baseado nestes preceitos, marketing ecológico pode ser descrito como uma atividade que segundo o mesmo autor: a) baseia-se num processo de gestão ambiental; Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
8 b) é o responsável pela identificação, antecipação e satisfação das demandas dos clientes; c) é o responsável perante a sociedade, a medida que garante que o processo produtivo seja rentável e sustentável. Um dos fatores importantes na hora de elaborar um plano de marketing verde é fazer com que os consumidores saibam e entendam o posicionamento ecológico da organização, isso pode ser feito de forma simples, através de descrição nas embalagens dos produtos mostrando como ele não afetou, ou se afetou, como a empresa poderá repor o meio ambiente com atividades voltadas para a preservação do meio ambiente. Isso da confiança e mais credibilidade do que apenas uma propaganda bonita na televisão ou em outros meios de comunicação, mas vale lembrar que Dias (2009), afirma que no momento atual, em que predominam um processo de conscientização da opinião publica que se inicia com a chocante visão dos impactos ambientais negativos ( acidentes ecológicos, contaminação, matança indiscriminada de animais, ameaça de extinção de espécies etc.), o emocional tende a predominar na reação das pessoas diante de uma marca. Então, para abocanhar uma fatia maior do mercado, investir em propagandas maciças na televisão mostrando paisagens paradisíacas e muita felicidade, acaba mexendo com o lado emocional das pessoas o que acaba consolidando a marca em questão como uma aliada do meio ambiente. Outro fator que contribui para consolidação de uma marca no mercado são os selos verdes, pois estes dão maior segurança ao consumidor medida que como explica Dias ( 2009) seguem os princípios abaixo: a) devem ser verificáveis a qualquer momento, para se evitar a fraude; b) devem ser concedidos por organizações independentes e de idoneidade reconhecida; c) não devem criar barreiras comerciais; d) devem recorrer à ciência como método de verificação das condições ecológicas; e) devem levar em consideração o ciclo de vida completo do produto ou serviço; f) devem estimular a melhoria do produto ou serviço. 1.8 As normas ISO As normas ISO são normas ou padrões desenvolvidos pela International Organization for Standartization (ISO), organismo internacional não governamental com sede em Genebra. No Brasil, a única representante da ISO e um dos seus fundadores é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), também reconhecida pelo governo brasileiro como Fórum Nacional de Normalização. Dentre as mais de 15 normas ISO existentes, a norma ISO tem como objetivo conduzir a organização dentro de um SGA ( Sistema de Gestão Ambiental), com a capacidade de certifica-la, garantindo vários benefícios econômicos e estratégicos para a organização envolvida. Segundo Neto e Tocalino (1999) estes benefícios são os seguintes: a) demonstração para os clientes, acionistas, empregados, empregados, seguradoras, meios de comunicação, autoridades, legisladores e ONGs do compromisso ambiental da empresa, levando à melhoria da sua imagem; Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
9 b) existência de mecanismos estruturais para gerenciar aspectos ambientais e para gerenciar aspectos ambientais e para promover melhoria contínua do sistema; c) acesso a legislação ambiental e suas aplicações; d) controle mais eficiente das matérias-primas; e) redução do consuma de energia e recursos materiais; f) aproveitamento e minimização de resíduos; g) melhoria das relações, proporcionando inclusive, abertura de novos mercados, em especial os estrangeiros; h) evidencia, por entidade independente, da competência ambiental da empresa; i) eliminação de erros que favorecem a crescente evolução da empresa, por meio das autoridades ambientais. 1.9 Benefícios de um SGA Segundo a ABNT(1992), o Sistema de Gestão Ambiental pode ser definido como a parte do sistema de gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua politica ambiental para gerenciar seu aspectos ambientais. Através desta definição, Vilela e Demajorovic conclui que ela difere, portanto, da abordagem tradicional da gestão ambiental por trata-la de forma sistemática e integrada à gestão empresarial, o que antes ocorria de forma pontual, isolada e concentrada somente na questão tecnológica. Através destes princípios, o SGA trouxe vários benefícios específicos que traduzem claramente as vantagens de se adotar um programa bem elaborado de gestão ambiental. Cagnin (2000) traz resumidamente esses benefícios que estão dispostos no quadro 3 abaixo: Benefícios trazidos pelo SGA Benefícios econômicos Economia de custos - redução de consumo de água, energia e outros insumos. - reciclagem, venda e aproveitamento e resíduos e diminuição de efluentes. - redução de multas e penalidades por poluição. Incremento de receita - aumento da contribuição marginal de produtos verdes, que podem ser vendidos a preços mais altos. - linhas de novos produtos para novos mercados. - aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. Benefícios estratégicos - melhoria da imagem institucional - renovação da carteira de produtos - alto comprometimento do pessoal - melhorias nas relações de trabalho - melhorias da criatividade para novos desafios - melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas. - acesso assegurado Fonte: adaptado de North, K. Environmental Business Management. Genebra: ILO, Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
10 CONCLUSÂO A partir da evidência da escassez dos recursos naturais começou a aflorar a questão de consciência ambiental, resultado dos crescentes desequilíbrios ecológicos cada vez mais frequentes, como: chuvas ácidas, extinção de espécies animais e vegetais, poluição de rios, buraco na camada de ozônio, entre outros. A partir daí iniciou-se a preocupação em preservar o meio ambiente através de uma metodologia de produção limpa e como resultado uma nova metodologia de gestão começou a ser aplicada com a finalidade de solucionar tais problemas. Iniciada a partir da década de 60, a Gestão Ambiental tornou-se em poucos anos uma ferramenta fundamental na hora de qualquer empresa direcionar suas políticas mercadológicas, tornando-se fator decisivo de competitividade em qualquer área de atuação que uma empresa estiver inserida, no entanto, para uma empresa conseguir alcançar estes benefícios que uma Gestão Ambiental bem elaborada e executada proporciona, é preciso conhecer as políticas ambientais nacionais e internacionais, as normas ambientais que regem o sistema de Gestão Ambiental e o objetivo específico da empresa em relação à preservação do meio ambiente. Analisando todos estes aspectos, baseando-se em preceitos legais e conceitos definidos por estudiosos do assunto, ficou claro que atualmente não basta apenas produzir com qualidade, é preciso produzir acima de tudo com responsabilidade ambiental, pois só assim o futuro de qualquer empresa estará garantido, tanto perante aos recursos naturais que são esgotáveis quanto perante seus consumidores, que estão cada vez mais conscientes com relação às questões socioambientais. E qualquer organização que não se atentar à isso o quanto antes, estará com os dias contados para fechar as portas. REFERÊNCIAS ANDRADE, Ruy Otavio Bernades; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana Barreiros. Gestão Ambiental- Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Makron Books, CAGNIN, C. H. Fatores relevantes na implementação de um sistema de gestão ambiental com base na Norma ISO Florianópolis. Dissertação ( Mestrado em Engenharia da Produção); Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis CODDINGTON, W. Environmental marketing. New York: McGraw Hill, 1993.p.1-3 DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas FHILIPPI JR, Arlindo; PELICIONI, Maria Cecilia Focesi, Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri, SP: Manole, NORTH, K. Environmental Business Management. Genebra: ILO, 1. In: CAGNIM VILELA JR, Alcir; DEMAJOROVIC, Jacques. Gestão Ambiental: Desafios e Perspectivas para as Organizações. São Paulo: Senac, Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
11 WBCSD. A ecoeficiência: criar mais valor com menos impacto. Lisboa: WBCSD, 2000 ( do original: ecoefficiency: creating more value with less impact). Disponível em: Pesquisado em 15/ 05/2011. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro
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