APELAÇÃO CÍVEL Nº /SP

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1 APELAÇÃO CÍVEL Nº /SP RELATOR : Desembargador Federal ANDRÉ NEKATSCHALOW APELADO : EMPRESA TRANSPORTADORA MARITIMA ESTRELA LTDA : OSVALDO SAMMARCO e outros : Ministerio Publico Federal PROCURADOR : ADRIANA DE FARIAS PEREIRA No. ORIG. : Uniao Federal : JOSE HENRIQUE PRESCENDO : Vr SANTOS/SP VOTO O Ministério Público Federal propôs ação civil pública pleiteando o pagamento de indenização apta a compor os danos ambientais causados pelo derramamento de 10 (dez) litros de óleo provenientes da barcaça "Adelaide", de propriedade da empresa ré, no mar da região estuária do Porto de Santos (SP). O MM. Juízo a quo julgou procedente o pedido para condenar a ré ao pagamento da indenização e, adotando o valor fixado no laudo pericial de fls. 101/110, fixou o valor da condenação no montante de R$ ,00 (noventa e oito mil reais). Nas razões de seu apelo, a empresa ré alega, em síntese, que não houve dano ambiental, dada a pequena quantidade de óleo que fora derramada no mar, e que o valor da indenização é exorbitante, apresentando caráter punitivo, não poderia ter sido aferido com base na fórmula desenvolvida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo-CETESB, a qual toma por base critérios que não foram objeto de estudo de impacto ambiental, e deve ser objeto de liquidação por artigos. Dano ambiental. CR, art. 225, 3º. Independência das instâncias. Responsabilidade objetiva. Lei n /81, art. 14, 1º. O art. 225, 3º, da Constituição da República prevê a responsabilidade decorrente de condutas ou atividades lesivas ao meio ambiente e sujeita os infratores às sanções penais e administrativas, além da obrigação de reparar o dano. Assim, o pagamento de multa administrativa, aplicada com base no poder de polícia, não isenta o infrator de arcar com eventual indenização destinada a compor os danos causados ao meio ambiente. Nos termos do 1º do art. 14 da Lei n /81, a responsabilidade do causador de dano ambiental independe de culpa, de modo que se configura a partir da ocorrência do dano e da existência de nexo causal entre a sua conduta e o prejuízo causado: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA NÃO DEMONSTRADA. DANO AMBIENTAL. SANÇÃO ADMINISTRATIVA. IMPOSIÇÃO DE MULTA. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. DERRAMAMENTO DE ÓLEO DE EMBARCAÇÃO DA PETROBRÁS.. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. LEGITIMIDADE DA EXAÇÃO. 14. Dessarte, "O meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é direito de todos, protegido pela própria Constituição Federal, cujo art. 225 o

2 considera "bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida". Além das medidas protetivas e preservativas previstas no 1º, incs. I-VII do art. 225 da Constituição Federal, em seu 3º ela trata da responsabilidade penal, administrativa e civil dos causadores de dano ao meio ambiente, ao dispor: "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados". Neste ponto a Constituição recepcionou o já citado art. 14, 1º da Lei n /81, que estabeleceu responsabilidade objetiva para os causadores de dano ao meio ambiente, nos seguintes termos: "sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade." " (grifos nossos) (Sergio Cavalieri Filho, in "Programa de Responsabilidade Civil"). 15. As penalidades da Lei n /81 incidem sem prejuízo de outras previstas na legislação federal, estadual ou municipal (art. 14, caput) e somente podem ser aplicadas por órgão federal de proteção ao meio ambiente quando omissa a autoridade estadual ou municipal (art. 14, 2 ). A ratio do dispositivo está em que a ofensa ao meio ambiente pode ser bifronte atingindo as diversas unidades da federação. 18. Para fins da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art 3º, qualifica-se como poluidor a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Precedentes jurisprudenciais do STJ: RESP /RJ, desta relatoria, DJ de ; RESP /PR, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de ; AGA /SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ de e RESP /SP, Relator Ministro Amércio Luz, DJ de Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. (STJ, REsp n , Rel. Min. Luiz Fux, unânime, DJ ) Do caso dos autos. É fato incontroverso nos autos que, no dia , a barcaça "Adelaide", de propriedade da empresa ré, derramou óleo na região estuária do Porto de Santos (SP), remanescendo a questão concernente à existência de dano ambiental decorrente dessa conduta. Alega a ré, em suas razões recursais, que não houve degradação do meio ambiente dada a pequena quantidade de óleo que foi derramada e tendo em vista que, por ser o óleo substância biodegradável, é facilmente absorvido pelo ambiente marinho, havendo estudos nos autos que comprovam essa afirmativa. Não assiste razão ao apelante. O laudo pericial de fls. 101/113 dá conta da ocorrência de dano ambiental, aduzindo que, embora tenha sido diminuta a quantidade da substância derramada na região estuária do Porto de Santos, dadas as peculiares condições desse ambiente, que já apresenta poluição crônica, a sua capacidade de autodepuração diminui, de forma que mesmo um pequeno derramamento de óleo mostra-se apto a impactar as espécimes ali existentes, as quais já se encontram no seu limite de tolerância. Por outro lado, verifica-se que os estudos internacionais trazidos pela apelante (fls. 74/93), que concluem pela inocuidade do derramamento de óleo em pequenas quantidades, foram realizados em ambientes marinhos com condições diversas das apresentadas no Porto de Santos, já que não tratam

3 de eventos ocorridos em região que apresentava poluição crônica. Nesse sentido manifestou-se o MM. Juízo a quo: Não importa, no caso, que a quantidade de óleo derramado ao mar tenha sido insignificante. Os estudos internacionais referidos pela ré, a respeito do pequeno ou nenhum dano ecológico causado por vazamentos de óleo em quantidade insignificante, foram realizados em ambientes com características absolutamente diversas das do estuário de Santos, o que faz com que suas conclusões sejam inaplicáveis às ocorrências como a presente. É o próprio assistente técnico da ré quem, nas considerações finais de seu laudo, anota que "é conveniente ressaltar que tais estudos foram conduzidos em locais cujo nível de poluição é extremamente pequeno, tais como regiões de mar profundo". É evidente que o impacto de produto tóxico am ambiente despoluído é diverso do impacto em área com poluição crônica. Conforme laudo pericial, "os ambientes naturais possuem a capacidade de se "autodepurar", porém essa capacidade tem um limite. Da mesma forma, os organismos suportam maiores ou menores variações ambientais. ODUM (1970) notou que para muitas espécies estuarinas, que vivem próximas ao seu limite de tolerância, qualquer alteração ambiental, como um estresse adicional causado por baixos níveis de poluição poderá ocasionar sua exclusão permanente do estuário". Observa, também, que "a poluição crônica, assim designada por ser constante, faz com que a biota aquática esteja permanentemente sob estresse e, obviamente as implicações sobre sua vida são inúmeras. Sob esse aspecto, mesmo em pequenas quantidades torna-se perigosa por não ser única, conforme salientado pela própria ré na pg. (sic) 37." Portanto, enquanto que em um ambiente com baixo ou nenhum nível de poluição um derramamento insignificante de óleo possa não provocar dificuldade à "autodepuração", tal não ocorre em ambientes poluídos. (fls. 175/176) Acrescente-se que a poluição crônica da região estuária do Porto de Santos decorre, dentre outros fatores, justamente do somatório de vários eventos como o dos autos, de modo que ignorar tais interferências tornaria inócua as previsões constitucionais e legais de proteção ao meio ambiente. Dano ambiental. Quantum indenizatório. Critérios estabelecidos em planilha elaborada pela CETESB. Aplicabilidade. Princípio da Razoabilidade. À falta de outros critérios para aferição do quantum indenizatório em caso de dano ambiental decorrente de derramamento de óleo, aplicam-se os parâmetros fixados na Proposta de Critério para Valoração Monetária de Danos Causados por Derrame de Petróleo ou de seus Derivados no Ambiente Marinho, emitida pela CETESB. Todavia, em atenção ao princípio da razoabilidade, devem ser consideradas ainda as peculiaridades do caso concreto. Nesse sentido, é a jurisprudência desta Corte: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INDENIZAÇÃO. DANO CAUSADO AO MEIO AMBIENTE. TRANSBORDAMENTO DE ÓLEO DE EMBARCAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA - INDENIZAÇÃO DEVIDA - LAUDO ELABORADO PELA CETESB PARA APURAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO.

4 3. O 1º do art. 14 da Lei 6.938/81 estabelece a "responsabilidade objetiva" do causador de danos ao meio ambiente. Portanto, a apuração da responsabilidade do poluidor independe de culpa, bastando que se comprove o nexo entre sua conduta e o prejuízo ambiental. 4. É fato incontroverso que a parte ré provocou o vazamento de óleo nas águas do Porto de Santos, causando a degradação do meio ambiente e sujeitando-a ao pagamento de indenização. 9. Não podem prevalecer os limites indenizatórios previstos na "Convenção Internacional por Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo", ratificada e posta em vigor no Brasil por intermédio dos Decretos /77 e /79, por estar em conflito com a nossa Ordem Constitucional. 10. Possibilidade de que os danos causados ao meio ambiente por derramamento de óleo sejam indenizados segundo os valores apurados em ação judicial. 11. Prevalência do laudo elaborado por perito da CETESB, para fixação do valor da indenização. 14. Apelação a que se nega provimento. (TRF da 3ª Região, AC n , Rel. Juiz Federal Conv. Rubens Calixto, unânime, j ) PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CF, ART.225, 3º. LEIS 6938/81 E 7347/85. DERRAMAMENTO DE ÓLEO AO MAR E DANO AMBIENTAL INCONTROVERSOS. PRESENTE O NEXO DE CAUSALIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA (LEI 6.938/81, ART.14, CF 3º, ART 225). INDENIZAÇÃO QUE SE REDUZ. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. V - É o Judiciário, na análise de cada caso concreto que dirá da pertinência do montante indenizatório, sempre atento ao princípio da razoabilidade que deve permear as decisões dessa natureza. Indenização que se reduz ao justo. VI - Precedentes.(TJSP, AC , Rel. Des. Toledo César, j.07/04/87; TRF 3ª Região, AC , Rel. Des. Federal Salette Nascimento, DJU 07/01/2002) VII - Apelação da ré parcialmente provida e apelo do MPF improvido. (TRF da 3ª Região, AC n , Rel. Des. Fed. Salette Nascimento, unânime, j ) AMBIENTAL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - VAZAMENTO DE ÓLEO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - INDENIZAÇÃO DEVIDA - APLICABILIDADE DE TRABALHO ELABORADO PELA CETESB PARA APURAÇÃO DO "QUANTUM DEBEATUR" À FALTA DE MELHOR CRITÉRIO PARA FIXAÇÃO DO VALOR DEVIDO - PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE QUE DEVE, EM QUALQUER CASO, SER OBSERVADO. I - A indenização decorrente de dano ao meio ambiente é devida independentemente da existência de culpa (art. 14, 1º, Lei 6.938/81). II - O laudo pericial é categórico ao atestar a lesividade do evento ocorrido. Ademais, milita em favor da tese da ocorrência de dano uma presunção "hominis", porquanto pareça mais razoável face às máximas de experiência acreditar-se que um vazamento de meia centena de litros de óleo provoque algum tipo de lesão ao ecossistema atingido do que se imaginar que tamanha quantidade de substância nociva seja despercebidamente assimilada pela fauna e flora local. III - A prévia degradação do local atingido não afasta a responsabilidade, sob pena de se subtrair por completo a eficácia da norma constitucional de tutela do meio ambiente. Tampouco a pequena proporção da lesão tem esse condão, já que a única diferença relevante que há entre as grandes e as

5 pequenas agressões ao meio ambiente está na quantificação da punição a ser imposta ao causador. IV - A indenização a ser arbitrada deve obedecer ao princípio da razoabilidade, sempre com vistas a desestimular a transgressão das normas ambientais. V - À míngua de melhor critério, nada impede que o juiz adote critérios estabelecidos em trabalho realizado pela CETESB relativo a derramamento de petróleo e derivados, desde que atentando para o princípio da razoabilidade. A fixação de indenizações desmesuradas ao pretexto de defesa do meio ambiente configura intolerável deturpação da "mens legis", não podendo no caso em tela o Estado valer-se do silêncio da lei para espoliar o poluidor a ponto de tornar inviável o seu empreendimento. VI - Apelação parcialmente provida. (TRF da 3ª Região, AC n , Rel. Des. Fed. Cecília Marcondes, unânime, j ) Do caso dos autos. A apelante pleiteia a redução do montante indenizatório fixado pelo MM. Juízo a quo, ao argumento de que a quantia é exorbitante e apresenta caráter punitivo. Aduz ainda que a fórmula utilizada no cálculo da indenização não oferece elementos seguros para mensurar o dano causado, uma vez que foi elaborada pela CETESB tomando por base elementos que não foram objeto de estudo ambiental prévio e posterior, de modo a aferir os danos que o evento em questão efetivamente causou em cada um deles. Não assiste razão à apelante. Inicialmente, insta salientar que a fixação da indenização decorrente de dano ambiental não se destina apenas a reconstituir o status quo ante, hipótese que se mostra até mesmo irrealizável em alguns casos, mas também apresenta caráter preventivo, de maneira que o valor a ser fixado a título de indenização, repercutindo na esfera patrimonial do agente poluidor, venha a servir de desestímulo à reiteração de condutas lesivas ao meio ambiente (TRF da 3ª Região, AC n , Rel. Juiz Federal Conv. Rubens Calixto, unânime, DJU ). Uma vez que a lei não oferece critérios para a fixação do montante da indenização por dano ambiental, mostra-se viável a aplicação dos parâmetros fixados na fórmula desenvolvida pela CETESB (fls. 103/106). O fato dos critérios utilizados pela CETESB não terem sido objeto de estudo de impacto ambiental prévio e posterior ao derramamento de óleo, com vistas a apurar as exatas conseqüências do evento em cada um desses aspectos, não afasta a possibilidade de sua ponderação, uma vez que o dano ambiental efetivamente ocorreu e há de ser indenizado. Entretanto, em atenção ao princípio da razoabilidade, o quantum indenizatório não se obtém apenas a partir da aplicação pura e simples de tal fórmula, devendo ainda serem consideradas as peculiaridades do caso concreto. O MM. Juízo a quo, acolhendo o cálculo elaborado pela Perita Judicial com base na fórmula da CETESB, fixou o valor de R$ ,00 (noventa e oito mil reais) a título de indenização pelo dano ambiental causado. Tal valor, embora expressivo, mostra-se adequado às peculiaridades do caso, haja vista que, conquanto não seja significativa a quantidade de óleo derramada, cerca de 50 (cinquenta) litros (cfr. fls. 7, 12/13, 19/20 e 102), constam dos autos informações, noticiadas pela Assistente técnica do Ministério Público Federal, acerca de outras ocorrências de derramamento de óleo envolvendo

6 embarcações da empresa ré (fls. 119/120), o que denotaria sua reincidência na prática de lesão ao meio ambiente, atuando de forma negligente no desenvolvimento de sua atividade empresarial. Tendo em vista que não há fato novo a ser provado, desnecessária a liquidação por artigos, nos termos do art. 475-E do Código de Processo Civil. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO à apelação interposta pela ré. Andre Nekatschalow Desembargador Federal Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: ANDRE CUSTODIO NEKATSCHALOW: E Data e Hora: 14/10/ :56:25 APELAÇÃO CÍVEL Nº /SP RELATOR APELADO : Desembargador Federal ANDRÉ NEKATSCHALOW : EMPRESA TRANSPORTADORA MARITIMA ESTRELA LTDA : OSVALDO SAMMARCO e outros : Ministerio Publico Federal PROCURADOR : ADRIANA DE FARIAS PEREIRA No. ORIG. : Uniao Federal : JOSE HENRIQUE PRESCENDO : Vr SANTOS/SP D.E. Publicado em 6/11/2009 EMENTA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INDENIZAÇÃO. DANO AMBIENTAL POR DERRAMAMENTO DE ÓLEO. RESPONSABILDIDADE OBJETIVA. CR, ART. 255, 3º. LEI N /81, ART. 14, 1º. APURAÇÃO DO QUANTUM DEBEATUR. CRITÉRIOS DA CETESB. APLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS. INAPLICABILIDADE. 1. O art. 225, 3º, da Constituição da República prevê a responsabilidade decorrente de condutas ou atividades lesivas ao meio ambiente e sujeita os infratores às sanções penais e administrativas, além da obrigação de reparar o dano.

7 2. Nos termos do 1º do art. 14 da Lei n /81, a responsabilidade do causador de dano ambiental independe de culpa, de modo que se configura a partir da ocorrência do dano e da existência de nexo causal entre a sua conduta e o prejuízo causado 3. O laudo pericial de fls. 101/113 dá conta da ocorrência de dano ambiental, irrelevante o fato de haver sido derramada quantidade não expressiva da substância, tendo em vista as condições de degradação em que já se encontrava a região afetada. 4. À falta de outros critérios para aferição do quantum indenizatório, aplicam-se os parâmetros fixados em planilha de cálculo desenvolvida pela CETESB, devendo serem consideradas ainda as peculiaridades do caso concreto, em atenção ao princípio da razoabilidade. 5. Tendo em vista que não há fato novo a ser provado, desnecessária a liquidação por artigos, nos termos do art. 475-E do Código de Processo Civil. 6. Apelação desprovida. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso da defesa, nos termos do relatório e voto do Desembargador Federal Relator André Nekatschalow. São Paulo, 05 de outubro de Andre Nekatschalow Desembargador Federal Relator Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: ANDRE CUSTODIO NEKATSCHALOW: E Data e Hora: 14/10/ :56:28