Todo sonho. é possível
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- Maria Fernanda Wagner Martins
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1 Todo sonho é possível
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3 Sumário Todo sonho é possível Mensagem do presidente Linha do tempo Como tudo começou Cooperativas transformando as comunidades Sistema Sicoob Um novo tempo Criação do Centro de Excelência Um sonho construído por gente Gente que lidera Gente que inspira Gente que faz acontecer Homenagens Cooperativas filiadas Agradecimento Expediente
4 Esta publicação traz uma história que começou há 20 anos, reunindo lideranças que, mais do que acreditar em um sonho, buscaram fomentar e consolidar o cooperativismo de crédito em Minas Gerais. Propor a fundação de uma central de cooperativas de crédito significou, também, aceitar o desafio de ultrapassar grandes fronteiras. Os obstáculos eram inerentes à própria doutrina cooperativista que, diante de um mercado financeiro competitivo e desigual da época, proporcionava à sociedade muito mais do que uma nova forma de se organizar. Acreditar em princípios de cooperação e de ajuda mútua representava uma verdadeira transformação de valores e uma aposta de que um mundo mais democrático e justo poderia ser construído. É certo que os percalços não deixarão de existir. Mas para o Sicoob Central Cecremge, que há 20 anos trilha um caminho construído com a união das filiadas, cooperados, gestores, funcionários e parceiros, os desafios serão sempre catalisadores de voos mais altos. Por trás dos acontecimentos também estiveram muitos personagens. Como grandes protagonistas, a publicação apresenta os relatos destas tantas pessoas que sonharam juntas e fizeram acontecer. Afinal, quando duas décadas se passam, pode-se dizer que o trabalho de muitos dos que ajudaram a trilhar esse caminho é a sua própria trajetória de vida. Isso nos leva a acreditar que todo sonho é possível. 2 3
5 Mensagem do Presidente
6 Vinte foram os anos vividos e os sonhos sonhados pelos cooperativistas se tornaram realidade: Sicoob Central Cecremge. Descrevê-la agora é uma tarefa árdua, pois de sua criação aos dias atuais, houve no nosso meio uma gama enorme de fatores e pessoas, que nos levam a senti-la por períodos de tempos. Mas simplistas como somos, nos indagamos: será ela, por acaso, a maior ou a melhor Central de cooperativas do mundo? Certamente que não. Mas, cá pra nós, com muita certeza, é a mais amada e querida. Veremos logo a seguir, no curto espaço desta publicação, a nossa gente, os nossos amigos e parceiros, não descrevendo-a, mas, sim, testemunhando que esta empresa tem os pés fincados na solidariedade e na amizade que, de vez em quando, se indaga sobre suas próprias certezas ou, quem sabe, de suas próprias verdades. E com a fé inquebrantável que temos naquilo que fazemos, ousamos dizer: - Ave, Cecremge! Cooperativa Central de Crédito desta terra muito singular, gostosamente chamada de Gerais, um trem danado de bão, uai sô!!! Luiz Gonzaga Viana Lage Diretor-presidente 6 7
7 2000 Cabal Brasil é criada Sisbr é desenvolvido para integrar as cooperativas Sicoob Central Cecremge desenvolve o Monitoramento On-line Nasce o Sicoob Central Cecremge. Cresce o número de cooperativas de comerciantes em Minas. É fundado o Banco Cooperativo do Brasil Bancoob Sicoob Central Cecremge adquire sede própria Sicoob Confederação é constituído É instituído o Fundo Garantidor do Sicoob - FGS Fundação Sicoob de Previdência Privada é concebida. Sicoob Central Cecremge adere à marca Sicoob Criação do Centro de Excelência do Sicoob Central Cecremge e início dos programas de capacitação. Constituída a Confederação Nacional de Auditoria Cooperativa CNAC Conquista do primeiro pleito para livre admissão no Sicoob Sistema Cecremge Bancoob Distribuidora de Títulos e Valores Imobiliários Bancoob DTVM é constituída. Ponta Administradora de Consórcios integra o conjunto de instituições que formam o Sicoob. Veiculação da primeira campanha de divulgação nacional do Sicoob Sicoob Central Cecremge lança o programa de capacitação Terceira Dimensão Constituição do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito FGCoop É fundado o Sicoob Seguradora Aumento dos processos de incorporação entre as cooperativas Sicoob Central Cecremge lança o MBA em Gestão de Cooperativas de Crédito. 20 anos de realizações do Sicoob Central Cecremge. 8 9
8 Como tudo começou
9 A cooperação tecendo história A ajuda mútua sempre esteve intimamente ligada à sobrevivência humana. Há anos a.c., quando o homem passou a dominar a agricultura, precisou se organizar em sociedade, experienciando diferentes formas de cooperação. Em a.c., com a formação das primeiras cidades na Mesopotâmia e no Egito, nasce o comércio e a divisão de funções, fazendo surgir as diferenças sociais. Uma história feita por grandes sonhos e sonhadores Foi aí que teve início o ciclo de dominação das classes mais ricas sobre os mais pobres, que teria seu ápice no século XVIII, com o início da Revolução Industrial. Operários viviam em precárias condições, trabalhando até 14 horas por dia, em situação insalubre e com parcos salários. Os industriais também dominavam o comércio, tornando os funcionários ainda mais dependentes das fábricas. Em 1820, um dos maiores empresários da Europa, Robert Owen, filho de tecelões, resolveu mudar o cenário de exploração e transformou a fábrica de fios de algodão de New Lanarck, na Escócia, em colônia-modelo, na qual os associados produziam e consumiam em comum. Alguns anos mais tarde, por diversos fatores, mostrou-se insuficiente e faliu. No mesmo período, o médico inglês Willian King fundava as cooperativas de consumo que, embora tivessem tido mais êxito que as de produção, não prosperaram. Era necessário encontrar um caminho de cooperação que vencesse dois desafios: minimizar as injustiças com os trabalhadores e garantir a longevidade da nova forma de organização
10 A construção de um modelo com princípios e valores No noroeste da Inglaterra, na cidade de Rochdale, um grupo de 28 tecelões se reuniu durante um ano inteiro para debater e construir um modelo cooperativista que pudesse prosperar. O resultado foi a elaboração de um estatuto social, com regras a serem seguidas. Assim nasceu a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (Rochdale Quitable Pioneers Society Limited), em A primeira cooperativa moderna que se tem registro na história, do segmento de consumo, forneceu ao mundo os princípios morais e de conduta que são considerados, até hoje, a base do cooperativismo autêntico. Logo em 1848, a Alemanha despontava como o berço das primeiras cooperativas de crédito da história, criadas por Friedrich Wilhelm Raiffeisen. Outros países abraçaram o movimento e instituições cooperativistas surgiram em vários pontos do mundo, fazendo com que as comunidades fossem autoras de seu próprio progresso. O auxílio mútuo abrindo caminhos No Brasil, a semente do cooperativismo de crédito foi plantada em Ouro Preto, Minas Gerais, em A Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto era de consumo, mas o seu estatuto previa a existência de uma caixa de auxílios e socorros, para a prestação de apoio às viúvas dos associados e de sócios que caíssem na indulgência por falta absoluta de trabalho. Essa caixa possuía alguma semelhança com as seções de crédito das cooperativas mistas, constituídas no século seguinte. A primeira cooperativa de crédito nacional foi oficialmente fundada em 1902, em Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, graças à iniciativa do padre jesuíta Theodor Amstad, que implantou as Caixas de Crédito Cooperativo. O trabalho era feito junto a pequenas comunidades rurais, também chamadas de vilas. Toda a movimentação financeira ocorria por meio de depósitos, que recebiam um percentual de remuneração. Qualquer pessoa podia depositar suas economias e as sobras eram usadas para pequenos empréstimos. Mas foi a década de 60 que marcou o impulso de crescimento do cooperativismo brasileiro, que passou a se organizar melhor e conquistou um espaço próprio. O primeiro órgão de representação do segmento de Crédito Mútuo foi criado em 1961: a Federação Leste Meridional das Cooperativas de Crédito Mútuo (Feleme). A instituição atuava nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, sob a liderança de Maria Thereza Rosália Teixeira Mendes, a Dona Therezita, fundadora da primeira Cooperativa de Crédito Mútuo do país: a dos Empregados da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), com 80 cooperados. Um importante elo da história O dia 23 de julho de 1966 inaugurou um capítulo que une duas trajetórias. Nessa data, um funcionário da Gerência de Registros Contábeis da Usiminas participava, como sócio-fundador, da assembleia de constituição da Coopeco (Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empregados da Usiminas e Empresas Coligadas em Ipatinga). Esse personagem viria integrar a história do cooperativismo mineiro e nacional, estando à frente do Sicoob Central Cecremge há 20 anos. De sócio-fundador da Singular, Luiz Gonzaga Viana Lage passou a participar da diretoria da Cooperativa e, em 1985, já era diretor-presidente da Coopeco. Ao se aposentar pela Usiminas, em 1992, ele assumiu mais um papel: a presidência da Federação Mineira das Cooperativas de Economia e Crédito Mútuo (Femicoop) órgão que congregava 60 cooperativas mineiras, resultante do desmembramento da Feleme
11 Luiz Gonzaga iniciou seu mandato promovendo mudanças, como a contratação de funcionários e a promoção de eventos para as cooperativas filiadas. Mas, por questões normativas, a atuação da entidade era apenas de caráter assistencialista, técnico e educacional. Diante desse desafio, acompanhado de outras lideranças do segmento, Luiz Gonzaga buscou o apoio do secretário de agricultura de Minas Gerais, Alysson Paolinelli. Após um diagnóstico do setor, identificou-se a necessidade de criar uma cooperativa central que representasse o crédito mútuo, cuja missão seria otimizar os recursos das singulares e fomentar o desenvolvimento do cooperativismo no estado. Todas viram na centralização do movimento a grande oportunidade de consolidação e crescimento da atividade. O modelo já funcionava com eficiência em outros estados e a ideia era consensual entre as cooperativas consultadas, recorda Lindomar Antônio Lopes, ex-superintendente da Sudecoop/MG (Superintendência de Cooperativismo do Estado de Minas Gerais) e atual coordenador estadual do Programa do Desenvolvimento do Trigo em Minas Gerais Comtrigo. Segundo ele, o fato de congregar, em uma única instituição, forças políticas e os recursos financeiros que estavam pulverizados foi que consolidou a ideia de se constituir uma cooperativa central. A iniciativa também contou com o apoio da Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebrás) que, entre 1993 e 1996, esteve sob o comando do presidente Luiz Antônio Pizzi. O objetivo da Confederação era transformar todas as federações em cooperativas centrais, para que as riquezas financeiras das filiadas circulassem dentro do próprio sistema, explica Pizzi. O objetivo da Confederação era transformar todas as federações em cooperativas centrais, para que as riquezas financeiras das filiadas circulassem dentro do próprio sistema. Luiz Antônio Pizzi Ex-presidente da Confebrás Como presidente do Sicoob Central Cecresp até 1993, Pizzi contribuiu também para a fundação do Sicoob Central Cecremge, compartilhando o know-how da Central Paulista
12 O sonho que se transformou em realidade A operacionalização do projeto da Central ficou sob a responsabilidade do técnico da Sudecoop, Élio Duarte Moreira dos Santos, e do gerente da Femicoop, Robespierre Koury Ferreira. Juntos, eles lideraram uma comissão que visitou as centrais de crédito mútuo de São Paulo, Espírito Santo e a Central das Cooperativas de Crédito Rural de Minas Gerais. Procuramos reunir as melhores práticas dessas centrais, adequando-as ao nosso perfil, relembra o 1 o vice-presidente do Sicoob Central Cecremge, Antônio Francisco Gonçalves, um dos membros da comissão que compôs a diretoria até meados de O mesmo grupo promoveu reuniões por todos os cantos de Minas, com o objetivo de levantar dados e ouvir as cooperativas de crédito mútuo. O contato com as cidades do interior foi de extrema importância para o Sicoob Central Cecremge. Para se criar uma nova forma de organização das singulares envolvendo, inclusive, intermediação financeira era necessário estabelecer uma relação de confiança e intercooperação, destaca Luiz Gonzaga Viana Lage. No dia 1 o de março de 1994, com o apoio do Sistema Ocemg e da Secretaria de Estado de Agricultura, por meio da Sudecoop/ MG, iniciou-se a implantação do Programa de Apoio ao Cooperativismo Urbano de Minas Gerais e, com ele, o projeto de criação da Central das Cooperativas de Economia e Crédito Mútuo de Minas Gerais Ltda. Cecremge. O projeto, aprovado em Assembleia Geral no dia 30 de julho de 1994, em Belo Horizonte, ressaltava que a fundação da Central não foi uma imposição, simplista e sem base, mas a representação dos anseios do movimento, que há muito tempo procurava, de alguma forma, sair da situação de quase marasmo em que se encontrava. Na mesma data também foi aprovado o encerramento das atividades da Femicoop. Menos de três meses depois, a iniciativa ganhou a aprovação do Banco Central do Brasil. Luiz Gonzaga Viana Lage, presidente da Coopeco e da extinta Femicoop, foi eleito diretor-presidente da Central, tendo como companheiros de diretoria Antônio Francisco Gonçalves, Marina Silva Coelho e Ronaldo Scucato. Os demais integrantes do primeiro Conselho de Administração foram Tereza Lúcia de Lima, Wagner Dias da Silva, Nilson Vieira de Carvalho, Saul Rocha Dias de Souza, Antônio Carlos Fraga, e os suplentes Carlos Roberto Campinelli, Helton Freitas e Antônio Ferreira Machado. Na mesma Assembleia, foi eleito o primeiro Conselho Fiscal da Cecremge, formado por Raimundo Sérgio Campos, Geraldo Norberto A. da Rocha, Mário Lúcio C. Barbosa e os suplentes César Donizete Chaves, Horácio de Souza Ferreira Neto e João dos Reis Soares. Cinco cooperativas assinaram a ata de constituição e outras 29 se uniram para a criação da Central. O nascimento da entidade inaugurou um tempo de crescimento para as cooperativas, harmonizando a realidade de cada uma em prol de um projeto coletivo e sustentável. Ao mesmo tempo em que compatibilizar os interesses de diferentes tipos de filiadas era um desafio, isso trouxe uma potencialidade muito grande: a Central tem em seu quadro social singulares que atendem a um variado estrato da economia nacional, ressalta Wagner Dias da Silva, que além de ter contribuído com o processo de constituição, atuou também na diretoria do Sicoob Central Cecremge. A primeira reportagem sobre a nova Central, publicada pelo jornal Estado de Minas, trazia o título Juro baixo atrai trabalhadores a cooperativas de crédito. Datada de 13 de março de 1995, a matéria destacou o crescimento do setor, em um contexto onde os trabalhadores associados às suas cooperativas de crédito mútuo ou urbano [...] podem fazer empréstimos a taxas que variam de 3 a 6%, bem abaixo das praticadas no mercado, em torno de 12 a 17%, e realizar aquele velho sonho de reformar a casa ou adquirir algum bem. Segundo Tereza Lúcia de Lima, fundadora e primeira presidente da Cooperativa de Crédito dos Funcionários do Hospital Dom Bosco, era o baixo valor de juros, aliado ao atendimento humano, que atraia as pessoas às cooperativas de crédito. A instituição 18 19
13 cooperativa já era muito bem vista pelos associados, pois, embora não tivesse uma quantia muito grande de dinheiro para emprestar, ela estava sempre disposta a atendê-los em suas necessidades. Etapas vencidas: impulso para olhar adiante As precárias condições de infraestrutura foram uma das primeiras barreiras enfrentadas pela nova Central de Crédito Mútuo. A sede, onde tudo começou, era em uma casa de três cômodos na Rua dos Otoni, no bairro Santa Efigênia, com pouco espaço e instalações modestas. E mal cabia a determinação e os sonhos do grupo de empreendedores que liderava a instituição. Antes de adquirir seu imóvel próprio, em 1997, a Central passou por outros dois endereços, um no bairro Gutierrez, com móveis comprados em um brechó, e outro no andar térreo do antigo prédio do Sistema Ocemg, no bairro Serra. No atual endereço da instituição, a Central cresceu ainda mais, demandando a contratação de um maior número de funcionários. Eram profissionais das áreas bancária, de auditoria, de treinamento e capacitação que, em 2004, já formava uma equipe de aproximadamente 60 pessoas. O gerente Administrativo e de Infraestrutura, Robespierre Koury, destaca que, em apenas cinco anos, a Central teve um crescimento recorde no sistema financeiro. O momento era bastante propício. Existia a carência dessas instituições no mercado, havia profissionais disponíveis e a tecnologia da época também permitiu a implantação de novas ferramentas de gestão. Depois de organizar a casa, o Sicoob Central Cecremge quis alçar novos voos: foi um expoente na constituição das cooperativas de comerciantes e teve participação ativa na criação do Bancoob, em Em 2001, implantou a assessoria de produtos, fomentando nas cooperativas um novo perfil de trabalho, com foco nos negócios. Em 2003, inaugurou o Centro de Excelência, espaço exclusivo para realização de treinamentos e cursos de aperfeiçoamento profissional. Com tudo isso, o Sicoob Central Cecremge se tornou um modelo para o cooperativismo, demonstrando como o despertar do entusiasmo coletivo é realmente o maior capital para a transformação da sociedade. Aos 20 anos, a Central tem a certeza de que todo sonho é possível. Ao mesmo tempo em que compatibilizar os interesses de diferentes tipos de filiadas era um desafio, isso trouxe uma potencialidade muito grande: a Central tem em seu quadro social singulares que atendem a um variado estrato da economia nacional. Wagner Dias da Silva Ex-diretor do Sicoob Central Cecremge 20 21
14 Cooperativas transformando as comunidades
15 Um novo sopro de desenvolvimento para muitas cidades de Minas e de todo o país veio no ano de 1992, com a publicação da Resolução n o 1.914, expedida pelo Banco Central do Brasil. O decreto regularizou a constituição de cooperativas de crédito de trabalhadores por categoria profissional, como as de profissionais liberais e da área da saúde, funcionários de empresas públicas e privadas ou de determinada atividade, viabilizando o surgimento das cooperativas de comerciantes. Cooperativas de comerciantes: contribuindo para a realização de sonhos O Sicoob Central Cecremge nasceu dois anos depois, em 1994, quando a lei já estava em vigor. Entretanto, o país ainda contava com poucas cooperativas dessa natureza. Em um forte trabalho, coube às lideranças mineiras da nova Central o pioneirismo de fomentar a criação de cooperativas de crédito nesse modelo, promovendo ampla inclusão financeira em todos os cantos do estado. Um grupo de funcionários saiu por toda essa Minas Gerais criando cooperativas de comerciantes. Nós fizemos uma verdadeira revolução no cooperativismo de crédito do Brasil, relembra Luiz Gonzaga Viana Lage. Crédito que impulsiona o desenvolvimento No início dos anos de 1990, os pequenos municípios mineiros viviam um cenário de estagnação econômica, por não terem onde buscar recursos financeiros para promover o crescimento local. As cooperativas de crédito vieram mostrar um caminho para a prosperidade, permitindo o acesso ao crédito em mercados pouco atrativos para os grandes bancos. Com a constituição do Sicoob Central Cecremge, a criação das cooperativas de comerciantes ganhou novo impulso. Apoiados pelo Sistema Ocemg e pelo Sebrae-MG, um grupo de funcionários da Central percorreu as cidades mineiras e, com a ajuda das Associações Comerciais e das Câmaras de Dirigentes Lojistas locais, apresentou o trabalho desenvolvido pela instituição e os benefícios do cooperativismo
16 Em aproximadamente três anos, a Central apoiou a fundação de grande número de singulares, fomentando o crédito em muitos municípios. Entre os anos de 1995 e 1997 foram criadas quase 90 cooperativas de comerciantes. Prova de que a ideia de expandir o cooperativismo tinha tudo para dar certo, pois quanto mais pessoas participassem, mais recursos seriam geridos pela Central, possibilitando o desenvolvimento do Sistema e das próprias cooperativas e seus associados. Rapidamente essas filiadas despontaram como referência. Em abril de 1996, uma comitiva formada por representantes das Centrais de São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro visitou o Sicoob Central Cecremge para conhecer o trabalho desenvolvido com as cooperativas de comerciantes. Com as transformações do segmento, o crédito solidário ganhou amplitude e, em pouco tempo, as cooperativas passaram a oferecer mais soluções financeiras, tornando-se o braço financeiro do cooperado e propulsionando a economia local. O progresso dessas instituições foi o embrião das cooperativas de livre admissão, que tiveram autorização de constituição do Banco Central do Brasil em 2004 e, hoje, permitem a inclusão de toda a sociedade no cooperativismo de crédito. O Sicoob Sistema Cecremge reúne atualmente 73 cooperativas filiadas, das quais cinco são cooperativas de comerciantes e 29 de livre admissão. Somente esses dois segmentos atendem a aproximadamente 210 mil cooperados, que enxergam no cooperativismo de crédito uma forma inovadora de transformar a economia e a sociedade. Histórias fortalecidas pelo cooperativismo de crédito A força da coletividade e da democracia, próprias do cooperativismo, rompe fronteiras para mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo. O movimento impulsiona desde o pequeno produtor rural, profissionais liberais, servidores públicos, empresários, até estudantes, mostrando que com solidariedade e união é possível concretizar grandes sonhos. Dos milhares de exemplos espalhados pelo país, foram eleitas duas histórias, relatadas a seguir, de pessoas que encontraram no ramo de crédito a oportunidade de suas realizações e conquistas. As histórias de José Libério Cardoso e de Rosiane Maria da Silveira Ribeiro se assemelham em muitos aspectos. Eles são donos de empresas em pequenas cidades no interior de Minas Gerais, ligadas ao ramo da construção civil e associadas a uma cooperativa do Sicoob Sistema Cecremge. Empresa familiar cresce com o suporte de uma cooperativa Para José Libério, de 50 anos, o poder transformador do cooperativismo de crédito se mostrou em 2004, quando ele se tornou sócio de uma loja de material de construção filiada ao Sicoob Ascicred (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Pará de Minas) que, há dez anos, ainda era uma cooperativa de comerciantes. Em 2007, ele se desligou da sociedade e criou o Depósito Comercial São Jerônimo, que administra com a ajuda da esposa Luzia Helena, de 48 anos, e dos filhos Marlon (19 anos) e Areton (18 anos). No processo de mudança, a parceria com a Cooperativa foi primordial. A Singular alicerçou o sonho de José Libério em sua nova empreitada, auxiliando-o por meio de linhas de crédito e serviços como desconto de cheques. Temos confiança no Sicoob Ascicred e isso favorece muito o nosso trabalho. Eles se empenham em nos ajudar em tudo o que demandamos, ressalta. A família se orgulha em manter as portas do seu comércio abertas de domingo a domingo. Somos o único depósito de Pará de Minas que funciona sete dias por semana, garante o cooperado. Em atividade há sete anos, o Depósito emprega outros três funcionários, provando que o cooperativismo ajuda a gerar renda e emprego nas localidades em que atua também de forma indireta. No mês de setembro de 2014, a empresa se mudou para uma nova sede, na mesma rua do antigo endereço, no bairro Providência, conhecido como Recanto da Lagoa. Com infraestrutura ampla e moderna, o espaço foi inaugurado com a expectativa de trazer ainda mais prosperidade à família Cardoso
17 O sucesso do Depósito Comercial São Jerônimo está diretamente ligado à iniciativa empreendida em 1995 pelos diretores da Associação Comercial e Industrial de Pará de Minas, Osmano Diniz França, Antônio Jacinto Pereira e Hudson Campolina, ao criar o Sicoob Ascicred. Enquanto representantes dos interesses do comércio local, eles identificaram a demanda por uma entidade que desse aos comerciantes o devido apoio financeiro para expandirem os seus negócios. Autorizada a funcionar pelo Banco Central em dezembro de 1995, a Cooperativa iniciou as suas atividades em fevereiro de 1996, como a primeira cooperativa de economia e crédito mútuo de comerciantes de confecções. O processo de abertura foi acompanhado pelo Sicoob Central Cecremge, que também disponibilizou manuais contábeis e de gerenciamento. Os diretores Helton Freitas e Wagner Dias se reuniam frequentemente conosco para nos orientar quanto aos cuidados e responsabilidades para gerir esse novo desafio, recorda o diretor-presidente da Singular, Osmano Diniz. No princípio, a entidade atendia aos micro e pequenos empresários que encontravam dificuldades em conseguir crédito nos bancos de varejo. A Cooperativa logo se fortaleceu, se expandiu e passou a reunir também empresas de grande porte, se tornando instrumento de fomento ao mercado de Pará de Minas. Assim, passou a contribuir para o crescimento de boa parcela das empresas do município, gerando emprego, renda e desenvolvimento. Desde 2009, o Sicoob Ascicred opera com quadro social de livre admissão, permitindo que toda a sociedade paraminense desfrute dos benefícios do cooperativismo. Inicialmente com 20 cooperados, a instituição congrega atualmente três mil associados, que podem contar com as facilidades de três pontos de atendimento: a sede e um PA em Pará de Minas e um PA em Igaratinga. Relação de apoio e confiança no cooperativismo Casada há 17 anos com o engenheiro Márcio José Ribeiro e mãe de Márcio Júnior (17 anos) e Murilo (3 anos), a empresária Rosiane Silveira compartilha com o marido os cuidados com a família e a responsabilidade de gerir o próprio negócio, a MJ Ribeiro Engenharia e Comércio, que emprega 110 funcionários e trabalha com obras de grande porte em todo o estado, por meio de processos de licitação. A parceria com o Sicoob Arcomcredi (Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Comerciantes de Arcos) já completa 16 anos, somando o apoio econômico da Cooperativa à visão empreendedora dos sócios para alcançar mais crescimento e oportunidades no mercado. A Cooperativa sempre coopera conosco, especialmente quando vamos começar uma nova obra e precisamos de capital para a compra dos materiais. São empreendimentos de peso, como universidades e grandes obras públicas. E o Sicoob Arcomcredi disponibiliza o suporte financeiro com a agilidade que a gente necessita, conta Rosiane. O próximo projeto a ser realizado com as soluções oferecidas pela Cooperativa é a construção de uma sede própria. Atualmente, temos um galpão para guardar materiais e o nosso escritório funciona em uma sala alugada. Esse cenário deve mudar em 2015, explica a empresária. Os produtos e serviços do Sicoob Arcomcredi também auxiliam Rosiane em seus projetos pessoais. Recentemente, comprou um carro com um financiamento da Cooperativa e também contratou o Seguro de Vida Mulher. Além disso, os dois filhos já têm uma Poupança Sicoob e estão aprendendo desde cedo a investir e guardar dinheiro para o futuro. Um ponto alto que vemos na Cooperativa é a facilidade de entrar em contato com o pessoal e decidir tudo rapidamente. Tanto eu quanto vários outros comerciantes de Arcos reconhecemos a qualidade desse atendimento, sempre dedicado em resolver nossas demandas, elogia
18 Há 21 anos, o pioneirismo do Sicoob Arcomcredi levou soluções de crédito para a cidade de Arcos. Uma das primeiras cooperativas de comerciantes do Brasil, a Singular iniciou as suas atividades antes mesmo da fundação do Sicoob Central Cecremge, em outubro de 1993, com um grupo de empreendedores integrantes da diretoria da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços do Município de Arcos (ACIA que atualmente é a Associação Comercial e Empresarial de Arcos ACE). Naquela época, o principal objetivo era proporcionar aos comerciantes um suporte financeiro eficiente e sem burocracia, que suplantasse os obstáculos impostos pelas instituições bancárias existentes à época para a concessão de capital de giro. O ideal que norteou a nossa fundação foi a prestação de serviços de intermediação financeira, com condições mais acessíveis e menos burocráticas na oferta de crédito, buscando a valorização e o respeito ao ser humano e a promoção da igualdade de direitos entre os cidadãos, destaca o diretor-presidente, Rosalvo Araújo. A filiação do Sicoob Arcomcredi ao Sicoob Central Cecremge ocorreu em novembro de 1994, consolidando a imagem de credibilidade e solidez da Cooperativa perante os associados. Ao fazer parte da entidade, a Singular passou a receber suporte aos serviços administrativos e financeiros, apoio jurídico, consultoria e auditoria, além de participar de cursos de aprimoramento, fatores que favorecem o seu contínuo desenvolvimento. Para o futuro, o Sicoob Arcomcredi, que hoje atende cooperados, vislumbra um cenário de mudanças: o projeto técnico para transformar a Singular em uma cooperativa de livre admissão já está em tramitação no Sicoob Central Cecremge. Os avanços almejados são o fortalecimento da Cooperativa, com o expressivo crescimento do seu quadro social e de suas operações, o que, consequentemente, trará mais benefícios para o cooperado e a comunidade. O ideal que norteou a nossa fundação foi a prestação de serviços de intermediação financeira, com condições mais acessíveis e menos burocráticas na oferta de crédito, buscando a valorização e o respeito ao ser humano e a promoção da igualdade de direitos entre os cidadãos. Rosalvo Araújo Diretor-presidente do Sicoob Arcomcredi É por meio de instituições financeiras parceiras que as empresas mercantis e industriais conseguem aumentar a sua competitividade e resultado. O cooperativismo de crédito cumpre essa missão responsavelmente, fomentando o ciclo financeiro e os investimentos de forma especial, enfatiza Rosalvo
19 Sistema Sicoob
20 A grande vitória alcançada em meados dos anos de 1990 mudaria o rumo das cooperativas de crédito brasileiras, colocandoas definitivamente na rota do sistema financeiro nacional: a criação do Banco Cooperativo do Brasil o Bancoob. A ideia de um banco próprio sempre foi um sonho disseminado entre as cooperativas, especialmente após o fechamento do BNCC Banco Nacional de Crédito Cooperativo (público), em março de A criação do Bancoob: uma conquista para o Sistema Em busca de conhecimento e das soluções encontradas pelos grandes sistemas cooperativos mundiais, em 1993, uma comitiva patrocinada pelo Sebrae-MG e formada por Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg, Raimundo Mariano do Vale, à época diretor-gerente do Sicoob Central Crediminas, e Roberto Simões, presidente do Sistema Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), passou 30 dias em viagem pela Europa visitando instituições cooperativas da Holanda, França, Áustria, Itália, Alemanha e Bélgica. Mas foi somente em 1995 que o projeto de uma entidade própria começou a ganhar forma, quando o Conselho Monetário Nacional, por meio da Resolução n o 2.193, autorizou a constituição dos bancos cooperativos. Para concretizar o tão esperado plano, o Sicoob Central Cecremge, sob a liderança do seu diretor-presidente, Luiz Gonzaga Viana Lage, aceitou a proposta do Sicoob Central Crediminas de, juntos, constituírem o Banco Cooperativo do Brasil. Se a Cecremge não participasse, o projeto do Bancoob ficaria seriamente comprometido, devido à sua abrangência e quantidade de filiadas. Constituir uma entidade que congregasse somente o crédito rural ou o crédito mútuo seria um equívoco, defende Raimundo Mariano do Vale. Nessa época, representantes do Sicoob Central Cecremge viajaram por todo o estado, incentivando as singulares a capitalizarem o novo Banco. O diretor-presidente Luiz Gonzaga Viana Lage relembra essa trajetória. A Central queria colocar dinheiro no Bancoob, mas esse capital vinha das filiadas. Então, eu peguei uma malinha, que tenho até hoje, e saí visitando cooperativa por cooperativa de Minas Gerais
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