AÇÕES DE SAÚDE BUCAL NO PROJETO UTOPS
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- Maria das Neves Nobre Escobar
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1 AÇÕES DE SAÚDE BUCAL NO PROJETO UTOPS VAEZ, Savil Costa 1 MELO, Mariângela Monteiro de 2 BERTI, Marina 3 CAPRA, Emmanuelle Cristine Zanela 4 1. APRESENTAÇÃO: Com a filosofia de levar qualidade de vida à população carente, prestando serviços de qualidade e tendo em mente que tudo isso se desencadeia com a conscientização dos problemas e agravantes de saúde, aliado à busca de solução para os mesmos. Chegando à conclusão que a melhor maneira para averiguar, analisar e consolidar dados sobre os inúmeros fatores e problemas que agravam a saúde nas famílias, seria fazer com que a população interagisse no desenvolvimento das atividades ligadas à saúde que lhe fossem proposta. Diante deste objetivo, e através do projeto de extensão UTOPS, Um por Todos e Todos pela Saúde, vinculado à UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná, composto por acadêmicos de todos os cursos da área de Saúde do Campus de Cascavel, Odontologia, Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia e Medicina, interagindo e adotando o modelo de saúde nacional, aos moldes das equipes do PSF Programa Saúde da Família, o grupo foi dividido em quatro equipes e estas subdivididas em duplas, cada dupla responsável em média por quatro famílias, não podendo as duplas ser formadas por 1 Discente do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, end. Rua do aleijadinho,204, faculdade, ; fone: , savilvaez@hotmail.com. 2 Mestranda em Saúde Coletiva na Universidade Estadual de Londrina; end. Rua guarani,1695,sala 02, Toledo- Pr ; fone , mmwwgb@uol.com.br. 3 Doutora em Odontologia Social e Preventiva, Mestre em Odontologia Preventiva e Social e Especialista em Pediatria, end. Rua Paraná, 2018, ap 701, ; fone: ; marinaberti@bol.com.br. 4 Discente do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, end. Rua do aleijadinho,204, faculdade, ; fone: ; emmanuellecapra@hotmail.com.
2 acadêmicos de mesmo curso, promovendo desta forma maior interação e interdisciplinaridade. 2. HISTÓRICO DO PROJETO UTOPS A história do projeto UTOPS tem como objetivo demonstrar de que forma os acadêmicos dos cursos de Odontologia, Enfermagem, Medicina, Farmácia e Fisioterapia, têm desenvolvido suas atividades, no que se refere às ações integrais à saúde e o trabalho multiprofissional. A proposta se pauta na perspectiva do trabalho interdisciplinar e multiprofissional, para desenvolver atividades de extensão acadêmica, no âmbito da saúde coletiva, compreendendo-as como parte do processo educativo que se realiza nos cursos de graduação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Segundo Rouquaryol (1999, p.473) O reconhecimento da complexidade da situação de saúde no Brasil, tanto em relação aos problemas de saúde da população quanto em relação àqueles referentes ao sistema de saúde não significa uma impossibilidade absoluta de enfrenta-la. O modelo assistencial ainda predominante em nosso país caracteriza-se pela prática hospitalocêntrica, centrado na atenção à demanda e à assistência médicohospitalar, não tendo como prioridade a atenção integral à saúde, nos parecendo que sozinho, não há como dar conta de resolver os problemas de saúde da população. Considerando também o processo de construção de Sistema Único de Saúde, regulamentado pela Constituição de 1988, ao ser desenvolvido sobre os pilares da universalização, da descentralização e da integralidade da assistência, a interdisciplinaridade tem como objetivos a integração e a organização das atividades, com o propósito de enfrentar e resolver os problemas identificados sendo um dos caminhos a ser seguido para a efetivação do SUS. Para a perspectiva interdisciplinar, coloca-se a necessidade do trabalho em grupo, que se constitui de um conjunto de pessoas que interagem, compartilham normas na realização de uma mesma tarefa. A interação baseia-se na aceitação do outro enquanto sujeito pensante e autônomo, respeitando a individualidade de cada componente do grupo. O trabalho em equipe se caracteriza pelo trabalho articulado, mantendo dialogo e a integração entre seus membros.
3 No projeto UTOPS, tem-se como grande desafio, construir um modelo de atenção à saúde que esteja vinculado às condições de vida dentro das dimensões biológicas, políticas, psíquicas e sociais, dando prioridade à promoção e proteção da saúde, resgatando o conceito de cidadania e de saúde como direito em um processo de conquista e libertação e não uma forma de dominação e submissão, humanizando assim a prática de saúde. A atuação em equipe multiprofissional possibilita aos participantes do projeto desenvolver ações globais de educação em saúde, a partir das necessidades diagnosticadas na comunidade, e através da interdisciplinaridade, buscando um entendimento comum e o envolvimento dos interlocutores, embora cada disciplina conserve sua metodologia própria e se mantenha dentro dos limites do próprio campo, discutindo seus pontos de vista específicos, investigando as contradições entre um enfoque e outro e ponderando o peso de cada investigação no conjunto do tema, de maneira a colaborar no produto final único; o presente projeto, de caráter permanente, vem sendo desenvolvido desde março de 2001, com a mesma ideologia ajudar as pessoas. 3. SISTEMA DE ATENDIMENTO BÁSICO: Depois de eleito o bairro e feito o levantamento epidemiológico e sócio-econômico através de questionários preenchidos pelas duplas junto com suas referidas famílias, tentou-se identificar as principais carências desta população. Para se fazer uma comparação dos dados utilizou-se os dados do SIAB Sistema de informação de Atenção básico, para embasar as ações desenvolvidas. Das famílias trabalhadas tem-se o equilíbrio em relação ao sexo de aproximadamente 50% para cada, já em relação à idade 66,67% são formados por adultos, maiores de 19 anos, 10,42% de jovens de 13 a 19 anos, 18,75% de crianças de 6 a 12 anos e 4,16% de crianças de até 5 anos. Das famílias 78,5% possuem residência própria, 14,3% mora na condição de inquilino e 7,2% em casas cedidas. Para se fazer um comparativo entre as famílias trabalhadas, o restante do bairro cascavel velho e o município de Cascavel, faz-se uso da tabela número 1.
4 Em 75% das famílias atendidas o meio de transporte coletivo urbano, é o mais utilizado, apenas 6,25% possuem carro próprio, 12,5% fazem uso da bicicleta e ainda 6,25% tem como único meio de locomoção a caminhada. Dos problemas de saúde mais freqüentes encontrados junto às famílias foram o diabetes, a hipertensão, as ulcera de pressão e o enfisema pulmonar. Sendo estes problemas de saúde acompanhados por todos da equipe procurando o melhor tratamento, seja junto à unidade básica de saúde ou até mesmo junto ao hospital universitário. Podendo ainda ser executado o trabalho de coleta de material para analise laboratorial nas dependências da UNIOESTE ou ainda no laboratório de analises do hospital universitário, facilitando assim um tratamento mais integrado e adequado das patologias daquelas famílias. Tabela 01. Município de Cascavel Bairro Cascavel Velho Famílias Atendidas Luz elétrica 94,80% 96,71% 100% Destino do Sistema de Esgoto 11,82% 2,43% _ Esgoto Fossa 84,98% 94,52% 100% Céu aberto 3,20% 1,29% _ Abastecimento de Água Destino do Lixo Rede Publica 84,29% 93,38% 100% Poços 14,72% 6,19% _ Outros 0,98% 0,43% _ Coleta Publica 85,14% 94,64% 92,80% Queimado 13,74% 4,07% 7,20% Céu Aberto 1,11% 1,29% _ Dados referentes a ultima coleta através do Sistema de Informação de Atenção Básica SIAB, referente ao ano de 2003, foi constatado que 100% dos dados do bairro em questão estão compilados no sistema de informação. Sabe-se que a Secretária de Saúde de Cascavel possui a cobertura de apenas 49,22% do município de Cascavel, porém com a totalidade do bairro estudado tem-se a fidelidade quanto às informações a ele referente.
5 4. ODONTOLOGIA NAS FAMÍLIAS DO CASCAVEL VELHO A odontologia por muito tempo foi considerada como uma especialização cara da medicina, atualmente este retrato defasado da odontologia tem sido mudado, um passo importante disto foi a inclusão da odontologia nas equipes do PSF. Mesmo com tantos avanços, existem lugares que não tem atendimento odontológico, nem a preocupação de seus habitantes com sua saúde bucal. A exemplo das famílias pelo projeto acompanhadas, 25% delas jamais foram a uma consulta odontológica, dos 75% que procuraram um consultório, apenas 50% o procuraram por razão de alguma situação de emergência ; desta população 53,90% procuraram o serviço publico como forma de atendimento ao invés do privado, o que aponta para a necessidade de uma ampliação dos serviços de saúde bucal voltado para a atenção aos adultos. Ainda foi constando neste levantamento que dos 75% que procuram o dentista, 80% necessitavam de algum tipo de prótese dentária e que 53,30% destes pacientes usam como prótese parcial removível, a famosa perereca ; firmando mais uma vez o perfil dos brasileiros em relação à odontologia, que o coloca como o país dos desdentados. 5. PROPOSTA DE ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA PARA DISSEMINAÇÃO DA SAÚDE BUCAL NO PROJETO UTOPS. O desenvolvimento de um plano de ação voltado à saúde bucal no bairro, foi pensado em 4 etapas, sendo que apenas a primeira etapa já foi realizada, são elas: 1 o Etapa - Foi realizado um levantamento sócio-econômico do bairro cascavel velho, utilizando-se o questionário que o projeto UTOPS construiu e utiliza para cadastramento das famílias escolhidas. No que se refere à odontologia este questionário abordava as seguintes questões: - se já havia ido alguma vez ao dentista; freqüência com que visitava o consultório; qual o tipo de atendimento que
6 procurava: público ou privado, em que situação procurou o dentista e ainda se fazia uso de algum tipo de prótese. - Foi confeccionada uma apostila sobre Saúde Bucal, com uma linguagem fácil, simples e acessível, tratando de assuntos como o que é o dente, para que serve, sua anatomia, o que é a doença cárie, doenças periodontais, a importância do flúor, da escovação, do fio dental, higiene bucal em gestantes e bebês, o que é a cárie de mamadeira, hábitos viciosos, o que fazer com a urgência em fraturas dentárias, abordagem a doenças como câncer bucal, herpes, sífilis, impetigo, gengivoestomatite, sarampo, caxumba e varicela. Esta apostila foi desenvolvida para ser destinada às agentes comunitárias e professores. Dentro desta etapa ainda teremos como meta: o Desenvolver palestras junto às agentes comunitárias em virtude destas desenvolver busca ativa dos problemas de saúde que acometem a comunidade, ajudando a disseminar a idéia e a forma de se realizar saúde bucal. o Será realizado um levantamento das escolas existentes no bairro, para que possa desenvolver trabalhos com toda a comunidade escolar, em virtude de seu caráter na formação cidadãos. o Desenvolver também palestras com professores do bairro por seu caráter de formador de opinião, em que estes ajudam na formação das crianças, sendo instrumento valioso na disseminação da Saúde Bucal. 2 o Etapa - Realização de campanhas de conscientização dentro das escolas, elegendo e inserindo um dia do ano para ocorrer programações de cunho conscientizador, como o Dia do Dente, no calendário da escola, através de teatro, gincanas, fantoches, dependo da escolaridade do aluno, voltado para a Saúde Bucal. - Fazer um levantamento epidemiológico das patologias que mais acometem a comunidade, e baseado neste desenvolver propostas de ações que possam sanar os problemas de saúde encontrados.
7 - Criação de Pelotões da Saúde, que se caracteriza por um trabalho conjunto com assistente social, identificando crianças com dificuldade de aprendizado, para que atuem como disseminadores das boas práticas de saúde bucal na escola, possibilitando o resgate da cidadania. A formação do Pelotão constará de fornecimento de informações básicas sobre o assunto, uniformizando os membros do pelotão para que haja valorização do trabalho deles. A atuação deste pelotão será junto a crianças de mesma idade e idade inferior, auxiliando na escovação e tirando dúvidas dos colegas. - No final desta etapa, dar-se-á início a uma campanha de arrecadação de escovas de dente, no âmbito do UTOPS, pois como já foi constatado existem famílias que possuem apenas uma escova de dente de uso comum; sensibilizar a comunidade para este problema através da doação de escovas de dente e dentifrícios, que depois será distribuído às famílias carentes e ainda fazer um banco de escovas que ficará nas dependências da clínica da UNIOESTE, para ser distribuído a pacientes que não têm condições de comprar. 3 o Etapa - Viabilização da clínica da UNIOESTE para efetuar o tratamento curativo, e dar continuidade ao preventivo; esta viabilização depende da criação de um outro projeto de extensão para atender ao público das famílias do Cascavel Velho, pois a maioria só poderia ser atendida no período da noite, por trabalharem durante o dia. Este atendimento seria efetuado por acadêmicos da UNIOESTE que participam do projeto UTOPS sob a supervisão de um dos professores coordenadores. 4 o Etapa - Depois de analisar os resultados obtidos com estas ações tentar difundir ao restante do bairro, e se possível para todo o município, pelo caráter permanente do projeto UTOPS.
8 CONCLUSÃO Estabelecer algum tipo de conclusão nesta fase do projeto seria errôneo. No entanto é válido salientar as dificuldades de se estabelecer algum tipo de ação voltada à saúde pública, frente aos desafios e barreiras que não depende de nós, juntamente com o desafio de se estabelecer um relacionamento de multiprofissionalismos com os outros cursos do projeto UTOPS. Também ressaltar o cooperativismo que se estabeleceu nesta etapa do projeto, em relação aos acadêmicos. BIBLIOGRAFIA ROUQUARYOL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. 5 ed. Rio de Janeiro: Medsi, PINTO, Vitor Gomes. Saúde Bucal : Odontologia Social e Preventiva, São Paulo: Santos, BRASIL, Ministério da Saúde Secretária Nacional de Assistência à Saúde/SNAS. ABC do SUS: doutrinas e princípios. Brasília, p. BRASIL, Ministério da Saúde. Anais da 8 o Conferência Nacional de Saúde. Relatório Final. Brasília, FALEIROS, Vicente de Paula. O que é política social. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, p. TOMAZI, Zelma Torres. O que todo cidadão precisa saber sobre Saúde e Estado Brasileiro. Cadernos de Educação Política. São Paulo: Global Editora, p
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