Critérios para correção: o conteúdo e a qualidade da sentença:
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- Cecília Barata Carreira
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1 Critérios para correção: o conteúdo e a qualidade da sentença: 1. Qualidade da redação: 1.1. Com observância, inclusive, de ortografia e gramática além de completo domínio do vernáculo Valor: 2,0 (dois) pontos. 2. Relatório: 2.1. O candidato deve resumir todos os atos praticados no curso do processo, desde o recebimento da denúncia Valor: 1,0 (um) ponto. 3. Fundamentação: 3.1. Quanto às teses acusatórias:. Deve ser acatada a tese de prática infracional, com reconhecimento do crime de roubo pelos agentes. Há prova farta disso. Das testemunhas ouvidas, cinco presenciais, todas confirmaram os delitos, tendo, todas também, reconhecido os autores. Além disso, os depoimentos dos policiais militares (que prenderam A. ) e o policial civil (que fez a busca e apreensão na casa de B. ) confirmaram os crimes e as autorias. Devem, contudo, ser refutadas as seguintes teses: a) de roubo qualificado pelo emprego de arma, pela revogação da Súmula 176 do STJ, que impunha o reconhecimento da agravante no caso de uso de arma de brinquedo; b) de que as infrações se deram em concurso formal imperfeito (com soma da integralidade das penas para cada uma das subtrações). A regra a ser aplicada é do concurso formal perfeito (art. 70, caput, CP, primeira parte, com aumento da pena tendo como referencial o critério da exasperação); c) o regime de cumprimento fechado, ainda que as penas sejam inferiores a 08 (oito) anos, pois o Código Penal impõe regime semi-aberto para o cumprimento de penas de menos de 08 (oito) anos, não sendo reincidentes os condenados 1
2 (atente-se para o fato de que nem mesmo B. é reincidente). Ver, a propósito, abaixo o item dispositivo Valor: 1,0 (um) ponto Quanto às teses defensivas: Defesa de A. : 1º) Em preliminar: a) Nulidade do processo por não nomeação de curador ao réu menor quando do interrogatório policial (art. 15, CP); Não acatamento. É quase unânime na doutrina e unânime na jurisprudência que o art. 15, CPP foi revogado pelo novo Código Civil Brasileiro. Ademais, está consolidada posição no sentido de que as nulidades do inquérito não contaminam o processo. b) Nulidade do feito em razão de não acompanhamento do interrogatório judicial pelo Promotor; Não acatamento. Não há necessidade da presença do membro ministerial no interrogatório. A ausência do defensor técnico é que o nulifica. Mesmo que estivesse ausente o membro do parquet tal não traria qualquer prejuízo à defesa. c) Nulidade do feito por não intimação do juízo deprecado quanto à data de realização de audiência de testemunha. Não acatamento. A defesa deve ser intimada da expedição da carta precatória, devendo ela própria diligenciar junto ao Juízo deprecado sobre a data de realização do ato (Súm. 273, STJ). 2º) Do mérito: a) Absolvição por ausência de prova de participação de A. e; A tese esbarra na ampla prova testemunhal: todas as testemunhas confirmam a presença de A. no coletivo e sua participação eficiente na prática infracional. Relembre-se, mais, que foi preso em flagrante, havendo perseguição imediata pelo autor da detenção (o motorista do coletivo). Sua negativa em Juízo não encontra conforto nas demais provas dos autos. 2
3 b) Desclassificação de todas as condutas para a forma tentada, pois A. não se apoderara de nenhum valor ou coisa; Não acatamento. Embora somente A. tenha sido detido sem nada portar, B fugiu com os bens subtraídos e deles teve possibilidade de livre disposição Valor: 1,5 (um e meio) pontos Defesa de B. 1º) Em preliminar: a) Ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório em razão de que o primeiro defensor do acusado apresentara resposta à acusação final despida de conteúdo, não arrolando testemunhas em número adequado; Não acatamento. Embora não tenha se aprofundado nas teses acusatórias o defensor anteriormente constituído apresentou resposta à acusação e arrolou testemunhas. Não há um número mínimo de testemunhas que deveria apresentar. Defesa preliminar sintética não nulifica o processo. b) Incompetência da Justiça Estadual, pois entre os sujeitos passivos estava o Banco do Brasil, empresa pública Federal e, assim sendo, em conformidade com o art. 109, IV da Constituição da República e com a Súmula 122 do Superior Tribunal de Justiça, a competência por conexão seria da Justiça Federal, por prevalência; Não acatamento. O Banco do Brasil é sociedade de economia mista,sendo competente para julgar os crimes contra ele cometido a Justiça Estadual. c) Incompetência territorial do Juízo de Realina, pois os delitos tiveram lugar na Comarca vizinha de Pinheiral. Não acatamento. Embora tenha havido apossamento de bens numa e noutra Comarca, o maior número de infrações se deu na Comarca de Realina, aplicando-se o art. 78, II, b, CPP. Além disso, caso houvesse dúvida sobre o lugar da ocorrência das infrações, a competência se aplicaria tendo como referencial o critério da prevenção (art. 70, 3º CPP), tendo sido o Juízo de Realina o 3
4 primeiro a proferir decisão nos autos (ao receber o auto de prisão em flagrante, sendo, portanto, prevento). 2º) Do mérito: a) Absolvição em razão de atipicidade material da conduta pela aplicação do princípio da insignificância; Não aplicação. O crime atribuído aos agentes é complexo: tutela-se não somente o patrimônio como, também, a pessoa. Logo, embora, o valor seja pequeno, não pode ser acatada a insignificância. b) Absolvição por insuficiência de provas em razão de que as testemunhas eram todas suspeitas por serem vítimas e policiais; Não acatamento. As vítimas não são suspeitas. Ademais, entre as testemunhas há quem não tenha sido sujeito passivo do crime. Aos policiais, tanto militares quanto ao civil, também não se pode impor suspeição. Os primeiros atuaram apenas como condutores do preso à Delegacia de Polícia e o último, munido de mandado judicial, efetuou busca e apreensão na casa de um dos acusados onde encontrou a res furtiva. Ressalte-se em relação aos últimos que sua condição funcional não os impede de depor e nem lhes torna suspeito o depoimento. c) Em caso de condenação requereu: 1º) Desclassificação da conduta para furto pela não utilização de arma; Não acatamento. Houve, ao menos, simulação de subtração violenta, apta a impingir temor às vítimas. Nesse caso incide o crime do art. 157 e não o do art. 155 do Código Penal. 2º) Não incidência da agravante pelo uso de arma (art. 157, I, CP) para todas as condutas, tanto aquelas que o Promotor entendeu consumadas quanto as que entendeu não terem ultrapassado a fase da tentativa; Acatamento. Houve revogação da Súmula 176 do STJ e hoje a jurisprudência é unânime no sentido de que tal agravante não tem incidência. 4
5 3º) Reconhecimento de unidade de infração penal (crime único), pois foi uma única a ação desenvolvida num mesmo contexto de tempo e espaço; A tese defensiva não pode ser acatada, pois foram vários os patrimônios atingidos. Logo, não há unidade de infração e, sim, pluralidade, ainda que a ação seja única desdobrada em diversos atos (concurso formal, então) Valor: 1,5 (um e meio) pontos. 4. Dispositivo: 4.1. Condenação de ambos os acusados pelas condutas previstas no art. 157, 2º, II (concurso de agentes) por três vezes, e pela mesma conduta tentada por uma vez em concurso formal perfeito (art. 70, primeira parte, CP) Valor: 1,0 (um) ponto. 5. Fixação da Pena: 5.1. Valor: 2,0 (dois) pontos. a) Acusado A : Pena de prisão - os referenciais do art. 59 são todos favoráveis. Pena mínima: 04 anos, fixada no mínimo legal. Não há agravantes, Há atenuante (menoridade) não incidente, contudo, em razão de que a pena ficaria aquém do mínimo legal. A pena deve ser agravada em razão do disposto no art. 157, 2º, II. Sendo apenas uma a agravante o aumento deve ser dar em 1/3 (um terço). Queda, então, provisoriamente, em 05 anos e 04 meses. A pena para o crime tentado deve ser reduzida em 2/3 (dois terços), pois a consumação da infração se mostrou muito distante. A pena para o crime tentado é de 01 (um) ano, 09 (nove) meses e 10 (dez) dias. 5
6 Deve ser fixada uma pena para cada um dos crimes. Contudo, não há, evidentemente, necessidade de repetição das circunstâncias judiciais, até em razão de que as infrações se desenvolveram num mesmo contexto temporal e espacial. A pena deve ser aumentada pelo concurso formal perfeito entre 1/6(um sexto) e metade. Com há infrações distintas, toma-se a pena da mais grave (qualquer das consumadas) e promove-se o aumento em 1/4 (um quarto) por quatro infrações penais. O aumento é de 16 (dezesseis) meses, quedando a pena definitiva em 06 (seis) anos e 08 (oito) meses. Pena de multa: deve ser fixada com base nos moldes do art. 49, caput e 1º do CP. A fixação deve se dar no mínimo legal: os referenciais do art. 59 são todos favoráveis e, assim sendo, o número de dias multa deve ser de 10 (dez). Quanto aos valores, tratando-se os acusados de pessoas de condição financeira não favorável, deve ser fixado em um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato (que era de R$545,00). Assim, o valor é de R$18,17 (dezoito reais e dezessete centavos) por dia/multa que, multiplicado por 10 (dez), atinge R$181,70 (cento e oitenta e um reais e setenta centavos). Reconhecido concurso de infrações penais, aplica-se o sistema do cúmulo material para as penas de multa. Assim, para as infrações consumadas tal valor dever ser multiplicado por três (3xR$181,70 = R$545,10). A infração tentada demanda diminuição do valor em 2/3 (dois terço). Assim, será a pena de R$60,57 (sessenta reais e cinquenta e sete centavos). A pena pecuniária queda definitivamente em R$605,67 (seiscentos e cinco reais e sessenta e sete centavos). O regime para cumprimento da pena privativa de liberdade é o semi-aberto, em razão do quantum e de não ser reincidente o imputado. 6
7 b) Acusado B : Pena de prisão: os referenciais do art. 59 são favoráveis na sua maioria. A pena base deve ser aumentada apenas pelos antecedentes (o crime posterior àquele em julgamento e cuja sentença transitou em julgado antes do proferimento da sentença no caso em exame). Deve, então, ser fixada um pouco acima do mínimo: 04 (quatro) anos e 03 (três) meses. Não há agravantes nem atenuantes. A reincidência não pode ser considerada, pois o cumprimento da pena se deu mais de 05 (cinco) anos antes da ocorrência da nova infração penal. A pena deve ser agravada em razão do disposto no art. 157, 2º, II. Sendo apenas uma a agravante o aumento deve ser dar em 1/3 (um terço). Nessa fase, provisória, chega-se a 05 (cinco) anos e 08 (oito) meses. A pena para o crime tentado deve ser reduzida em 2/3 (dois terço), pois a consumação da infração se mostrou muito distante. Assim, fixa-se a pena para o crime tentando em 01 (um) ano, 10 (dez) meses e 20 (vinte) dias. Deve ser fixada uma pena para cada um dos crimes. Contudo, não há, evidentemente, necessidade de repetição das circunstâncias judiciais, até em razão de que as infrações se desenvolveram num mesmo contexto temporal e espacial. A pena deve ser aumentada pelo concurso formal perfeito entre 1/6(um sexto) e metade. Com há infrações distintas, toma-se a pena da mais grave (qualquer das consumadas) e pelo número de infrações 04 (quatro) promove-se o aumento em1/4 (um quarto). Assim, incide o aumento de mais 17 (dezessete) meses. Queda a pena definitiva em 07 (sete) anos e 01 (um) mês. 7
8 Pena de multa: deve ser fixada com base nos moldes do art. 49, caput e 1º do CP. A fixação deve se aproximar do mínimo legal: os referenciais do art. 59 são todos favoráveis e, assim sendo, o número de dias multa deve ser de 12 (doze). Quanto aos valores, tratando-se o acusado de pessoas de condição financeira não favorável, deve ser fixado em um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato (que era de R$ 545,00). Assim, o valor é de R$18,17 (dezoito reais e dezessete centavos) por dia/multa que, multiplicado por 12 (doze), atinge R$218,04 (duzentos e dezoito reais e quatro centavos). Reconhecido o concurso de infrações penais, aplica-se o sistema do cúmulo material para as penas de multa (art. 72, CP). Assim, para as infrações consumadas tal valor dever ser multiplicado por três (3x R$218,04 = R$645,12).. A infração tentada demanda diminuição do valor em 2/3 (dois terço). Assim, será a pena dela de R$72,68 (setenta e dois reais e sessenta e oito centavos). A pena pecuniária queda definitivamente em R$717,80 (setecentos e dezessete reais e sessenta e oitenta centavos). O regime para cumprimento da pena privativa de liberdade é o semi-aberto, pois o quantum inferior a 08 (oito) anos o impõe, não havendo reincidência. 8
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