DIREITO PREVIDENCIÁRIO
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1 Transcrição Aula 02 INSS DIREITO PREVIDENCIÁRIO Prof. Hugo Goes
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3 Direito Previdenciário AULA 02 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL Em matéria de Direito, quando se fala em princípios, trata-se do núcleo ou das normas fundamentais que servem de base para as outras normas. Esses princípios são de grande importância porque imagina-se que as demais normas estejam em harmonia com estes princípios. Os Princípios Constitucionais da Seguridade Social estão no Parágrafo Único do Artigo 194 da CF/1988, bem como no Parágrafo Único do Artigo 1º da Lei Nº /1991: 3
4 UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO A Universalidade da Cobertura significa que todos os riscos sociais (infortúnios da vida) devem receber cobertura da seguridade social. E a Universalidade do Atendimento significa que todas as pessoas residentes no Brasil devem receber atendimento da seguridade social, caso necessitarem. CF/1988, Art. 195, 5º (...) 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS A Seletividade na Prestação dos Benefícios e Serviços indica quais riscos sociais serão cobertos pela seguridade social. Já a Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços tem como objetivo direcionar a prestação (benefício ou serviço criados) para quem necessita receber. A prestação é um gênero que possui duas espécies: Exemplo: A concessão de salário família e de auxílio-reclusão é feita apenas para beneficiários de baixa renda. 4
5 INSS (Superação) Direito Previdenciário Prof. Hugo Goes UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS A Uniformidade indica que as populações urbanas e rurais possuem o direito de receber as mesmas prestações, isto é, os mesmos Benefícios e Serviços. A Equivalência dos Benefícios refere-se ao valor pecuniário recebido entre as populações urbanas e rurais. O valor pecuniário é equivalente, mas não necessariamente igual. A equivalência está na fórmula matemática utilizada para calcular o benefício, dado que a fórmula é a mesma para as duas populações. Todavia, o resultado da fórmula matemática pode variar, uma vez que considera diferentes fatores para o cálculo dos benefícios, como: salário-de-contribuição, tempo de contribuição, idade do segurado, expectativa de sobrevida. Os serviços são bens imateriais colocados à disposição dos beneficiários da seguridade social. A Equivalência dos Serviços refere-se a qualidade do serviço. Assim, a qualidade do serviço prestado às populações urbanas deve ser equivalente ao serviço prestado às populações rurais. IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS O princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios diz respeito apenas ao valor dos benefícios, não se referindo aos serviços. Dessa forma, o valor pecuniário dos Benefícios que foram legalmente concedidos não podem ser reduzidos. Vale dizer que, o princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios é aplicado tanto para os benefícios da Assistência Social quanto para os benefícios da Previdência Social. Deve-se tomar cuidado com questões sobre o princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios em provas de concurso, visto que esse assunto possui dois posicionamentos diferentes. Quando a questão fizer referência à jurisprudência do STF, indica que esse princípio está relacionado com o valor nominal. Já quando a questão não fizer referência à jurisprudência do STF, considera-se que o objetivo é preservar o valor aquisitivo, isto é, o valor real. CF/1988, Art. 201, 4º (...) Art A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional Nº. 20, de 1998) 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. 5
6 Lei Nº /1991, Arts. 2º e 41-A (...) Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: (...) V irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo; Art. 41-A. O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Regulamento da Previdência Social, Art. 1º, Único, Inciso IV (...) Art. 1º A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. A seguridade social obedecerá aos seguintes princípios e diretrizes: (...) IV irredutibilidade do valor dos benefícios, de forma a preservar-lhe o poder aquisitivo; 6
7 INSS (Superação) Direito Previdenciário Prof. Hugo Goes 7
8 QUESTÕES: 8
9 INSS (Superação) Direito Previdenciário Prof. Hugo Goes EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO Equidade na Forma de Participação no Custeio significa que as contribuições sociais para financiar a seguridade social devem ser cobradas de acordo com a capacidade econômica. Assim, as pessoas com capacidade econômica maior terão base de cálculo e alíquotas maiores do que as pessoas com capacidade econômica menor. No Artigo 20 da Lei Nº /1991, percebe-se que a contribuição previdenciária do empregado possui alíquotas progressivas que obedecem a capacidade econômica, ou seja, a alíquota aumenta à medida que a base de cálculo aumenta. No Artigo 22 da referida lei, observa-se que a contribuição previdenciária a cargo da empresa chega a 20% do total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, e somase a isso o RAT (Risco Ambiental do Trabalho) que pode ser de mais 1%, 2% ou 3%, dependendo do risco de acidente do trabalho, e ainda multiplica-se a isso o FAP (Fator Acidentário de Prevenção). Esse tema será dado pelo outro professor! As instituições financeiras pagam mais 2,5% sobre a base de cálculo, ou seja, pagam 22,5%. Lei Nº /1991, Art. 22, 1º (...) 1º No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo. A contribuição previdenciária do Microempreendedor Individual (MEI) é de 3% sobre o saláriode-contribuição do empregado que lhe presta serviço. Contribuição da Empresa (LC Nº. 123/2006, Art. 18-C, 1º, III) Contribuição patronal do Microempreendedor Individual MEI Base de Cálculo Seguridade social Alíquota RAT Salário-de-contribuição do empregado que lhe presta serviço. 3% X 9
10 LC Nº. 123/2006, Art. 18-C, 1º, Incisos I, II e III ( ) Art. 18-C. Observado o disposto no art. 18-A, e seus parágrafos, desta Lei Complementar, poderá se enquadrar como MEI o empresário individual que possua um único empregado que receba exclusivamente 1 (um) salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional. 1º Na hipótese referida no caput, o MEI: I deverá reter e recolher a contribuição previdenciária relativa ao segurado a seu serviço na forma da lei, observados prazo e condições estabelecidos pelo CGSN; II é obrigado a prestar informações relativas ao segurado a seu serviço, na forma estabelecida pelo CGSN; e III está sujeito ao recolhimento da contribuição de que trata o inciso VI do caput do art. 13, calculada à alíquota de 3% (três por cento) sobre o salário de contribuição previsto no caput, na forma e prazos estabelecidos pelo CGSN. As Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP) optantes pelo Simples Nacional não são isentas de contribuição para a Seguridade Social. A ME e a EPP não pagam contribuições segundo o art. 22 da Lei 8.212/1991. A ME e a EPP podem pagar as contribuições previdenciárias como optantes do Simples Nacional, que reúne oito tributos (Imposto de Renda IR; Imposto sobre Produtos Industrializados IPI; Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS; Imposto sobre Serviços ISS; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; Contribuição para o Programa de Integração Social PIS e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público Pasep; e Contribuição Previdenciária). DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO Nas constituições anteriores, tinha-se a tríplice forma de custeio da previdência, em que as contribuições eram provenientes dos trabalhadores, dos empregadores e do Estado. Na atual constituição, Constituição Federal de 1988, não existe mais a tríplice forma de custeio da previdência. A CF de 1988 tem diversas fontes de financiamento, de receitas ou de custeios para financiar a seguridade social. Pelo Artigo 195 da CF/1988, nota-se que a seguridade social será financiada por toda a sociedade de duas formas: Direta e Indireta. 10
11 INSS (Superação) Direito Previdenciário Prof. Hugo Goes CF/1988, Art. 195 (...) Art A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III sobre a receita de concursos de prognósticos. IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (...) 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. As contribuições sociais previstas nos incisos I, II, III e IV do Artigo 195 da CF/1988 podem ser criadas por Lei Ordinária ou por Medida Provisória. Já outras fontes de custeio da seguridade social só podem ser instituídas mediante Lei Complementar. Essa competência residual de criar outros impostos além daqueles previstos na CF é permitido somente à União por meio de Lei Complementar (CF/1988, Art. 154, I). 11
12 CF/1988, Art. 154, I (...) Art A União poderá instituir: I mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; Para aprovar uma Lei Ordinária, precisa-se de maioria simples na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Sendo que, por exemplo, a maioria simples corresponde a maioria dos deputados ou senadores presentes na sessão. Já para aprovar uma Lei Complementar, necessita-se de maioria absoluta. Sendo que, exemplificando, a maioria absoluta dá-se pela maioria dos 513 deputados federais ou dos 81 senadores que compõem a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, respectivamente. CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA ADMINISTRAÇÃO, MEDIANTE GESTÃO QUADRIPARTITE, COM PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES, DOS EMPREGADORES, DOS APOSENTADOS E DO GOVERNO NOS ÓRGÃOS COLEGIADOS Nas provas, o examinador geralmente troca as palavras democrático, descentralizado e quadripartite por outras palavras semelhantes para confundir o concurseiro. Cuidado com isso! Esse princípio significa que a sociedade vai participar da administração da seguridade social, visto que alguns representantes da sociedade participarão dos órgãos colegiados, ou seja, participarão dos Conselhos (Conselho Nacional da Previdência Social, Conselho Nacional da Assistência Social, Conselho Nacional da Saúde). As quatro partes que representam a sociedade nessa administração, são: trabalhadores; empregadores; aposentados; e governo. O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que possui 15 membros, exemplifica o modelo desse princípio: 12
13 INSS (Superação) Direito Previdenciário Prof. Hugo Goes Lei Nº /1991, Art. 3º (...) Art. 3º Fica instituído o Conselho Nacional de Previdência Social CNPS, órgão superior de deliberação colegiada, que terá como membros: I seis representantes do Governo Federal; II nove representantes da sociedade civil, sendo: a) três representantes dos aposentados e pensionistas; b) três representantes dos trabalhadores em atividade; c) três representantes dos empregadores. 13
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