1. Desenho artístico e técnico
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- Ilda Canto Clementino
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1 1. Desenho artístico e técnico O desenho artístico possibilita uma ampla liberdade de figuração e apreciável subjetividade na representação. Dois artistas ao tratarem o mesmo tema transmitem, a quem observa os desenhos, emoções ou impressões bem diferentes sobre os desenhos. O desenho técnico destina-se à representação rigorosa de objetos ou de espaços, sendo muito utilizado nas mais diversas áreas, nomeadamente na arquitetura, na engenharia e no design. Para uma melhor compreensão dos objetos e dos espaços representados, os técnicos recorrem a diferentes tipos de desenho rigoroso, tais como: plantas, perspetivas, alçados e cortes. No desenho técnico, cada objeto tem sempre o mesmo rigor, mesmo quando efetuado por pessoas diferentes. Atualmente, as normas eliminaram todas as interpretações subjetivas, beneficiando a clareza e a rapidez de execução. A construção de um navio está ligada ao desenho técnico; e a sua qualidade depende do pormenor e do rigor do desenho de cada uma das suas inúmeras peças; critérios semelhantes estão ligados à construção de todos os bens materiais que nos rodeiam, quer sejam de natureza mecânica, elétrica, civil ou outra. Independentemente do campo técnico em que se utilizam, os desenhos classificam-se de formas diferentes consoante o seu objetivo. Existem principalmente dois grupos distintos de desenhos: desenhos de conceção e desenhos de execução. O desenho de conceção não é rigoroso e é mais ou menos incompleto, mas traduz uma forma de resolver o problema e deve corresponder à solução mais vantajosa, e toma nomes diferentes consoante a fase de evolução em que se encontre: esboço, anteprojeto e projeto. O desenho em esboço não é pormenorizado e tem fraco rigor, mas comporta informações aproximadas do estado final do objeto. O anteprojeto é pormenorizado e tem algum rigor, pelo menos, em relação aos seus elementos essenciais e é com base nele que se estabelecem acordos definitivos. Por fim, o projeto define completamente todos os seus elementos, bem como as relações mútuas entre eles. 1
2 2 O desenho de execução ou de fabricação contém todas as informações necessárias à execução do objeto desenhado, segundo a técnica de construção adotada. O desenho de execução pode ser de vários tipos: esquemas, desenho de pormenor e desenho de conjunto. Os esquemas são desenhos destinados a esclarecer determinada função ou aspeto do conjunto. Os desenhos de pormenor representam separadamente os elementos do conjunto e subordinam-se às imposições do projeto. Os de conjunto representam todos os elementos do conjunto agrupados na posição de utilização. Por sua vez, os desenhos de execução, quer sejam de conjunto ou pormenor, podem classificar-se em desenhos de operação, de montagem ou de verificação. Os desenhos de operação são estabelecidos para dar apoio a certas fases do fabrico, os de montagem dão indicação sobre o modo de montar as peças e os desenhos de verificação fornecem indicações para verificar certas características. Em certas aplicações, existem ainda desenhos de definição para estabelecer exigências funcionais a que os objetos desenhados devem obedecer. Os desenhos de definição podem classificar-se em desenhos funcionais e desenhos de produto acabado, conforme definam condições necessárias ao bom funcionamento do objeto ou exigências a que o fabrico deve respeitar. 2. Material de desenho Material existente no mercado para elaboração do desenho técnico: papel; lápis, porta-minas; réguas graduadas; réguas em T, esquadros e escantilhões. O papel é o suporte para o desenho rigoroso sendo opaco se forem utilizados lápis ou minas. Com gramagens diferentes e com vários formatos A, B, C, o formato de papel mais utlizado é o formato A nas suas várias versões. O formato mais pequeno é o A6 e o maior é o A0, representados na figura seguinte.
3 Para o correto arquivo dos desenhos estes devem ser dobrados obedecendo a regras, estabelecidas na norma NP-49, de modo a que depois de dobrado este tenha as dimensões de um A4, ficando a legenda no frontispício do desenho dobrado e perfeitamente visível. Na figura abaixo são apresentadas as medidas e as dobras para arquivar um A3 e um A2, numa pasta A4. Dobragem A3 Dobragem A2 3 As margens e as esquadrias permitem um melhor enquadramento do desenho na folha utilizado e espaço para uma correta furação, conforme se observa na figura abaixo. Por fim temos a legenda que resulta da necessidade de apresentar um conjunto de informações relevantes para a interpretação do desenho e sua identificação. Podemos encontrar na legenda a identificação do objeto desenhado, a identificação dos intervenientes no desenho, a identificação do detentor dos direitos do objeto desenhado, a escala, a data de realização e as alterações e versões efetuadas no desenho.
4 4 Os lápis e minas, riscadores de grafite, têm diferentes graus de dureza e identificam-se com os números 3, 2 e 1 para os lápis, ao que correspondem para as minas com as letras H, HB, B, sendo o lápis nº 1 o de menor dureza. As regras graduadas são instrumentos que permitem medir e marcar comprimentos. Por isso a perfeição com que são construídas e o modo como se utilizam condicionam grandemente o rigor do desenho. As réguas graduadas, utilizadas em desenho técnico, podem ter vários comprimentos, geralmente entre 30 cm e 1 m, e são graduadas em milímetros ou em meios milímetros. As réguas em T são constituídas por duas partes ligadas entre si na perpendicular, a cabeça e a régua propriamente dita. Estas duas partes podem estar ligadas rigidamente entre si ou por meio de um parafuso e porca de orelhas, permitindo variar o ângulo. Os esquadros facilitam o traçado das linhas, formando entre si ângulos de 60, 45 e 30. Os escantilhões permitem o traçado de curvas, representado na figura ao lado, letras, algarismos e para fins especiais, que se destinam a facilitar o desenho de símbolos que se utilizam com frequência nos ramos técnicos. No caso particular da eletricidade, utilizam-se escantilhões com símbolos de instalações elétricas, telecomunicações, alta tensão, etc. 3. Sistemas CAD Com o avanço da tecnologia, hardware e software, o desenho técnico passou a ser elaborado em computadores pessoais com a utilização de programas sofisticados que permitem a elaboração de desenho em duas ou três dimensões. Os equipamentos necessários para elaboração de um desenho técnico computorizado e sua finalização, impressão em 2D ou 3D, são os seguintes: computador pessoal com as características mínimas mencionadas pelo fabricante
5 do programa de CAD, monitor, rato e mesa digitalizadora, todos de alta resolução, e impressora consoante a apresentação desejada para o desenho técnico: impressora de grande formato de jato de tinta, impressora de corte de vinil, impressora 3D, impressora têxtil, etc. 4. Normalização Com a normalização pretende-se definir, unificar e simplificar tanto os produtos acabados, como os elementos que se empregam para os produzir, por exemplo a maquinaria, através do estabelecimento de documentos chamados normas. Os tipos de normas mais usuais são: NP (Norma Portuguesa), ISO (Organização Internacional de Normalização) e EN (Norma Europeia). Algumas das normas utilizadas no desenho técnico: NP-9:1960 Escrita dos números NP-48:1968 Formatos NP-49:1968 Desenho técnico. Modo de dobrar folhas de desenho NP-62:1961 Desenho técnico. Linhas e sua utilização NP-89:1963 Desenho técnico. Letras e algarismos NP-167:1966 Desenho técnico. Figuração de materiais em corte NP-204:1968 Desenho técnico. Legendas NP 205:1970 Desenho técnico. Listas de peças 5. Linhas e letras 5.1. Letras e algarismos O texto a inserir nas legendas, os comentários ou as cotas (dimensões) devem ser executados com letra normalizada. A norma NP-89 estabelece regras de uniformidade nas dimensões, proporções, inclinação e disposição das carateres, pretendendo obter um desenho agradável e de fácil leitura, estabelecendo dois tipos de letra a redonda ou vertical e a cursiva ou inclinada. 5
6 Linhas No traçado a lápis será difícil definir a espessura exata por tipo de linha, devendo impor-se distinta pressão sobre o lápis podendo mesmo utilizar-se distinta dureza de minas a fim de obter um resultado mais correto. O desenho técnico utiliza vários tipos de linhas atribuindo-lhes diferentes significados, fáceis de interpretar pela leitura do desenho.
7 7 6. Figuras geométricas 6.1. Geometria da linha A reta é uma linha infinita, sempre com a mesma direção, não tendo esta nem princípio nem fim. A semirreta é uma linha reta que parte de um ponto, tem princípio mas não tem fim. E o segmento de reta é uma porção de linha reta, definida por dois pontos, tendo um princípio e um fim Posição da reta no espaço A reta pode tomar três posições em relação à sua posição no espaço: horizontal, vertical e oblíqua Relação entre retas Chamam-se paralelas a duas retas que mantêm sempre a mesma distância entre si, por mais que as prolonguem nunca se encontram. Concorrentes são duas retas que se cruzam num único ponto, o ponto de interseção. Retas perpendiculares são aquelas que formam entre si quatro ângulos retos Ângulos Um ângulo é uma porção de superfície plana, existente entre duas linhas semirretas, os lados do ângulo, que se intersetam num ponto comum, o vértice do ângulo. A unidade de medida de amplitude do ângulo é o grau. Para a medição da abertura de um ângulo é utilizado o transferidor.
8 Classificação de ângulos Agudo Reto Obtuso Bissetriz A bissetriz de um ângulo é uma semirreta que divide um ângulo em duas partes iguais. 6.6.Triângulo O Triângulo é o polígono com o menor número de lados, três, e a soma dos seus ângulos internos é igual a 180. Qualquer lado de um triângulo pode ser considerado como sendo a sua base, ou seja, a base de um triângulo. O vértice de um triângulo é considerado o ângulo oposto à base do triângulo, e a sua altura é a medida na perpendicular baixada do vértice sobre a base do triângulo, ou sobre o prolongamento da linha de base. Os triângulos classificam-se quanto aos ângulos e quanto aos lados. Os triângulos quanto aos lados classificam-se em equiláteros quando os seus lados são todos iguais, isósceles quando o triângulo tem dois lados iguais e um diferente e escaleno quando tem os seus lados todos diferentes. Equilátero Isósceles Escaleno Quanto aos ângulos a classificação dos triângulos é a seguinte: Acutângulo: todos os ângulos são agudos (< 90 ); Retângulo: o triângulo tem um ângulo reto (= 90 ); Obtusângulo: quando tem um ângulo obtuso (> 90 ).
9 Acutângulo Retângulo Obtusângulo Circunferência Uma circunferência é uma linha curva plana, fechada, que tem todos os seus pontos à mesma distância de um ponto interior chamado centro. A um qualquer segmento de reta que une dois pontos da circunferência, passando pelo centro, chama-se diâmetro. Raio, metade do diâmetro, é um segmento de reta que une o centro a qualquer ponto da circunferência. Corda é um segmento de reta que une quaisquer dois pontos da circunferência, sem intercetar o centro. Tangente é uma reta ou segmento de reta que toca uma circunferência num só ponto, e a secante intercepta uma circunferência em dois pontos distintos. O círculo é uma porção de plano limitado pela linha de uma circunferência.
10 7. Concordâncias 10 Linhas concordantes são aquelas que resultam da junção de linhas curvas ou retas, desenhadas de forma a não ser percetível a passagem de umas para as outras. Bibliografia cotagem.htm#61 DTC_Aula_19 - Cotagem_basica, em formato PDF Desenho Técnico, Unidade 7 Desenho Técnico, Curso de Engenharia Civil, Autores: Luísa Gonçalves; Nuno Norte Pinto, Docentes: Helena Bártolo, Nuno Norte Pinto Desenhos de Esquemas Eléctricos, Silva, F. e Roseira, A., Edição dos Autores, Porto, 2ª edição, 1981 Desenho Técnico, Cunha, Luís Veiga da, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 4ª edição, 1980
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