Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Educação Física e Desportos
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1 Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Educação Física e Desportos A REABILITAÇÃO FÍSICA E O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA Ramón F. Alonso López* (Cuba) - Marisete Peralta Safons** (Brasil) * Professor Visitante. Faculdade de Educação Física. Universidade de Brasília. ** Faculdade de Educação Física. Universidade de Brasília. Resumo Este trabalho discute sobre o papel do Professor de educação física dentro do Sistema de Saúde em geral e particularmente na área da reabilitação física e sua contribuição e importância no trabalho multidisciplinar. O professor dada sua formação e perfil social, é indiscutivelmente o especialista da atividade física ou exercício físico; da mesma forma que o advogado é especialista em leis, o engenheiro civil em construções, o médico na saúde, etc. O exercício físico na reabilitação é uma necessidade constante, desta forma, utilizar um especialista do mesmo, a partir de um processo de formação para esse perfil como vem ocorrendo em outros países, é uma ação que potencializa em muito a capacidade de trabalho de uma equipe multidisciplinar que trabalha na área da reabilitação. Unitermos: Educação Física. Sistema de Saúde. Reabilitação física. Lecturas: Educación Física y Deportes revista digital Buenos Aires Año 5 - Nº 18 - Febrero 2000 Na Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, celebrada em Paris, em sua 20a. reunião, no dia 21 de novembro de 1978, foi proclamada a "CARTA INTERNACIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO DESPORTO", onde em seu artigo primeiro destaca que "a prática da Educação Física e do Desporto é um direito fundamental para todos" e em seu inciso terceiro assinala que "se deverão oferecer oportunidades especiais aos jovens em idade pré-escolar, e as pessoas de idade avançada e aos deficientes, a fim de fazer possível o desenvolvimento integral de sua personalidade graças aos programas de Educação física e Desporto adaptados as suas necessidades". Mais adiante, na Assembléia Geral do X Congresso Panamericano de Educaçã ofísica, realizado em Havana de 6 a 12 Julho de 1986, em seu artigo segundo destaca que: "Organizar os trabalhos dos congressos a partir de um tratamento especializado aos problemas fundamentais do Continente e a nossos interesses que podem sintetizar-se nas seguintes linhas de ação": "Atenção as pessoas com impedimentos e a aplicação de planos especializados de ginástica terapêutica e aspectos biomédicos da Educação física".
2 Esta, entre outras, foram as linhas pleiteadas neste evento. Um dos objetivos e preocupações do Ministério da Saúde, é a forma de reincorporar à sociedade o paciente depois de uma enfermidade, com uma ótima capacidade de trabalho tanto física como mentalmente. Devido a isto, existem as sociedades ou grupos de trabalho médico em diferentes especialidades: Ortopedia, Neurologia, Cardiologia, Endocrinologia, etc; e quando a enfermidade tem incidência muito grande dentro de um país, se criam grupos de estudos da mesma: Asma, Diabetes, etc. Logicamente estas sociedades e grupos tem entre suas funções a parte de reabilitação do enfermo, onde a presença de um especialista em exercício físico é fundamental; tal como acontece em muitos países. Este tipo de atividade física, deverá ser realizada na forma de classe (educação física terapêutica), a fim de obter uma motivação total e o Professor de educação física é quem dirige a mesma em coordenação direta com o Médico, o qual terá a responsabilidade de determinar, indicar, suprimir, controlar e avaliar o efeito do exercício físico de acordo com o processo de recuperação ou reabilitação do enfermo. Atualmente, a participação do Professor de educação física em equipe multidisciplinar de reabilitação é um fato normal, cotidiano e imprescindível em muitos países, tanto desenvolvidos como não desenvolvidos. Os mesmos são utilizados em institutos de medicina especializados em determinado sistema humano (cardiologia, angiologia, endocrinologia, neurologia, etc), hospitais em geral, centros de reabilitação, clinicas de emagrecimento, centros comunitários de reabilitação, trabalho com a terceira idade, escolas de educação especial, etc; onde este profissional já possui em amplo campo de ação. Percebe-se então, que o professor de educação física, tem atribuições maiores que somente treinar uma equipe desportiva, ou dar aulas de educação física na área escolar, mas que também é capaz por formação acadêmica, de compartilhar com o médico o tratamento de uma enfermidade. Desta forma ficam bem delimitados os campos de trabalho e responsabilidades; enquanto que o profissional das Ciências Médicas ou Saúde, conhece e determina se o paciente pode receber este tipo de tratamento (exercício físico); o profissional da atividade física planifica e dosifica o exercício que o enfermo vai executar, a partir das indicações médicas. Com o objetivo de ampliar as potencialidades do profissional da atividade física no trabalho de reabilitação por exercícios físicos, vem se desenvolvendo um projeto de educação física Terapêutica na Faculdade de educação física da Universidade de Brasília, tanto a nível de graduação como pós-graduação o qual prepara os futuros profissionais da área, para ministrar classes de educação física atendendo aos diversos tipos de enfermidades que se apresente. Atualmente, em fase de implantação deste projeto, as enfermidades estudadas tem sido: 1.. Ortopédicas (deformidades, fraturas e algias vertebrais).
3 2.. Reumatismo (artroses e artriti). 3.. Cardiológicas (isquêmicas e hipertensão arterial). 4.. Respiratórias (asma, bronquite crônica e efisema). 5.. Endocrinas (diabetes mellitus e obesidade). 6.. Angiológicas (arteriales, venosas e linfáticas). 7.. Nervosa (epilepsia). 8.. Geriátricas (terceira idade). Importante destacar, que isto é só um início, pois a literatura reconhece que as possibilidades de utilização do exercício físico como processo de recuperação ou compensação existem em mais de 70 enfermidades. Entende-se portanto, a necessidade de formar um profissional de educação física, com um sentido amplo e claro da importância de seu trabalho na sociedade. A alguns tempos atrás, não existia um médico que não reconhecesse o efeito benéfico do exercício físico em determinadas doenças; sem dúvida, hoje, possivelmente devido ao desenvolvimento tecnológico e farmacéutico, é difícil encontrar um médico que receite dentro do tratamento medicamentoso o exercício físico. Nossa experiência tem demostrado que integrar o profissional da atividade física (professor de educação física) a equipe médica ou de saúde de qualquer comunidade, hospital, etc; eleva as potencialidades do trabalho em equipe a niveis incríveis. E devido a isso, existem países que na carreira de Medicina, se estudam conhecimentos sobre o efeito do exercício físico tanto para as pessoas enfermas como para sadias; a fim de obter a integração de ambos profissionais. E estes conhecimentos são transmitidos aos estudantes de medicina por profissionais do exercício físico, devido o seu nível de preparação sobre este tema. Todo o trabalho que é realizado em equipe, tem definidas as responsabilidades de cada um. Responsabilidades médicas: 1.. Encaminhar, ou não o paciente a um programa de exercícios físicos. 2.. Manter ou retirar, pelo tempo que convenha, a participação de uma pessoa que se encontra incorporada aos exercícios físicos sistemáticos.
4 3.. Discutir com o profissional da área da educação física sobre a carga e forma que deve ser conduzido o programa de exercícios físicos. 4.. Informar ao profissional da educação física sobre o estado de saúde (enfermidade que padece e grau de afeção da mesma) e o nível de capacidade de trabalho que possui a pessoa que vai submeter-se a um programa de exercícios físicos sistemáticos. 5.. Controlar clinicamente o trabalho do profissional de educação física mediante a aplicação de provas funcionais cardiovasculares ou de qualquer outro sistema do organismo, que sejam de caráter simples e que exijam pouca estrutura física e material. Desta forma, o Médico pode controlar e avaliar o trabalho do profissional de educação física, da mesma forma como é feito em toda a equipe multidisciplinar, utilizando métodos biomédicos e cientificamente fundamentados. O profissional de educação física tem as seguintes funções: 1.. Selecionar os exercícios que deverá realizar cada paciente. 2.. Determinar a carga física (volume-quantidade e intensidade-ritmo) dos exercícios selecionados. 3.. Informar ao médico do comportamento físico e motor do paciente. O Professor de educação física é um dos profissionais com maior responsabilidade para o próximo século; e isto fundamenta-se no seguinte: 1.. O professor de educação física, é o especialista do exercício físico; entenda-se como exercício físico o "movimento humano planejado e dosificado a partir de leis pedagógicas para influenciar o repercutir positivamente nas leis psico-biológicas do organismo humano, a partir de um controle das mesmas". 2.. O Professor de educação física é um educador do físico (capacidades motoras); aspecto este que tem uma grande influência na saúde da mesma; para tanto é um Promotor da Saúde do Povo. 3.. É um dos profissionais com maior responsabilidade sobre a qualidade de vida das pessoas. 4.. É o profissional que trabalha com pessoas saudáveis mas tem a função de detectar qualquer tipo de desviação da saúde. Por exemplo, no caso da postura; dado que nas classes de educação física os participantes possuem pouca quantidade de roupa, se facilita a observação da mesma. O professor de educação física de fato já é parte da equipe médica, já que é a primeira linha de saúde da sociedade; e tem a responsabilidade de indicar as pessoas a necessidade de assistir ao médico.
5 5.. Tem a responsabilidade de participar, se o médico assim o determinar, com exercícios físico na reabilitação das pessoas enfermas. Bibliografía a.. ALONSO, R. (1998) Actividad Física y Salud en la Educación Física Escolar. IV Simposio de Educación Física Escolar y Deporte de Alto Rendimiento. Canaria. España. b.. ALONSO, R. (1998) Actividad Física, Salud y Medio Ambiente. IV Simposio de Educación Física Escolar y Deporte de Alto Rendimiento. Canaria. España. c.. ALONSO, R. Y L. GARCIA. (1990) Cultura Física Terapéutica. (Guías y Contenidos de Estudio). I.S.C.F. La Habana-Cuba. Tomo I-II. d.. AQUINO, J. (1981) Envejecimiento Diferencial. Cuaderno Gerontología y Geriatría. e.. Carta Internacional de la Educación Física y el Deporte. (1978) UNESCO. París. f.. COLECTIVO DE AUTORES (1997) Teorías sobre el envejecimiento. Centro Iberoamericano de la Tercera Edad. Hosp. Calixto García. La Habana. g.. DEDVESA, G. (1985) Algunos aspectos biológicos del envejecimiento. Revista de Medicina General Integral. Vol 1. No. 3. h.. LAPTIEV, A. Y A MINJ. (1988) Higiene de la Cultura Física y el Deporte. Ed. Pueblo y Educación. La Habana. i.. MAZORRA, R. (1986) Para tu salud corre o camina. Instituto de Medicina Deportiva. La Habana. j.. Memorias del X Congreso Panamericano de Educación Física. INDER. Habana. k.. PETROVICH, I. (1985) Experiencia con los grupos de Salud. I.S.C.F. La Habana. l.. POPOV, S. (1988) Cultura Física Terapéutica. Ed. Pueblo y Educación. La Habana. m.. RODRIGUEZ, D. (1987) El ejercicio físico en individuos de edad avanzada. Uruguay. Leonardo Mataruna, B.Sc. <mataruna@ruralrj.com.br> Escola de Educação Física e Desportos Universidade Federal do Rio de Janeiro
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