Relatório da participação na Conferência Europa-África, que futuro comum
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- Martín Aveiro Chaves
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1 Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento Relatório da participação na Conferência Europa-África, que futuro comum 12 de março de 2014, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa Telf.: geral@atuar-acd.org URL:
2 Decorreu no passado dia 12 de março, entre as 9.30 e as 18 horas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a conferência Europa-África, que futuro comum. A poucas semanas da 4ª Cimeira EU-África (2 e 3 de abril, em Bruxelas), organizações da Sociedade Civil portuguesa organizaram uma conferência sobre a Estratégia Conjunta Europa-África com o objetivo de informar e influenciar a opinião pública e os decisores políticos e contribuir para aprofundar a relação de colaboração entre as Organizações da Sociedade Civil no contexto da relação Europa/África. Promovida pela ACEP, Amnistia Internacional Portugal, CESA, CGTP-IN, CNJ, CPR, EAPN, FCG, Plataforma para os Direitos das Mulheres, Plataforma das ONGD, UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) e UGT, este encontro contou com a presença de representantes do Camoões I.P. e de Sérgio Sousa Pinto, Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República. A parte da manhã contou com quatro oradores estrangeiros: Maurice Engéléguélé, do African Govenance Institute e Martha Martinelli, do Open Society Institute, que falaram do ponto de situação da evolução da parceria estratégica; e Gérard Karlshausen, da CONCORD e Arthur Gwagwa, do Fórum das ONG de Direitos Humanos do Zimbabué em Inglaterra, que falaram acerca das perspetivas e futuro para a parceria estratégica. Na parte da tarde reuniram-se grupos de trabalho para discussão dos temas propostos pela organização: 1) Paz, Participação política, Direitos Humanos e Governação; 2) Desigualdade, Pobreza e Injustiça Social; 3) Coerência das políticas (Cooperação para o desenvolvimento, Migrações, Comércio Internacional e Investimento). A ACTUAR esteve representada no Grupo 1, moderado por Joana Gomes Cardoso, da AIP, onde estiveram também todos os oradores da manhã, à exceção de Gérard Karlhausen, representantes do Camões I.P., UCCLA, CNJ, Plataforma para os Direitos das Mulheres, CESA e ACEP. Este foi um grupo bastante participativo, em que se discutiu a diminuição da participação da sociedade civil, e o facto de a cooperação Europa-África ser essencialmente virada para os acordos comerciais. Os participantes estrangeiros falaram da ideia que existe de Portugal ser um país tão economicamente dependente de Angola, que se torna cúmplice na corrupção e na violação dos Direitos Humanos. Foi dito tabém que a estratégia conjunta Europa-África deve ser um espaço para a reflexão sobre a fragilidade de alguns pontos em ambos os continentes e de aprendizagem conjunta, pois a Europa tem muito a aprender com África em termos dos processos de participação de base local. Foram discutidas quais deveriam ser as condições para a participação da sociedade civil, a questão da falta de vontade política para esta participação, e a importância da sociedade civil estar presente numa fase prévia, antes de toda a máquina estar montada. Todos consideraram essencial a participação de toda a sociedade civil na elaboração das políticas, incluindo sindicatos, confederações, setor privado, etc.
3 Foram colocadas algumas preocupações acerca da efetiva participação dos interessados com menor visibilidade. A representante da UCCLA abordou a questão da fome que continua a ser um dos grandes problemas no continente africano, e necessidade de a sociedade civil da CPLP se unir na defesa dos direitos dos seus povos. A representante da ACTUAR aproveitou para partilhar o êxito na elaboração conjunta entre Governos e Sociedade Civil da Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP, e no espaço conquistado pela S.C. na participação no CONSAN. Falou ainda da boa participação das pequenas organizações de base nas decisões, através das redes nacionais estabelecidas e congregadas em redes e plataformas regionais (REDSAN-CPLP e PC-CPLP). Grupo 1 As conclusões/recomendações dos grupos de trabalho foram apresentadas em plenário no final da tarde. Grupo 1) Portugal deve exigir que a Sociedade Civil se mantenha como um stakeholder pleno na Parceria estratégica e que sejam garantidos recursos para a sua particpação efetiva; A sociedade civil deve estar presente não apenas nas situações de pós-conflito ou em processos eleitorais, mas também nas fases de prevenção de conflitos e em mecanismos reais de participação política; Deve haver um maior investimento na capacitação e educação dos jovens, incluindo a participação nas tomadas de decisão. Grupo 2) Os compromissos sociais devem estar ao mesmo nível dos compromissos económicos;
4 As ONGDs devem ter um papel privilegiado, junto com os governos, na elaboração de políticas. Deve também existir maisor visibilidade e disseminação dos trabalhos das ONGDs; A Sociedade Civil deve agir como zeladora dos compromissos assumidos; Deve ser elaborada um estratégia Europeia/Africana de combate à pobreza; Deve ser criado um observatório da pobreza, desigualdade e injustiça social. Grupo 3) Só tiveram tempo para discutir a coerência das políticas europeias na área do comércio. Prioridade às políticas nacionais e não da PAC; O comércio é o instrumento preferido pela UE para a cooperação europeia; A cooperação deve passar a ser uma relação biunívoca e ambos os lados devem beneficiar dela; Mesmo em tempos de crise, é preciso continuar a defender os direitos humanos; As remessas das diásporas são muito importantes para as economias nacionais; Há excesso de fuga de cérebros africanos que usufruiram de bolsas de estudo na Europa; Grupo 3 No encerramento, Paula Lopes, do Camões I.P., fez um breve sumário da evolução da estratégia desde a 1ª cimeria Europa África, realizado no Cairo em 2000 e informou que se encontraem fase de discussão o documento que irá definir as áreas prioritárias para a implementação da estratégia. Aproveitou para enaltecer o empenho das ONGs e do setor privado nestas questões e o apoio nacional dado às ONGs pelo IPAD, atualmente Camões,
5 I.P. Referiu ainda que irá haver, no ISCTE, no próximo dia 29 de abril, uma Conferência UE/África. Sérgio Sousa Pinto, Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República, falou da necessidade de diversificar as propostas para a cooperação. Referiu ainda que é necessário cautela quando se pensa em termos de cooperação económica, pois obviamente que cada país tem as suas condicionantes e as doutrinas de livre comércio e de mercados abertos são prejudiciais para os países que não se encontram num patamar mínimo de industrialização. Condenou ainda a colonização ideológica feita a partir de certos centros de decisão. Finalmente, Fátima Proença, da ACEP, leu a proposta dcclaração previamente elaborada pelo comité de redação. Os presentes concordaram com a redação, mas foi dito que era necessário que estivesse mais clara a importância da educação para o desenvolvimento. Devido às condicionantes de tempo e à impossibilidade de corrigir o texto com todos os presentes, o comité de redação (Joana Gomes Cardoso AIP, Fátima Proença - ACEP, e Pedro Krupenki - Plataforma das ONGD), comprometeu-se a incluir todas as conclusões e recomendações na declaração final, que será enviada assim que estiver concluída. Paula Lopes (Camões I.P.), Fátima Proença (ACEP) e Sérgio Sousa Pinto (AR) Élia Henriques, 14/03/2014
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