Maria das Dôres Saraiva de Loreto 1 RESUMO. PALAVRAS-CHAVE: Universidade. Extensão. Competência. 1 INTRODUÇÃO
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- Joaquim Laranjeira Casqueira
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1 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DO CURSO DE ECONOMIA DOMÉSTICA COMO INSTRUMENTO DE INCLUSÃO SOCIAL: UMA REFEXÃO ACERCA DOS PROJETOS DE QUALIFICAÇÂO PROFISSIONAL/INFORMAÇÃO DO DED/UFV Maria das Dôres Saraiva de Loreto 1 RESUMO O presente estudo objetivou compreender e refletir acerca da extensão Universitária do Departamento de Economia Doméstica (DED), da Universidade Federal de Viçosa/MG, como ferramenta de inclusão social. Para tanto, procurou-se, por meio de pesquisa documental, examinar a concepção acerca do que é extensão universitária e da função da Universidade nesse processo, bem como da Economia Doméstica e seu objeto de estudo. Em seguida, através de um estudo de caso, foram analisados os projetos de extensão, no âmbito da qualificação profissional/informação, por meio da análise de conteúdo e das falas de seus executores. Resultados mostraram que o trabalho de extensão possui uma leitura segmentada da família, pautada na ótica do usuárioproblema; não estando centrada no seu cotidiano e no desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, que proporcionem empoderamento. Não é feito uso da pesquisa-ação emancipatória, por meio de atividades interrelacionadas sistemática e autocriticamente. Conclui-se sobre a necessidade de reconstrução da prática, considerando um conhecimento técnico e científico, voltado para soluções dos problemas do dia a dia de indivíduos/famílias, a partir da compreensão de seus contextos e condicionantes. PALAVRAS-CHAVE: Universidade. Extensão. Competência. 1 INTRODUÇÃO As tendências e transformações no mundo do produtivo e laboral, em face à competitividade e reorganização dos sistemas de inovação, reforçam o fortalecimento das economias regional e local, exigindo que as universidades levem em conta seu entorno social, econômico, cultural e político. Ou seja, dentro do enfoque pragmático de autonomia universitária, a estrutura da universidade deverá procurar adequar-se com mais agilidade às demandas e desafios do seu contexto territorial. Em todos os momentos históricos, a Universidade tem se colocado como instituição voltada para o conhecimento, que pode ser visto, tanto como produto acabado, portanto, necessitando apenas ser transmitido e repassado; quanto como processo, requerendo a participação dos sujeitos em sua construção. Desta forma, a compreensão da natureza da Universidade se confirmará na proporção em que diferentes setores da população brasileira usufruam os resultados produzidos pela atividade acadêmica, sendo que isso se dará na medida em que a Universidade passe a ter a cara da sociedade (BOTOMÉ, 1996). 1 Pós-doctor Família e Meio Ambiente, Professora Associada DED/UFV. mdora@ufv.br 1
2 Em outros termos, dentre às exigências da sociedade destaca-se uma efetiva integração entre os processos de ensino-pesquisa-extensão, requisito indispensável para o desenvolvimento da competência profissional; que, segundo Souza (1998), significa: a capacidade para aplicar adequadamente conhecimentos e habilidades para o alcance de determinado resultado em um contexto concreto. Nesse contexto, destaca-se o papel da extensão que, de acordo com o Plano Nacional de Extensão, é vista como a prática acadêmica que interliga a Universidade nas suas atividades de ensino e pesquisa com as demandas da população (SESU/MEC, 1999, p. 1); possibilitando a formação do profissional cidadão e, assim, credenciando-se, cada vez mais, como espaço privilegiado na produção do conhecimento, para superação das desigualdades existentes e maior inclusão social. Ou seja, como prática acadêmica, a extensão deve interagir com a realidade se apropriando do conhecimento popular e das necessidades da sociedade. Esse significado alternativo ao processo de aprendizagem e à produção do saber permite uma aproximação efetiva entre a realidade social e a universidade; fazendo com que a extensão não seja entendida apenas como prestação de serviço pontual e desarticulada de uma proposta pedagógica institucionalizada. Partindo dessa premissa de concepção da extensão universitária, é necessário abandonar a visão de que ensino-pesquisa-extensão se constituem como "tripé" da Universidade, quando caberia ao ensino o repasse do conhecimento, à pesquisa a produção e à extensão a socialização do conhecimento. Entretanto, o conhecimento é o único elemento a ser desenvolvido nos três segmentos e segregá-lo seria uma visão equivocada e reducionista. Não haveria, pois, como falar em indissociabilidade, uma vez que ensino-pesquisaextensão seriam apenas dimensões de uma mesma atividade: a gestão do conhecimento universitário. Portanto, como destaca Botomé (2002), o ensino, a pesquisa e a extensão se articulam e se inter-relacionam, embora seja a partir da Extensão que ocorre a disseminação e interação do conhecimento e a integração entre universidade e comunidade. Nesta perspectiva, visando à transformação de uma dada realidade, o caráter assistencialista e de prestação de serviços ficariam à margem das funções atribuídas à extensão; em contrapartida, a intervenção, ação comunitária e a construção do conhecimento passariam a ter uma conotação mais preponderante na concepção de extensão universitária. Ou seja, a extensão não só passa a ser um eixo de socialização do conhecimento, mas uma possibilidade para que a Universidade cumpra a sua função social e se torne uma ferramenta na busca pela melhoria da qualidade do ensino. 2
3 Nesse contexto, foi estruturado o objetivo geral do trabalho em pauta, que consistiu em examinar a situação e os desafios da extensão universitária do DED/UFV; especificamente, dos seus projetos de extensão em andamento, no ano de 2008/2009, no âmbito da qualificação profissional/informação. 2 REVISÃO DE LITERATURA A revisão de literatura centrou-se em uma revisão bibliográfica acerca da extensão em Economia Doméstica, bem com sobre suas estratégias metodológicas e de ação. 2.1 A extensão na Economia Doméstica Para refletir sobre extensão na Economia Doméstica, considerou-se importante apresentar a concepção sobre seu significado e objeto de estudo. Como bem afirmou Engberg (1993), caso queiramos sobreviver como uma profissão, nunca se deve esquecer que a Economia Doméstica é a única profissão e campo de estudo que é centrada no dia a dia das famílias e no desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, que podem dar suporte ao funcionamento das mesmas, no sentido de que possam se tornar capazes para solucionar seus problemas cotidianos. Tal concepção nos remete à análise do cotidiano, quando é possível conhecer como os problemas sócio-econômicos, políticos, religiosos, educativos, de saúde, de moradia, de relacionamentos e outros atingem as pessoas no seu dia a dia e como as mesmas resistem ou se adaptam. Ou seja, é o momento de considerar a vida humana no nível existencial. É, também, considerar a vida numa ampla rede de relações, que estão marcadas por sua classe social, etnia, sexo, idade, crença; é encontrar as experiências das pessoas, não somente na síntese contida nos discursos, mas também nas variadas formas de o ser humano expressar sua vida; é, inclusive, dar atenção às relações de gênero, especialmente à realidade vivida pelas mulheres, visando à melhoria da qualidade de vida. Outro ponto importante, destacado por Engberg (1993), é que os problemas que os indivíduos/famílias enfrentam em sua vida diária, não são somente técnicos ( como fazer ); envolvem, também, problemas de interpretação, de reflexão, de comunicação e de negociação. Isto implica que o Economista Doméstico deveria, em primeiro lugar: reconhecer as diferentes e dinâmicas formas assumidas pelas unidades familiares; incorporando o paradigma contextual na observação da situação e no reconhecimento dos problemas, valorizando o contexto local, as relações familiares e suas redes sociais. 3
4 De acordo com Giongo (2001), esta perspectiva de redes sociais envolve três categorias articuladas entre si, que são: relação, solidariedade e autonomia. Falar de Relação implica considerar sempre mais de um elemento, ou seja, os membros familiares ligados entre si, vinculados a outros grupos significativos. A realização de intercâmbios entre os indivíduos/famílias e outros sistemas significativos de suas redes sociais, por sua vez, está associada à Solidariedade, que significa ver no outro a possibilidade de ser e de congregar, por meio da reciprocidade ou da troca contínua de favores, ou seja, da ajuda mútua. Além disso, espera-se que o trabalho com a família, numa perspectiva de rede, siga um percurso para a autonomia, quando existiria liberdade para que as pessoas elaborassem projetos, visando o próprio desenvolvimento ou empoderamento, palavra derivada do termo em inglês empowerment, que se refere à expansão da liberdade, de escolhas e ações para modificar sua própria vida, o que implica em desenvolvimento de potencialidades, aumento de informações, aprimoramento de percepções, fortalecimento das capacidades e habilidades, maior envolvimento e participação, controle sobre recursos, decisões e estado de inclusão. Essa orientação prático reflexiva, por meio da integração do conhecimento com a ação, na busca de soluções para o empoderamento, exige que o profissional de Economia Doméstica seja capaz de proporcionar uma orientação e uma estrutura (em termos de conhecimento e ação) para que os indivíduos/família possam desenvolver autonomia e senso crítico em suas ações; encorajando-os a que façam escolhas reflexivas para sua autodeterminação, após examinarem normas, ideologias, e alternativas. Este tipo de formação democrática e de participação cívica deve ser repassado aos indivíduos/famílias, para que estas, ao realizarem suas ações, na vida cotidiana (privada e pública), procurem integrar os indivíduos com a vida familiar, bem como com os ambientes circundantes, visando prepara-los para o exercício da cidadania individual e coletiva, dentro de uma visão de desenvolvimento mais humano. Por outro lado, para que os indivíduos, como consumidores, sejam capazes de reivindicar e exercer seus direitos como cidadãos devem estar conscientes do que é melhor para sua vida pessoal (de acordo com suas crenças e valores, sua personalidade, interesses, capacidades, sentimentos e habilidades) e para sua vida familiar, em função de suas necessidades prioritárias, quantidade e tipo de recursos disponíveis, processo de interação e de tomada de decisões, ciclo de vida da unidade familiar e redes sociais, Nessa perspectiva, considera-se que o Curso de Economia Doméstica deveria proporcionar ao estudante, em seu processo formativo, tanto conhecimento geral ou básico, quanto experiências práticas, para que seja capaz de atuar de forma crítica e reflexiva sobre o 4
5 cotidiano dos indivíduos/famílias. Isto implicaria repassar aos alunos uma compreensão crítica e interpretativa da vida cotidiana familiar; integrando, segundo Vaines (1993), três sistemas de ação: técnica; comunicação intra e interfamiliar, em sua contextualidade; além de emancipação, para uma reflexão social sobre o comportamento do indivíduo/familiar. 2.2 METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO Para trabalhar a prática profissional do economista doméstico, que envolve uma conjugação da teoria e prática, isto é, do conhecimento com a ação, considera-se que as ações de extensão deveriam pautar-se na pesquisa-ação. Ou seja, uma estratégia metodológica que envolva uma conjugação da teoria e prática, isto é, do conhecimento com a ação. Essa estratégia não se limita a investigar e desenvolver conhecimento. Ao contrário, ela pressupõe uma abordagem colaborativa para pesquisa, que fornece às pessoas envolvidas os meios para realizarem ações sistemáticas para resolução de problemas (STRINGER, 1999) Como definiu Thiollent (1996, p.14): (...) a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Dentre as vantagens subjacentes a essa abordagem da pesquisa-ação, deriva-se o fato de que a experiência prática, refletida e conceitualizada, tem um grande valor formativo, considerando que o impulso para a formação é o desejo de resolver os problemas encontrados na prática cotidiana. Além disso, o uso da pesquisa-ação possui um grande potencial para estimular reflexões eficazes, pela geração de conhecimentos contextualizados e pelo fato de que as ações se baseiam em observações feitas de dentro da situação. Segundo Elliott (2000), a pesquisa-ação tem como objetivo básico ajudar as pessoas a se visualizarem como agentes e como produtos da história, oferecendo-lhes caminhos para a melhoria da vida social. Assim, está sempre conectada à ação social e por essa razão, incorpora uma dimensão ativista, ou seja, crítica. Além disso, como destacam Fiorentini et al. (2001), a pesquisa-ação é a principal opção à melhoria da prática curricular e à formação de profissionais autônomos e reflexivos, já que se constitui como um elo entre as duas dimensões da práxis profissional, ou seja, a teoria e a prática. No entanto, de acordo com os referidos autores, nem toda proposta de pesquisa-ação pode promover uma prática educativa reflexiva e libertadora. Por essa razão, distinguem três tipos diferentes de pesquisa-ação: a técnica, a prática e a emancipatória. A primeira delas 5
6 ocorre quando os agentes externos do grupo de pesquisa-ação estimulam ao grupo pesquisado a definirem previamente seus problemas de pesquisa e, posteriormente a buscarem as soluções, baseando suas ações em regras pré-estipuladas, havendo um interesse marcado de controle do ambiente de pesquisa. A pesquisa-ação prática, por sua vez, ocorre quando os agentes externos relacionam-se cooperativamente com o grupo, ajudando-o a articular suas próprias preocupações, a planejar a ação estratégica para a mudança, a detectar os problemas e os efeitos das ações e a refletir sobre sua validade e suas conseqüências. O terceiro tipo de pesquisa-ação é a emancipatória, que ocorre quando o grupo pesquisado assume coletivamente a responsabilidade pelo desenvolvimento e pela transformação das ações práticas, considerando-as social e historicamente construídas. Nesse caso, é preciso que o projeto tenha como tema uma prática social suscetível de melhoria e se realize de acordo com espirais de planejamento, ação, observação, reflexão e avaliação ESTRATÉGIAS DE AÇÃO No âmbito da extensão em Economia Doméstica, considera-se que devam ser contempladas as seguintes estratégias de ação: Contextualização e Problematização, Planejamento das Ações de intervenção, Vivência e Reflexão sobre a Realidade Cotidiana, Avaliação das Ações e Replanejamento. Contextualização e Problematização Para o processo de articulação do ensino-pesquisa-extensão é necessário levar em consideração as características dos problemas e demandas da sociedade. Isso exige uma caracterização do território a ser trabalhado (cenários e pessoas), por meio de observações e pesquisa bibliográfica sobre o contexto macroeconômico e as regras institucionais; além de um trabalho de sensibilização, mobilização e de acolhimento dos atores envolvidos, por meio da construção, não só de espaços de informação, mas também de escuta e de participação da população, visando identificar as diferentes visões sobre a temática em questão e, ao mesmo tempo, a construção de sujeitos ativos. 6
7 Planejamento das Ações de intervenção Após a fase de contextualização e problematização, segue o processo de negociação e convergência das diferentes percepções e interesses, objetivando chegar a um consenso ou acordo sobre o Planejamento das Ações de Intervenção, essenciais à resolução dos problemas, por meio de alianças público-privadas. Segundo Ghezan et al. (2005), essa diversidade de relações ou de acordos podem se concretizar por meio de redes de proximidade, mercantis e de cooperação via projetos múltiplos. Essa criação de sinergias, através da interação com atores heterogêneos, a aprendizagem e acumulação de conhecimentos são vistos como os principais aspectos do processo de inovação em redes. Como afirma Rodrigues (2005:01), ter consciência do trabalho em rede é um passo em direção à cidadania inquieta, à possibilidade de escolha entre contribuir mais ativamente para o desenvolvimento da comunidade ou não, entre ter um comportamento responsável ou irresponsável diante da coletividade e da perspectiva das diversas sustentabilidades. Vivência e Reflexão sobre a Realidade Cotidiana Pressupõe-se, também, que o estudante, através da vivência e reflexão sobre a realidade cotidiana, por meio de núcleos interdisciplinares e em grupos temáticos, tenha condições de colocar em prática os aprendizados; dar um novo significado aos conhecimentos já adquiridos, ao viver novas experiências e ter contato com novos valores e formas de pensar e agir, ou mesmo, deparar com suas próprias limitações. Além disso, essa vivência tanto junto aos setores de atendimento aos indivíduos/famílias, quanto nos programas/projetos/ações sociais, permite que a organização e funcionamento da pesquisa científico-tecnológica acompanhem as mudanças significativas inerentes à produção de conhecimento 2, por meio da articulação ciência, tecnologia, mercado e sociedade. Nesse contexto, como bem destaca Hennington (2005), insere-se o princípio da indissociabilidade entre a pesquisa-ensino-extensão, que pode contribuir para a promoção da justiça social, a solidariedade e a cidadania, desde que ocorra uma relação transformadora 2 Baseando-se em SEBRAE (2004:13), entende-se por conhecimento o fluxo misto de experiência, valores e informações contextuais que fornece uma estrutura para avaliar e incorporar novas experiências e informações, tanto no âmbito técnico-produtivo quanto mercadológico. 7
8 entre universidade e sociedade, por meio do confronto da teoria com o mundo real de necessidades e desejos, em situações do dia a dia de diferentes atores sociais. Avaliação das Ações e Replanejamento A avaliação das ações implica tanto na verificação das mudanças nas situações vigentes, em função dos objetivos propostos, quanto do acesso ao conhecimento da equipe e público envolvido. Compreende um meio de problematizar e melhorar sistematicamente a prática, para reorientá-la, a partir da compreensão de seus contextos e condicionantes, replanejando novas ações. 3 METODOLOGIA A pesquisa, de natureza qualitativa, fez uso do estudo de caso, especificamente do grupo de projetos de extensão do DED, que foram enquadrados como inerentes à qualificação profissional e de acesso à informação, sendo estes: Projeto de Extensão Fazendo Arte, que tem como objetivo promover a disseminação do conhecimento dos métodos e técnicas de modelagem, confecção, customização e, ou produção de artesanato têxtil, visando propiciar experiências capazes de estimular competências para atividade produtiva autônoma, seja para consumo e/ou incremento da renda familiar. Organização local, orientação econômica e cooperativismo: Empoderamento e inclusão social de famílias do Programa de Garantia de Renda Mínima, Viçosa/MG, que visa promover ações educativas de aumento da escolaridade, de capacitação e atualização técnica e de geração de emprego e renda, por meio de cooperativas de produção autogeridas, no campo da agricultura familiar, concorrendo para a melhoria da qualidade de vida e o fortalecimento civil das famílias beneficiadas. Projeto Capacitar, do Programa Geração criança, que visa à qualificação e capacitação dos profissionais envolvidos em creches filantrópicas e não-municipais locais. Implementação da unidade interdisciplinar de estudo em desenvolvimento humano: inclusão social do idoso, que objetiva promover ações de atendimento ao idoso na inclusão social, na acessibilidade e na prestação de serviços. Para análise da realidade dos referidos projetos, foi feito uso da análise de conteúdo, cujas etapas, propostas por Minayo (1994), envolveram três fases: leitura flutuante dos 8
9 projetos e publicações no Simpósio de Iniciação Científica (SIC-UFV); identificação das convergências ou divergências das falas dos sujeitos e reflexão acerca da visão de Economia Doméstica e das metodologias de trabalho para a qualificação profissional e acesso à informação. Além disso, procurou-se ouvir os depoimentos da equipe executora dos projetos, apresentados no I Workshop Acessibilidade como instrumento de Inclusão Social, realizado na UFV, em novembro de RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de conteúdo e das falas dos executores dos projetos de extensão do DED, no âmbito da qualificação profissional/informação, permitiu salientar os seguintes aspectos: Existe uma leitura segmentada da questão familiar, pautada na ótica do usuárioproblema ou da situação-problema, o que torna as ações/intervenções limitadas. Considera-se, entretanto, que os processos de atenção aos indivíduos/grupos familiares deveriam colocar a família e não os membros individualmente nos centros de suas propostas; adequando-se à maneira como está composta, a forma como está organizada e aos valores que a sustenta. O processo de trabalho deve se basear numa abordagem da prática dos problemas enfrentados no dia a dia pelas unidades familiares. A visualização a família como um todo dinâmico, torna possível perceber as mudanças, os processos de dissociação e associação, os quais geram novos arranjos necessários para responder às novas demandas de produção, trabalho, consumo, socialização, urbanização, dentre outros. Como enfatiza Mioto (1997, p.123), faz-se (...) preciso deslocar o eixo de atenção/ intervenção do indivíduo para a família e seu contexto social (...). Metodologicamente, a pesquisa-ação não tem sido utilizada como uma estratégia de formação e emancipação, considerando que não tem ocorrido um aprofundamento reflexivo sobre a forma como as ações está sendo estruturada e sua posterior avaliação, transformando a pesquisa-ação em prática, a serviço da racionalidade técnica. No binômio ação-reflexão, como uma estratégia de formação e qualificação profissional, a ação se torna objeto de investigação, subsidiando a produção de conhecimentos sobre si mesma. Essa produção exige uma reflexão teórica sobre a prática e, simultaneamente, uma ressignificação das teorias sobre ela, o que possibilita sua transformação (PIMENTA, 2002). 9
10 5 CONCLUSÃO Conclui-se que as ações de extensão do DED, derivadas do estímulo à produção do conhecimento discente, envolve a reconstrução da prática inovando, questionando e fundamentando- por meio da vivência e reflexão da realidade cotidiana; o que, está na dependência da identidade profissional, enfim, da sua competência. Esta organização da formação a partir de competências implica em um duplo desafio, para efeito da certificação educacional: identificar o referencial de conhecimento e habilidades adequado ao mercado de trabalho, além de fundamentar a realidade da profissão em uma análise de suas práticas concretas. Além disso, a perspectiva de trabalho com as famílias, como um todo dinâmico, exige um trabalho interdisciplinar e em rede de relações particulares e gerais, não só no campo das necessidades, mas também dos direitos, visando o acesso e a inclusão social. REFERÊNCIAS BOTOMÉ, S. P. Pesquisa alienada e ensino alienante: o equívoco da extensão universitária. Petrópolis: Vozes, BOTOMÉ S. P. A extensão universitária: é necessário superar equívocos, identificar exigências, definir prioridades e ampliar perspectivas para a universidade. In: Anais do IX Encontro Nacional de Extensão e Ação Comunitária. Florianópolis, p , ENGBERG, L. Issues of Course Content, Teaching and Research in Home Economics. IN: Seminário Departamento de Economia Doméstica. Viçosa, UFV p. ELLIOTT, J. El cambio educativo desde la investigación-acción, 3ª. Ed., Madrid, Espanha: Ed. Morata, 190p FIORENTINI, D., S. Jr., A. J. e MELO, G. F. A. Saberes docentes: um desafio para acadêmicos e práticos. In: GERALDI, C. M. G., FIORENTINI, D. e PEREIRA, E. M. A. (Orgs.) Cartografias do trabalho docente professor(a)-pesquisador(a), 2ª ed., Campinas, SP: Ed. Mercado das Letras: Associação de Leitura do Brasil ALB, p , GHEZÁN, G.; MATEOS, M.; ACUÑA, A. Redes Público-privadas en el Sistema Agroalimentário Argentino. Estudos Sociedade e Agricultura. V.13, n.1,
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