Edição 24 (Novembro/2013) Cenário Econômico A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO Estamos encerrando o ano de 2013 e, como se prenunciava, a
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- Rafael Monteiro Angelim
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1 Edição 24 (Novembro/2013) Cenário Econômico A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO Estamos encerrando o ano de 2013 e, como se prenunciava, a economia nacional registra um de seus piores momentos dos últimos anos. Praticamente todos os indicadores econômicos estão sinalizando perigo. O PIB, apesar de registrar um crescimento em relação ao 0,9% de 2012, não será maior do que 2% a 2,5%, quando o necessário para o país seria algo entre 6% a 7% anuais. E a expectativa para 2014 é de permanecer nesta faixa, desde que as safras agrícolas de verão se repitam positivas. Nesse contexto, o crescimento industrial nacional talvez alcance 1%. As taxas de investimento e poupança tendem a se consolidar entre 17% e 19% do PIB, contra uma necessidade de 25% se quisermos alavancar um crescimento mais robusto. O nível de emprego, que vinha sendo o ponto mais positivo pelas contas oficiais, termina o ano dando sinais de redução, com aumento do desemprego em muitos setores. A taxa média de desemprego, nos oito primeiros meses do ano, ficava em 5,7%, repetindo a performance de 2012 no mesmo período. Porém, nas capitais nacionais a taxa média alcança os 10%. Com a baixa produtividade da mão de obra, em relação aos custos de produção, as empresas nacionais se veem hoje obrigadas a despedir. A inflação nacional, medida pelo IPCA, deverá terminar o ano entre 5,8% e 6%, praticamente repetindo os 5,8% do ano passado. Dentro da meta estabelecida, porém, longe dos 4,5% que é o centro da meta e que tem sido o percentual buscado pelo atual governo. Com o agravante de que a inflação de outubro (0,57%) foi a mais elevada desde fevereiro passado. A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO (II) Preocupado com a inflação, o governo se viu obrigado a elevar novamente o juro básico. Após iniciar o ano em 7,25%, a Selic caminha para fechar 2013 em 10%, com tendência a continuar se elevando no próximo ano. Isso puxa para cima os juros comerciais, de cartão de crédito, cheque especial, financiamento e outros que, aliás, pouco havia baixado apesar dos esforços oficiais de tentar reduzi-los no grito. Confirmando que na economia não há mágica e a ciência em questão é mais exata do que se imagina. E aumentar juros significa colocar um freio adicional ao difícil crescimento econômico que já estamos vivendo. Na área comercial, o país chega no final da terceira semana de novembro de 2013 com um saldo negativo de US$ 105 milhões no acumulado do ano, contra US$ 17,3 bilhões positivos no mesmo período de Aliás, esse é o pior resultado desde o ano 2000 na área do comércio exterior. Isso impacta nas demais contas públicas. A balança de
2 transações correntes, que inclui o resultado da balança comercial, deverá terminar o ano com um déficit recorde de US$ 70 bilhões, exigindo retirada de reservas para cobrir o rombo que isso gerará na balança de pagamentos. E, por falar em reservas, devido a fatores externos, mas principalmente ao descrédito que o mundo passou a dar às decisões econômicas do atual governo, acusando-o desde o final do ano de 2012 de maquiar os dados da economia, o real enfrentou, a partir de maio passado, uma forte desvalorização. A mesma, em meados do ano, chegou a ultrapassar os 22%. Isso obrigou o governo a comprometer as reservas cambiais, hoje ao redor de US$ 370 bilhões, através de leilões cambiais visando segurar o real em um patamar considerado aceitável (entre R$ 2,15 e R$ 2,25), porém, vem encontrando grandes dificuldades para estabilizá-lo em tais níveis. Ora, um real desvalorizado gera mais inflação pela forte dependência de importações que temos. E o círculo vicioso se fecha!. Fonte: Argemiro Luís Brum/Agrolink Mercados das Commodities: Mercado de Commodities em pura expansão com o preço de quase todas as commodties subindo tanto no mercado Spot e futuro. Sucroenergético 1.- Impacto para mercado de produtores de etanol do brasil 2- Impacto no milho 3.- Não vale a pena olhar a lei original do mandato de renováveis 1- Impacto para exportadores de etanol do Brasil: Proposta reduz mercado potencial para o etanol do Brasil: o mandato proposto de etanol avançado (excluindo o etanol celulósico e biodiesel), que é o mercado para o etanol da cana-de-açúcar, é de 2.4 bilhões de litros, ante 4.5 bilhões de litros em O Brasil deve exportar aproximadamente 3.3 bilhões de litros 2013, dos quais cerca de 80% (2.65 bi l) são destinados direta ou indiretamente aos EUA. A redução conforme a proposta reduziria o mercado potencial para o etanol do Brasil, e seria binding caso o Brasil tentasse manter as exportações.
3 2- Impacto no milho: Mercado menor compensado por menos produção de etanol em 2014: projetamos uma safra de cana estagnada em 2014 e um mix de produção mais açucareiro, levando o país a produzir 1.25 bi litros a menos de etanol em relação à Uso mais voltado para o mercado doméstico deve levar a preços menores para o produtor. Mesmo com a produção menor, o fato de que uma parcela maior da produção de etanol será voltada para o mercado doméstico deve levar a preços menores ao produtor e na bomba. Regras para definição dos preços domésticos de gasolina devem ser mais importantes para as perspectivas de médio prazo do etanol brasileiro do que o mandato de importação dos EUA. Impacto para preços internacionais do milho: O mandato para etanol do milho ficou em 13 bilhões de galões, ante 13.8 bilhões em As expectativas eram de um número na casa dos 13.2, de modo que a proposta foi negativa para a perspectiva da demanda. Em reação, os preços internacionais de milho caíram mais de 2% desde a divulgação na sexta-feira. Contudo, alguns analistas do mercado avaliam que os preços relativos milho/etanol/gasolina vão levar a um consumo doméstico superior ao mandato, na casa de 13.5 bilhões de galões. Com mais 1 bilhão de galões exportados, a demanda por milho para a produção de etanol deve ficar acima de 5 bilhões de bushels, acima do cenário atual do USDA (4.9 bilhões de bushels). Como o cenário do USDA já incorporava uma demanda mais fraca de milho para produção de etanol, não acredito em impacto sustentável nos preços. A divulgação na sexta pode ter sido vista como uma oportunidade de renovar shorts. 3- Não vale a pena olhar a lei original do mandato de renováveis: Mandato de 2007 não deve ser mais considerado Dois fatores fazem com que os padrões para combustíveis renováveis definidos em 2007 não sirvam mais como um bom guia. Primeiro: o consumo de gasolina nos EUA está muito menor do que o previsto, com o choque do consumo associado à crise de Portanto, o mandato de etanol total (avançado e corn-based) tem que ser menor para que a mistura de etanol na gasolina não fique acima do suportado pelos motores menos avançados (10%).
4 Segundo: a tecnologia de etanol celulósico não avança. A padrão de 2007 projetava a produção de 1.75 bilhões de galões de etanol celulósico em 2014, ao passo que a proposta não passa de 17 milhões. Parte da decepção com o etanol celulósico foi repassada para o etanol da cana-de-açúcar, parte se traduziu em um mandato total menor. O melhor guia para avaliar a evolução do mandato passa a ser o mandato do ano anterior. Fonte: Gustavo Laudari Giovannetti / Itaú BBA Soja: Especialistas dizem que preços da soja podem subir mais à frente com forte demanda da China A demanda mundial por soja está bastante aquecida e, em 2014, o Brasil deverá ser o principal fornecedor da China, hoje o maior importador mundial da oleaginosa, segundo o executivo chinês Lin Tan, presidente do Hopefull Group. Será essa demanda, na opinião de analistas de mercado, o principal fator de sustentação para os preços e também o que criará melhores oportunidades de vendas para os produtores brasileiros mais a frente. Segundo Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, na última semana alguns volume da nova safra brasileira foram negociados depois que as cotações em Chicago atingiram bons patamares e superaram os US$ 13 por bushel, depois de dois meses dos negócios acontecendo em um ritmo bem desacelerado. "As cotações nos portos brasileiros chegaram a algo entre R$ 67,00 e R$ 70,00 para o vencimento maio, e isso trouxe níveis mais atrativos no interior. Assim, o produtor vai esperar um novo momento que possa trazer níveis próximo disso, aparecendo o interesse do produtor, que chega nos números em que ele tem lucratividade com a soja e são interessantes para que sejam feitos novos fechamentos", explica. De janeiro a outubro desse ano, as vendas de soja do Brasil para a China cresceram mais de 40, segundo a Secretaria de Comércio Exterior e, segundo Brandalizze, o ritmo de venda do produto brasileiro para a nação asiática deverá continuar acontecendo em um ritmo bastante acelerado. O Brasil, segundo o consultor do SIM Consult, Liones Severo, deverá ser o responsável por atender não só a China, mas também outros destinos que não poderão ser atendidos pelos Estados Unidos
5 em função de uma escassez pela qual deverá passar nos próximos meses. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) projeta as exportações norte-americanas em 39,5 milhões de toneladas e, desse total, já foram comercializadas 34,5 milhões. Assim, até agosto de 2014, quando se encerra o ano comercial 2013/14 haveria somente 5 milhões de toneladas para serem vendidas. "As exportações brasileiras devem ficar entre 43 e 44 milhões de toneladas, muito acima dos americanos, e no próximo ano, o Brasil será o maior exportador do mundo, consolidando sua posição, deve contribuir com metade das importações chinesas, se tornando um grande player", explicou o consultor. Para isso, ele acredita que a produção tenha que ser de, no mínimo, 89 milhões de toneladas na atual safra. O andamento do dólar também tem sido observado com bastante atenção pelo sojicultor brasileiro que, de acordo com o consultor em agronegócio Ênio Fernandes, aproveitou quando a moeda norte-americana atingiu os patamares de R$ 2,40. "O produtor foi hábil, vendeu no momento certo e agora está esperando pra ver como o mercado vai se desenvolver. (...) Eu acredito nessa sustentação dos preços em Chicago, pela retenção das vendas na mão das origens". Milho: Os preços do milho seguem em alta no mercado interno, com elevações mais expressivas em algumas regiões. Depois dos recordes exportados em outubro, os embarques continuam em bom ritmo em novembro, animando vendedores, já que podem reduzir os estoques internos e manter os preços firmes. Segundo pesquisadores do Cepea, as intervenções governamentais para o produto de Mato Grosso também contribuem para levar o cereal para regiões deficitárias, como São Paulo e Nordeste, e especialmente para os embarques. O dólar valorizado, ainda, eleva a paridade de exportação. Entre 11 e 18 de novembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), subiu fortes 3,12%, fechando a R$ 25,75/saca de 60 kg na segunda-feira, 18. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$ 25,37/sc de 60 kg na segunda, alta de 3,3%.
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