A EVOLUÇÃO DA DESIGUALDADE PESSOAL DA RENDA DE SANTA CATARINA DE 1970 A 2010

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1 XVIII PREMIO CATARINENSE DE ECONOMIA CATEGORIA: MONOGRAFIA PSEUDONIMO: MARIA ELIS A EVOLUÇÃO DA DESIGUALDADE PESSOAL DA RENDA DE SANTA CATARINA DE 1970 A 2010

2 RESUMO O objetivo desta pesquisa foi analisar o comportamento e a evolução da desigualdade de renda no estado de Santa Catarina de 1970 a O estudo inicioucom uma revisão teórica sobre o tema desigualdade de renda e uma abordagem da economia do bem-estar. Foram empregados os microdados dos Censos Demográficos, os quais fornecem dados pessoais da população.complementarmente, foi analisada a desigualdade pessoal de renda dos catarinenses por grupos, como gênero, cor e grau de escolaridade, para identificar onde ocorrem as maiores concentrações de renda. Para tanto, foi utilizado o índice de Gini e feito um comparativo entre a renda média e a renda dos extremos da população. Os resultados apontaram para uma queda na desigualdade de renda dos catarinenses em 2010 entre todos os grupos analisados. Verificou-se que a renda da população dos extratos mais pobres aumentou de maneira mais acelerada que a população mais rica do estado, ocasionando assim uma queda da desigualdade de renda e da pobreza. Além disso, os resultados mostraram que as mulheres catarinenses auferiram rendas, em média, 1,5 vezes menores que os homens. Na categoria cor, verificou-se que os brancos são mais ricos e mais desiguais e os não brancos são mais iguais e mais pobres. A categoria que apresentou as maiores remunerações e desigualdade de renda entre os indivíduos foi a do nível de escolaridade. Ao longo do estudo,verificou-se a complexidade da discussão sobre a desigualdade de renda e a importância dessas pesquisas para implementação e avaliação das políticas públicas, visando auxiliar na diminuição a desigualdade de renda e melhorar o bem-estar da sociedade. Palavras-chave: Desigualdade de renda; Índice de Gini; Microdados; Políticas públicas.

3 ABSTRACT The objective of this research was to analyze the behavior and evolution of income inequality in the State of Santa Catarina from 1970 to The study began with a literature review on the topic of income inequality and an approach of welfare economics. It was analyzed the microdatafrom IBGE, which provide personal data of the population. In addition, the inequality of personal income was analyzed by categories, such as gender, race and education level, to identify where the highest concentrations income occurs. For this, the Gini index was used and it was made a comparison between the average income and the income of the extremes of the population. The results indicated a decrease in income inequality of Santa Catarina in 2010 in all groups. It was observed that the income of the poorest groups increased more rapidly than the population more rich, thus causing a decrease in income inequality and poverty. Furthermore, the results shown that women earned on average 1.5 times less than men. In race category,it was found that white ones are richer and more unequal and the non-whites are more equal and poor. The category that had the highest remuneration and income inequality between individuals was the education level. During the study, the complexity of the discussion on income inequality and the importance of this research to measure public politics in order to contribute in reducing income inequality and improve the social socialwell being. Keywords: Income inequality, Gini Index; Microdata; Public politics.

4 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Caixa de Edgeworth representando a Alocação X Figura 2 - Caixa de Edgeworth Representando a Alocacação Y Figura 3 - Caixa de Edgeworth Representando as Curvas de Indiferença Figura 4 - Caixa de Edgeworth Representando as Curvas de Contrato Figura 5 - Mapa do Estado de Santa Catarina e suas Mesoregiões Figura 6 - Curva de Lorenz Figura 7 - Índice de Gini de Santa Catarina ( ) Figura 8 - Índice de Gini do Brasil ( ) Figura 9 - Índice de Gini de Santa Catarina e Brasil ( ) Figura 10 - Curva de Lorenz de Santa Catarina no Período de Figura 11 - Histograma do Comportamento da Renda Pessoal no Estado de Santa Catarina no Período de 1970 a Figura 12 - Frequencia dos Rendimentos em Percentil de Figura 13 - Índice de Gini de Santa Catarina, Classificado por Gênero ( ) Figura 14 - Índice de Gini de Santa Catarina, Classificado por Cor ( ) Figura 15 - Renda Média da População Catarinense por Cor ( ) Figura 16 - Índice de Gini de Santa Catarina, Classificado por Níveis de Educação ( ) Figura 17 - Renda Média da População Catarinense por Grau de Instrução ( ) Figura 18 - Índice de Gini dos Homens Catarinenses Classificados por Níveis de Educação ( ) Figura 19 - Índice de Gini das Mulheres Catarinenses Classificadas por Níveis de Educação ( ) Figura 20 - Índice de Gini dos Brancos Classificado por Níveis de Educação ( ) Figura 21 - Índice de Gini dos Não Brancos Classificado por Níveis de Educação ( )... 84

5 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição da Renda por Percentil da População de Santa Catarina ( ) Tabela 2 População de Santa Catarina ( ) Tabela 3 Distribuição da Renda por Percentil dos Homens Catarinenses de Tabela 4 Distribuição da Renda por Percentil das Mulheres Catarinenses de Tabela 5 Rendimentos Classificados por Gênero em Santa Catarina ( ) Tabela 6 Distribuição da Renda por Percentil da População Catarinense Auto-declarada Branca de ( ) Tabela 7 - Distribuição da Renda por Percentil da População Catarinense Auto-declarada Não Branca de ( ) Tabela 8 - Distribuição da Renda por Percentil da População Catarinense com Ensino Fundamental ( ) Tabela 9 Distribuição da Renda por Percentil da População Catarinense com Ensino Médio ( ) Tabela 10 - Distribuição da Renda por Percentil da População Catarinense com Ensino Superior ( ) Tabela 11 Amostras de Renda dos Homens nos Três Níveis de Instrução ( ) Tabela 12 Amostras de Renda das Mulheres nos Três Níveis de Instrução ( ) Tabela 13 Amostras de Renda dos Brancos nos Três Níveis de Instrução ( ) Tabela 14 - Amostras de Renda dos Não Brancos nos Três Níveis de Instrução ( )... 86

6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO REVISÃO DE LITERATURA AS DIFERENTES ABORDAGENS DA LITERATURA ECONOMICA PARA O TEMA DA DESIGUALDADE A ABORDAGEM ECONOMICA DO BEM-ESTAR: SUAS POSSIBILIDADES TEÓRICAS E EMPÍRICAS E SUAS LIMITAÇÕES A ECONOMIA DO BEM-ESTAR NA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DESIGUALDADE DE RENDA NO BRASIL O ESTADO DE SANTA CATARINA: ASPECTOS SÓCIOECONOMICOS AS PRINCIPAIS TÉCNICAS ESTATÍSTICAS PARA O ESTUDO DE DISTRIBUIÇÕES DE RENDA: POSSIBILIDADES DE APLICAÇÕES À ECONOMIA CATARINENSE A CURVA DE LORENZ E O ÍNDICE DE GINI O ÍNDICE DE THEIL ÍNDICE DE CONCENTRAÇÃO DE HIRSHMAN-HERFINDHAL ÍNDICE DE ATKINSON MÉTODOS E TÉCNICAS REFERENCIAL TEÓRICO CATEGORIAS E VARIÁVEIS FORMA DE OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA ANÁLISE ESTÁTICA COMPARATIVA DA DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS A DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA POR GÊNERO A DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA POR COR A DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA POR NÍVEIS DE ESCOLAIDADE A desigualdade de renda em Santa Catarina por gênero, cor e níveis de escolaridade CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS... 91

7 12 1 INTRODUÇÃO A desigualdade, em particular, a desigualdade de renda é tão parte da história do Brasil que tem se tornado uma marca brasileira. Se no passado a mesma chegou a ter finalidade de alavancar a acumulação de capital físico 1 para industrializar e urbanizar o país, hoje se tornou prejudicial, não apenas para a classe menos favorecida, mas para toda a sociedade brasileira. A desigualdade é um importante componente nas discussões referentes à pobreza, um problema mundial que preocupa a sociedade moderna. Apesar do aumento da capacidade em gerar riqueza de certas economias, a incidência da pobreza se mostra um fenômeno persistente. Em geral, os níveis de pobreza têm como ponto de partida a insuficiência de renda para o atendimentodas necessidades básicas das pessoas. O Brasil situa-se entre uma das economias com renda per capitarelativamente elevada. Segundo o FMI (2011), a renda per capita brasileira era R$ ,00,porém não garante igualdade na distribuição entre sua população. Segundo Barros, Henriques e Mendonça (2001, p. 5), a incidência da pobreza no Brasil é maior do que na maioria dos países que possuem renda per capitaequivalente. Para os autores, o crescimento econômico não é eficiente na redução da pobreza no Brasil, ou seja, os efeitos docrescimento econômico sobre a redução da pobreza é menor no do que em outros países que possuem o mesmo nível de renda brasileiro. Para muitos países a grande causa da desigualdade e,consequentemente, da pobreza, está na falta de recursos disponíveis. Entretanto, de acordo Barros, Henriques e Mendonça (2001, p. 4),a origem da pobreza brasileira não está na escassez de recursos, mas sim na desigual repartição dos rendimentos. O país tem um expressivo crescimento econômico, porém com concentração da riqueza nas mãos da minoria,gerando exclusão social e econômica e impactando diretamente no bem estar da população. O fenômeno da desigualdade não é recente no cenário brasileiro, intensificando-sea partir da década de 1960, momento em que o país passava por um processo de industrialização com grande exploração da classe operária. Esse período caracterizou-se pela primeira grande crise econômica do país, havendo uma queda nos investimentos e na taxa de crescimento da renda brasileira, com altos níveis de inflação. No final da década de 1960,o 1 Cardoso (1969) afirma que a acumulação de capital(crescimento econômico) no Brasil, no início do regime militar, só seria compatível com o aumento da desigualdade via desestabilização da classe trabalhadora, para que o salário fosse reajustado abaixo da produtividade do trabalho.

8 13 país alcançou uma das maiores taxas de crescimento do produto interno brasileiro, sendo conhecido como milagreeconômico (GREMAUD; TONETO JÚNIOR; VASCONCELLOS, 2002, p. 384). A década de 1970apresentou transformações no cenário internacional, que trouxe grande vulnerabilidade para o cenário econômico brasileiro, causando posteriormente o aumento da inflação e uma grande crise,pela qual o país atravessaria nas décadas seguintes. Na década de 1980, o país passou por um período de redemocratização,acompanhada por uma instabilidade econômica devido às crises mundiais do petróleo.esse período foi caracterizado por agravar ainda mais a desigualdade de renda, que chegou aos maiores níveis nos anos de1990.o Brasil começou a sentir uma mudança econômica a partir de 1994 com o Plano Real, que trouxe a estabilização da inflação.(gremaud; TONETO JÚNIOR; VASCONCELLOS, 2002, p ).para Neri(2006, p. 3), assim como a década 1990 foi marcada pela busca da estabilização na inflação, os anos 2000 forammarcados por uma diminuição da desigualdade de renda, por meio de programas de distribuição de renda. Segundo Neri (2010, p. 10), a desigualdade de renda do Brasil vem caindo desde No período de 2001 a 2009, a renda per capita dos 10 % mais ricos aumentou em 1,49% ao ano, enquanto que a renda dos mais pobres cresceu a uma taxa de 6,79% ao ano. No entanto, a melhora na renda da população não ocorre de forma homogênea entre os estados brasileiros. 1.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA Por ser um país territorialmente grande, o Brasil possui regiões com características geográficas, históricas, culturais e econômicas distintas, não seria diferente no que tange à desigualdade, em particular de renda. Segundo Ferreira,Redivo e Vieira (2009, p. 2), os índices de Gini dos estados brasileiros em 2009 variaram entre 0,45 (Santa Catarina) e 0,62 (Distrito Federal), sendo que o indicador do país foi 0,54. Segundo os autores, Santa Catarina é o estado com menor desigualdade de renda entre as Unidades da Federação. Apesar da ampla literatura acerca da distribuição da renda brasileira, ainda são escassos trabalhos sobre a distribuição de renda de alguns estados brasileiros, estudados individualmente. Em pesquisas acadêmicas, observa-se o estado catarinense como o menos desigual em termos de renda.para Ferreira, Redivo e Vieira (2009, p. 2),a formação socioeconômica de Santa Catarina é o que o torna diferente dos outros estados. Contudo, a

9 14 análise dos autores não investiga os microfundamentos da distribuição de renda, focando essencialmente nos aspectos gerais apresentados pelo Índice de Gini. De fato, ao microfundamentos da distribuição de renda no estado catarinense ainda carecem de uma análise mais detalhada. Nesse contexto, o presente trabalho visa responder a seguinte questão: como se comportou a desigualdade pessoal da renda no Estado de Santa Catarina no período de 1970 a 2010? 1.2 OBJETIVOS Neste item, apresentam-se o objetivo geral e os objetivos específicos da presente monografia Objetivo geral O objetivo geral desta pesquisa é analisar como se comportou a desigualdade pessoal da renda no Estado de Santa Catarina no período de 1970 a Objetivos específicos Entre os objetivos específicos, destacam-se: - revisar na literatura econômica as diferentes abordagens sobre desigualdade de renda; - identificar as diferentes técnicas estatísticas para a análise de distribuições de renda; - analisar o comportamento da distribuição de renda pessoal no Estado de Santa Catarina no período de 1970 a Para tanto, este trabalho está estruturado em seis capítulos. O primeiro capítulo destina-se à revisão bibliográfica das teorias acerca do tema e suas respectivas abordagens. No capítulo seguinte sãoapresentados as principais maneiras de mensurar a desigualdade, por meio de alguns indicadores, como por exemplo, o índice de Gini. Em seguida, apresentam-se os métodos e técnicas utilizados no estudo, além do referencial teórico, das categorias e

10 15 variáveis analisadas e a forma de operacionalização da pesquisa. Na sequência,são discutidos e apresentados os resultados da presente pesquisa e, por fim, as suas considerações finais.

11 16 2REVISÃO DE LITERATURA O presente capítulo apresenta as duas abordagens que avaliam a renda e o bem-estar. A abordagem welfarista que se concentra em variáveis quantitativas de padrão de vida e renda na economia. E a abordagem não-welfarista em que o bem-estar e a pobreza não são mensurados somente em função da renda, mas na ampliação das capacidades individuais. A abordagem welfarista tem como destaque a geração de renda para combater a pobreza. A partir dessa abordagem foram criadas várias teorias, como a Teoria do Equilíbrio Geral e posteriormente os dois Teoremas do Bem-Estar, tratadas na segunda seção do capítulo, que foram importantes nas análises dessa pesquisa, que tem como foco principal a renda. A segunda e a terceira seção do capítulo fazem uma breve discussão sobre as características socioeconômicas e a desigualdade no Brasil e em Santa Catarina, respectivamente. 2.1 AS DIFERENTES ABORDAGENS DA LITERATURA ECONÔMICA PARA O TEMA DA DESIGUALDADE A palavra desigualdade, segundo Medeiros (2006, p. 10), não é tão fácil de definir.para Castro (2006, p. 15), a desigualdade é um fenômeno que sinaliza um padrão de distribuição de recursos extremamente injusta. Definindo-a, matematicamente, a desigualdade pressupõe uma relação que envolve os sinais de maior e de menor. Para Sen (2001, p.43), o importante é saber de que igualdade está se falando, já que a mesma pode estar inserida em diversos sentidos, como desigualdade de renda, de riqueza, de oportunidade, de realizações, de liberdade, de direito, ou seja, a noção de desigualdade pode estar agrupada em diferentes lugares com características bem distintas. Várias são as teorias sobre o tema em questão, teorias distintas, que frequentementeestão em conflito, mas com algumas características em comum. John Rawls, em sua teoria, defende a igualdade da liberdade e distribuição de bens primários. Robert Nozick exige igualdade dos direitos libertáriospor meio dos direitos individuais de propriedade. A teoria utilitarista requer a maximização da soma total das utilidades de todas

12 17 as pessoas tomadas em conjunto, ou seja, atribuem interesses iguais a todos os indivíduos (SEN, 2001, p ). Sen(2001, p. 51), discorda da ideia do utilitarismo, pois a avaliação utilitarista se preocupa apenas com o somatório das utilidades, independentemente de quão desigual seja essa distribuição ou de quão distintas sejam as pessoas. Ou seja, trata todas as pessoas como se fossem iguais, desconsiderando a diversidade humana. A crítica de Sen(2000, p. 81) na desvantagem da abordagem utilitarista está associada a sua base informacional, em que as principais deficiências são: a indiferença distributiva, descaso com os direitos, liberdades e adaptação e condicionamento mental. Para melhor entendimento do significado de condicionamento mental, esterefere-se ao fato de concentrar as características de bem-estar em prazer, felicidade ou desejos, sem avaliar as circunstâncias e habilidade das pessoas em sentir tais desejos. Outra teoria que busca sintetizar o bem-estar por meio de uma perspectiva igualitária é a teoria da justiça de John Rawls, que propõe a justiça como equidade. Essa teoria difere da utilitarista, pois se concentra não nos fins para alcançar a igualdade, mas sim nos meios, definidos como bens primários (SEN, 2001, p. 134). Para Sen (2001, p. 136), bens primários são coisas que toda pessoa racional presumivelmente quer, incluem renda e riqueza, liberdades básicas, liberdade de movimento e escolha de ocupação, poderes e prerrogativas de cargos e posições de responsabilidade e as bases sociais de auto-estima. A teoria de rawlsianada justiça, embora tenha ampliado a base informacional da avaliação do bem-estar, ainda se mostra limitada na concepção Sen (2001, p. 136), pois seu foco se mantém na igualdade dos bens primários, os quais não constituem a liberdade em si. Em resposta à teoria rawlsianada justiça, surgiu uma abordagem alternativa de Robert Nozick, baseada nos direitos libertários por meio dos direitos individuais de propriedade. Essa teoria defende a existência de um estado mínimo, que tem a função de garantir que os direitos não sejam violados, protegendo os indivíduos de possíveis roubos e fraudes. Entretanto, considera desnecessário qualquer incremento no papel do estado, além dessa condição. Seu objeto de justiça é constituído em: principio da justiça na aquisição, principio da justiça na transferência e a reparação da justiça na propriedade (NOZICK, 1991 apudandrade, 2011, p. 25).

13 18 Sen (2002, p. 86) atribui ao libertarismo de Nozick como limitado, pois sua abordagem desconsidera as variáveis que o utilitarismo e o welfarismo atribuem grande importância, como também negligencia as liberdades substantivas mais básicas. A abordagem utilizada por Sen(2001, p. 51) para analisar o bem-estar não está em uma única variável como utilidade ou felicidade. O autor avalia o bem-estar por meio da capacitação dos indivíduos, ou seja, uma pessoa incapacitada não pode realizar funcionamentos na mesma forma que uma pessoa com corpo hábil. Ainda de acordo com Sen (2001, p. 58), como os indivíduos são diferentes, suas capacidades também são, por isso a igualdade na parcela de bens primários, proposta por Rawls, não trará igualdade, mesmo aos indivíduos com a mesma capacidade, por possuírem escolhas diferentes. Ou seja, a relação entre bens primários e bem-estar pode variar com as diversidades pessoais na possibilidade de converter tais bens em realizações de bem-estar (SEN, 2001, p. 58). Sen (2001, p. 51) destaca que os seres humanos diferem uns dos outros,seja no ambiente natural ou social, pelas características externas e pessoais como idade, sexo, aptidões físicas e mentais. Para o autor, essas são as variáveis importantes para avaliar a desigualdade, mas elas devem estar inseridas em um espaço. As desigualdades em diferentes espaços (p. ex., rendas, bens primários, liberdades, utilidades,outras realizações, outras liberdades) podem ser bastante diferentes uma das outras, dependendo das variações interpessoais nas relações entre variáveis distintas mas interconectadas. Uma conseqüência do fato básico da diversidade humana é tornar particularmente importante que nos certifiquemos do espaço no qual a desigualdade vai ser avaliada (SEN, 2001,p.59). Uma das consequências [sic] da diversidade humana é que a igualdade num espaço tende a andar, de fato, junto com a desigualdade noutro (SEN, 2001, p.51). O autor considera a desigualdade não apenas do ponto de vista da renda, pois rendas iguais ainda podem deixar muitos desiguais, mas enfatiza questões como realizações,oportunidades e liberdade dos indivíduos. De fato, os seres humanos diferem uns dos outros de modos distintos, como características externas, ambientais, sociais, epidemiológicos, ou pessoais (como cor, tamanho, habilidades, resistências, gostos). Essa diversidade humana dá origem a uma expressiva quantidade de variáveis que podem ser utilizadas na avaliação das desigualdades entre os indivíduos (SEN, 2001, p ).

14 19 Como o presente estudo foca a análise da desigualdade de rendas, uma abordagem da literatura econômica que é apropriada para o estudo de distribuição é a chamada abordagem utilitarista da Economia do Bem-Estar, que demonstra que o ótimo social pode ser alcançado pela distribuição adequadada renda entre os indivíduos. 2.2 A ABORDAGEM ECONÔMICA DO BEM-ESTAR: SUAS POSSIBILIDADES TEÓRICAS E EMPÍRICAS E SUAS LIMITAÇÕES O conceito de bem-estar tem conotações diferentes quando se nota ao longo da história os diversos pensamentos referentes a um melhor nível de vida de uma comunidade. Para Adam Smith,bem-estar é riqueza, parapigoué utilidade, David Ricardoé valor e preço, a Keynes é moeda ou valor real, a Pareto é combinação ou escolha, a Walrase Marshall é estado de equilíbrio, a Lewis e Myinté desenvolvimento e crescimento econômico de uma nação (SOUZA, 2011, p. 29). Segundo Andrade (2011, p.9), a economia do bem-estar está caracterizada entre duas abordagens, a welfarista e a não-welfarista. A abordagem welfarista concentra-se em variáveis quantitativas de padrão de vida e renda na economia. A abordagem não-welfarista tem sido defendida nas ultimas décadas por Amartya Sen, em que o bem-estar e a pobreza são mensurados em critérios multidimensionais. Ou seja, a abordagem welfarista está ligada à ideia de geração de renda para combater a pobreza. Enquanto que Sen acredita que o combate à pobreza não deve estar limitado à renda, mas na ampliação das capacidades individuais. O ideal welfarista ou utilitarista está baseado na premissa microeconômica neoclássica, de que os indivíduos são racionais, por isso são considerados os melhores juízes no tipo de vida e escolhas que devem fazer. Os indivíduos fazem suas escolhas de produção e consumo conforme o conjunto de suas preferências, buscando maximizar sua utilidade (ANDRADE, 2011, p. 14). Segundo Andrade (2011, p.15), as análises utilitaristas são realizadas a partir das funções de bem-estar social, atribuindo a utilidade de cada indivíduo na determinação do que é socialmente desejável e ressaltando que tal condição resulta de decisões política, ou seja, de aspectos normativos.

15 20 O utilitarismo tornou-se a base teórica para muitos autores, como Walras, que desenvolveu a teoria do equilíbrio geral.essa teoria determina simultaneamente os preços e as quantidades em todos os mercados relevantes, levando em conta os efeitos de realimentação ou feedback (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 522). Em outras palavras,essa teoria é um instrumento que relaciona equilíbrio, produto e preços. O equilíbrio expressa a auto-organização das forças que operam em um sistema econômico ativado, enfatizando a informação de que sempre há o equilíbrio entre os agentes em relação a todos. Os produtos expressam a base da atividade econômica, e o preço o meio de mensurar o processo de troca dos produtos. O principio básico pressuposto no equilíbrio geral é que o processo de troca é considerado não como um processo contínuo, mas sim reduzido a um instante e a um lugar especifico onde os produtos estão dispostos de maneira igualmente específicos e possuem preços para cada função exercida, para cada tempo em que é trocado, estado da natureza, etc. (SILVA, 2009, p. 6). Segundo o Núcleo de Pesquisa de Qualidade de Vida (NPQV) (2005 p.6), o modelo de equilíbrio econômico de Walras mostrou que o sistema de mercado levaria a sociedade a uma situação de pleno emprego, em que as ações individuais e maximizadoras dos agentes econômicos representariam a maximização do bem-estar social. Ou seja, as atitudes individuais levariam ao equilíbrio sem intervenção estatal. O modelo de Walras serviu de inspiração para outros modelos, como para VilfredoPareto, que entendia o equilíbrio econômico como uma relação entre as preferências dos indivíduos e os obstáculos que eles possuíam ao adquirir produtos (SILVA, 2009, p.8). É importante destacar que o indivíduo revela sua preferência a partir da escolha de um determinado bem aos preços dados no mercado, não sofrendo a influência de qualquer outro mecanismo. Assim bastaria para o planejador central 2 definir a relação de preços da economia para que os indivíduos fizessem escolhas otimizadoras. Pareto complementou o modelo do equilíbrio geral, reafirmando os princípios básicos da eficiência nas trocas e um nível ótimo de bem-estar. A alocação eficiente de Pareto representa a alocação de bens em que ninguém consegue aumentar o próprio bem-estar sem que seja reduzido o bem-estar de outra pessoa (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 526). Dessa forma, sempre haverá vantagem para uma pessoa em detrimento de outra. Ou seja, se a vantagem for vista individualmente, essa eficiência torna-se, como mencionado na 2 O planejador central não pode ser entendido como o Governo, ele é apenas um recurso teórico para a solução do modelo de equilíbrio geral (VARIAN, 1994).

16 21 teoria de Pareto, o conceito de ótimo de Pareto, em que a utilidade de nenhuma pessoa pode ser aumentada, sem reduzir a utilidade de outra pessoa. Se essa eficiência fosse utilizada em termos de liberdade, isso exigiria que nenhuma liberdade aumentasse sem reduzir a liberdade de outro individuo (SEN, 2001, p. 57). A alocação eficiente de Pareto também pode ser vista através de trocas mutuamente benéficas entre dois indivíduos. Essas trocas são verificadas no diagrama da caixa de Edgeworth, diagrama que mostra as possíveis alocações de duas mercadorias entre dois indivíduos (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 526). Para melhor exemplificar o diagrama,quatro figuras são analisadas. Cada uma representa situações envolvendodois indivíduos,a e B,e dois bens de consumo, em que representa o consumo do bem 1 consumido pelo agente A e representa o bem 2 consumido por A. De modo análogo, e representam os bens 1 e 2 consumidos pelo indivíduo B, respectivamente. Chama-se de cesta de consumo de A os pares ). Um par de cestas de consumo e é chamado de alocação. Quando a quantidade total do bem consumido é igual ao total disponível, afirma-seque há uma alocação factível. Na caixa de Edgeworth, os eixos representam a quantidade total de cada bem na economia a quantidade que A possui mais a quantidade que B possui de cada bem (VARIAN, 1994, p. 530). Na Figura 1, se considerar que o total do bem 1sejadoze unidades e total do bem 2 seja igual a seis unidades, supõe-se uma alocação inicial denotada por X. Nessa situação, o indivíduoa possui nove unidades do bem 1 e uma unidade do bem 2. Já o indivíduob, consequentemente, possui cinco e três unidades respectivamente.

17 22 Figura 1 - Caixa de Edgeworth representando a alocação X Fonte: Elaboração própria com base em Pindycke Rubinfeld (2009) e Varian (1994). Neste momento, supondo que por possuir muitas unidades do bem 1, o consumidora tenha interesse em substituí-lo pelobem 2. Do mesmo modo, oconsumidor B também pode ter interesse em substituir os bens, de acordo com a sua própria preferência. É a preferência de cada empresa que determinará a Taxa Marginal de Substituição (TMS). Sempre que as TMSs de dois consumidores forem diferentes, há possibilidade de comércio mutuamente benéfico (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 526). Na Figura 2, pode-se observar a ocorrência de uma troca, gerando uma nova alocação (ponto Y), ou seja, o consumidora comercializouduas unidades do bem 1 em troca de uma unidade do bem 2, ficando com sete e dois. Consequentemente, o consumidorbficou com quatro e cinco.

18 23 Figura 2- Caixa de Edgeworth representando a alocação Y Fonte: Elaboração própria com base em Pindyck e Rubinfeld (2009) e Varian (1994).. A TMS é determinada pelas preferências de cada consumidor, podendo-se gerar uma curva que representa todas ascombinações possíveis entre os bens1e 2, que sejam indiferentes para o agentea. Essas curvas são chamadas de curvas de indiferença. Inicialmente os indivíduos chegam ao mercado com suas respectivas dotações iniciais.no processo de troca, os preços dos bens são dados por um agente fictício, chamado de Leiloeiro Walrasiano, este agente faz o papel do vetor-preço, controlando o sistema de trocas entre os indivíduos e ajustando o melhor preço para atender ao máximo as necessidades envolvidas no processo (SILVA, 2009, p.11-12). Assim, os consumidores escolhem o que irão comprar e vender por meiodos preços estipulados. Quandoisso não ocorre pelo preço estipulado, o leiloeiro procura outro preço de forma a ajustar e atender as trocas. Até o momento o mercado encontra-se em desequilíbrio,assim espera-se que o leiloeiro altere os preços dos bens até que o total que cada pessoa está demandando seja equivalente ao total disponível. Tem-se, desta maneira, o equilíbrio de mercado, ou equilíbrio walrasiano, o qual é entendido como

19 24 [...] um conjunto de preços tal que cada consumidor está escolhendo a cesta preferível pela qual pode pagar, e todas as escolhas dos consumidores são compatíveis no sentindo de que a demanda se iguala à oferta em todos os mercados (VARIAN, 1994, p. 537). Cada indivíduo escolhe a cesta de produtos que pode pagar, dessa forma a taxa marginal de substituição entre cada um dos dois bens tem que ser igual à razão dos preços. Porém, se ambos se depararem com os mesmos preços, terão que possuir a mesma taxa de marginal de substituição entre cada um dos dois bens. Na Figura 3, apresentam-se as curvas de indiferença tanto para o consumidora (curvas em vermelho) quanto para ob (curvas em azul). Qualquer nova alocação que fique sobre a curva em vermelho será indiferente para o consumidor A. No entanto, quanto mais distante da origem, maior será o seu bem-estar. As retas entre as curvas de indiferença são as restrições orçamentárias. Um equilíbrio possui a propriedade que cada curva de indiferença do indivíduoseja tangente a sua restrição orçamentária, e as curvas de indiferença dos dois indivíduos devem ser tangentes uma à outra (VARIAN, 1994, p.537). Figura 3 - Caixa de Edgeworth representando as curvas de indiferença Fonte: Elaboração própria com base em Pindyck e Rubinfeld (2009) e Varian (1994). Destaca-se que as curvas de indiferença de ambos os consumidores formam um conjunto convexo, como garantem os axiomas da teoria do consumidor. Dessa forma, a intersecção das áreas superiores às curvas de indiferença (área sombreada na Figura 3) representa todos os pontos em que a troca é mutuamente vantajosa. Assim, qualquer nova

20 25 alocação que fique dentro da área sombreada trará motivos para ambos os consumidores realizarem trocas, melhorando seu bem-estar. Com base na Figura 3, o ponto Z representa uma nova alocação. Nele as TMSs dos consumidores têm a mesma inclinação, pois as curvas de indiferença são tangentes nesse ponto. Tem-se assim uma alocação eficiente. Quando as curvas de indiferença são tangentes, a TMS é a mesma, de tal modo que uma pessoa não conseguiria elevar o próprio bem-estar sem reduzir o bem-estar da outra (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 528). Usa-se às vezes como sinônimo a expressão eficiência de Pareto, em homenagem ao economista italiano Vilfredo Pareto, que desenvolveu o conceito de eficiência nas trocas (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 526, grifos dos autores). Como se pode perceber, não existe somente uma alocação eficiente. O ponto W, por exemplo, representa outra alocação eficiente. Além disso, em relação ao ponto Z,o ponto W aumenta ainda mais o bem-estar do consumidora em detrimento do B. A união de todos os pontos de alocação eficiente gera a curva de contrato (Figura 4). O nome se origina da ideia que todos os contratos finais de troca têm que se localizarem no conjunto de Pareto de outra forma eles não seriam finais porque haveria algum melhoramento que poderia ser realizado (VARIAN, 1994, p. 534). Figura 4 - Caixa de Edgeworth representando as curvas de contrato Fonte: Elaboração própria com base em Pindyck e Rubinfeld (2009) e Varian (1994).

21 26 A caixa de Edgeworthpermite representar as cestas de consumo possíveis as alocações factíveis e as preferências para ambos os consumidores. Ela fornece, portanto, uma descrição completa das características econômicas relevantes dos dois consumidores (VARIAN, 1994, p 532). A análise econômica concentra-se efetivamente na questão da eficiência, devido à impossibilidade de comparar adequadamente níveis de utilidade de diferentes indivíduos. Cada ponto da caixa de Edgeworth está associado a determinado nível de utilidade de cada indivíduo. Com isso,é possível estabelecer uma ordenação de todos os pontos de acordo com as preferências de cada indivíduo. Tal ordenação das preferências representa a função de utilidade do indivíduo (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 527). Na teoria econômica, Adam Smith representou por meio da mão invisívelo funcionamento ideal de um sistema deprodução e distribuição voltado ao mercado. Assim, a economia alocará recursos de maneira eficiente,sem a necessidade de um controle regulador (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 531). Consumidores e produtores agiriam emfunção dos seus próprios interesses, fazendo com que a satisfação de seus desejos levaria a economia para o ponto de maior bem-estar coletivo. Esse ponto de bem-estar socialótimo ficou conhecido como uma alocação no Ótimo de Pareto, ou alocação eficiente depareto(pindyck; RUBINFELD, 2009, p. 531). Walras contribuiu para a análise de distribuição eficiente em sistema de mercado ao determinar as alocações de equilíbrio em mercados competitivos, a partir disso propiciou o desenvolvimento da Economia do Bem-Estar, em que se estabeleceram dois teoremas fundamentais (SILVA, 2009, p. 8). O primeiro teorema afirma que: Se todos fizerem transações em um mercado competitivo, todas as transações mutuamente vantajosas serão realizadas e o equilíbrio na alocação dos recursos será economicamente eficiente (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 531). Esse teorema mostra que, sob certas condições, como ausência de externalidades, cada equilíbrio perfeitamente competitivo é um ótimo de Pareto. Segundo Varian (1994. p. 551), o primeiro teorema do bem-estar apresenta duas hipóteses implícitas. Uma delas é que os agentes só se preocupam com seu consumo de bens, e não com o que os demais agentes consomem.se isso existisse, haveria uma externalidade no consumo, com isso o equilíbrio competitivo não precisaria ser eficiente de Pareto. A outra hipótese é que os agentes realmente se comportam competitivamente, assim no caso de dois

22 27 indivíduos, como na caixa de Edgeworth, é improvável que cada um tome os preços como dados. Ao contrário disso, eles reconheceriam seu poder de mercado e tentariam utilizar para melhorar as suas posições, o que torna o recurso abstrato teórico do leiloeiro fundamental para ajustar as alocações eficientes no mercado. Dessa forma, segundo o autor, o conceito de equilíbrio competitivo só faz sentido quando existirem agentes suficientes para que cada um se comporte competitivamente. Ou seja, quando se está lidando com um problema de recursos envolvendo muitas pessoas, o equilíbrio competitivo economiza em informações, pois os indivíduos só precisam conhecer o preço dos produtos para tomar suas decisões de consumo.assim o resultado eficiente seria garantido por meio do bom funcionamento do mercado em garantir os preços competitivos, a partir da demanda dos indivíduos. O segundo teorema do bem-estar afirma que: Se as preferências individuais são convexas, então cada alocação eficiente (cada ponto na curva de contrato) é um equilíbrio competitivo para alguma alocação inicial de recursos (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 534). Ou seja, qualquer equilíbrio tido como equitativo pode ser alcançadopor meio de distribuições de recursos entre os indivíduos, sendo que tais distribuições não gerarão ineficiências. Varian(1994, p. 552) relata que no segundo teorema do bem-estar os preços desempenham duas funções no sistema de mercado: uma alocativa e a outra distributiva. A função alocativa determina quanto dos diferentes bens os vários agentes podem comprar. Segundo esse teorema, essas funções podem ser separadas, as dotações de bens podem ser redistribuídas para determinar quanta riqueza os agentes possuem, utilizando o preço para indicar a escassez relativa. Esses teoremas são fundamentais, pois identificam sob quais condições o equilíbrio de mercado leva a resultados desejados economicamente. Além disso, a economia do bem-estar utiliza esses dois teoremas para debater as questões normativas na política pública A ECONOMIA DO BEM-ESTAR NA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS A economia do bem-estar vem sendo debatida expressivamente nos últimos tempos. A função do bem-estar social descreve o bem-estar da sociedade como um todo em termos

23 28 das utilidades dos membros individuais. Uma função de bem-estar é útil quando desejamos avaliar políticas que afetam de forma diferenciada os distintos membros da sociedade (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 533). A partir da economia do bem-estar, que se baseia nos dois teoremasé possível debater as questões normativas no que tange à política pública. O equilíbrio competitivo pode levar à eficiência de Pareto, que pode ou não ser equitativa. Esse equilíbrio pode ocorrer em qualquer ponto da curva de contrato. Como as alocações não eficientes não são necessariamente equitativas, a sociedade precisa do governo para poder redistribuir renda ou mercadorias entre as famílias, de modo a alcançar a equidade. Isso pode ser feito por meios de sistemas fiscais, em que os impostos arrecadados sobre a renda seriam distribuídos por meio de programas que beneficiam as famílias. Com isso, seria distribuído o rendimento dos ricos para os pobres (PINDYCK; RUBINFELD, 2009, p. 534). Por isso, o papel desempenhado pela mensuração e avaliação do bem-estar e pobreza serve para a elaboração de políticas públicas e avaliação da equidade dessas políticas. As medidas e indicadores de pobreza podem ser classificados em quatro conjuntos: o primeiro deles é o que trata a pobreza como insuficiência de renda, o segundo como uma privação no espaço das necessidades básicas, o terceiro tem como base a dimensão relativa da pobreza e o quarto define pobreza como privação das capacidades(comin; BAGOLIN, 2002apud ANDRADE, 2011, p. 10). Na abordagem welfarista, as políticas públicas são criadas com o objetivo de gerar renda, enquanto que para a abordagem não-welfarista, as políticas não devem ser baseadas apenas na geração de renda, pois, nem sempre esses recursos são convertidos em alimentação ou saúde, por exemplo. Dessa forma, os gastos públicos devem ser direcionados em áreas mais especificas, como saúde pública, educação, meio ambiente, entre outros (ANDRADE, 2011, p. 61). A utilização de políticas públicas está inserida no segundo teorema do bem-estar, o qual contém a ideia de que o mercado por si só não é capaz de assegurar a obtenção de alocações justas. As forças de mercado são combinadas com uma redistribuição dos recursos iniciais, de forma a se atingir uma alocação adequada. Com isso, o governo é o principal responsável pela implementação de políticas redistributivaspor meio de impostos e subsídios, que realizam a redistribuição desejadasem que as condições de eficiência sejam

24 29 alteradas, o que caracteriza as transferências do tipo lump-sum (NOGUEIRA; SIQUEIRA, 1998, p.4). Transferências do tipo lump-sum são, no entanto, impraticáveis, seja do ponto de vistaoperacional - pois todo imposto tende a alterar as decisões dos indivíduos - seja do ponto de vista de justiça social - pois implicaria em uma discriminação dificilmente sustentável do ponto de vista ético, como, por exemplo, tributar todos os indivíduos de olhos azuis (NOGUEIRA; SIQUEIRA, 1998, p.4). O exemplo a qual o autor se refere está relacionado com a cobrança de impostos segundo as características físicas das pessoas, em queindivíduos de olhos azuis pagariam um valor de tributo diferente dos indivíduos de olhos verdes, ou seja, não haveria nenhuma forma do indivíduo alterar o valor a ser pago. O exemplo dos autores, contudo, é extremo. Na prática, é difícil obter transferências do tipo lump-sum que não alterem a relação de preços da economia, no entanto, a política que mais se aproxima é a cobrança de impostos ou o fornecimento de subsídios às famílias ou empresas (BOWLES, 2004, p. 336). Dessa forma, citam-se dois exemplos comparativos baseados em Bowles (2004, p ). Supondo uma cidade que enfrenta problemas de congestionamento de veículos durante a semana. O governo local tem que desenhar um mecanismo de política pública para aliviar o fluxo de veículos durante a semana. A primeira proposta de política consiste em um racionamento, considerando que determinados veículos, identificados pelo seu código, não podem circular em X dias da semana. O não respeito desse racionamento acarreta suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo. A outra proposta de ação política seria a cobrança de uma tarifa/imposto para os motoristas que desejassem utilizar o veículo nos dias em que sua circulação fosse proibida, uma alíquota mais alta que a média dos demais tributos. Qual seria a política ótima do ponto de vista da Economia do Bem-Estar? Segundo Bowles (2004, p. 337), a primeira política pública é ineficiente no sentido neoclássico puro, pois afeta diretamente as preferências dos agentes da economia por meio da proibição, ao invés de um mecanismo via mercado, a circulação é simplesmente proibida. Esse tipo de política viola o principio de transferências lump-sum, pois afeta a escolha e os preços relativos dos bens da economia. A segunda política se aproxima da ótima, pois a cobrança de um imposto não altera a relação de preferências da economia, ou seja, se o agente

25 30 quer utilizar seu veículo no dia em que é proibido, o mesmo pode, bastando pagar a alíquota determinada. A transferência se dá via mercado, e não por mecanismos extra-mercado. Sendo assim, o papel desempenhado pela mensuração do bem-estar e da pobreza de uma população serve como referência para subsidiar a implementação e o monitoramento de políticas públicas e na busca de uma tributação ótimaque não gerem distorções na economia, agindo na melhor eficiência econômica e causando menos impacto na decisão das pessoas, contribuindo para uma melhor distribuição da riqueza e da renda dos agentes do sistema capitalista. 2.3DESIGUALDADE DE RENDA NO BRASIL O Brasil é um país rico em recursos naturais. SeuProduto Interno Bruto (PIB) foi der$ 4,143 trilhões em 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica(IBGE) (2011).No entanto, o país possui um dos índices de desigualdade de renda mais altos, com elevados níveis de pobreza. Sua distribuição de renda desigual prejudica o desenvolvimento do país, pois o desafio histórico da desigualdade está em enfrentar uma herança de injustiça social, excluindo parte da população de condições de dignidade e cidadania. Barros, Henrique emendonça (2001, p.1) descrevem o Brasil não como um país pobre, mas um país com muitos pobres. Os estudos que analisam as causas da má distribuição de renda no Brasil, mostram como fator primordial a condição histórica que o país enfrentou. No início, como país colônia, as terras foram distribuídas em grandes latifúndios, concentrando terras para poucos e depois de 300 anos de escravismo, com a importação maciça de mão de obra escrava, os escravos foram libertados sem direitos e em situação precária. Ao passo disso, o país iniciou o período de industrialização, onde a renda da maioria da população era bem inferior aos detentores de capital (CASTRO, 2006, p.28). Isso gerou a desigualdade de renda brasileira, que é reconhecidamente um dos problemas brasileiros. Sua publicação começou a partir da década de 1970, quando foram divulgados os dados da década anterior no Censo Demográfico e desde então, surgiram muito estudos sobre o tema, que demonstram principalmente que a desigualdade tem sido umas das principais características da formação e do desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

26 31. Os primeiros autores que deram ênfase ao assunto desigualdade, foramalbert Fishlow em 1972que foi um dos pioneiros na abordagem das causas da desigualdade, por meio dos microdados do censo de 1960 ecarlos Langoni em 1973, que buscou explicar a concentração de renda no período.a partir deles surgiu uma sólida literatura dedicada a analisar os dados cadavez mais recentes e confiáveis, produzidos pelo IBGE. Nessa literatura estão os trabalhos de Hoffman, Ramos, Paes de Barros e Mendonça, Ferreira, entre outros. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios (PNAD), em 2011o Brasil atingiu seu menor nível de desigualdade de renda desde Seu índice começou a cair continuamente a partir de 2001, após 30 anos de alta desigualdade. O Índice de Gini 3 na década de 1990 estava em 0,61, passando para 0,594 em 2001,0,539 em 2009 e o menor índice 0,527 em Segundo o mesmo estudo, entre 2001 e 2011, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou 16,6% em termosacumulados, enquanto a renda dos mais pobres cresceu 91,2% no período considerado. Essa melhora na desigualdade dos mais pobres ocorreu por meio de políticas publicas redistributivas fomentadas pelo Estado brasileiro. Apesar de ter ocorrido redução na desigualdade de renda do Brasil, ainda há diferenciação na desigualdade entre os estados brasileiros.segundo Ferreira, Redivo e Vieira (2009, p. 9), os estados do Nordeste são os mais desiguais do país, enquanto que os estados das regiões Sul, Sudeste e Norte apresentam índices menores que a média nacional (0,54). Os estadossanta Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul foram os que apresentaram um afastamento do índice nacional.dentre esses quatro estados, Santa Catarina foi o que apresentou o menor índice de concentração de renda (0,45), sendo esse considerado, por meio do índice de Gini, o estado brasileiro menos desigual. 2.4 O ESTADO DE SANTA CATARINA: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS OEstado de Santa Catarina (SC) está localizado na Região Sul do Brasil, sendocaracterizado pela sua diversidade geográfica, composta por praias, matas e serras distribuídas em 293 municípios. O estado classifica-se como o vigésimo maior em território 3 Índice de Gini: coeficiente utilizado para medir o nível de desigualdade de um país ou região. Esse coeficiente pode variar de 0 a 1, sendo que0 representa ausência de desigualdade e 1 máxima desigualdade(apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade) (HOFFMAN, 2009, p. 338).

27 32 com uma população de habitantes,segundo Censo de 2010, em que 84 % vivem na área urbana e 16% na área rural.a população de Santa Cataria descende, em sua maioria, de europeus em especialportugueses, italianos e alemães.conforme o IBGE (2010), o PIB registrado em 2009 foi der$ 129,8 bilhões, ocupando a oitava colocação em nível nacional, com uma renda per capita de R$ ,00 para o ano em questão. A economia catarinense caracteriza-se pela distribuição de empresasindustriais em todo o estado e pólos regionais especializados. Também conta com uma agricultura forte baseada em minifúndios além de uma forte estrutura portuária, por onde se escoa grande parte da produção estadual. Os índices socioeconômicos do estado situam-se entre os melhores do país. Aexpectativa de vida dos catarinenses é considerada a melhor do país juntamente com a dodistrito Federal, ou seja, 75,8 anos (IBGE, 2010), com uma mortalidade infantil de 15 a cada mil nascidos em 2009 e analfabetismo de 4,2% em O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Santa Catarina ocupa a segunda colocação do país, 0,840, estando apenas atrás do Distrito Federal(PNUD, 2008). O Estado de Santa Catarina está dividido em seis mesorregiões. Figura 5 - Mapa do Estado de Santa Catarina e suas mesorregiões Fonte: Monteiro e Silva ([s.d.], p. 29).

28 33 Segundo a FIESC (2010), a região do Oeste Catarinense é a mesorregião com maior número de municípios, conhecida como o celeiro catarinense, devido a sua economia baseada na produção de grãos, aves e suínos, com frigoríficos de médio e grande portes, que exportam grande parte de sua produção, tornando o estado o maior exportador de frangos e suínos do Brasil. Os principais municípios são Chapecó, Xanxerê, Concórdia e São Miguel do Oeste. A região do Planalto Norte é conhecida como poloflorestal catarinense, região rica em florestas nativas e de reflorestamento. A atividade econômica é madeireira, moveleira e de papelão. Seus principais municípios sãonegrinho, São Bento do Sul, Canoinhas, Corupá, Mafra, Três Barras e Porto União. O Vale do Itajaí possui um complexo têxtil, região muito visitada por turistas, devido a suaarquitetura, culinária e festastipicamente alemãs.os principais municípios são Itajaí, Blumenau, Gaspar, Pomerode, Indaial, Brusque e Rio do Sul.No Planalto Serrano, a atividade econômica é a pecuária e a indústria florestal, além do turismo rural, por estar situada na região mais fria do estado. Os principais municípios são Lages, São Joaquim, Urubici e Bom Jardim da Serra. A região Sul do estado tem a sua economia voltada para o extrativismo mineral e a indústria cerâmica. Suas principais cidades são Criciúma, Tubarão, Gravatal, Araranguá e Urussanga.A região da Grande Florianópolis se destaca pelo turismo, a construção civil, o comércio e o setor de serviços.os principais municípios são Florianópolis, São José epalhoça. Rodolfo eteixeira (2009, p. 17 )utilizaram o indice de Gini para avaliar o PIB do estado de Santa Catrarina entre as mesorregiões de 1999 à Verificaram que a maior concentração do PIB em 2008 no estado catarinense, estava localizado no Vale do Itajaí, na Região Norte e na Grande Florinópolis. Ferreira, Redivo e Vieira (2009, p. 2), analisaram os índices de Gini dos estados brasileiros entre 1981 e 2009 e observaram que o estado catarinense teve a maior redução na desigualdade de renda na última década. Segundo o estudo, Santa Catarina é o estado com menor desigualdade de renda entre as Unidades da Federação. Como observado, o estado catarinense possui uma importante diversidade econômica entre as suas regiões e tem se destacado entre os estados brasileiros como o estado com melhor igualdade entre os rendimentos. Dessa forma, é válido o estudo para verificar a evolução e o comportamento da desigualdade de renda pessoal dos catarinense de 1970 à

29 Para tanto, busca-se analisar qual é o melhor índice para avaliaro nível de desiguladade entre os indivíduos catarinenses.

30 35 3AS PRINCIPAIS TÉCNICAS ESTATÍSTICAS PARA O ESTUDO DE DISTRIBUIÇÕES DE RENDA No estudo da desigualdade existem muitos índices eindicadores que podem ser utilizados para determinar a desigualdade da renda de uma região ou país, dependendo da finalidade do estudo. A utilização desses indicadores é fundamental para os estudos de desigualdade de renda, como é o caso do presente trabalho. Tais índices de desigualdade são ferramentas que auxiliam na análise da dispersão da renda e como a mesma está distribuída entre a população, a fim de se verificar as possíveis causas e implicações desta desigualdade. Uma das formas de descrever a desigualdade em uma distribuição é por meio de representações gráficas, que permitem uma visualização simples e direta de uma distribuição, além de comparar os níveis de desigualdades de diferentes distribuições (MEDEIROS, 2006, p. 7). Embora não exista um índice seguramente melhor do que outro, o mais utilizado para avaliar a distribuição de renda é o índice de Gini. Esse coeficiente é construído a partir da curva de Lorenz, que é uma representação gráfica da frequência relativa acumulada e comparada àdistribuição empírica de uma variável sob condições de perfeita igualdade, que será uma linha reta. Quando a curva da frequência estiver mais próxima da reta da distribuição igualitária, menor será o índice de Gini e vice-versa (MATTOS, 2005, p. 13). O Índice de Gini é o indicador mais utilizado na literatura sobre desigualdade de renda, sendo empregado nos relatórios de Desenvolvimento Humano e do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidaspara comparar a distribuição derenda entre países. 3.1 A CURVA DE LORENZ E O ÍNDICE DE GINI A Curva de Lorenz foi desenvolvida, em 1905, pelo economista americanomax OttoLorenz, para representar a distribuição de renda da população. A representação de Lorenz não éum índice, mas sim uma curvarepresentada em um gráfico que demonstra a relação da porcentagem acumulada da população com a da renda, permitindo verificar a desigualdade de

31 36 renda das pessoas em uma determinada economia ou sociedade (ASSIS, 2011, p. 16). Oíndice de Gini foi proposto por CorradoGini em 1914, esse coeficiente é obtido partir da curva de Lorenz.A Curva de Lorenz está representadana Figura 6, em que o eixo x é representado pelo percentual da população e o eixo y representa a renda acumulada pela população. Figura 6 - Curva de Lorenz Fonte: Elaboração própria com base em Hoffmann (1998, p. 273). A Curva de Lorenz está representada nessa linha ente as áreas (α e β), que demonstra como a renda está distribuída entre a população. A reta AB formada por uma linha de 45 échamada de linha de perfeita igualdade, a qualdemonstra como seria a Curva de Lorenz se arenda estivesse perfeitamente distribuída pela população. Quanto mais afastada a curva estiver da reta AB, maior o grau de desigualdade na distribuição. Dessa forma, a área representada pelo α é denominada área de desigualdade (HOFFMANN, 1998, p ). Em uma situação hipotética em que toda a renda fosse apropriada por uma única pessoa, sendo que o restante da população nada recebesse, a Curva de Lorenz seria representada pelo polígono ABC, essa área sendo denominada de perfeita desigualdade. O índice de Gini(G) é calculado a partir da área desse polígono e da curva de Lorenz. Observa-se que o polígono ABC é numericamente igual a 0,5, uma vez que sua área é determinada por (triângulo retângulo de base 1) (HOFFMANN, 1998, p ). O

32 37 mesmo éuma relação entre a área da desigualdade, indicada por α, e a área do triângulo ABC, ou seja, (1) Com isso, observa-se que0 ividindo tudo por 0,5, temse 0, uma vez que G. Ou seja, o índice de Gini está compreendido entre 0 e 1.Assim quando a desigualdade é zero, o numerador será zero, α = 0, sendo a distribuição de renda perfeita. Porém quando a concentração é máxima, o numerador será igual ao denominador, com isso o índice será 1. Ferreira, Redivo e Vieira (2009, p. 9) calcularam o índice de Gini para os estados brasileiros durante o período de 1981 a Nesse período constataram as oscilações do índice, com alta em 1982, queda até 1986 e após esse ano uma ascensão até De 1989 a 1992 a desigualdade diminuiu. Em 1993 houve uma forte elevação, oscilando até Após 2000, novas quedas foram evidenciadas, com algumas elevações até Em 2009, os autores constataram nove estados brasileiros com desigualdade superiorà média nacional do período (0.54), dezessete apresentaram índice inferior à média e dois praticamente igualaram. No estudo supracitado, o índice de Gini do Estado de Santa Catarina apresentou o menor índice. Ao se comparar o índice de SC com o brasileiro, o estado apresentou valores abaixo da média nacional ao longo do período considerado 3.2 O ÍNDICE DE THEIL A medida de desigualdade de Theil foi elaborada por HanryTheil em 1967, baseada em conceitos da teoria da informação e na entropia. Essa teoria baseia-se no conteúdo informativo de uma mensagem que, segundo Hoffmann (1998, p. 289), pode ser uma probabilidade apriori (sem informação) ou aposteriori (com informação). A diferença entre

33 38 essas probabilidades será o conteúdo da informação. E a igualdade ou flutuações dessas probabilidades, evidenciam se a mensagem teve algum conteúdo informativo. A representação que afirma se determinado evento ocorreu é dada por: h(x) = log = - log (2) Considerando uma população com n indivíduos, em que cada um recebe uma fração não negativa (yi 0, com i = 1,..., n) da renda total(hoffmann, 1998, p. 289). Como os valores de yitêm as mesmas propriedades que as associadas a um universo de eventos, a entropia da distribuição de renda é considerada como: H (y) = (3) Em que: 0 H (y) log n. Com uma perfeita igualdade na distribuição de renda (yi = para i = 1,..., n), tem-se H (y) = log n,e no caso de perfeita desigualdade (yj= 1 e yi = 0 para todo i ) tem-se H (y) = 0. Portanto, a entropia é uma medida do grau de igualdade da distribuição (HOFFMANN, 1998, p. 289). Com isso,theil mostrou que é necessário subtrair a entropia do seu valor máximo para utilizar a medida de desigualdade que é denominada de redundância da distribuição ou índice de Theil, sendo essa dada por: ou R ou T = log n H (y) = (4) T = (5) Em que: 0 T log n, T = 0 distribuição com perfeita igualdade, T = log nperfeita desigualdade.

34 39 Considerando uma população com n pessoas e renda nula, e que a renda total está equitativamente distribuída entre as demais pessoas, sendo que nt pessoas nada recebem e (1- T)n recebem cada um a fração da renda total. A redundância dessa distribuição seria: R = log, uma função crescente da fração (T) das pessoas que não recebem renda (HOFFMANN, 1998, p. 293). Utilizando logaritmos naturais, a equação pode ser descrita como: T = 1 - (6) Ou seja, com uma distribuição de renda qualquer, conhecendo a redundância e mantendo constante seu valor, pode-se determinar a fração (T) da população sem renda, se a total fosse equitativamente distribuída entre o restante da população. Essa fração (T) é o índice de Theil que mede o grau de concentração da distribuição. A vantagem do índice de Theil em relação ao índice de Gini éa maior sensibilidade às variaçõesnas rendas mais altas, cauda superior da distribuição de renda e a possibilidade dedecomposiçãodo valor da medida das rendas individuais em medidas intergrupos (desigualdade que é resultante das diferenças entre o rendimento dos grupos) e intragrupos (refere-se à parte da medida que é resultante das diferenças de rendimento entreos indivíduos classificados em um mesmo grupo) (MATOS, 2005, p. 22). O índice de Theil é decomposto em L de Theil e T de Theil. Os dois expressam o valor informativo da mensagem. Porém o índice L detheil calcula o valor informativo de uma informação incerta, que transforma asfrações de renda em frações da população (1/n), já o índice Tde Theilcalcula o valor informativo de uma mensagem incerta, quetransforma as frações da população em suas respectivas frações de renda(matos, 2005, p. 23). Hoffmann (1998, p. 18) utilizou os dados da distribuição familiar per capitado Brasil, segundo o PNAD de 1997, para realizar várias análises do comportamento da renda no país e entre as regiões brasileiras. Para tanto, um dos índices utilizados foi o índice de Theil.O valor do Tde Theil para todo o Brasil em 1997 foi 0, 749. O autor decompôs esse índice em duas parcelas: uma relativa à desigualdade dentrodas regiões, que é igual à média ponderada dos Tde Theil para cada região; e a outra parcela

35 40 referenteà desigualdade entreas seis regiões. Foi utilizada a renda total de cada região como fator de ponderação. O valor da primeira parcela foi 0,682 e o da segunda parcela foi 0,067. Hoffmann (1998, p. 18), verificou que a desigualdade entre regiões, embora importante, representa apenas 9% da desigualdade total, quando medida pelo Tde Theil. A desigualdade existente dentro de qualquer uma das regiões é muito maior do que a desigualdade entre as regiões. 3.3 O ÍNDICE DE CONCENTRAÇÃO HIRSHMAN-HERFINDHAL Uma distribuição de renda altamente desigual é verificada quando uma grande proporção da renda está com uma pequena proporção da população, ou seja, a desigualdade evolve proporção com proporção. Diferentemente da curva de concentração que mostra como a proporção acumulada da produção varia em função do númerodas empresas, ou seja, evolve proporção com números (HOFFMANN, 1998, p. 246). No estudo da concentração industrial, utilizam-se variáveis como: valor de produção, valor adicionado, número de empregados, etc. A escolha da variável depende da finalidade do estudo. O índice utilizado para medir a concentração de um mercado na economia industrial é o Índice de Hirshman-Herfindhal (H-H), esse índice tem como característica sintetizar a dispersão de uma distribuição, sendo o mais utilizado na literatura de concentração, bem como pode ser utilizado para a desigualdade de renda (ASSIS, 2008, p.22). O índice de Hirshman-Herfindhal é definido por: H = (7) O valor máximo de índice é H = 1, quando a indústria é constituída por uma única empresa. Esse índice se aproxima de zero quando a produção está dividida de forma relativamente igualitária entre um grande número de empresas (HOFFMANN, 1998, p. 248).

36 41 Utilizando esse índice para medir a desigualdade de renda, a concentração será medida pelo somatório das rendas y de cada individuo i, sobre o total de renda da amostra, ao quadrado H = Bulhões, Carminatti e Nicola (2008, p.5) utilizaram o índice de concentração Hirschman-Herfindahl para analisara capacidade produtiva brasileira das empresas de biodiesel e o nível de concorrência nas cinco regiões brasileiras.os autores utilizaram a razão de concentração representada por CR(k) e para comparar a variação da dispersão e o coeficiente de variação do índice H-H. O resultado encontrado para a Região Centro-Oeste foi de que o índice H-H seria iguala 0,171. Para a Região Nordeste o índice H-H foi 0,250. A Região Norte apresentou um índicede 0,650. Para as RegiõesSudeste e Sul, os índices de H-H foram 0,143 e 0,265, respectivamente. A maior concentração observada foi na Região Norte, em que duas empresas possuem 96,0% dacapacidade produtiva instalada nesta área. A Região Sudeste apresentou a menor concentração. Vale ressaltar que o limite superior do índice está associado ao caso extremo de monopólio, no qual uma única empresa opera no mercado, e o limite inferior assume o valor mínimo de 1/n quando todas as empresas têm a mesma capacidade produtiva (KUPFER, 2002 apud BULHÕES; CARMINATTI; NICOLA, 2008, p. 6). 3.4 O ÍNDICE DE ATKINSON Em 1970, Atkisoncrioumedidas de desigualdade derivadas de uma função de bemestar social.por isso, o índice de Atkinson é uma medida de desigualdade associada ao nível de bem-estarsocial de uma população.segundo o autor, o nível de bem-estar social (W) é uma função separável e simétrica das rendas individuais (xi). Simétrica, pois seu valor não se altera com alterações na renda das pessoas, e separável, pois seu valor está na soma do bem-estar de cada individuo, dependendo apenas de sua renda individual (HOFFMANN, 1998, p.153). Considerando uma população com n pessoas, o bem-estar seria: W = (8)

37 42 Ressaltando que U (xi) é o bem-estar que a sociedade associa com a renda da i-ésima pessoa, sendo assim não coincide necessariamente com o bem-estar ou utilidade individual. A partir do conceito de nível de renda equivalente numa distribuição igualitária, Atkinson utilizou-a para construir uma distribuição de renda mantendo o nível de bem-estar, distribuindo essa renda de forma igualitária,segundo Hoffmann (1998, p.154). Assim a distribuição pode ser definida como: U (x*) = (9) Em quex*é a distribuição igualitária. O nível de renda x*vai ser sempre menor ou igual à média de renda da distribuição,x* u, por isso se assume que a função U (x*) é côncava, com x* = uquando as rendas xida distribuição forem todas iguais.com isso, define-se o índice de Atkinson como o inverso da razão da renda equivalente em uma distribuição igualitária x*pela média da renda desta distribuição (ASSIS, 2011, p. 23). Assim, a medida de desigualdade proposta por Atkinson é: A = 1 (10) Em que μ é a média empírica dos rendimentos e x* é o nível de renda equivalente para uma distribuição igualitária. Se por exemplo x* for 60% de u, o índice de Atkinson (A) será igual a 0,4. Isso significa que o mesmo nível de bem-estar poderia ser obtido com 60% da renda total e os 40% restantes corresponderiam à desigualdade. Além disso, ou representa um nível de renda média e não pode assumir o valor zero, sendo que a condição de0 deve ser obedecida. O índice de Atkinson varia entre zero e um (HOFFMANN, 1998, p. 154), sendo que o mesmo apresenta um parâmetro de aversão à desigualdade ( ) que pode ser analisado na equação:

38 43 Ye = ( (11) OYe pode ser interpretado como o rendimento médio atribuído a cada um dos indivíduos, isso permite um bem-estar total equivalente ao gerado pela distribuição equitativa de todo o rendimento real observado. Oε, parâmetro de aversão à desigualdade, expressa a intensidade da preferência da sociedade pela igualdade e varia de zero ao infinito(hoffmann, 1998, p. 154). Portanto, se ε>0, há aversão à desigualdade, ou a preferência pela igualdade. Dessa forma, para uma mesma distribuição, quanto maior for o valor da aversão à desigualdade, maior será a desigualdade encontrada na distribuição (KUWAHARA; PIZA, 2008, p. 5). Figueiredoe Ziegelmann(2009, p. 18) utilizaram o índice de Aktinsonpara mensurar o impacto da mobilidade de renda sobre o nível de bem-estar econômico no Brasil. Os autores utilizaram esse índice para mensurar a perda de bem-estar resultante da desigualdade e da imobilidade de renda por meio de simulações, com base em dados relativos à renda brasileira nos anos de 1987 e 2005, utilizando três funções de bem-estar a partir de diferentes fontes teóricas de mobilidade. Em relação à pesquisa,a primeira considerouassociedades estáticas (sem mobilidade), a segunda reversível (associada a uma mudança de posição econômica com o passar do tempo, ou seja, o pobre tornar-se rico e o rico tornar-se pobre) e a terceira funçãocompreendeu a independência da origem (a posição econômica atual depende da posição no passado). A análise foi realizada simulando três situações diferentes, com os parâmetros, ρ e γ. A primeira análise assumiu a preferência pela igualdade ( = 4) e ainexistência de flutuações intertemporais (ρ) edo risco relativo ao nível de consumo (γ). Na segunda, o valor de foimantido, incorporando as flutuações intertemporais ao modelo e (γ) permanecendo igual a zero.na terceira,todos os parâmetros assumiramvalores diferentes de zero. Salienta-se que os valores próximos a 1 sugerem a existência de um baixo padrão de bem-estar econômico.o resultado para essa simulação foi que, para uma sociedade estática,a s =0,9444, ou seja, com um parâmetro de aversão à desigualdade igual a 4, assim a perda de bem-estar é elevada. Os índices relativos à reversibilidade (A r ) e a independência da origem (A 0 ) foram inferiores ao A s. Esse resultado foi encontrado para todas as simulações, as relativas à sociedade estática mostraram índices (A s ) superiores às das demais situações.

39 44 Os autores concluíram a partir das simulações que a mobilidade de renda constituiu uma importante fonte para a melhoria do bem-estar, demonstrando um impacto positivo sobre o nível de bem-estar econômico. Como analisado anteriormente, cada índice possui uma característica própria para medir a desigualdade.partindo do trabalho de Lorenz e Gini, que deram origem ao índice de desigualdade pessoal de renda amplamente utilizado, tem como característica dar maior relevância para as rendas médias e não para os extremos da distribuição, seu resultado varia entre zero e um. Osíndicesde Theile dehirshman-herfindhalpossuem a característica de atribuir maior sensibilidade àsalterações de renda na cauda superior. O índice de Theil tem maior variação quando há alterações nas rendas mais altas. O índice de Atkinson é uma medida de desigualdade associadaao nível de bem-estar social de uma população. Seu índice varia entre zero e um, além de possuir um valor de aversãoàdesigualdade, que quanto maior for o valor da aversão, maior será a desigualdade na distribuição. Embora esses sejam os índices mais utilizados, existem outros que não foram detalhados nesta pesquisa, como: índice de Bourguignon,índice de Dalton, índice de Sen, Índice Foster Greer e Thorbecke (FGT), entre outros.

40 45 4 MÉTODOS E TÉCNICAS O presente capítulo aborda os métodos e as técnicas utilizados no desenvolvimento da pesquisa. Além disso, são apresentadoso referencial teórico, as variáveis analisadas e a formade operacionalização da pesquisa. Este trabalho contempla a pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir de material já elaborado (GIL, 2008, p. 50), compreendendo a revisão sobre o assunto em livros, artigos científicos, entre outros.caracteriza-se como sendo uma pesquisa de caráter aplicado que, segundo Oliveira (1998, p. 123), requer determinadas teorias ou leis mais amplas como ponto de partida, e tem por objetivo pesquisar, comprovar ou rejeitar hipóteses sugeridas pelos modelos teóricos e fazer a sua aplicação às diferentes necessidades humanas. A lógica do presente trabalho recorre-se ao método dedutivo, sendo caracterizado como o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular (GIL, 2002, p. 32). Em nível de complexidade, adota-se a pesquisa descritiva que possibilita o desenvolvimento de um nível de análise que permite identificar as diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação e classificação (OLIVEIRA, 2002, p. 114). A partir disso, adota-se uma abordagem quantitativa, que tem como finalidade quantificar opiniões, dados e coleta de informações com o emprego de recursos e técnicas estatísticas (OLIVEIRA, 1998, p. 115), bem como a utilização do método estatístico. 4.1 REFERENCIAL TEÓRICO A abordagem utilitarista, iniciada por Jeremy Bentham e adotada, principalmente, pelos economistas John Stuart Mill, Francis Edgeworth, Alfred Marshall e Pigou, constituiua base teórica para o desenvolvimento do equilíbrio geral, desenvolvido por Léon Walras. Essaabordagem também trata da economia do bem-estar, demonstrando que o ótimo social pode ser alcançado pela distribuição adequada da renda entre os indivíduos. A base informacional do utilitarismo tradicional é o somatório das utilidades dos estados de coisas. Na forma clássica, benthamista, a utilidade de uma pessoa é representada por uma medida de seu prazer ou felicidade (SEN, 2002, p. 77).

41 46 As análises utilitaristas são realizadas a partir das chamadas funções debem-estar social, que descrevem os pesos específicos atribuídos à utilidade decada indivíduo na determinação do que é socialmente desejável, expressando umacondição técnica de avaliação (NPQV, 2005 p.9). Tal condição resulta de decisões na elaboração eavaliação de políticas públicas. A visão utilitarista considera três componentes distintos em sua avaliação sobre utilidade, primeiro é o consequencialismo,o qual define como todas as escolhas (ações, regras, instituições) devem ser julgadas segundo os resultados que geram. O segundo componente é o welfarismo que restringe os juízos sobre os estados de coisas às utilidades nos respectivos estados. O terceiro refere-se ao ranking pela soma, o qual requer que as utilidades de diferentes pessoas sejam somadas conjuntamente, ou seja, a soma das utilidades deve ser maximizada sem levar em consideração o grau de desigualdade na distribuição das utilidades (SEN, 2002, p. 78). A junção dos três componentes fornece a fórmula utilitarista clássica, julga a escolha do indivíduo a partir da soma total das utilidades geradas por meio dessa escolha. Segundo Varian (1994, p. 59), no passado, os filósofos e economistas falavam de utilidade como indicador de bem-estar de uma pessoa. A mesma era a medida de felicidade de uma pessoa, porém nunca foi descrito como quantificar a utilidade associada a distintas escolhas. Com isso, os economistas reformularam a teoria do comportamento do consumidor em termos de preferência do consumidor e a utilidade tornou-se um modo de descrever as coisas. O modelo de Walras sobre o equilíbrio geralserviu de inspiração para outros economistas que tentaram aperfeiçoá-lo, bem como a eficiência do modelo. VilfredoPareto entendia o equilíbrio econômico como uma relação entre as preferências dos indivíduos e os obstáculos que eles possuíam ao adquirir produtos.pareto concedeu destaque às preferências nas escolhas para determinar a demanda, e não somente a utilidade. Dessa forma, elaborou uma formulação chamada de Ótimo de Pareto (SILVA, 2009, p.8). Conforme Silva (2009, p.8), o Ótimo de Pareto propõe a realocação dos recursos, permitindo melhorar o bem-estar de um indivíduo, sem diminuir o bem-estar de outro. Dessa forma, a eficiência Paretianaem uma economia só é eficiente se os recursos forem utilizados para melhorar o bem-estar da sociedade como um todo, sem diminuir o bem-estar de ninguém.

42 47 A partir disso, foram elaborados dois teoremas, os quais a economia do bem-estar utiliza para debater as questões normativas na política pública. Primeiro teorema do bem-estar considera que a eficiência econômica corresponde ao equilíbrio competitivo que, por sua vez, corresponde à eficiência.o segundo teorema considera que a eficiência pode ser atingida como resultado de um equilíbrio competitivo, com uma distribuição de recursos iniciais (BARROS, [s.d.], p. 9). Como a economia do bem-estar parte do conceito de eficiência, esses teoremas são fundamentais,pois identificam sob quais condições o equilíbrio de mercado leva a resultados desejados economicamente, além de debater as condições normativas na economia pública. Dessa forma, a pesquisa utiliza como referencial teórico a abordagem utilitarista do bem-estar, pois essa foca exclusivamente na renda como melhoria do bem-estar das pessoas, utilizando para tal avaliação os dois teoremas do bem-estar inseridos no contexto do equilibriogeral. 4.2 CATEGORIAS E VARIÁVEIS A desigualdade, segundo Medeiros (2006, p. 10), compreende uma situação em que não existe igualdade. Para Castro (2006, p. 15), a desigualdade é um fenômeno que sinaliza um padrão de distribuição de recursos extremamente injusto. De acordo comsen (2001, p.43), o importante é saber de que igualdade está se buscando, para assim entender a desigualdade. Quando se fala em desigualdade, o que está subjacente é a desigualdade na distribuição de algo entre indivíduos, agrupamentos ou categorias.como por exemplo, a desigualdade na distribuição da renda, que pode ser abordada de várias maneiras: [...] distribuição funcional da renda quando se analisa como a renda é dividida segundo categorias funcionais ou fatores de produção, como capital e trabalho; distribuição espacial dos rendimentos, obviamente em referência a divisões geográficas; e distribuição pessoal dos rendimentos para o estudo de como a renda é distribuída entre pessoas(medeiros, 2006, p. 9, grifos dos autores). Há outras maneiras de distribuições, mas o importante é informar o que está sendo analisado em uma distribuição e entre quais indivíduos está sendo feita, ou seja, uma variável segundo uma categoria.

43 48 Conforme exposto, existem diversas formas de desigualdade. Essa pesquisa tem como objetivo analisar a desigualdade dos resultados, mais especificamente, de um resultado em particular, a renda. Essa variável foi escolhida pelo fato de seu resultado ser mais preciso e facilmente mensurável, além de ser um dos principais determinantes dos outros resultados. Dessa forma, nesse estudo, foiabordada a variável renda pessoal do Estado de Santa Catarina. - Renda pessoal:refere-seà renda que um indivíduo recebe sob a forma de salários, ordenados, aluguéis, participações, benefícios sociais, ou seja, é a importância monetária que o indivíduo tem a sua disposição (HOFFMANN, 1998, p. 8); Essa variável foi analisada na população catarinense por meio de algumas categorias, extraídas dos microdados dos Censos Demográficos de 1970 a 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tais como: - População em Idade Ativa (PIA): é a classificação etáriadas pessoas teoricamente aptas a exercer uma atividade econômica. No Brasil, é composta pela população com 10 ou mais anos de idade. - População Economicamente Ativa (PEA): composta pelas pessoas acima de 10 anos com rendimento no período da pesquisa. Foram excluídas as pessoas economicamente inativas (são as pessoas desocupadas, ou seja, pessoas incapacitadas para o trabalho, ou que não querem trabalhar, incluindo estudantes e as pessoas que cuidam de afazeres domésticos). - Gênero: sexo da pessoa recenseada, classificada em masculino e feminino. - Cor: característica declarada pela pessoa. Na pesquisa foram utilizados dois parâmetros, branco e não brancos. - Nível de Instrução: informações do nível de escolaridade que a pessoa havia frequentado. Para atingir o objetivo desse estudo, utilizou-se essas variáveispara analisar a desigualdade pessoalde renda em Santa Catarina por meio de grupos filtrados por gênero, cor e grau de escolaridade. Nos estudos que analisam a desigualdade de renda, essas variáveis são as que têm maior representatividade no nível de desigualdade, por isso foram utilizadas nesta pesquisa. 4.3 FORMA DE OPERACIONALIZAÇÃODA PESQUISA

44 49 A presente pesquisaconsistiu na análise do comportamento e da evolução da desigualdade e distribuição da renda no Estado de Santa Catarina nas décadas de 1970, 1980, 1990, 2000 e Para isso, foram utilizados os microdados dos censos demográficos das respectivas décadas. O Censo Demográfico, utiliza a pesquisa domiciliar para pesquisar a população brasileira em todo o território nacional, detalhando as características pessoais e ocupacionais de todos os indivíduos do domicilio. A entrevista é feita por questionários decenais, coletando informações de renda, moradia, serviços públicos, bem duráveis, entre outras (NERI, 2011, p.53). O IBGE armazena o conteúdo dos questionários em microdados no formato American Standard Code for Information Interchange(ASCII), sob a forma de códigos numéricos, preservando o sigilo estatístico com vistas anão individualização das informações. Dessa forma, os microdados só poderão ser extraídos em softwares estatísticos, para posterior leitura e cruzamento dos dados conforme o interesse do estudo. Nesta pesquisa, empregou-se o softwarestatistical Package for the Social Sciences(SPSS 20), que fornece o suporte para filtrar as amostras conforme a necessidade e objetivo da pesquisa. Dessa forma, a base de dados foi filtrada entre a população em idade ativa, ou seja, pessoas teoricamente aptas a exercer uma atividade econômica, e a população economicamente ativa, as pessoas que exerceram algum trabalho remunerado em dinheiro, produtos ou mercadorias ou as que tomaram alguma providência efetiva de procura de trabalho na semana de referência. Como o rendimento é a principal variável analisada neste estudo, é importantefornecer detalhes dessa variável nos diferentes censos. Os primeiros resultados do censo começaram ser aplicados na década de 1960, dessa forma ocorreram mudanças nos formulários e na metodologia do levantamento dos dados com o passar do tempo, visando à melhoria da qualidade das informações. No censo de 1970, há pouca informação sobre os rendimentos, apenas uma questão captava as informações, sendo que não há declaração se o rendimento é bruto ou líquido, apenas que é o rendimento médio mensal em cruzeiros. Também não foram divulgados os dados para a variável cor na década de 1970.No censo de 1980, os rendimentos das pessoas resultaram da soma de quatro categorias: a)rendimento da ocupação principal, b) de outras ocupações, c) de aposentadoria ou pensão e d) outros rendimentos (aluguéis, arrendamento,

45 50 doações,pensão alimentícia), todos em cruzeiros. O mesmo ocorreu para a década de 1990, em que os rendimentos corresponderam ao valor bruto recebido no mês de agosto de 1991, em cruzeiros. Nos dados censitários de 2000 e 2010,o rendimento total de cada pessoa tem comoreferência o mês de julho expresso em reais. Esse rendimento é derivado de sete categorias: a) trabalho principal, b) demais trabalhos, c) aposentadorias e pensões,d)aluguel, e) pensão alimentícia, f) bolsa escola, seguro desemprego e outros rendimentos de programasoficiais de auxílio, g) outros rendimentos. Como os rendimentos nos Censos Demográficos, estão em valores monetários diferentes, para tornar as rendas comparáveis foi necessário transformar os mesmos em uma única moeda, o real. Também foi utilizado um índice de preços para deflacionar a renda, já que a moeda não se mantém constante ao longo do tempo. Foi utilizado o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), base agosto de 1994, que mede o comportamento de preços em geral da economia brasileira. Após os dados filtrados, transformados em reais e deflacionados,foi possível disponibilizá-los em gráficos e tabelas das distribuições de renda em percentil.por fim, foram construídas as distribuições na Curva de Lorenz para uma melhor visualização e análise dos dados, descrevendo-se os resultados obtidos. A partir disso, a análise da desigualdade foi desenvolvida por meio da interpretação do índice de Gini, da curva de Lorenz e da renda média, e a renda dos extremos mais pobres e mais ricos entre a população. O coeficiente de Gini revela o grau da desigualdade de renda e a renda média corresponde à distinção de segmentos da distribuição de renda. No capítulo 5, serão apresentadas a análise e a interpretação dos resultados obtidos com a operacionalização das variáveis discutidas.

46 51 5ANÁLISE ESTÁTICA COMPARATIVA DA DESIGUALDADE PESSOAL DE RENDA EM SANTA CATARINADE 1970 A 2010 O presente capítulo destina-se à apresentação e discussão dos principais resultados da pesquisa, que tem como objetivo principal analisar a evolução da desigualdadepessoal de renda no estado de Santa Catariana de 1970 a Na primeira análise, busca-se verificar o comportamento da desigualdadepessoal de renda no estado de Santa Catarina. Após isso, as análises são estratificadas entre gênero e cor da população catarinense. Por último, analisa-se como a renda se distribui entre a população a partir do nível de escolaridade. 5.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS A análise da desigualdade de renda foi desenvolvida a partir da interpretação do índice de Gini, da curva de Lorenz, da renda média e darenda por estratos da população. O coeficiente de Gini revela o grau da desigualdade de renda e a relação entre as parcelas de renda, corresponde à distinção de segmentos extremos da distribuição. A Figura 7 apresentaa evolução temporal do índice de Gini da população economicamente ativa do estado de Santa Catarina ao longo das últimas cinco décadas. Figura 7 Índice de Gini de Santa Catarina ( )

47 52 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e De acordo com a Figura 7, a desigualdade de renda no estado catarinense esteve numa trajetória ascendenteentre as décadas de 1980, 1990 e 2000,com um pico maior entre as décadas de 1990 e 2000, em quese verifica um aumento de 8.60% nesse período. Na década seguinte, nota-se uma queda de 21.49% em relação à anterior. O índice passou de para , chegando ao seu menor nível nos últimos 40 anos. Para fazer um comparativo entre os índices de Gini de Santa Catarina, e o índice nacional,utilizaram-se dados da pesquisa do IPEA (2012, p. 9) para a elaboração dasfiguras 8 e 9. Figura 8 Índice de Gini do Brasil ( ) nte: Elaboração própria a partir dos dados do IPEA(2012). Fo

48 53 Observa-se que, a partir da década de 1990, o índice de Gini brasileirosofreu uma queda significativa, passou de para 0.594, e para em Isso demonstra uma melhora no padrão de distribuição de renda na sociedade brasileira, apesar de o índice de Gini ainda ser elevado. Tal melhoria é decorrente da estabilidade econômica e de programas sociais de transferência de renda. Porém, ainda assim, o Brasil está muito distante da distribuição de renda verificada nos países desenvolvidos. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (2011), de 187 países analisados, apenas sete apresentaram distribuição de renda pior que o Brasil. Países como Colômbia, Bolívia, Honduras, África do Sul, Angola, Haiti e Comoros. A Figura 9 ajuda a visualizar e comparar os índices de Gini de Santa Catarina e do Brasil. Figura 9 Índice de Gini de Santa Catarina e Brasil ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dosmicrodadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010 e dados do IPEA (2012). Com base na Figura 9, nota-se que o coeficiente de Gini do Brasil esteve sempre em níveis superiores ao de Santa Catarina. Observou-se também que Santa Catarina acompanhou a tendência de aumento da desigualdade do Brasil nas décadas de 1970 até 1990, no entanto manteve sua trajetória ascendente, enquanto no país começou a cair já nos anos Na Figura 9, evidencia-se que há uma maior concentração de renda no país em comparação com o estado catarinense.

49 54 Ferreira, Redivo e Vieira (2010, p. 9), analisaram o índice de Gini dos estados brasileiros entre 1981 e No estudo observou-se que entre 1981 e 1990, houve uma elevação do índice para todas as unidades da federação. E entre 1990 e 2009, esse resultado se inverteu, houve uma queda na concentração de renda para a maioria dos Estados, exceto para o Distrito Federal, Sergipe, Alagoas e Amapá. Os pesquisadores verificaram que apenas em 1981, os estados do Amazonas, Amapá, Rondônia e Rorâima apresentavam menor desigualdade do que Santa Catarina. O que chamou atenção no estudo foi o fato de que o estado catarinense ter apresentado uma queda significativa a partir de 1990 e maior redução na concentração de renda na ultima década. Em 2009, o índice de Gini de Santa Catarina era 0,46 e o do Brasil 0,54. Entre os estados, nove apresentavam índices superiores a renda nacional. Entre os estados da região Sul, Sudeste e Norte, todos apresentaram índices menores que o nacional. Nos estados do Nordeste, apenas Maranhão apresentou índice inferior a 0,54. Os quatro estados que apresentaram um afastamento em relação ao índice nacional, ou seja, que apresentaram índices menores que 0,50, foram Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. E a pior distribuição de renda entre todas as unidades da federação encontrava-se no Distrito Federal (FERREIRA; REDIVO; VIEIRA, 2010, p. 9). Em outro estudo elaborado peloinstituto de Pesquisa e Estratégia do Ceará (2001, p. 5) para analisar a desigualdade de renda dos estados brasileiros nas décadas de 2000 e 2010 por meio do índice de Gini, verificou-se uma redução do índice em todas as regiões, no entanto, a dinâmica da redução foi diferenciada entre os estados. Santa Catarina apresentou os menores índices, sendo o estado em que a desigualdade de renda teve a maior redução no período considerado. Nesse sentido, os resultados destacados no estudo citado corroboram com a presente pesquisa. Para compreender a redução da desigualdade de renda com o passar do tempo, foram analisados os principais momentos econômicos que o país enfrentou a partir da década de 1970.Segundo Trindade (2010, p. 16), a explicação do comportamento da desigualdade de renda no Brasil na década de 1970 está associada ao crescimento econômico acelerado do país. A expansão na economia causou distúrbios no mercado de trabalho devido à defasagem da qualificação na mão de obra frente à corrida tecnológica. O período de 1968 a 1973 foi denominado de milagre econômico, pois o regime militar soube aproveitar a conjuntura internacional favorável para gerar elevados investimentos e empréstimos bancários. Porém, houve o favorecimentoda classe média alta, que pode desfrutar dos benefícios do crescimento

50 55 econômico. Dessa forma, a década de 1970 teve como características a exclusão social e a política da minoria da população (SANTAGADA, 1990, p. 4). O debate sobre a desigualdade de renda na década de 1980 perdeu importância nesse período em função de outras preocupações que o país enfrentava. Do milagre econômico brasileiro da década de 1970, a nova década passou a ser chamada de década perdida. Os anos de 1980 passaram por uma elevada instabilidade econômica, com altas taxas de inflação, que trouxe mudanças significativas na ordem econômica e social do país. Esse resultado veio como herança dos anos 1970, devido ao endividamento externo e o avanço multinacional do país, que trouxe maior desigualdade social e piora na distribuição de renda (SANTAGADA, 1990, p.7).para Castro (2006, p.49), tanto a falta de crescimento no período,quanto a desigualdade de renda contribuíram para um significativo aumento da pobreza e declínio do bem-estar social. Como pode ser observado nas Figuras7 e 9, os índices de Ginidas décadas de 1980e 1990 passaram de 0.49 para 0.51 em Santa Catarina e de 0.58 para 0.60 no Brasil. Ou seja,verificou-se um a elevação em torno de 4.08% e 3.45%respectivamente para o período. A década de 1980 foi marcada por uma elevação quase que contínua da desigualdade de rendimentos. Vale destacar que no período de 1986 a 1991 o Brasil passou por cinco planos de estabilização baseados no congelamento de preços, porém nenhum deles resolveu o problema da época.segundo Romão (2003, p. 19), a constituição de 1988 trouxe novas perspectivas para a década que iniciaria, pois foram inseridos dispositivos de proteção quebuscavam uma melhor distribuição das riquezas, por meio do avanço na seguridade social, como saúde, previdência e assistência social, objetivando a construção de um Estado socialmentejusto. O que marcou a década de 1990 foi o bem-sucedido programa de estabilização, o Plano Real, que foi uma opçãopara o combate àalta inflação que o país enfrentou durante a década anterior. A política macroeconômica da década de 1990 caracterizou-se pela abertura comercial, desregulamentação financeira e valorização cambial (ROMÃO, 2003, p. 12). O Plano Real,por meio da estabilização dos preços, favoreceu os estratos mais pobres da população na ampliação do poder de compra de suas rendas. Para Ramos e Vieira (2001, p. 6),a década de 1990 chegou ao final na mesma situação em que começou. Ou seja, os autores analisaram todo o período e concluíram que o comportamento da desigualdade de renda passou por uma série de oscilações, mas permaneceu relativamente inalterada, em um nível elevado.

51 56 Para Santa Catarina,pode-se observar na Figura 7,que o índice de Gini em 2000 foi superior ao da década de Ou seja, a mudança no desempenho da economia nacional ao longo de 1990não trouxe resultados expressivos para a distribuição de renda no estado catarinense, o que resultou em um índice elevado no censo de Porém, ao longo dos anos 2000, iniciou-se um período de redução na desigualdade de renda por meio de políticas públicas e programas de transferência de renda.um desses programas foi o Bolsa Família, criado em 2003, com o objetivo de reduzir a pobreza e desigualdade de renda, provendo um benefício mínimo para famílias pobres. Tais programas contribuíram para uma significativa queda da desigualdade de renda brasileira nos anos seguintes (ALVIM; BAGOLIN; CARNEIRO, 2009, p. 4). Nas Figuras 1 e 2, pode ser observada a trajetória de queda do índice de Gini de 2000 para Neri (2011, p. 11), comparou as décadas de 1960 a 2000 como um fenômeno de imagem invertida da desigualdade, pois a renda dos 10% mais ricos subiu 66,87% entre os censos de 1960 e A renda dos 50% mais pobres cresceu 81,22% menos que a dos 10% mais ricos. Enquanto que nos anos 2000, a renda dos 50% mais pobres aumentou69%, a imagem do espelho do ganho dos 10% mais ricos nos anos de O Brasil atingiu em 2011 o menor índice de desigualdade desde Entre 2001 e 2011, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou em termos acumulados, enquanto a renda dos mais pobres cresceu notáveis 91.2% no período. Ou seja, a do décimo mais pobre cresceu 550% mais rápido que a dos 10% mais ricos (IPEA, 2012, p. 8). Segundo Cardoso e Faccio (2010, p.1), o estado de Santa Catarina destaca-se pelo desempenho na melhor distribuição de renda no estadonos últimos dez anos, o estado reduziu a pobreza absoluta de 37% para 13,17%. Esse resultado está relacionado com a evolução da conjuntura socioeconômica nacional que,por meio do crescimento econômico, beneficiou o crescimento do emprego formal. O estado catarinense possui o maior grau de formalização do emprego entre todos os estados da Federação (CARDOSO;FACCIO, 2010, p. 1). Esse contexto de crescimento do emprego e da renda, por meio de programas de transferência de renda como o Bolsa Família e investimentos públicos destinados à população rural como o Programa de Valorização da Agricultura Familiar (Pronaf), contribuiu para elevar a renda da população, possibilitando a redução da pobreza no estadocatarinense.

52 57 Uma das formas de visualizar o coeficiente ou índice de Gini é pela forma gráfica. Graficamente, o índice pode ser representado pela área entre a curva de Lorenz e a linha de perfeita igualdade. Figura 10 - Curva de Lorenz de Santa Catarina no período de 1970 a 2010

53 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Para analisar o grau de desigualdade, por meio da Figura 10, verifica-se o tamanho da curvatura da curva de Lorenz, ou seja, a área entre a curva e a reta de 45 graus. O índice de Gini corresponde à razão entre a curva e a área do triângulo inferior do gráfico.

54 59 Dessa forma, visualiza-se que a desigualdade é mais acentuada nas figuras representadas pelas décadas de 1990 e 2000, enquanto que as curvas de Lorenz das décadas de 1970 e 2010 estão mais próximas da reta, evidenciando menores índices de desigualdade. Na parte que representa a década de 1980, verifica-se que o nível se desigualdade foi maior que a década anterior e menor que Nos gráficos da Figura 11, observa-se a desigualdade por meio das distribuições de frequência da renda pessoal. Figura 11 Histograma do comportamento da renda pessoal no Estado de Santa Catarina no período de 1970 a 2010

55 Média: 9.15 Desvio Padrão: 1.40 Média: Desvio Padrão: Média: 9.01 Desvio Padrão: 1.51 Média: 9.45 Desvio Padrão: Média: Desvio Padrão: 1.40 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Os gráficos da Figura 11, está em escala logarítmica, para tornar a imagem mais harmônica e adequada à análise, pois gráficos em escala aritmética levam em conta a variação nominal dos rendimentos, enquanto que em escala logarítmica consideram sua variação

56 61 percentual.o desvio padrão mede a dispersão dos valores em torno da média. Ou seja, quanto maior o desvio padrão, maior a desigualdade. Para verificar a desigualdade a partir da visualização da figura, analisa-secomo os dados se comportam em torno do centro do gráfico, sendo assim quanto mais próximo da média, menor é a desigualdade. Examinando os dados da Tabela 11, nota-se que as décadas com maior desvio padrão, representando uma maior desigualdade, são 1980com um desvio de 4,57%e média de R$33860,35 e 1990 com desvio padrão de 4.52% e o valor médio no rendimento de R$8184,52. Esse valor elevado na média, decorre das discrepâncias dos indivíduos que recebem os maiores rendimentos.a década de 1980 foi marcadapor uma elevação da desigualdade de renda, com um deslocamento das distribuições para a direita e uma maior dispersão da curva, ou seja, a renda média foi sustentada por um aumento da desigualdade de renda.na década de 1990, visualiza-se uma distribuição dispersa da média. Os períodos que apresentaram uma maior equidade da distribuição foram 1970 e 2010, ambas com um desvio padrão de 4.05%e renda média de R$9414,44 e R$24834,77 respectivamente.na década de 2000, a curva apresentou um deslocamento disperso para a direita, representando um aumento da desigualdade pelo aumento da renda média. A média desse período foi R$12708,17 e o desvio padrão de 4.44%. Neste momento, evidencia-se o comportamento da renda da população, ou seja, em quais grupos ocorreram ganhos e perdas na participação de renda, além de mostrar onde a renda está mais concentrada. Para isso, as rendas foram analisadas por quantis, para verificar em quais extratos da população ocorreram os maiores aumentos e quedas da desigualdade. Um quantil é uma separatriz, o valor da fronteira que divide estratos da população (MEDEIROS, 2006, p. 16). NaTabela 1, verificam-se as distribuições dos rendimentos, da população dividida em grupos, sendo que o grupo representado pelo percentil 10, representa a renda dos 10% mais pobres, do mesmo modo que o último grupo é formado pela camada mais rica da população. Tabela 1 - Distribuição da renda por percentil da população de Santa Catarina( )

57 62 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e O nível de rendimento médio em Santa Catarina apresentou oscilações entre os períodos analisados. Em 1970, a média estava em R$303,24, com um acréscimo de 63,59% na década de A partir de então, o rendimento médio em SC aumentou, atingindo R$383,08 em Os dados expostos demonstraram quea renda do percentil 99 para a década de 1970 é R$ 1657,87, significa que cada uma das pessoas classificadas como 1% mais ricas, ganhou pelomenos ovalor mencionado nesse período. O mesmo ocorreu com os 10% mais pobres, cujo rendimento foi R$ 46,05. Com isso, observa-se que a renda da parcela mais rica recebia em média 5 vezes mais que o valor da média geral(r$303,23).enquanto que os 10% mais pobres, recebiam em média 6,5 vezes menos.além disso, o 1% da população mais rica detém uma parcela da renda superior à apropriada por metade de toda população restante. Entretanto, ao analisar a evolução da renda desses dois estratos da população no decorrer das décadas, percebe-se que a renda dos 10% mais pobres subiu aproximadamente 119% e para os1% mais ricos a elevação foi em torno de 29% de 1970 para2010.com isso, conclui-se que a renda da população dos extratos mais pobres, aumentou de maneira mais acelerada do que a população mais rica. A Figura 12 destaca os resultados apontados na Tabela 1, além de apresentar a proporção da renda apropriada pelos quantis da distribuição ao longo das cinco décadas. Figura 12 Frequência dos rendimentos em percentil de 1970 a 2010

58 63 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Por meio da Figura 12, verifica-se a diferença que separa os ricos dos pobres no que se refere àobtenção de renda, demonstra como ela é mal distribuída entre as parcelas da população. Ao longo de todas as décadas, verifica-se que a renda dos 50% mais pobres da população não representava nem 50% da renda dos 1% mais ricos.a partir da Tabela 1 e da Figura 12, evidencia-seque a década de 1980como o período com maior concentraçãode renda entre a parcela mais rica da população. Esse resultado confirma a falta de crescimentoeconômico da época, marcada por estagnação econômica e altos índices de inflação, que contribuíram para o aumento da concentração de renda e da pobreza e a redução do bem-estar social enfrentado ao longo da década.

59 64 É possível observar uma certa semelhança entre as distribuições da renda na figura representada pela década de 1970 e Além disso, para todos os períodos evidencia-se um aumento quase que contínuo da renda no extrato dos 70% da população, exceto na década de 2000, que houve uma queda em relação a década anterior. Considerando a Figura 12, pode-se verificar que a renda da população entre os percentis 50 a 70 seguem uma estabilidade na renda, sem haver significativos aumentos nos rendimentos. Essa constatação foi verificada nos Estados Unidos,em que a renda de 70% da população é constante (em termos reais) desde 1970 (SKOTT, 2010, p. 7). Para todos os períodos, constatou-se que a renda de 70% da população aufere rendimentos abaixo da média. Porém na última década, os rendimentos das parcelas da população até o percentil 70 foram superiores às décadas anteriores. Isso é verificado nas curvas de frequência, em que a década de 2010 apresenta o menor desvio padrão em relação à média do período. As transformações econômicas ocorridas na última década no país, como o controle da inflação, expansão dos programas sociais de transferência de renda, a disponibilidade de crédito, têm aumentado a renda média da população, principalmente dos estratos inferiores,proporcionando um crescimento no consumo das pessoas. Isso faz com que a economia mantenha-se aquecida, refletindo positivamente no aumento do PIB do país. Diante do cenário supracitado, observa-se que na última década houve uma queda considerável da desigualdade de renda, medida pelo índice de Gini e pela relação das rendas entre os mais ricos e pobres em Santa Catarina. Identificou-se uma queda na concentração da renda proveniente de um crescimento nos rendimentos da população mais pobre e uma redução da renda da parcela mais rica da população. A partir dessa constatação verifica-se que não ocorreu um aumento na renda de toda a população na ultima década, e sim dos estratos inferiores. Isso demonstra que uma redistribuição da renda dos ricos para os pobres não representa uma Eficiência de Pareto ou Ótimo de Pareto. Esse termo refere-se a perspectiva da economia do Bem-Estar, reverenciada na revisão de literatura dessa pesquisa. Ou seja, a economia do bem-estar está ligada com a política que melhora a alocação dos recursos, que na posição do Ótimo de Pareto, só é possível melhorar a situação de um agente econômico sem degradar a posição do outro.

60 65 Dessa forma,uma medida de política econômica é uma melhora no sentido de Pareto quando, por meio dessa medida, consegue-se aumentar o nível de bem-estar de um indivíduo, sem reduzir o bem-estar de outro. Com isso, insere-se nessa análise, o segundo Teorema do Bem-Estar, que explica qual a melhor maneira de se obter a justiça social sem interferir nos mercados em livre concorrência. Para que isso ocorra, é necessário a interferência do Estado, que garanta uma distribuição inicial de renda, a qual se deseja alcançar, e depois o mercado ajustaria o restante. Ou seja, a intervenção do Estado, justifica-se quando há uma desigualdade na distribuição de renda, motivando a necessidade de políticas e medidas de redistribuição. O Estado pode utilizar os impostos como forma de redistribuição, porém isso pode levar a resultados ineficientes, pois o imposto afetaria as escolhas dosindivíduos. Dessa forma, para não afetar as escolhas, o Estado deveria cobrar um imposto do tipo lump-sum. Esse imposto é fixo, não interfere na renda, ou seja, não distorce a eficiência na economia. Neste momento, cabe analisar o comportamento da desigualdade entre grupos diferenciados por gênero, cor e grau de escolaridade, o que será feito na próxima seção.a primeira parte focaliza a análise do comportamento e da evolução da variável gênero na renda pessoal de Santa Catarina, seguida das variáveis cor e grau de escolaridade.o objetivodas subseções consiste em analisar onde ocorreram os maiores ganhos e perdas na renda da população catarinense,além de mostrar onde a renda está mais concentrada. 5.2 A DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA POR GÊNERO Torna-se relevante analisar as desigualdades de gênero para compreender como se constituem as relações entre homens e mulheres na distribuição de renda. Sabe-se que as diferenças entre os sexos podem ser percebidas em diversas práticas e valores culturais construídos ao longo do tempo. Analisa-se primeiramente, como ocorreu a distribuição entre os sexos no estado, no período da pesquisa. Dessa forma, observam-se nos dados expostos na tabela 2, que a quantidade entre homens e mulheres esteve sempre muito próxima.

61 66 Tabela 2 - População de Santa Catarina por gênero ( ) Gênero 1970 Δ% 1980 Δ% 1991 Δ% 2000 Δ% 2010 Homem , , , , Mulher , , , , População total , , , Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Ipeadata(2013). Com base na Tabela 2, verifica-se que a população masculina permaneceu em um número maior no estado até a década de A taxa de crescimento média dos homens foi maior que as mulheres apenas entre a década de E a taxa de crescimento da população catarinense diminui ao longo das décadas. Constata-se que até 1990, o sexo masculino predominava no estado, porém nas ultimas duas décadas, o número de mulheres ultrapassou o de homens. Em 2010, a proporção era de aproximadamente 1,02 mulheres para cada homem. A partir da Figura 13, avalia-se a disparidade entre os gêneros da população catarinense, bem como o comportamento do índice de Gini para os homens e mulheres ao longo das décadas analisadas. Figura 13 Índice de Gini de Santa Catarina, classificado por gênero ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Observa-se que os índices de Gini tanto para homens como para mulheres estiveram relativamente próximos em alguns períodos. Porém o índice de Gini dos homens, em média, é

62 67 maior do que o das mulheres. O declínio do índice para os homens no período de foi de 12,4% contra uma redução de 25,4%entre as mulheres. E entre as décadas de 2000 e 2010 foi21,9% para o sexo masculino contra 11,8%para o sexo feminino. Constata-se, por meio da Figura 13, que a desigualdade de renda das mulheres entre 1980 e 1990, aumentou 23,52%, enquanto que para os homens o aumento foi de 2,90%. Isso deve-se ao fato de que as mulheres possuíam as ocupações menos valorizadas e, muitas vezes, na informalidade ou desprotegidas de qualquer regulamentação que lhes garantisse direitos sociais.a desigualdade de renda entre as mulheres foi menor do que a registrada pelos homens ao longo do tempo analisado. Na década de 2010, verificou-se uma queda de 11,8% na desigualdade entre as mulheres, enquanto para os homens a desigualdade aumentou 8,5%. Isso foi resultado da inserção da mulher catarinense no mercado de trabalho formal a partir da década de Entre 1986 e 2011, o emprego feminino cresceu a uma taxa média anual de 4,8% contra 3,1% no emprego dos homens(aruto; SANTOS; VIEIRA FILHO, 2013, p. 3). Apesar da expansão das mulheres catarinenses no mercado de trabalho formal, superando a taxa de crescimento do emprego masculino, o rendimento feminino continua abaixo do masculino, como pode ser observado nas Tabelas 3 e 4. Tabela 3 - Distribuição da renda por percentil dos homens catarinenses de 1970 a 2010 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Nota-se que o maior rendimento médio dos homens foi na década de 1980, sendo R$372,43. Na década seguinte apresentou uma queda de 35,4%, passando para R$274,97. Essa variação ocorreu nas décadas seguintes, com uma nova elevação em 2000 e queda em

63 , ou seja, os rendimentos médios para os dois períodos foram R$357,07 e R$345,08, respectivamente. Nas décadas de 1970 e 1980, a parcela mais rica da populaçãomasculina auferia uma renda 28,5% maior que a parcela dos 10% mais pobres. Em 1990 e 2000, essa diferença elevou-se ainda mais, chegando a 39,7%. A redução entre os rendimentos ocorreu somenteem 2010, em que os homens mais ricos ganharam 20% a mais que a parcela dos 10% mais pobres. Analisando a Tabela 3, verifica-se que até o percentil 70 a renda dos homens não sofreuexpressivos aumentos. A partir de 2010, observa-se que os rendimentos dos percentis inferiores têm uma elevação,enquanto que o rendimento dos extratos superiores sofreu uma queda em torno de 25%. Na Tabela 4, observa-se o comportamento da renda entre as mulheres, sendo assim pode-se fazer uma análise da desigualdade de renda entre os gêneros no estado de Santa Catarina. Tabela 4 - Distribuição da renda por percentil das mulheres catarinenses de 1970 a 2010 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e A partir da Tabela 4, verifica-se que a renda média das mulheres seguiu uma tendêcia diferente do que a apresentada pelos homens. Durante o período analisado, o rendimento médio feminio apresentou uma elevação. Ou seja, em 1970, o rendimento médio representava R$150,24, passando para R$202,95 em A década de 1990 foi caracterizada pela

64 69 intensificação da abertura comercial e pela terceirização da economia, que impulsionou a presença das mulheres na constituição da força de trabalho. Essa inserção no mercado de trabalho foi acompanhada de um ganho nos rendimentos. Em 2000, observou-se uma queda no rendimento feminino, passando para R$213,58. Isso pode ter ocorrido pelo aumento na taxa de desemprego no final da década de 1990, podendo ter propociado a queda nos rendimentos femininos em Entretanto, a renda média feminina teve uma elevação de 9,7% em 2010 (R$234,30). Para visualizar o comportamento da renda média dos homens e das mulheres ao longo das décadas, considera-se a Tabela 5, que permite uma análise na diferenciação da renda por gênero. Tabela 5 - Rendimentos classificados por gênero em Santa Catarina ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Cumpre ressaltar o diferencial salarial entre os gêneros, que em 1970 registrou que as mulheres recebiam, em média, 63,5% menos que os homens. Essa diferença aumentou para 83,5% em A década de 1990 representou a menor diferença entre os rendimentos. Na década de 2000, os homens receberam, em média, 67,18% a mais que as mulheres. Entre 2000 e 2010, as mulheres catarinenses apresentaram um ganho real de 9,7%, enquanto que a renda média masculina sofreu uma queda de 3,5%. Entretanto, o rendimento dos indivíduos do sexo masculino foi 1,5 vezes maior que o feminino, ou seja, a renda média dos homens foi 47,3% superior à renda das mulheres.ao examinar a parcela de renda apropriada pelo 1% mais rico e os 10% mais pobres na Tabela 5, observa-se que as rendas dessas parcelas do sexo masculino foram100% e 150%, nessa ordem, maiores que o rendimento das mulheres na década de Esses números reduziram para 56,26% e 66,67%, respectivamente, em Ou seja, na última década, a diferença entre o rendimento dos sexos reduziu à metade.

65 70 Um estudo realizado pelo Ministério do Trabalho revelou que Santa Catarina é o estado brasileiro em que há a maior diferença salarial entre homens e mulheres (ALBRECHT, 2011, p. 6).Conforme observado, as mulheres no mercado de trabalho formal catarinense vêm ganhando maior espaço. Segundo Aruto e Santos (2013, p. 3), as variáveis que têm afetado a participação feminina no mercado de trabalho são a elevação de escolaridade, a redução do número de filhos, a maior autonomia e a necessidade de contribuir para a elevação da renda familiar. A apartir dos dados analisados, verificou-se uma queda na desigualdade de renda para ambos os sexos em O índice de Gini para o sexo feminino foi menor que o masculino na maioria dos períodos analisados. O rendimento médio das mulheres catarinenses foi, em média, 1,5 vezes menor que o rendimento dos homens. 5.3 A DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA POR COR Segundo o Censo de 2010,dos 190,75 milhões de habitantes brasileiros, 91 milhões se declararam brancos, 14,5 milhões pretos, 82,2 milhões pardos, os amarelos e índios corresponderam a2 milhões e 817,9 mil pessoas, respectivamente. Conforme dados do Censo (2010), Santa Catarina é o estado com o maior número de pessoas declaradas brancas, ou seja, 83,97% da população. No passado, o estado catarinense se caracterizou como uma colônia de povoamento, voltada para subsistência e com fortepresença de imigrantes europeus, o que pode explicar o percentual destacado. Para a categoria cor adotada nesta pesquisa, embasou-se na classificação do IBGE e nos seus inquéritos censitários e amostrais, que dividem a população em brancos, pretos, pardos, amarelos e indígenas, por meio daauto-declaração dos entrevistados. As categorias amarelos e indígenas não foram incluídas na pesquisa, pois estes grupos representaram parcelas pequenas da população no período analisado. De acordo com Henriques (2001, p. 17), [...] nascer negro no Brasil está relacionado a uma maior probabilidade de crescer pobre. A população negra concentra-se no segmento de menor renda per capita de distribuição de renda do país. Dessa forma, analisou-se o comportamento da desigualdade de renda da população declarada branca e não branca. Cumpre ressaltar que, a categoria não branca representa os

66 71 indivíduos que se autodeclararam pretos ou pardos. Neste estudo, classificou-se dessa forma esses indivíduos, pois os pardos não podem ser considerados brancos e nem pretos, com isso, as análises foram elaboradas, classificando-se a categoria de análise cor entre os brancos e os não brancos. Esse dado não pode ser analisado para a década de 1970, pois o censo não inclui essa informação nos microdados do universo. Figura 14 Índice de Gini de Santa Catarina, classificado por cor ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1980, 1990, 2000 e Na Figura 14, verifica-se que o índice de Gini para a população não branca é menor que o índice dos brancos, ou seja, a desigualdade de renda entre os brancos é maior. Em 1980, o índice de Gini dos brancos foi 0,4988, enquanto que o dosnão brancos foi 0,3703. Essa diferença foi observada em todos os períodos. Entre as décadas de 1990 e 2000, observou-se que a desigualdade entre os não brancos reduziu, enquanto que para o grupo dos brancos o índice aumentou. Essa melhora foi proveniente dos efeitos das políticas governamentais de proteção social e de transferência de renda. Na década de 1990, o governo elaborou medidas no campo da educação, como a implantação de cotas, visando ampliar o acesso de estudantes não brancos ao ensino superior e programas que objetivam a sua inserçãono mercado de trabalho.no período de 2000 a 2010, ocorreu a redução do coeficiente de Gini para as duas categorias. Para os brancos, a redução foi na ordem de 26%, para os não brancos foi de 22%.

67 72 Observa-se, na Figura 15, que o rendimento médio dos brancos esteve superior aos não brancos em toda a análise histórica considerada,evidenciando uma desigualdade de renda da população catarinense em relação à análise de cor. Figura 15 Renda média da população catarinense por cor ( ) Branco Não Branco Branco 341,47 264,14 318,28 313,82 Não Branco 182,8 176,78 187,31 212,37 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1980, 1990, 2000 e Nota: O censo de 1970 não incluiu nos microdados do universo essa informação. Ao longo de toda a distribuição, a renda média dos brancos foi maior que a dos não brancos. O rendimento médio de um indivíduo não branco auferiu, em média, 63,01%, ou seja, os brancos ganharam 1,63 vezes mais que os não brancos no período considerado. Em 1980,o rendimento médio dos brancos foi R$341,47 contra R$82,80 dos não brancos, ou seja, 86,80% superior. Contudo, houve uma queda na diferença de renda em 1990, passando para 49,41%. Nas décadas de 2000 e 2010, a diferenca dos rendimentos foi 69,92% e 47,77%, respectivamente. As Tabelas 6 e 7 apresentam as proporções de renda distribuídas entre a população branca e não branca, permitindo constatar uma heterogeneidade nos extremos das distribuições. Tabela 6 - Distribuição da renda por percentil da população catarinense auto-declarada branca de 1980 a 2010

68 73 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1980, 1990, 2000 e Nota: O censo de 1970 não incluiu nos microdados do universo essa informação. Os dados apontam uma redução dos rendimentos da população branca mais rica na última década. Entretanto, observa-se que esse fato não ocorreu para os estratos inferiores. Tabela 7 - Distribuição da renda por percentil da população catarinense auto-declarada não-branca de 1980 a 2010 Fonte: Elaboração própria a partir dos Microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1980, 1990, 2000 e Nota: O censo de 1970 não incluiu nos microdados do universo essa informação. Nota-se que a renda média dos brancos é maior que arenda média dos não brancos presentes no mesmo percentil de suas respectivas distribuições. Isto é, a renda média dos 10% mais pobres entre os brancos ésuperior à renda média dos 10% mais pobres entre os nãobrancos. A razão entre as rendas médias foi aproximadamente 1,50 superior em relação

69 74 aos brancos nos primeiros décimos da distribuição, sendo que o valor dessa razão cresceu ao longo dos percentis superiores, chegando a alcançar 2,1 vezes no último percentil. Na Tabela 7, observa-se que o rendimento médio da população não branca aumentou na última década. A única exceção foi para a classe dos 1% mais ricos, que sofreu um decréscimo de aproximadamente 10% em relação àdécada de 2000, enquanto que a média dos indivíduos do percentil 95, ou 5% mais ricoscresceu 20,23%.Os dados apresentam que a populaçãonão brancaé proporcionalmente maisrepresentada nos décimos inferiores da distribuição de renda. Além disso, para todas as classificações e em todos os períodos, o rendimento médio dos brancos esteve em níveis superiores ao dos não brancos, não diminuindo de forma relevante ao longo do período da análise. Observa-se também que, entre os anos de 2000 e 2010, a renda da população mais rica ficou constante, enquanto que os mais pobres tiveram um ganho de renda. Isso pode ser explicado pelas políticas públicas de transferência derenda.a parcela dos 10% mais pobres brancos,em 1970,apresentou uma renda média de R$91,13, já os não brancos R$60,75. Aoanalisar a parcela do percentil 70, verifica-se a mesma redução dos rendimentos para ambos os casos.cabe destacar que a diferença de rendimento médio entre as duas categorias para a cor não ocorreu apenas pela evolução da renda dos não brancos, mas, principalmente, pela queda do rendimento real dos brancos. Além disso, os dados confirmam que os brancos são mais ricos e mais desiguais eos não brancos são mais iguais e mais pobres. Essa mesma análisefoi observada na desigualdade de renda no Brasil, por Henriques(2001, p.23), que chamou de clivagem socioeconômica, traduzindo o Brasil em dois mundos: um Brasil branco mais rico e mais desigual e um Brasil não branco mais pobre e mais equânime. 5.4A DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA POR NÍNEIS DE ESCOLARIDADE A escolaridade é um fator que afeta diretamente a renda da população, pois está associada a melhorias no capital humano da força de trabalho, ou seja, o desempenho educacional é essencial na determinação dos rendimentos do trabalho e nas características socioeconômicas na população. Investimentos em capital humano, mais especificamente a

70 75 escolarização ou qualificação, é um meio de os indivíduos visualizarem crescimentos potenciais em seus rendimentos futuros (FERNANDES, 2001, p. 235). Segundo Barros, Henriques e Mendonça (2002, p. 6), a contribuição da educação para a desigualdade salarial depende do nível de desigualdade educacional e de como o mercado de trabalho traduz a desigualdade educacional em desigualdade salarial. No primeiro caso, quanto maior for a heterogeneidade da força de trabalho, maior será o nível de desigualdade salarial. O segundo caso refere-se ao valor monetário que o mercado de trabalho atribui à cada ano adicional de escolaridade.no Brasil, conforme Bagolin e Porto Júnior (2003, p. 2), cada ano adicional de escolaridade implica em valorização salarial elevada, que aliada à escassez de mão de obra qualificada, contribui para a concentração de renda pessoal do país. A análise de remuneração foi realizada por grau de instrução, a fim de identificar as disparidades existentes entre a população. Para tal análise, filtrou-se a distribuição da renda por três níveis de escolaridade: primeiro grau (ensino fundamental), segundo grau (ensino médio) e terceiro grau (superior). Assim, a análise da evolução da desigualdade de renda por níveis de escolaridade no estado de Santa Catarina é desenvolvida a partir das medidas de desigualdade descritas anteriormente. Figura 16 Índice de Gini de Santa Catarina, classificado por níveis de educação ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Os dados apresentados na Figura 16 revelam que o índice de Gini para os indivíduos com menor grau de escolaridade foi menor que para a população com maior educação. O

71 76 índice mais alto para essa amostra foi na década de Inversamente do ocorrido para os segundo e terceiro níveis de escolaridade, que apresentaram índices maiores em todos os períodos, exceto em Os menores índices foram observados nas três amostras em 2010, em que a menor redução do índice foi para o segundo nível, que passou de 0,5162 para 0,3874, ou seja, uma redução de 33,25%. Em 2010, 14 milhões de brasileiros ainda eram analfabetos. Desse total, estão em Santa Catarina. O estado possui a segunda menor taxa de analfabetismo do país, seguindo o Distrito Federal (IBGE, 2010). Na Figura 17, verifica-se a comparação da renda média da população catarinense a partir do nível de escolaridade. Figura 17 Renda média da população catarinense por grau de instrução ( ) o Grau 215,48 245,39 194,31 209,7 242,31 2 o Grau 454,13 451,32 362,00 370,48 280,88 3 o Grau 1228, ,71 692,86 855,93 559,42 Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Com base na Figura 17, pode-se observar que os rendimentos dos indivíduos com maior grau de instrução foram superiores em todo o período analisado.a renda média, em 1970 para o ensino médio, foi R$ 454,13; para o ensino superior foi R$1228,25.Na década de 2010, passou parar$280,88 e R$559,42, respectivamente.além disso, observou-se que há uma diferença de 73,30% entre o rendimento médio das pessoas com ensino fundamental e ensino médio, e 133,75% entre os ensinos médio e o superior.

72 77 Constata-se que o rendimento médio dos indivíduos com ensino fundamental aumentou no período considerado. Entretanto, isso não ocorreu para os indivíduos com ensino médio e superior. Nota-se que a renda para o nível superior reduziu em todas as décadas, isso pode ser analisado a partir do fato de que o número de indivíduos com grau superior aumentou ao longo do tempo, propiciando uma queda dos rendimentos reais. Observa-se, por meio das Tabelas 8 e9, que à medida em que o grau de instrução aumenta,ampliam-se também as diferenças entre as remunerações da população, ou seja, a desigualdade educacional tende a se traduzir em desigualdade salarial. Tabela 8 - Distribuição da renda por percentil da população catarinense com ensino fundamental ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e A renda média da população catarinense com ensino fundamental na década de 1970 foi R$ 215,48; na década de 1980 houve um aumento de 13,88%;nas décadas seguintes a renda média diminuiu.em 2010, a renda cresceu novamente, representando R$ 242,31.Observou-se uma melhora no rendimento das parcelas inferiores da população em 2010 em relação aos outros períodos, e uma redução no rendimento da parcela mais rica da população. Ou seja, a parcela mais rica ganhava 21,67 vezes mais que os 10% mais pobres e 7,65 vezes que os 50% mais pobres em Por fim, essa diferença reduziu para 10e 6,25 vezes, respectivamente.

73 78 Tabela 9 - Distribuição da renda por percentil da população catarinense com ensino médio ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Para a população com ensino médio, observa-se uma redução da renda média ao longo das décadas. Entre 1970 e 1980, o rendimento médio reduziu 0,62%, passando de R$454,13 para R$451,32. As reduções mais expressivas foram observadas entre 1980 e 1990 e 2000 e 2010, sendo 24,67% e 31,90%, respectivamente. Observa-se na Tabela 9, que apenas a população até o trigésimo quantilobteve rendimentos maiores na década de Para o restante das amostras, todos os indivíduos tiveram redução no rendimento médio.em 1970, os mais ricos receberam 19,23 vezes mais que os mais pobres. Em 2010, essa diferença declinou para 11,76 vezes.

74 79 Tabela 10 - Distribuição da renda por percentil da população catarinense com ensino superior ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Como observado anteriormente, a renda média dos indivíduos com nível superior reduziu ao longo do tempo. Analisando as Tabelas 8, 9 e 10, observa-se que o rendimento dos extratos da população não sofreuexpressivas alterações até o percentil 70, considerando os indivíduos com ensino fundamental e médio. Entretanto, isso não ocorreu para o caso do ensino superior, em que se verificou mudança nos rendimentos a partir do percentil 20 nos cinco períodos analisados. Por meio da Tabela 10, percebe-se que a renda da parcela mais rica dos indivíduos recebeu, em média, 23,14 vezes mais que a parcela dos 10% mais pobres, inclusive na década de 2010, que para os outros níveis de educação, esta década apresentou queda na renda entre osdois extremos da população. Cumpre ressaltar que as rendas auferidas pelos segmentos extremos da população catarinense, segundo os níveis de escolaridade, foram mais distintas ao longo do período, ou seja, os indivíduos que estão entre os 1% mais ricos apropriam-se da renda total de mais da metade da população restante. No outro extremo, mais de 50% da população recebeu rendimentos inferiores à renda média dos períodos. Os dados apresentados nas Tabelas 8, 9 e 10 revelam que, na década de 1970, a renda dos 1% mais ricos com ensino superior foi 2 vezes maior que adaqueles com ensino médio e 4,6 vezes maior que a da população com ensino fundamental. Essas mesmas informações passaram para 2,5 e 3 vezes mais,respectivamente, na década de 2010.Já a parcela dos 10% mais pobres com ensino superior recebeu 1,54 vezes mais que a população com ensino médio

75 80 e 4 vezes mais que as pessoas com ensino fundamental. Em 2010, esses dados reduziram-se para 1,37 e 1,40 vezes mais. Assim, verifica-se que o aumento no nível de escolaridade de uma sociedade constitui um instrumento essencial para reduzir a desigualdade salarial. Por isso, faz-se necessário o fomento de políticas centradas na expansão da educação, promovendo uma redução na heterogeneidade educacional como estratégia para auxiliar na redução da desigualdade de renda.ademais, a educação produz externalidades positivas em toda a sociedade. As subseções seguintes apresentam o papel da educação na evolução da desigualdade de renda entre os grupos gênero e cor.o objetivo é observar os principais diagnósticos da desigualdade racial e de sexo, relacionado aos diferentes níveis de educação,gerando um sinal adicional sobre a necessidade de mobilização de recursos e políticas que visem a erradicação da desigualdade de renda no estado A desigualdade de renda em Santa Catarina por gênero, cor e nível de escolaridade Conforme as Figuras 19 e 20 e as análises anteriores, o índice de Ginido rendimento dos homens, em média, é maior que o das mulheres. O mesmo ocorre com o índice de Ginida renda relacionada à instrução educacional, constatando-se novamente que o rendimento das mulheres, em média, é menor do que o dos homens nos períodos analisados.

76 81 Figura 18 Índice de Gini dos homens catarinenses classificados por níveis de educação( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Constata-se que os maiores índices de Giniforam observados entre a população com escolaridade em nível superior. Para o sexo feminino, os menores índices compreenderam asmulheres que possuemensino médio, já para os homens com ensino fundamental.a desigualdade de renda reduziu para ambos os casos em 2010, porém com menor intensidade para a população com ensino superior, em que ocorrem os maiores rendimentos. Figura 19 Índice de Gini das mulheres catarinenses classificadas por níveis de educação( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010.

77 82 Na Tabela 11, verifica-se a renda média das amostras e a distribuição de renda entre os extremos, considerando o sexo masculino. Tabela 11 Amostras de renda dos homens nos três níveis de instrução ( ) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdadosdo Censo Demográfico do Brasil em 1970, 1980, 1990, 2000 e Observa-se que a renda média para os homens com ensino fundamental cresceu ao longo do tempo. Entre 1970 e 2010, o aumento foi de 20,08%.Porém, o rendimento para os homens com ensino médio e superior declinou. Para o ensino médio, a redução de 1970 para 2010 foi de 84,17% e para o ensino superor foi de 101,73%. Analisando-se a última década, os homens com ensino médio receberam 19% a mais que aqueles com ensino fundamental, e um rendimento de 113,95% superior para o caso do ensino superior em relação ao ensino médio. Esses rendimentos foram 1,19 e 2,13 vezes maiores, respectivamente. Examinando os dados das Tabela 11, nota-se que para os homens com ensino fundamental, a década com maior variação de renda entre os extremos da população foi a de 1980, e para os homens com ensino médio e ensino superior evidenciou-se a década de Em contrapartida, os períodos com menor diferença de renda foram: em 2010 para os níveis de primeiro e segundo graus e na década de 1980 para homens com ensino superior. Na década de 1970, a população masculina com ensino superior,caracterizada como os 10% mais pobres da população,receberam 3,5 vezes mais que os homens com ensino fundamental e 1,7 vezes mais que aqueles com ensino médio. Os 1% mais ricos receberam 4 vezes mais em 1970, relacionando o ensino superior ao fundamental; e 1,71vezes mais entre o

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