Anais III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006
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- Ângelo Benevides Felgueiras
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1 FORMAÇÃO SUPERIOR EM GEOPROCESSAMENTO: O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA POSITIVA NO CEFET-PB GRADUATION IN GEOPROCESSING: THE STORY OF A POSITIVE EXPERIENCE AT CEFET-PB RUFINO, I. A. A. 1 ; FALCÃO, E. C. 2 ; PASSOS, I. D. C. F. 3. RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar de forma sucinta algumas das principais características do curso superior de Tecnologia em Geoprocessamento do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba. Para tanto, é apresentado um breve histórico da implantação do curso, descrevendo desde a análise mercadológica local que resultou na sua escolha como proposta viável, passando pelas reformas curriculares e avaliações que já foram implementadas no decorrer de sua existência. Também são realizadas algumas análises da situação atual e apresentadas como um reconhecimento de que este curso tem sido uma referência no ensino de geotecnologias em nível de graduação na região Nordeste e consequentemente um marco na formação dos profissionais desta área. PALAVRAS CHAVE Ensino de Geotecnologias, Graduação Tecnológica e Formação Profissional em Geoprocessamento. ABSTRACT This work presents a view of the Graduation Course of Technology of Geoprocessing in the Federal Center of Technology Education of Paraiba. For in such a way it presents a brief history of beginning of this course and it describes the local analysis that proved the viability of that initial proposal. It also presents the changes of the course and the frequent evaluations realized along this years. The current situation is presented and there is a concern that this course has been a reference for the teaching of geographic technologies in Northeast Region of Brazil and for the formation of the professionals in this work area. KEYWORDS Teaching of Geographic Technologies, Technologic Graduation and Professional, Formation in Geoprocessing. INTRODUÇÃO: O Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba tem como base de atuação junto à sociedade as atividades de ensino, pesquisa e extensão, que o fazem contribuir de forma efetiva 1 Doutora em Recursos Naturais, Mestre em Arquitetura, Engenheira Civil.. iana_alex@uol.com.br; 2 Mestre em Engenharia Agrícola, Engenheiro Civil. ermano@cefetpb.edu.br; 3 Mestre em Engenharia Elétrica, Analista de Sistemas. daya@terra.com.br; Professores do Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba. Av. Primeiro de Maio, 720. Jaguaribe. Fone/Fax (83) / CEP: João Pessoa - PB.
2 com a melhoria da qualidade de vida do meio social ao qual se vincula. Atualmente, o CEFET-PB oferece três modalidades de ensino técnico integrado, técnico subseqüente e tecnológico, todos em consonância com a linha programática e princípios doutrinários consagrados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996). O ensino no nível tecnológico tem se apresentado como uma alternativa importante às pessoas que almejam alcançar uma oportunidade de trabalho, com formação tecnológica condizente com as exigências de um mercado cada vez mais seletivo. Essa prática tem se mostrado evidente na formação profissional no Brasil, que, segundo a política de ensino profissionalizante do Ministério da Educação tem estruturado e estimulado o atendimento à expectativa de uma parte significativa da população. Neste contexto, o tecnológo em geoprocessamento caracteriza-se atualmente, como um profissional com uma formação diferenciada e altamente especializada frente aos profissionais que já atuam no mercado das geotecnologias com formações muitas vezes adaptadas ao mercado de trabalho através de cursos de pós-graduação e de extensão. O Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento, inserido na área profissional de Geomática, surgiu como mais uma demonstração evidente da plena sintonia que o CEFET-PB tem procurado estabelecer com o mercado, no tempo em que a sua evolução demanda por profissionais formados com competência profissional de referência. Este curso é, portanto, o resultado natural de um processo contínuo de evolução institucional, e, por seu caráter multidisciplinar, atende áreas extremamente carentes, sendo essencial para o progresso e o desenvolvimento de praticamente todos os ramos da atividade humana, nos quais o segmento espacial seja preponderante em seus sistemas de planejamento e de gerenciamento. Sendo assim, a proposta deste artigo é apresentar as bases de criação deste curso, bem como o esforço de um corpo de docentes em mantê-lo constantemente atualizado mediante avaliações e reformulações curriculares, algumas das quais são também apresentadas como partes importantes neste processo de construção de uma formação profissional que seja reconhecida não só localmente mas por toda a comunidade da área de geoprocessamento no país. HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTOS INICIAIS: O Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento foi implantado no ano de 2002 possuindo um aspecto inovador, por refletir uma iniciativa geradora de conhecimento sistemático de geotecnologias, ainda com tímida difusão na região Nordeste do Brasil. A utilização do Geoprocessamento no Estado da Paraíba foi facilmente identificada através da existência de órgãos públicos e empresas públicas e privadas que produziam e/ou demandavam produtos e serviços na área, como secretarias de estado, prefeituras municipais, concessionárias de água, energia, telefone, transportes, etc. Esta evidência pôde ser constatada a partir da realização de consultas a estes órgãos e empresas, na forma de pesquisa de mercado, desenvolvida em duas fases, com início a partir de agosto de 1999.
3 Para a efetivação da proposta inicial de criação de um curso na área de Geomática, o CEFET-PB promoveu um evento que congregou a sua administração, seus professores e representantes de empresas e instituições que atuavam no Estado da Paraíba e na região Nordeste, inseridos potencialmente no desenvolvimento de atividades na área de Geomática, formalizando a primeira fase da pesquisa. Para a segunda fase da pesquisa, foram elaborados questionários, aplicados como instrumentos de pesquisa junto a profissionais e empresas ou instituições. Através destes questionários observou-se que várias empresas dos setores público e privado, que exerciam atividades de planejamento ou de prestação de serviços, declararam o desempenho de algumas de suas funções utilizando o Geoprocessamento, como a utilização de Sistemas de Informação Geográfica, mapas, cartas, estatísticas espaciais, dentre outros. Em um estágio seguinte, a pesquisa propôs verificar o perfil do profissional especializado e sua área de atuação que atendia à demanda do mercado de Geoprocessamento, no Estado da Paraíba, na época da execução da pesquisa. Esses profissionais trabalhavam em empresas públicas ou em empresas privadas com área de abrangência municipal, estadual e regional. Dos profissionais consultados, 90,9% não detinham formação específica para o desempenho de suas atividades de Geoprocessamento, o que os tornavam candidatos potenciais a freqüentar um curso nesta área. Esta verificação é ratificada pela própria manifestação desses profissionais entrevistados, segundo a qual 93,55% deles intencionaram fazer um curso de Geoprocessamento, seja em nível de extensão, graduação ou especialização (CEFET-PB, 2001). Sobre este aspecto do perfil profissional na área de Geomática, MEDEIROS (2001) afirma que eles precisam ter conhecimentos ligados aos aspectos tecnológicos de manuseio de dados georeferenciados e dos processos que os manipulam, a partir de sua formação continuada. Dessa forma, estes profissionais devem apresentar predisposição para a reciclagem e atualização permanente, adaptandose às mudanças da tecnologia e, conseqüentemente, do mercado, sendo também essencial que o profissional de geotecnologias tenha habilidade de trabalhar em grupo, em uma equipe multidisciplinar. Este autor enfatiza que o perfil adequado de um profissional da área de Geomática deve privilegiar, além de outros aspectos, uma sólida base teórica em geotecnologia e que esta formação tenha um forte componente de sistemas de informação, projeto e construção de banco de dados, gerenciamento de redes, etc. Em todas as empresas/instituições pesquisadas, observou-se o estabelecimento de infra-estrutura necessária ao desenvolvimento das atividades de geoprocessamento e, para tanto, recorreu-se, na maioria das vezes, a treinamentos e consultorias de empresas privadas do sul e sudeste do país, especializadas no assunto, o que só comprovou uma demanda local por uma formação nesta área.
4 ESTRUTURA ATUAL DO CURSO: O Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento apresenta em sua estrutura organizacional atual um conjunto de disciplinas que contemplam os aspectos inerentes às bases necessárias à formação do tecnólogo, em seu contexto pleno. Assim, esta organização é dividida em disciplinas que formam as bases científica (Português Instrumental, Inglês Técnico, Geografia, Sociologia, Economia, Física Aplicada, Cálculo, Álgebra, Estatística e Ajustamento de Observações), instrumental (Lógica de Programação e Algoritmos, Linguagem de Programação, Desenho Auxiliado por Computador, Desenho Técnico, Fundamentos de Gestão, Formação de Empreendedores, Metodologia da Pesquisa Científica, Banco de Dados, Gestão Ambiental, Planejamento Físico-Territorial) e tecnológica (Introdução ao Geoprocessamento, Topografia, Automação Topográfica, Cartografia, Fotogrametria, Sensoriamento Remoto, Tratamento Digital de Imagens, Posicionamento por Satélites, Sistemas de Informações Geográficas, Banco de Dados Geográficos, Cadastro Técnico, SIG Livre, Interpolação Espacial, Aplicações do Geoprocessamento, Disponibilização de Dados Geográficos na Internet). A matriz curricular do curso contempla a disciplina Trabalho de Conclusão de Curso TCC, no âmbito da qual é estabelecido um cronograma de atividades compatível com o semestre letivo, proporcionando incentivo a alunos e professores a uma maior interação com a comunidade (intercâmbio - empresas, órgãos, instituições) ao passo que trabalhos desenvolvidos nestes órgãos se transformam em monografias ou vice-versa. Ao término do cumprimento dos créditos exigidos no curso, o aluno apresenta este trabalho de conclusão, no formato de monografia, e é avaliado por uma banca examinadora que pode ser composta, inclusive, por professores de outras instituições. É importante frizar que o curso superior de Tecnologia em Geoprocessamento apresenta, desde o seu projeto inicial, a denominação que é exigida para um dos cursos da área profissional de Geomática, exigência estabelecida nos termos de portaria expedida pelo Ministério da Educação, em maio de 2006 (MEC/SETEC, 2006). REFORMULAÇÕES CURRICULARES: O conjunto de disciplinas que compõe a matriz do curso de Geoprocessamento atual, é diferente daquele que deu origem ao curso, no ano de 2002, pois passou por alteração promovida a partir de observação contínua das atividades do curso, do depoimento de seus corpos docente e discente, da sintonia com o mercado de trabalho e das possibilidades legais, já que os critérios estabelecidos pela legislação que se reporta aos cursos superiores de tecnologia dos Centros Federais de Educação Tecnológica prevêem a possibilidade de revisão periódica e alterações nos conteúdos programáticos dos cursos de tecnologia, visando ao acompanhamento da evolução científica e tecnológica e, em conseqüência, do mercado de trabalho (BRASIL, 2002). Com base nessas prerrogativas, a comissão responsável pelo acompanhamento do curso desenvolveu um projeto de reformulação da organização curricular do referido curso, que foi implementada a partir do corrente
5 ano (CEFET-PB, 2006). Saliente-se que a articulação de disciplinas que compreenderam esta reformulação foi tomada de forma a privilegiar a interdisciplinaridade e a contextualização, firmada nas bases já descritas. É importante considerar alguns aspectos da reformulação realizada, como a adequação de conteúdos formativos a algumas exigências impostas pelo mercado de trabalho, como a inserção da disciplina Ajustamento de Observações em atendimento aos termos da Lei /01 (BRASIL, 2001), que trata da regularização de propriedades rurais junto ao INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e que exige a participação de profissionais habilitados para assumir a responsabilidade técnica dos serviços de determinação das coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais para efeito do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais CNIR. Outros ajustes de grande impacto no perfil de formação do aluno referem-se à criação e disponibilização das disciplinas Linguagem de Programação, Sistemas de Informações Geográficas Livres (SIG Livre) e Interpolação Espacial, procurando habilitar o aluno em áreas ainda não contempladas pelo curso anteriormente. CONCLUSÕES: O Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento tem possibilitado a disseminação de Geotecnologias, a partir da participação efetiva de tecnólogos e estagiários nas atividades desenvolvidas por empresas privadas e órgãos públicos, como INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), SUDEMA (Superintendência de Desenvolvimento do Meio Ambiente da Paraíba), AESA (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba), CAGEPA (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba), ASPLAN (Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba), Prefeituras Municipais e outros. Os alunos do curso têm participação ativa nos projetos institucionais de pesquisa e extensão do CEFET/PB, em cujos contextos, o gerenciamento de dados espaciais é considerado importante. Nos últimos anos alguns trabalhos de conclusão de curso tem sido publicados em forma de artigos com merecido destaque em eventos nacionais e internacionais demonstrando o nível acadêmico alcançado. Com a abrangência dos conteúdos formativos do geotecnólogo, considerando, inclusive, a dimensão empreendedora, a demanda de serviços técnicos especializados na área de Geomática pode ser atendida por profissionais com capacitação de referência. Além disso, o perfil de formação profissional do tecnólogo, a infra-estrutura e a denominação do curso são condizentes com as exigências preconizadas nos termos do catálogo nacional de cursos de tecnologia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6 BRASIL (1996). LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei no de 20 de dezembro de Brasília, Ministério da Educação. BRASIL (2001). Lei no /01 de 28 de agosto de Trata da Regularização de Propriedades Rurais e dá outras providências. BRASIL (2002), Resolução CNE/CP 3, de 18 de dezembro de Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno.. CEFET/PB (2001). Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba. Projeto do Curso Superior de Graduação em Geoprocessamento. João Pessoa, setembro de CEFET/PB (2006). Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba. Projeto de Reformulação da Organização Curricular do Curso Superior de Graduação em Geoprocessamento. João Pessoa, março de MEC/SETEC (2006). Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Brasília, julho de MEDEIROS, C.B (2001). Qual o perfil do profissional de Geo que o mercado necessita? In: Revista InfoGeo, Ano 3, Nº19, maio/junho Curitiba: Editora Espaço GEO.
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