Poder Judiciário Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais

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1 Poder Judiciário Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais PROCESSO : CLASSE : PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA ORIGEM : PE SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO REQUERENTE : UNIÃO ADV/PROC : FÁTIMA VIRGÍNIA ALVES RODRIGUES REQUERIDO : LUIZ MATHIAS ROCHA BRANDÃO ADV/PROC : ADELE SILVÉRIO BORBA RELATORA : JOANA CAROLINA LINS PEREIRA R E L A T Ó R I O A JUÍZA JOANA CAROLINA LINS PEREIRA (RELATORA): Trata-se de Pedido de Uniformização de Jurisprudência formulado pela UNIÃO, em face de acórdão proferido pela Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, o qual, negando provimento ao recurso inominado da União, manteve a sentença que julgara procedente o pedido da parte autora-requerida, para pagamento de ajuda de custo decorrente de sua remoção. Da r. sentença (anexo 9) se extraem os seguintes excertos: Fato é que não se pode perder de vista que a remoção, mesmo que a pedido, ocorre em benefício do serviço público, já que é levada a efeito para atender à necessidade do serviço. Ainda que o deslocamento se opere para atender a interesse particular do servidor, na qualidade de candidato participante do concurso de remoção, não se descaracteriza tampouco se anula o interesse público existente na remoção, que não é efetivada no exclusivo interesse do servidor. Isso porque quando a administração coloca à disposição vagas em seus quadros a serem preenchidas por servidores antigos, através de edital de remoção como se deu na situação sob análise, ocorre circunstância que denota induvidosa confluência de interesses pessoais e público, porquanto ao poder público também interessa, por questões de conveniência e oportunidade, suprir as vagas existentes com quadros já experimentados. É dizer, a Administração também tem interesse na recomposição do quadro vago. Se assim não fosse bastaria aproveitar servidores ingressos por primeira nomeação através de concurso público. [...] Sendo incontroverso o deslocamento do requerente em decorrência de êxito em concurso de remoção, conforme Edital de Remoção nº 01 de 30 de Maio de 2008 e Portaria de Remoção nº 805 de 26 de Setembro de 2008 (anexo 4) e atendidos os requisitos do artigo 53 da Lei n /90, é de se reconhecer o direito do autor à ajuda de custo, no valor de uma remuneração mensal, calculada com base nos valores percebidos na sede de origem à época, devidamente reajustada até a presente data, conforme previsão do Decreto nº 4.004/01, artigos 1º, caput, e I e 2º, 2º. (Grifou-se.) Processo nº

2 No v. acórdão (anexo 12), que manteve a sentença, frisou-se que: Nesses casos, o interesse do serviço é revelado de forma implícita, já que também se verifica o interesse da Administração Pública em atender a demanda local pela prestação de determinado serviço público. Desta forma, mesmo a remoção se dando a pedido do agente público, mediante escolha entre as vagas que lhe são apresentadas mediante edital de remoção coletivo, verifica-se a confluência entre o interesse pessoal do servidor e o interesse público, em face da necessidade da Administração Pública em preencher o cargo vago. (Grifou-se.) Inconformada, apresentou a UNIÃO o presente Incidente de Uniformização Regional (anexo 15/19), sob o fundamento de que o entendimento do acórdão recorrido contrariou o juízo firmado na Primeira Turma Recursal de Pernambuco (Processo nº ). Apesar de devidamente intimada para tanto, a parte autora deixou de apresentar contrarrazões. Admitido o Pedido de Uniformização na origem, vieram-me conclusos os autos após decisão da Presidência da Segunda Turma Recursal de Pernambuco. É o relatório. Processo nº

3 Poder Judiciário Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais PROCESSO : CLASSE : PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA ORIGEM : PE SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO REQUERENTE : UNIÃO ADV/PROC : FÁTIMA VIRGÍNIA ALVES RODRIGUES REQUERIDO : LUIZ MATHIAS ROCHA BRANDÃO ADV/PROC : ADELE SILVÉRIO BORBA RELATORA : JOANA CAROLINA LINS PEREIRA V O T O A JUÍZA JOANA CAROLINA LINS PEREIRA (RELATORA): As hipóteses de cabimento do pedido de uniformização de jurisprudência, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, encontram-se disciplinadas pelo artigo 14 da Lei nº , de Requerente. Cumpre, primeiramente, verificar a divergência apontada pela União- Com este intuito, transcreve-se abaixo o inteiro teor do acórdão apontado como paradigma, proferido pela Primeira Turma Recursal de Pernambuco (Processo nº ), in verbis : ADMINISTRATIVO. LEI 8.112/90. CONCURSO DE REMOÇÃO PRÉVIO A NOMEAÇÃO DE NOVOS PROCURADORES. REMOÇÃO À PEDIDO. AJUDA DE CUSTO. AMEAÇA DE LESÃO À ECONOMIA PÚBLICA. INDEVIDO PAGAMENTO DE AJUDA DE CUSTO. RECURSO IMPROVIDO. - Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo Autor contra sentença que negou a concessão do benefício de ajuda de custo devido a remoção do autor Procurador da Fazenda Nacional mediante concurso de remoção. - Alega o autor que o interesse de serviço na remoção está presente no oferecimento do cargo vago e não no procedimento administrativo tomado para preencher o cargo, portanto faz jus a ajuda de custo devido a sua remoção de Palmas/TO para Caruaru/PE através do concurso de remoção 1 Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei. 1 o O pedido fundado em divergência entre Turmas da mesma Região será julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador. 2 o O pedido fundado em divergência entre decisões de turmas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal. Processo nº

4 regido pelo Edital nº 2 de 1 de outubro de 2008, homologado pela Portaria Interministerial MF/AGU nº 267, de 12 de novembro de 2008 e efetivado pela Portaria nº de 14 de novembro de 2008 que autorizou o trânsito do servidor. - A controvérsia reside em saber a natureza da remoção quando ela decorre de concurso de remoção conforme no presente caso se é a pedido do autor, e assim não fazendo jus a ajuda de custo, ou se decorre do interesse da administração, fazendo jus a referida indenização. - Observo que no presente caso que o concurso de remoção antecedeu a nomeação de novos procuradores. Assim no concurso de remoção, há uma primeira manifestação da Administração quanto a existência da vaga, que poderá ser suprida através da remoção de um procurador mais antigo, já empossado em concurso anterior, ou de um novo a ser nomeado. Não há a priori obrigação de que haja procurador antigo para ocupar a vaga oferecida em concurso de remoção, pois se o procurador antigo for beneficiado pela remoção, deixará uma vaga na sede de origem que será preenchida necessariamente por um procurador novato. - A remoção só se efetiva com a expressa manifestação do Procurador da Fazenda interessado, e caso não haja interessados a vaga será preenchida por um novo procurador ainda a ser nomeado. - Portanto o edital que criou o concurso de remoção na verdade, não é a mais cristalina manifestação do interesse público em ver preenchida tal vaga, pois a priori esta vaga será preenchida de qualquer modo, seja por um procurador novato, ou um mais antigo. O concurso de remoção apenas dá o privilégio de escolha da vaga por um procurador mais antigo. - Entendimento diverso resultaria em grave lesão a economia pública, pois seria mais barato para a Administração e, portanto desejável que não houvesse o concurso de remoção que importaria grande dispêndio com pagamento de indenizações de ajuda de custo, preenchendo-se as vagas existentes com novos procuradores nomeados. Entendimento esse que já foi sinalizado pelo c. STJ, in verbis: AGRAVO REGIMENTAL. SUSPENSÃO DE LIMINAR E DE SENTENÇA. SINDICATO NACIONAL DOS PROCURADORES DA FAZENDA NACIONAL SINPROFAZ. REMOÇÃO DE PROCURADORES A PEDIDO. PRÉVIO CONCURSO ENTRE OS INTERESSADOS. DIREITO À AJUDA DE CUSTO E TRANSPORTE. LESÃO À ECONOMIA PÚBLICA. O tema de mérito da ação principal não pode ser examinado com profundidade na presente via, que não substitui a do recurso próprio. A suspensão de liminar e de sentença limita-se a averiguar a possibilidade de grave lesão à ordem, à segurança, à saúde e à economia públicas. Os números e os valores apresentados pela União, assim como os demais elementos fáticoprobatórios constantes dos autos, revelam satisfatoriamente a possibilidade degrave lesão à economia pública decorrente da manutenção do pagamento da ajuda de custo e transporte dos Procuradores removidos a pedido. Agravo regimental improvido. (AGRSLS CESAR ASFOR ROCHA - CORTE ESPECIAL - DJE DATA:02/04/2009) - Ademais a Portaria Interministerial nº 37, de 24 de junho de 2005, que rege os concursos de remoção na AGU deixa claro que se trata de remoção a pedido conforme dicção do seu artigo 1º: Art. 1º O concurso de remoção a pedido dos membros da carreira de Procurador da Fazenda Nacional observará o disposto nesta Portaria. 1º O concurso de remoção realizar-se-á:... Processo nº

5 II - e, observada a iniciativa conjunta, anteriormente à nomeação de novos membros aprovados em concurso público para provimento de cargos de Procurador da Fazenda Nacional; - Vejo que o Edital nº 2, de 1 de outubro de 2008 explicitamente referir-se que o concurso de remoção rege-se pelas normas da Portaria Interministerial nº 37, de 24 de junho de 2005 e tendo em vista a alínea c, inciso III do art. 36 da Lei 8.112/90, para aclarar a matéria transcrevo trecho da lei em comento: Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção: I - de ofício, no interesse da Administração; II - a pedido, a critério da Administração; III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração:... c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. - Esta em conformidade legal o Art. 8º, do Edital nº 2, de de 1 de outubro de 2008 que prevê que as remoções decorrentes do concurso de remoção correrão às expensas dos interessados. - O entendimento empossado pelo c. STJ no AgRg no RESP /SC, Sexta Turma, Desembargador convocado Celso Limongi, DJ 18/05/2009 e no AgRg no RESP /SC, Sexta Turma, Desembargadora convocada Jane Silva, DJ 01/12/2008 não podem ser afeiçoados ao presente caso visto que tratam de remoção de magistrado trabalhista, que é regido por legislação diversa da do regime dos Procuradores da Fazenda Nacional. - Assim entendo que o concurso de remoção a que se submeteu o autor tem natureza de remoção a pedido, portanto não faz jus a verba indenizatória de ajuda de custo. - Sentença mantida. Recurso improvido. - Condeno o Autor ao pagamento dos honorários advocatícios, os quais arbitro em 10% do valor da causa (Art. 55 da lei 9.099/95). Sem custas (Lei nº 9289/96). - (Recurso Inominado nº TRPE - 2ª Relatoria da Primeira Turma Recursal de Pernambuco - Rel. Juiz Federal Flávio Roberto Ferreira de Lima Unanimidade - julg ). Do cotejo analítico realizado entre os julgados apresentados, resta configurada a divergência entre os acórdãos proferidos pelas Turmas Recursais de Pernambuco. De fato, no v. acórdão recorrido, frisou-se que:...mesmo a remoção se dando a pedido do agente público, mediante escolha entre as vagas que lhe são apresentadas mediante edital de remoção coletivo, verifica-se a confluência entre o interesse pessoal do servidor e o interesse público, em face da necessidade da Administração Pública em preencher o cargo vago. Grifou-se. Por outro lado, o aresto apresentado como paradigma assevera que: A remoção só se efetiva com a expressa manifestação do Procurador da Fazenda interessado, e caso não hajam interessados a vaga será preenchida Processo nº

6 por um novo procurador ainda a ser nomeado. Portanto o edital que criou o concurso de remoção na verdade, não é a mais cristalina manifestação do interesse público em ver preenchida tal vaga, pois a priori esta vaga será preenchida de qualquer modo, seja por um procurador novato, ou um mais antigo. O concurso de remoção apenas dá o privilégio de escolha da vaga por um procurador mais antigo. [...] Assim entendo que o concurso de remoção a que se submeteu o autor tem natureza de remoção a pedido, portanto não faz jus a verba indenizatória de ajuda de custo. Grifou-se. Na sequência, portanto, passo a apreciar o mérito. O argumento da UNIÃO, ora Requerente, é de que...a remoção no interesse da Administração somente ocorre na hipótese do art. 36, parágrafo único, I, da Lei nº 8.112/90, situação que não se confunde com a hipótese de remoção mediante concurso nacional respectivo, tal como ocorre no caso em apreço. Assevera que... a remoção a pedido é requerida, primariamente, pelo servidor, para melhor atender as suas necessidades, tanto profissionais quanto pessoais ; dessa forma,...o simples fato de haver interesse público secundário na remoção que se dá a pedido do servidor não é suficiente a equiparar as duas espécies de remoções reguladas de formas distintas pela Lei 8.112/90. A tese, destarte, é a de que... o requerimento ser proveniente da faculdade do servidor (remoção a pedido), resulta inviável o pagamento de ajuda de custo, afinal constata-se o interesse primário do servidor em sua remoção, e apenas secundário da Administração, porquanto,...para a Administração, interessa apenas o provimento do cargo vago, seja por qual servidor for: ou o já integrante da carreira, então removido mediante concurso de remoção, ou o recém ingresso por concurso público. Penso que assiste razão à UNIÃO-Requerente. Anoto, de saída, não desconhecer a existência de precedentes (três) da Turma Nacional de Uniformização, em sentido favorável ao pagamento da ajuda de custo (em um dos julgamentos, atuou esta magistrada como relatora, tendo ficado vencida). Tais precedentes consistem nos PEDILEF s nº , rel. Juiz Federal Sebastião Ogê, DJU ; , rel. para acórdão Juiz Federal João Carlos Costa Mayer Soares, DJU ; e , rel. Juiz Federal Janilson Siqueira). Nada obstante, não vejo óbice em que a questão seja aqui revisitada, uma vez que, dos três julgamentos da TNU acima mencionados, apenas o primeiro (e mais antigo) transitou em julgado (no PEDILEF nº , foi interposto incidente para o STJ, sendo lá cadastrado como PET 8345; e no PEDILEF nº , foram opostos embargos de declaração para o Juiz relator na TNU). A reforçar o argumento pela necessidade de enfrentamento desta questão por esta Turma Regional, trago à baila o seguinte julgado do col. Superior Tribunal de Justiça, favorável à tese da União, ou seja, de que a ajuda de custo não seria devida: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO. PROCURADOR AUTÁRQUICO. REMOÇÃO A PEDIDO. RECURSO ESPECIAL. ART. 53 DA LEI 8.112/90. VIOLAÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. AJUDA DE CUSTO. DESCABIMENTO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. DECISÃO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. APLICAÇÃO DA SÚMULA 83/STJ. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Processo nº

7 1. A ajuda de custo, de que trata o art. 53 da Lei 8.112/90, será devida ao servidor que, no interesse da administração, for servir em nova sede, com mudança de domicílio, em caráter permanente. 2. Na hipótese, o servidor, procurador autárquico, realizou mudança de residência de Florianópolis para Curitiba. Todavia, essa mudança foi decorrente da sua remoção, a pedido, por interesse próprio, razão por que não há falar em interesse exclusivo da administração, hábil a ensejar a concessão da indenização pleiteada. Ajuda de custo descabida. Precedentes. 3. Quanto ao dissídio jurisprudencial, estando o acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência desta Corte, incide, na espécie, o óbice contido no Enunciado nº 83 da Súmula do STJ. 4. Recurso conhecido e improvido. (REsp. nº /SC, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, unânime, julg , DJ , p. 508.) Penso que o incidente da União deve ser provido. A meu sentir, nos concursos de remoção como o de que cuidam os autos, o interesse da Administração consiste no provimento das vagas, mas não, necessariamente, no seu provimento por um servidor determinado. No caso dos autos, v.g., não havia necessidade de que as vagas fossem providas pelos procuradores mais antigos. Não acorrendo estes, poderia a Administração, em tese, provê-las com a nomeação dos candidatos recém-aprovados em concurso. A remoção se realiza, em verdade, no interesse dos próprios servidores, os quais têm, com a mesma, a chance de conseguir lotação em cidade de sua preferência. Trata-se de medida de gestão utilizada com o desiderato de prestigiar o critério da antiguidade. A Administração não tem interesse em remover seus servidores mesmo porque já se encontram adaptados ao serviço e às rotinas de trabalho, mas em promover medidas que melhor satisfaçam suas necessidades pessoais. Convém anotar, ainda a respeito da matéria, que o Conselho da Justiça Federal, ao julgar, recentemente (em ), o Processo nº CF-ADM-2012/00122, decidiu, por unanimidade, ser indevida a ajuda de custo decorrente de concursos de remoção. O voto da relatora, Desembargadora Federal e Conselheira Maria Helena Cisne, acolheu o opinativo da Secretaria de Recursos Humanos do Conselho da Justiça Federal, do qual extraio o seguinte excerto: O preenchimento de claros na lotação se pode dar de várias maneiras, entre elas a remoção e o concurso público. A administração, quando necessita que determinado servidor preencha um cargo vago em determinada localidade, utiliza da supremacia do interesse público e o remove de ofício. Fundamenta seu ato no inciso I do art. 36 da Lei nº 8.112/90 e indeniza os prejuízos causados ao servidor. Diversamente, quando não há necessidade de preencher o cargo vago por servidor determinado, a administração se utiliza da remoção a pedido ou do concurso público. A remoção a pedido atende, primordialmente, ao interesse do servidor e pode ser fundamentada nos incisos II ou III do art. 36 da Lei nº 8.112/90. O não preenchimento dos cargos vagos por remoção não traz prejuízos para a administração, que possui outras formas de provê-los, também sem custo adicional. Além disso, atualmente, há a orientação do CNJ de que o preenchimento de cargos vagos se dê inicialmente por remoção e, somente depois, por concurso público, como forma de prestigiar os servidores mais antigos. (...) Processo nº

8 A remoção é apenas uma das formas de a administração preencher o cargo vago, o que poderá ser feito, sem custo adicional, por outros meios. Observo, à guisa de conclusão, que não se aplicam aqui os precedentes do Superior Tribunal de Justiça alusivos à concessão de ajuda de custo nos casos de magistrados e membros do Ministério Público, os quais, mercê de possuírem a prerrogativa da inamovibilidade, não podem ser removidos ex officio. São esses os motivos que me fazem concluir pelo não enquadramento da hipótese no artigo 53, da Lei nº 8.112, de Diante das razões acima declinadas, CONHEÇO DO PRESENTE PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO, PARA LHE DAR PROVIMENTO. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto. JOANA CAROLINA LINS PEREIRA Juíza Federal Relatora 2 Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. Processo nº

9 Poder Judiciário Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais PROCESSO : CLASSE : PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA ORIGEM : PE SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO REQUERENTE : UNIÃO ADV/PROC : FÁTIMA VIRGÍNIA ALVES RODRIGUES REQUERIDO : LUIZ MATHIAS ROCHA BRANDÃO ADV/PROC : ADELE SILVÉRIO BORBA RELATORA : JOANA CAROLINA LINS PEREIRA E M E N T A PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL ADMINISTRATIVO AJUDA DE CUSTO PROCURADOR FEDERAL CONCURSO DE REMOÇÃO INTERESSE PESSOAL DO POSTULANTE ARTIGO 53, DA LEI Nº 8.112/90 NÃO ENQUADRAMENTO INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. 1. A remoção de servidor federal, quando pleiteada em concurso de remoção promovido para tal finalidade, antes da nomeação dos candidatos recém-aprovados em concurso, não se enquadra na hipótese do artigo 53, da Lei nº 8.112, de O interesse da Administração consiste no provimento das vagas, mas não, necessariamente, no seu provimento pelos servidores mais antigos. Não acorrendo estes, provê-las-á com a nomeação dos candidatos recém-aprovados em concurso, o que ocorre sem custo adicional. 3. A remoção se realiza no interesse dos próprios servidores, os quais têm, com a mesma, a chance de conseguir lotação em cidade de sua preferência. Trata-se de medida de gestão utilizada com o desiderato de prestigiar o critério da antiguidade. A Administração não tem interesse em remover seus servidores mesmo porque já se encontram adaptados ao serviço e às rotinas de trabalho, mas em promover medidas que melhor satisfaçam suas necessidades pessoais. 4. Pedido de Uniformização conhecido e provido. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais da 5ª Região, por unanimidade, CONHECER DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO E, POR MAIORIA, DAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do relatório, do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, de de JOANA CAROLINA LINS PEREIRA Juíza Federal Relatora Processo nº