Material Suplementar Informações Importantes sobre a Obra: Quarto de Despejo Diário de uma favelada. Prof. Luquinha - Literatura
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- Pedro Affonso Gonçalves
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1 Material Suplementar Informações Importantes sobre a Obra: Quarto de Despejo Diário de uma favelada Prof. Luquinha - Literatura
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4 Quarto de Despejo Diário de uma Favelada Carolina Maria de Jesus
5 Quarto de Despejo Diário de uma Favelada Autor: Carolina Maria de Jesus Escola Literária: Lit. Contemporânea Gênero: Diário - Memórias Organização da Obra: 4 anos de relatos 1955, 1958,1959 e 1960 O tempo total é de 5 anos Local: Favela do Canindé São Paulo Temas: amor, morte, miséria, fome, questões raciais, questões de gênero, literatura, preconceito, drogas, violência, violação de direitos humanos, prostituição.
6 Personagens Carolina Maria de Jesus Narradora João José filho mais velho de Carolina; nasceu em 1948, tinha 7 anos no início da narrativa José Carlos filho do meio; nasceu em 1949; tinha 6 anos Vera Eunice filha mais nova; nasceu em 1953; tinha 2 anos. Desde cedo demonstra aversão à favela.
7 Quarto de Despejo Diário de uma Favelada Carolina Maria de Jesus Carolina Maria de Jesus escreveu o diário entre 15 de julho de 1955 à 01 de janeiro de Não escreveu todos os dias, às vezes passava cerca de três a dez dias sem escrever. Percebemos, porém, que na maioria das vezes era porque estava doente e sentia-se fraca. O jornalista Audálio Dantas foi encarregado d escrever uma matéria sobre uma favela que vinha se expandindo próxima a beira do Rio Tietê, no bairro do Canindé. Em meio a todo rebuliço da favela, Dantas conheceu Carolina percebeu que ela tinha muito a dizer, e logo desistiu de escrever a matéria.
8 A Importância da Obra O Cotidiano de uma Favela na perspectiva de quem de fato vive nela; Rompe o padrão desse tipo de Literatura; O surgimento da primeira grande Favela de São Paulo no bairro do Canindé; Traduzida em 13 Idiomas; Referência nos Estudos Sociais e Culturais, não só no Brasil, mas também no exterior.
9 A Linguagem A edição respeita fielmente a linguagem da autora: - Linguagem coloquial; - Grafia do Som ; - Acentuação ausente da gramática.
10 A Literatura e Fome A cor da fome; A formação educacional e escolar de Carolina; A favela: violência e alcoolismo; Questões políticas e sociais. Quando eu não tinha nada o que comer, em vez de xingar, eu escrevia. Tem pessoas que, quando estão nervosas, xingam ou pensam na morte como solução. Eu escrevia o meu diário (JESUS, 2007, p. 195).
11 O diário foi escrito na década de 1950 e conta a dura realidade dos favelados de Canindé e dos seus costumes. Trata-se de um diário relata e denuncia a violência, miséria e fome bem como a dificuldade para se ter o que comer. O livro Quarto de Despejo (1960), escrito por Carolina Maria de Jesus ( ) entre 1955 e 1960, é um retrato literário que cumpre perfeitamente essa função. Em meio a explosão urbana que São Paulo passava na época, com os consequentes sofrimentos, indignações, revoltas e angústias que a população marginalizada era obrigada a superar diante de sua situação de miséria e desamparo.
12 Carolina Maria de Jesus, mulher negra, mãe de João, José Carlos e Vera Eunice; Durante o período do diário, passam pela vida da escritora dois homens: Manoel e Raimundo. Manoel um homem distinto, trabalhador e que insiste em casar com ela. Raimundo, um cigano, belo e sedutor. Mas Carolina não fica com nenhum dos dois, tem alguns envolvimentos, nada além. Sempre quis ficar sozinha, não queria um homem na casa em que vivia com seus filhos. A autora escreve em forma de diário as tarefas e os acontecimentos de seus dias, não poupando expressões para detalhar suas dores e os absurdos da vida que levava em condições de extrema marginalização.
13 Os relatos são tristes e cruelmente reais. As frases curtas, impactantes, e a linguagem real e cheia de vida, transformam a leitura de suas memórias em algo vívido e perturbador. É inevitável que o leitor contando com um mínimo de empatia sentirá o peso da vida naquele lugar, as angústias da fome e a esperança e falta dela de Carolina levar uma vida mais digna junto aos seus filhos.
14 O motor do livro é a indignação. A situação de pobreza e marginalização não é nunca naturalizada, a autora manifesta seus desgostos, sua indignação, reclama de seu sofrimento e sonha com mudanças pessoais e também com mudanças na esfera política que façam a situação coletiva prosperar.
15 Em conversas com outros moradores frequentemente é esse o assunto junto a política, políticos, eleições, governo, economia, e também os acontecimentos cotidianos da própria comunidade, pessoas que chegam e que vão, brigas entre moradores, problemas conjugais, entre outros.
16 Um dos aspectos que mais marcam a dor vida da autora e o incômodo que a leitura causa é a fome que, além de Carolina, também é personagem principal do livro. As palavras pão, água, café, ao lado da própria fome, repetem-se em quase todos os dias do diário. A luta contra a fome sua e de seus filhos é constante e conduz toda a vida de Carolina no período do diário.
17 Outros temas que incomodam Carolina são abordados diversas vezes e chamam a atenção pela atualidade e pelo seu conteúdo jurídico; O modo que a autora descreve e encara as situações permite notar uma visão do direito e de sua relação com a população de um ponto de vista mais humano e concreto, da forma como as questões aparecem em seu cotidiano, e como continuam a aparecer no cotidiano de milhões de brasileiros e brasileiras, ou seja, distante das instituições jurídicas, que nem mesmo alcançam aquelas pessoas em situação de vulnerabilidade social e distanciamento das agências de poder e centros decisórios.
18 É o caso, por exemplo, das inúmeras descrições de violência doméstica entre moradores da favela, que é colocada como uma questão complexa e ligada a muitos outros fatores que condicionam a vida daquelas pessoas, além de assédios, abusos, estupros e do evidente caráter misógino de nossa sociedade, em que Carolina demonstra que o gênero as deixavam em posição extremamente mais vulneráveis do que os homens em todas as esferas sociais:
19 Carolina também descreve comparecimentos ao Juizado de Menores para buscar seus filhos que estavam nas ruas enquanto ela trabalhava, ou esclarecer problemas de condutas consideradas como crimes. Relata suas idas ao Juízo para retirar o dinheiro da pensão paga pelo pai de seus filhos, enfrentando filas, atrasos de pagamento, e burocracias que complicavam ainda mais a sua situação econômica, tendo que sustentar três filhos sozinha.
20 O problema do alcoolismo na comunidade também tem importante espaço no relato de Carolina. O álcool ligado muitas vezes às brigas conjugais, familiares e entre moradores, é normalmente combustível para violência física ou verbal na comunidade, ensejando em contextos de crimes e problemas graves de saúde. As ocorrências de delitos, dentro e fora da favela, também chamam a atenção no relato da autora. Sobre isso, ela menciona à criminalização seletiva da população da favela por parte da polícia, em que pessoas com o estereótipo de negro, pobre e favelado normalmente são as selecionadas pela polícia.
21 Carolina também escreve sobre as questões raciais dentro e fora da favela, relata sobre episódios de racismo, e deixa transparecer um pouco da estrutura racializada da cidade de São Paulo na época e da posição marginalizada que os negros e negras ocupavam, mas também exalta a sua cor e o desejo de igualdade:
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