A autonomia da escola concretiza-se na elaboração de um Projecto Educativo
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- Ana Laura Sonia Coimbra Martins
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1 Introdução A autonomia da escola concretiza-se na elaboração de um Projecto Educativo próprio, elaborado e executado de forma participativa, dentro de princípios de responsabilização dos vários intervenientes na vida escolar e de adequação às características e recursos da comunidade em que se insere. Elaborar o Projecto Educativo da Escola significa, por um lado, assumir a autonomia reconhecida à escola como instituição e, por outro lado, contribuir para o desenvolvimento de um processo de identidade, fundamental para o exercício da mesma autonomia. Enquanto proposta organizacional, pretende explicar a linha orientadora de toda a acção educativa, constituindo uma referência obrigatória, como documento principal da linha de acção interna da escola. Enquanto documento orientador, explica a identidade da escola e as prioridades da sua acção educativa identificadas pelos intervenientes no processo educativo. A elaboração do Projecto Educativo, tal como a sua concretização, requer um trabalho colectivo, baseado em princípios de colaboração, cooperação e responsabilidade partilhada. A sua exequibilidade dependerá fortemente da capacidade de todos para mobilizar e potencializar recursos, ultrapassar constrangimentos e cooperar na busca de soluções para os problemas com que a escola se depara. Podemos, então, dizer que o Projecto Educativo constituirá, deste modo, a imagem da escola e de toda a comunidade, dos que nela exercem a sua acção educativa e dos que nela recebem a sua formação. Saliente-se, ainda, que qualquer estratégia de intervenção decorrente do Projecto Educativo terá de ser coerentemente articulada com os restantes documentos que o operacionalizam: o Projecto Curricular de Escola, o Regulamento Interno e o Plano Anual de Actividades.
2 1. Identificação da Escola Nome: Escola Básica do 1º Ciclo com Pré-Escolar da Camacha Código do Estabelecimento: Morada: Sítio do Farrobo Porto Santo Município: Porto Santo Delegação Escolar: Porto Santo Modalidade: Oficial Regime de Funcionamento: ETI NIF: Telefones: Geral Direcção Fax: Correio Electrónico:
3 2. Princípios e Valores Orientadores do PEE Ao partirmos para uma acção concertada, em que nos empenharemos durante os próximos quatro anos, aceitamos como princípios de relação e de decisão as seguintes convicções: Princípio de pertença a uma comunidade reflexiva capaz de transformar as suas práticas num processo em que a cooperação e a responsabilidade são elementos de confluência para a qualidade do processo educativo; Princípio de cidadania actuante, onde cada elemento tem voz para o desenvolvimento de valores de liberdade, solidariedade e justiça que pretendemos que presidam à vida escolar; Princípio de participação democrática, no respeito pela diferença e pela valorização da diversidade, assentando no confronto esclarecido entre os direitos e deveres de todos e de cada um; Princípio de reciprocidade entre o homem e o espaço em que vive, pelo que intervir no espaço é criar condições de transformação dos seus habitantes; Princípio de especificidade da Escola como espaço de Cultura.
4 3. Caracterização do Contexto da Acção Educativa 3.1. O Meio Envolvente História Desenvolvimento e Povoamento Das várias versões acerca da descoberta da Ilha de Porto Santo, João de Barros relata que no ano de 1418, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, correspondendo ao anseio do Infante D. Henrique em descobrir novas terras, partem à descoberta da Costa da Guiné e das terras para além do Cabo Bojador. Esta viagem é frustrada ao serem cercados por um grande temporal e perdendo o rumo, descobrem por acaso uma ilha, a que deram o nome de Porto Santo. Para outros historiadores, os navegadores portugueses terlhe-iam posto este nome em homenagem ao dia em que lá desembarcaram, o Dia de Todos os Santos (1 de Novembro de 1418). A ilha começou a ser povoada em 1420, com a chegada de Bartolomeu Perestrelo, o seu primeiro Capitão Donatário. Desenvolver a ilha foi muito difícil, isto porque era assaltada com bastante frequência por piratas e corsários que, além de roubarem todos os bens aos habitantes, raptavam as mulheres, levando-as para o norte de África, devolvendo-as quando se encontravam grávidas. A partir de uma determinada altura, a chegada dos piratas era vigiada do ponto mais alto da ilha: o Pico do Facho. A sentinela ali colocada, ao distinguir qualquer embarcação ao longe, abanava com um ramo, se fosse de dia, ou pegava fogo a um facho, se fosse de noite, de modo a avisar a população que se aproximava o inimigo. Prevenidos, mas sem meios de defesa, os locais refugiavam-se nas encostas escarpadas e de difícil acesso do Pico do Castelo, tentando, assim, salvar ao menos a vida.
5 Os invasores chegaram, por diversas vezes, a saquear a Igreja Matriz, levando pratas, ornamentos e livros, tendo chegado a incendiá-la num dos ataques. Da mesma forma foram destruídos os arquivos da Câmara Municipal. No século XVIII, com o Marquês de Pombal ao comando dos destinos do Reino, para evitar a pirataria, foi construído na Vila do Porto Santo uma fortificação a que se chamou Forte de S. José, homenageando, assim, o Rei D. José I.
6 Geografia O Porto Santo é uma pequena ilha, situada no Oceano Atlântico pertencente ao Arquipélago da Madeira. A ilha e seus ilhéus adjacentes localizam-se a NE da Ilha da madeira, a 39,7 milhas do Funchal. A ilha desenvolve-se de NE para SW. A sua superfície total é de 42 km. O seu maior comprimento é de 11km (desde o Focinho do Urso até à Ponta do Nordeste) e a maior largura é de 6 km (desde a Ponta da Cruz até à Ponta do Incão). A linha da costa tem cerca de 38 km de comprimento. A vegetação é constituída essencialmente por dragoeiros, zimbros, pinheiros e urze. Devido à sua localização orográfica, o clima é seco e com um regime pluviométrico muito irregular. A baía do Porto Santo, localizada na costa meridional, possui uma praia de areia fina de cor amarelo-dourado (cerca de 9 km), sendo a restante costa rochosa e muito escarpada. A praia é muito afamada e conhecida por naturais e estrangeiros devido às propriedades curativas da areia, aconselhável para doenças como o reumatismo, raquitismo, paralisias, etc. É devido à cor da areia que Porto Santo é conhecida como Ilha Dourada. Porto Santo rodeia-se por alguns ilhéus, a saber: - Ilhéu de Cima, onde foi edificado um farol à altitude de 118 metros e que ilumina num raio de onze milhas. Começou a funcionar em 1910, procurando, assim, evitar os muitos desastres que ocorriam junto à costa da ilha. É neste ilhéu que fica o conhecido Cabeço de Laranjas, formado por saliências rochosas que fazem lembrar tal fruto. - Ilhéu de Baixo ou da Cal, nome que provém das ricas minas de calcário que ali existem. Esta rocha em tempos foi extraída para cozer nos fornos e dar origem à cal, que era levada para fora da ilha, tendo dado trabalho a muitos habitantes. As suas encostas são perfuradas de cavernas. Entre este Ilhéu e a Calheta medeia o Boqueirão de Baixo.
7 - Ilhéu de Ferro (fundo e perigoso). - Ilhéu da Fonte da Areia. - Ilhéu das Cenouras. - Ilhéu de Fora. O Porto Santo é um Concelho da Região Autónoma da Madeira, que tem administrativamente um só município e freguesia (Porto Santo), dividido em zonas geográficas/sítios: Tanque, Matas, Dragoal, Farrobo, Camacha, Pedregal, Serra de Dentro, Serra de Fora, Portela, Pé-do-Pico, Salões, Penedo, Vila Baleira, Pedras Pretas, Casinhas, Terças, Lombas, Campo de Cima, Lapeira, Campo de Baixo, Cabeço, Ponta e Calheta.
8 Geologia e Geomorfologia A Ilha do Porto Santo apresenta hoje somente 1/5 da sua superfície primitiva emersa. Os geólogos, através de estudos efectuados no mar circundante à ilha, depreenderam que a formação da mesma remonta à época anterior ao Pliocénico. Em virtude da sua constituição geológica, composta essencialmente por sucessivas formações vulcânicas, constituindo o substrato da ilha, de natureza variada e por algumas formações sedimentares de certa importância, cerca de 65% da superfície é caracterizada por formações impermeáveis, composta por complexos essencialmente argilosos e cerca de 25% é composta por formações permeáveis, constituídas na sua maioria por calcarenitos. Nalguns pontos da ilha encontram-se sinais de levantamentos provocados por acções vulcânicas. Na Ponta da Calheta encontram-se conchas e corais misturados com uma rocha vulcânica negra. Na Fonte da Areia e no Ilhéu de Baixo encontram-se, igualmente, sinais de acções vulcânicas.
9 Clima O clima de Porto Santo é temperado oceânico, húmido e semi-árido (com precipitação média compreendida entre 250 a 500 mm) e com uma temperatura média anual a oscilar entre os 15º e os 25º.
10 Costumes e Tradições Perdurando através dos tempos, herança dos antepassados, o Porto Santo tem costumes bem próprios, que continuam a serem vividos pela população. O Grupo Etnográfico do Porto Santo, com trajes tradicionais da ilha e instrumentos próprios da região, canta e dança em romarias e festas populares. As danças mais típicas do Porto Santo são: Baile da Meia Volta, Baile do Ladrão, Ciranda, Padeirinha, Ceifeiras, Moinhos de Vento e Baile Sério. Quanto às festividades, destacam-se as Festa em Honra de Nossa Senhora da Graça (15 de Agosto), a Festa em Honra de Nossa Senhora da Piedade (último domingo de Agosto), Festa em Honra de S. Pedro (29 de Junho) e a grande Festa em Honra de S. João (24 de Junho), que coincide com o Dia do Concelho. Esta última está, actualmente, transformada no maior cartaz turístico da ilha, destacando-se as Marchas de S. João (infantis e seniores). Outras datas assinaladas de um modo muito forte são o Natal, o Dia de Reis (em que se visitam as Lapinhas e se cantam os Reis), o Santo Amaro (com o tradicional varrer dos armários ), o Pão-por-Deus, a Páscoa e o Dia do Trabalhador. Neste dia é tradição as pessoas reunirem-se no Pico do Castelo para conviverem. No que diz respeito ao artesanato local, salienta-se o trabalho em palmito (com a confecção dos típicos chapéus e das palmas trabalhadas para o Domingo de Ramos), o Bordado da Madeira, as figuras de barro que se utilizam nos presépios e os trabalhos realizados com conchas, búzios e areia.
11 Gastronomia Como qualquer outra região, o Porto Santo tem uma variada e bem típica gastronomia. Podemos apreciar a sopa de lentilha com batata doce e abóbora, a sopa de couve com carne de porco, a carne de vinho e alhos com pão molhado na banha, a espetada de carne de vaca acompanhada do bolo do caco, a escarpiada com rachões e chicharros fritos, o gaiado seco ao sol, assado ou cozido e acompanhado com batata e cebola crua ou cozida, o bife de atum ou cavalas com molho de vilão. Quanto à doçaria, encontramos o típico pão de ló, as broas de mel, o bolo de mel, os biscoitos e rosquilhas doces, os bolos fritos e as doces capelas confeccionadas por altura dos Santos Populares. Presentemente, evidenciam-se esforços para manter estes pratos bem tradicionais, recorrendo a uma maior divulgação dos mesmos, seja em programas televisivos, seja no recém criado Festival Gastronómico, que já vai na segunda edição e que promete continuar.
12 Património Encontramos em Porto Santo monumentos que fazem parte da história e cultura do povo, tais como: - A Igreja Matriz (Nossa Senhora da Piedade), construída entre 1420 e 1446, que sofreu várias reconstruções. Da construção primitiva resta apenas a Capela da Morgada, presentemente restaurada. - A Capela de Nossa Senhora da Graça, construída no século XVI e, por devoção do povo, reconstruída em Presentemente é ali que se celebra a Festa em Honra da Santa com o mesmo nome. - A Capela do Espírito Santo, situada no sítio do Campo de Baixo. - A Capela de S. Pedro. - A Capela de Santa Catarina, localizada no interior do cemitério da ilha. - A Capela da Misericórdia, a necessitar urgentemente de obras de recuperação e restauro. - O Forte de S. José. - A Casa Colombo (onde se crê que tenha vivido o navegador Cristóvão Colombo), hoje transformada em Museu. - Antigo edifício da Câmara Municipal, construído no século XVI e que hoje em dia, após obras de restauro e de beneficiação, abriga no piso inferior um espaço dedicado às novas tecnologias e no andar superior mantém o Salão Nobre, onde podemos visitar algumas exposições, sendo também aqui que se festeja solenemente o Dia do Concelho. - Padrão dos Descobrimentos, monumento moderno que foi projectado pelo arquitecto Chorão Ramalho, inaugurado em Agosto de Estátua em homenagem aos Barqueiros do Porto Santo.
13 Actividades Económicas Actualmente, a superfície cultivada na ilha é quase nula. Restam as vinhas e algumas plantações particulares. Este progressivo abandono da actividade agrícola fica a dever-se, em grande parte, à escassez de água, às condições climatéricas pouco favoráveis e ao tipo de solo (arenoso). A indústria é uma actividade com muito pouca expressão e resume-se à extracção de minerais não metálicos argila, calcário e areia. No que diz respeito à construção civil e Obras Públicas, estamos perante um sector que contribui muito para o emprego e crescimento de Porto Santo. Uma outra actividade geradora de um elevado número de postos de trabalho é a restauração. Um outro factor de desenvolvimento desta pequena ilha é o turismo, dando uma contribuição muito significativa para a economia. A batalha, que ao longo dos anos está a ser travada, contra a sazonalidade, começa a ser ganha. A promoção deste destino em feiras da especialidade, bem como as grandes obras (Campo de Golfe, Campos de Ténis, Estádio de desportos de Praia e Centro de Congressos, apenas para mencionar algumas) têm dado uma preciosa ajuda neste aspecto. Quanto a recursos físicos nesta área, a ilha está dotada de quatro unidades hoteleiras (uma delas em ampliação), três pensões, dois empreendimentos de turismo rural e Inatel. Os alojamentos particulares são, também, uma realidade. Em construção encontram-se duas unidades hoteleiras de grande envergadura.
14 3.2. A Nossa Escola Aspectos Físicos A Escola Básica do 1º Ciclo com Pré-Escolar da Camacha fica situada no Sítio do Farrobo, na Freguesia e Concelho de Porto Santo. Encontra-se numa zona com características rurais, que recebe, na sua maioria, crianças dos sítios envolventes (Camacha, Farrobo e Dragoal). Dista cerca de 2 km do centro da ilha. Estamos perante uma escola pública, com edifício próprio e instalação de raiz. É um edifício antigo do tipo plano centenário, constituído por dois pisos com duas escadas interiores, que dão acesso ao segundo piso. Podemos considerá-lo de dimensões pequenas e com condições razoáveis. No primeiro andar deste edifício existem duas salas de aula: uma destinada às actividades curriculares e outra às actividades de enriquecimento do currículo. Neste piso encontram-se, ainda, dois pequenos gabinetes, sendo um destinado a aulas de Apoio Pedagógico Acrescido e Especializado e outro destinado a centro de recursos, onde se encontra uma máquina fotocopiadora e armários com material pedagógico, livros e material de apoio à informática. No ré-do-chão existem dois halls de entrada e três salas de aula. Uma delas destinase à Unidade de Educação Pré-Escolar, outra às actividades curriculares e outra (de pequenas dimensões) às actividades de enriquecimento do currículo. Encontram-se, também, neste piso duas pequenas arrecadações, sendo que uma alberga todo o material de apoio às aulas de Expressão e Educação Físico-Motora e outra guarda diverso material pertencente à Unidade de Educação Pré-Escolar. Existe, ainda, um gabinete destinado à Direcção da escola, junto a um pátio coberto de ligação ao refeitório.
15 As instalações sanitárias encontram-se na parte traseira do edifício, sendo uma para os professores (equipado com duche e armário de primeiros socorros), duas para os alunos do 1º ciclo e outra com ligação directa à sala da Unidade de Educação Pré-Escolar, adaptado para esta faixa etária. O refeitório funciona num anexo existente nas traseiras do edifício. É um espaço relativamente pequeno, não sendo possível que todos os alunos tomem as refeições em simultâneo. Conta, ainda, com uma pequena cozinha equipada com os utensílios essenciais para dar apoio aos lanches e almoços. Há a salientar que este espaço sofreu há cerca de dois anos e meio um incêndio, tendo sido alvo de remodelação. Um dos anseios da escola prende-se com a ampliação deste mesmo espaço, de modo a tornar possíveis as refeições de todos os alunos em simultâneo e a podermos ter um espaço para convívios com toda a comunidade educativa, nomeadamente em épocas festivas. Ainda neste anexo encontramos arrecadações para guardar o material de limpeza, uma casa de banho para o pessoal não docente e a sala dos professores, também ela remodelada após o dito incêndio, já que foi neste espaço que o mesmo teve o seu início. Nesta sala encontramos armários e prateleiras com diverso material de apoio, bem como uma máquina de café para momentos de convívio entre os professores, um placard para informações e uma mesa e cadeiras. No que diz respeito ao espaço exterior, encontra-se organizado da seguinte maneira: - Zona desportiva, que inclui um campo de jogos com duas balizas, duas tabelas de basquetebol e uma caixa de areia para saltos; - Um pequeno parque infantil equipado com um escorrega, quatro baloiços, três balancés e um carrocel, dispostos sobre um pavimento sintético; - Zona ajardinada, com árvores, arbustos, relva e bancos e mesas em cimento. Saliente-se que, anualmente, ou sempre que seja necessário, a Câmara Municipal da ilha encarrega-se de obras de manutenção, permitindo que a escola tenha um aspecto agradável e cuidado.
16 Contamos, também, com o apoio de dois jardineiros, que se encarregam periodicamente do embelezamento do espaço exterior ajardinado.
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