UMA CÂMERA NA MÃO DE QUEM? UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE O PROFISSIONAL, O MERCADO AUDIOVISUAL E A FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA 1

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1 - SEPesq UMA CÂMERA NA MÃO DE QUEM? UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE O PROFISSIONAL, O MERCADO AUDIOVISUAL E A FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA 1 Daniela Israel 2 1. Introdução O setor audiovisual compreende atividades relacionadas à produção, prestação de serviço e difusão de produtos que resultam em imagens em movimentos acrescidas ou não de som. A estrutura do setor, chamado também de indústria audiovisual ou mercado audiovisual, é complexa e multidimensional, constituída por um conjunto de segmentos, tais como: produção audiovisual (cinema, televisão, multimídia, publicidade), distribuição audiovisual (cinema, vídeo, internet, televisão), exibição cinematográfica, vídeo, televisão, áudio, rádio, TV a cabo, TV aberta, jogos (mercado multimídia, jogos de vídeos), online (mercado multimídia online para televisão e rádio). A variedade de produtos e serviços que o setor do audiovisual engloba, é percebida também no perfil da mão de obra requisita, que para atender uma demanda tão vasta e heterogênea, necessita de profissionais de extremo potencial criativo, cujas qualidades gerenciais e administrativas também se fazem necessárias. Todavia, o setor audiovisual atravessa um momento de profundas transformações, visto que as inovações tecnológicas, como expõe De Luca (2009) colocou em risco os axiomas tradicionais da indústria audiovisual, principalmente por simplificar o processo de produção, o acesso ao conteúdo e possibilitar que o espectador veja os filmes sem as restrições de meios e veículos impostas. Assim, o conjunto de mudanças pelo qual o setor audiovisual passa atualmente envolve não só inovações tecnológicas, mas também as alterações que essas trazem às empresas, aos processos, à estrutura e aos conhecimentos necessários aos profissionais do setor. Dessa ordem contextual, que o presente estudo propõe uma reflexão inicial sobre o perfil desejado do profissional com foco na necessidade de sua formação em nível superior. 2. Metodologia O período de realização desta pesquisa foi estimado em 12 meses, divido em quatro etapas distintas. A primeira etapa, no qual se encontra atualmente o projeto, refere-se a 1 Trabalho integrante da pesquisa Reflexos e Refrações: A funcionalidade do mercado audiovisual brasileiro. 2 Mestranda em Processos e Manifestações Culturais. Especialista em Gestão Cultural. Docente da Faculdade de Comunicação Social do UniRitter. daniela_israel@uniritter.edu.br

2 - SEPesq revisão bibliográfica, onde se procede a leitura de livros, documentos, revistas, reportagens e publicação na internet sobre o objeto de estudo. A segundo etapa consistirá em uma pesquisa de campo para fins de identificação e registro das empresas, agentes e funções do mercado. A busca pelas informações se dará através de pesquisas em banco de dados, como também com dados obtidos através do Sindicato da Indústria Audiovisual do Rio Grande do Sul (SIAV), o Sindicato das Agências de Propaganda no Rio Grande do Sul (SINAPRO-RS) e as empresas produtoras de grande relevância no mercado regional. Com resultado do trabalho de campo, inicia-se a terceira fase, onde pretende-se investigar e analisar os dados obtidos, e, por fim, a quarta fase, que consiste na construção e avaliação. Nessa etapa serão desenvolvidos os relatórios finais do projeto. 3. Resultados e Discussão O aposento da película cinematográfica, a difusão democrática da imagem digital, aliadas a formas mais econômicas de produção trouxe o fim de antigas funções e a necessidade de redefinição de cargos e processos de trabalho. Imerso, no que os estudiosos chamaram de paradigma tecnológico, que é compreendido pela direção e o local onde a mudança tecnológica ocorre e que não depende apenas da geração de novos conhecimentos advindos da ciência, mas também são induzidos pelos problemas originários nos próprios ambientes de pesquisa, desenvolvimento e produção, (CEGOV, 2014, p. 18) as empresas do Rio Grande do Sul, acompanhando a tendências nacional, mudaram processos, estruturas e atualizaram equipamentos. Para enfrentar esse novo status quo o mercado audiovisual gaúcho percebeu a necessidade latente de realizar uma revisão conceitual sobre o perfil da mão de obra necessária. Para compreendermos como o mercado local respondeu a essas mudanças e o que estabeleceu como características necessárias aos novos profissionais do setor, usaremos como instrumento o Plano de Desenvolvimento do APL Audiovisual desenvolvido pelo Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a pedido do APL 3 do Audiovisual. O APL, ou como é denominado 3 O APL do Audiovisual é um Arranjo Produtivo Local que se define como um instrumento de desenvolvimento econômico formado por uma rede relacional composta por empresas e instituições que compartilham o mesmo território e objetivos.

3 - SEPesq oficialmente o Arranjo Produtivo Local do Setor Audiovisual, é uma ação governamental que visa implantar o desenvolvimento do setor no Rio Grande do Sul de forma integrada, qualificando e ampliando a produção, a difusão e a comercialização de obras audiovisuais de diferentes formatos, capacitando as empresas para atender a novas demandas do mercado interno e externo. Para tal, planeja, coordena e executa ações integradas de cooperação entre os agentes da cadeia produtiva, a partir de estudos e pesquisas, visando a um melhor desempenho na produtividade e competitividade das empresas para que atuem de maneira mais qualificada no mercado. O APL, dentro do cenário do paradigma tecnológico foi uma das formas que o setor escolheu para obter respostas e possibilidade de soluções frente ao novos desafios encontrados. Para que se possa compreender a relação entre as empresas do setor e o perfil do profissional, é oportuno dissertar brevemente sobre o perfil das empresas integrantes o setor. Dentre as 43 empresas participantes da pesquisa, 73% delas foram abertas a partir da década de 2000, enquanto 26% foram fundadas nas décadas de 1970, 1980 e No gráfico abaixo se pode observar o grau de escolaridade dos empresários do setor, onde se observa que a maioria possui ensino superior completo e apenas uma minoria pósgraduação. Gráfico 01 Formação acadêmica dos empresários. Fonte: UFRGS (2014) Quanto ao perfil do profissional do mercado audiovisual a pesquisa destacou que, em geral, os profissionais do setor são identificados como bem qualificados pelos empreendedores. No entanto, o nível de escolaridade é o fator de menor importância para a contratação.

4 - SEPesq Tabela 1 Importância das características de profissionais. Fonte: UFRGS (2014). A formação superior que atende as necessidades do setor audiovisual é composta basicamente pelos cursos oriundos da Comunicação Social, sejam eles exclusivamente de audiovisual, como os cursos da PUC e UNISINOS, iniciados em 2003 e 2004 respectivamente, ou de Publicidade e Propaganda e Jornalismo. Porém, não obstante ao tipo de formação universitária, a relativa baixa preocupação com a formação acadêmica para com os profissionais é uma dado intrigante que carece de futuras investigações. 4) Conclusões Esta pesquisa está em estágio inicial, de forma que, as considerações aqui apresentadas são apenas uma mostra embrionária. Assim sendo, é possível perceber que, ainda que formação superior não seja vista como diferença fundamental na contratação de um profissional (57%), e que pese mais a experiência prática (80%), os empresários reconhecem que são as universidades que legitimam os novos profissionais para a entrada no mercado. O papel da universidade se transforma, e assim em vez de ser o suporte básico para difusão do conhecimento, passa a ser a protagonista na construção de redes de contatos para entre contratados e contratantes. 5) Palavras-chave Audiovisual; Comerciais; Comunicação Social; Ensino Superior; Publicidade. 6) Referências bibliográficas

5 - SEPesq BERTOMEU, João Vicente Cegato. Criação em filmes publicitários. São Paulo: Cengace Learning, 2010 BONA, Nivea Canalli. Publicidade e propaganda: da agência à campanha. Curitiba: Ibpex, 2007 CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS. Porto Alegre, Faculdade de Comunicação Social. Disponível em: < Acesso em: 03 abr 2015 DE LUCA, Luiz Gonzaga Assis. A Hora do Cinema Digital: Democratização e Globalização do Audiovisual. São Paulo: Imprensa, 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Centro de Estudos Internacionais sobre Governo. Plano de Desenvolvimento do APL do Audiovisual. Porto Alegre, 2014 VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005